
A oratória de Trump revela-se carregada de contradições
Marcelo Copelli
Revista Visão (Portugal)
O discurso do presidente norte-americano Donald Trump na Assembleia Geral das Nações Unidas, em Nova York, esteve longe do protocolo. Com o tom inflamado que lhe é característico, o líder levou ao maior palco da diplomacia global a sua visão de mundo, marcada por slogans de campanha, frases de efeito e uma sucessão de ataques a instituições e adversários.
À medida que suas palavras ecoavam pelo auditório, ficava evidente o abismo entre a retórica e a realidade dos fatos. A oratória de Trump pode até mobilizar suas bases eleitorais internas, mas, diante de chefes de Estado e diplomatas de todo o mundo, revelou-se carregada de contradições, desinformações e estatísticas frágeis diante do escrutínio.
IMIGRAÇÃO – Um dos pontos centrais do discurso foi a imigração, tratada por Trump como a maior ameaça às sociedades europeias. Ele chegou a conclamar governos a fecharem fronteiras e conterem o que classificou como “invasões”. A narrativa tem apelo imediato: é simples, cria um inimigo claro e dramatiza um problema real.
Mas essa simplicidade esconde a complexidade dos fenômenos migratórios, que variam de região para região e são influenciados por múltiplos fatores — guerras, crises climáticas, desigualdades econômicas — exigindo respostas articuladas.
Ao citar números sobre criminalidade e presença de estrangeiros em sistemas prisionais, Trump recorreu a dados soltos e fora de contexto, sem fontes confiáveis. O efeito imediato foi político, mas, a longo prazo, isso reforça estereótipos que pouco ajudam na formulação de políticas sérias.
AGENDA CLIMÁTICA – Outro alvo foi a agenda climática. Trump voltou a chamar a transição energética de “fraude” que enfraqueceria economias ocidentais, argumentando que metas ambientais servem mais a interesses ideológicos do que práticos. Esse discurso, no entanto, contrasta com relatórios recentes do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) e de organismos internacionais que alertam para os riscos crescentes da inação.
Se a Europa e outras regiões avançam em energia limpa, é porque reconhecem que os custos de enfrentar catástrofes ambientais, crises agrícolas e desastres naturais superam de longe os investimentos em inovação. Nesse contexto, a fala de Trump soou descolada não apenas da ciência, mas também de setores empresariais que já apostam nas renováveis como motor de competitividade futura.
Na área da segurança, Trump exaltou operações contra o narcotráfico no Caribe e acusou diretamente o governo da Venezuela de envolvimento com cartéis de drogas. Foi uma acusação grave, com potencial de impacto diplomático imediato, mas sem provas concretas ou relatórios públicos que a sustentassem.
PRESSÃO POLÍTICA – Para muitos diplomatas, soou mais como pressão política do que como apresentação de uma investigação consistente. Enquanto exibia força e prometia “arrasar” redes criminosas, omitia os riscos de escalada em regiões já fragilizadas por tensões sociais e humanitárias.
A maior contradição, contudo, esteve no próprio palco. Trump usou a tribuna da ONU para atacar a organização, acusando-a de ineficiência, mas em reuniões paralelas manifestou apoio a algumas iniciativas multilaterais, sobretudo em áreas estratégicas como a não proliferação nuclear.
Essa dualidade — desprezo público e pragmatismo nos bastidores — é marca de seu estilo político. Porém, diante de uma comunidade internacional já dividida, a estratégia fragiliza ainda mais a confiança no sistema multilateral. As reações foram imediatas. Líderes europeus destacaram a necessidade de defender a cooperação internacional contra a retórica do medo.
RESPOSTAS REAIS – No Brasil, analistas políticos ressaltaram que, embora a fala de Trump dialogue com debates sobre imigração e identidade, não oferece respostas reais aos desafios de sociedades abertas. A cobertura da imprensa destacou a distância entre sua retórica e os fatos, reforçando a importância da análise crítica e da checagem independente.
O episódio evidencia uma questão maior: por que é essencial separar retórica de fatos no cenário político atual? Na era digital, discursos como o de Trump circulam instantaneamente, são recortados em vídeos curtos, repetidos sem contexto e transformados em armas de polarização.
O problema não é apenas retórico. Quando afirmações não verificadas são feitas em um palco global, podem justificar políticas equivocadas, estimular decisões baseadas no medo e fragilizar ainda mais instituições internacionais. Por isso, o trabalho de verificação, análise rigorosa e contextualização não é luxo democrático, mas necessidade vital.
POLÍTICA AMERICANA – Em última instância, o discurso de Trump na ONU mostrou menos sobre o estado do mundo e mais sobre o estado da política americana — marcada pela necessidade de mobilizar uma base que responde bem a mensagens de choque. Para a comunidade internacional, a lição é outra: a responsabilidade das palavras, sobretudo quando ditas por líderes globais, não pode ser negligenciada.
No fim, o discurso de Trump foi menos sobre diplomacia e mais sobre política interna, menos sobre soluções e mais sobre slogans. Mas a ONU não é palanque de campanha. É um espaço onde palavras moldam destinos. E, quando elas se apoiam em ruínas, o risco é que o edifício da cooperação internacional rache ainda mais.
E o Dudu Traíra esperava que o Trump iria ajudar o seu papai!
Esse Copelli…
Com três palavras-chave Barba faz discursos
E o Barba deu para falar de “multilateralismo’ como se soubesse do que se trata.
Assim como faz todo seu blá-blá-blá sobre “soberania” e “democracia”.
Puro ilusionismo.
Pessoal de economia e finanças diria que o ex-mito está em processo de depreciação acelerada.
Acorda, Brasil!
Esse é o Pedro do Coutto !!!
Há quem tome passaportes.
Há quem não respeite o devido processo legal.
Há quem bloqueie o dinheiro alheio (contas bancárias) sem prova alguma de crime.
Há quem se finge de morto para não impedir que criminosos usem uma autarquia federal para assaltar anciãos aposentados.
Há quem faça tudo isso acima.
Esse cara é ele.
O discurso de Trump foi uma tragédia.
O discurso de Loola foi uma apoteose.
Assim é, se assim lhe parece.