Anistia como moeda de troca ameaça travar a justiça fiscal no Congresso

Declaração expõe uma estratégia de barganha

Pedro do Coutto

A declaração do relator Paulinho da Força, de que a ausência de consenso no texto da anistia pode comprometer a votação do projeto de isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil, expõe uma estratégia de barganha que coloca em rota de colisão duas agendas de natureza distinta, mas igualmente sensíveis.

De um lado, está uma proposta de grande impacto social, que beneficiaria milhões de trabalhadores e reforçaria a ideia de justiça fiscal num país marcado pela regressividade tributária; de outro, uma pauta de forte carga política e simbólica, que envolve a possibilidade de anistiar os envolvidos nos atos de 8 de janeiro.

TENSÃO – Ao atrelar a tramitação das duas matérias, Paulinho não apenas tensiona a relação entre governo e oposição, mas também coloca em xeque a credibilidade do próprio Legislativo, ao transformar uma conquista social em moeda de troca para aliviar responsabilidades de quem atentou contra a democracia.

A reação imediata da bancada do PT, ao rejeitar qualquer flexibilização, mostra que essa associação será combatida com vigor, enquanto o presidente da Câmara, Hugo Motta, tenta conter os danos ao garantir que a votação da isenção do IR não será refém de impasses políticos.

Esse movimento, no entanto, revela muito mais do que um simples cálculo de calendário legislativo: ele explicita a dificuldade de o Congresso lidar com a herança dos atos golpistas e a tentação de diluir a gravidade das responsabilidades em nome de uma suposta pacificação nacional.

POLARIZAÇÃO – Para setores conservadores, a anistia seria o passo necessário para encerrar um ciclo de polarização; para setores progressistas, representaria um recuo perigoso diante da necessidade de afirmar a força das instituições. Nesse cenário, o Senado impõe uma pressão adicional ao aprovar em comissão a proposta de isenção, obrigando a Câmara a se posicionar sob risco de desgaste público se a matéria for atrasada.

O dilema é claro: ao insistir na costura de pautas inconciliáveis, os parlamentares correm o risco de inviabilizar tanto a medida de alívio fiscal quanto a própria legitimidade de um debate sobre anistia, reforçando a percepção de que, em Brasília, os interesses de poder continuam a se sobrepor ao interesse coletivo.

5 thoughts on “Anistia como moeda de troca ameaça travar a justiça fiscal no Congresso

  1. Valdemar esculacha o Bananinha: ‘só quer que a gente fique mandando dinheiro para ele

    Valdemar tem dito a aliados que o problema de Bananinha é dinheiro e que ele tem reclamado muito do que considera desigualdade nas verbas destinadas pelo Partido a ele e à madrasta, Micheque.

    “O que ele quer que a gente faça? Fique mandando dinheiro para ele lá nos States? Micheque é presidente do PL Mulher e o partido tem cotas para gastar com candidaturas femininas”, declarou um aliado próximo de Valdemar.

    “O PL não tem atuação internacional. Não existe um PL Dallas ou um PL Houston [cidades do Texas, estado onde Eduardo vive no seu autoexílio nos EUA. (É tudo fake news).

    Além disso, a chance de mandar dinheiro público para Bananinha é zero por conta do bloqueio nas contas determinado pelo STF”.

    O Globo, Opinião, 26/09/2025 04h00 Por Malu Gaspar e Johanns Eller

    https://oglobo.globo.com/blogs/malu-gaspar/post/2025/09/a-maior-preocupacao-de-bolsonaro-com-os-ataques-de-eduardo-nas-redes.ghtml

  2. Exato!

    ‘Foi aprovada urgência da anistia, não da dosimetria’, diz Filipe Barros
    https://pleno.news/brasil/politica-nacional/foi-aprovada-urgencia-da-anistia-nao-da-dosimetria-diz-filipe-barros.html

    – O plenário da Câmara se manifestou e aprovou a urgência do projeto de anistia, o plenário da Câmara não votou por urgência de PL de dosimetria. Se eles querem agora avançar com o PL da dosimetria, eles que aprovem no plenário a urgência de um PL da dosimetria – disse.

  3. Na CPMI da ladroagem os velhacos tentam blindar aqueles que vivem à sombra do guarda chuva do PT.
    Vergonha na cara é um atributo que está aquém da possibilidade deles.

  4. A Câmara dos Deputados ultrapassou todos os limites da semvergonhice, ao aprovar a Urgência da PEC da Anistia sem nenhum texto. Essa canalhice é de um ineditismo atroz, simplesmente para atender as demandas de Bolsonaro e seu clã.

    O presidente da Câmara, Hugo Motta, ficou muito mal na foto ao se render as cobranças e ameaças do líder do PL, deputado pastor, Sóstenes Cavalcante o verdadeiro mandão da Câmara dos Deputados.

    O Brasil está parado no Congresso, debruçado em duas pautas destruidoras da credibilidade do Legislativo: As PEC da ANISTIA e da Blindagem/ Bandidagem.
    O povo atualmente está malhando o Congresso por causa da Blindagem e suas excelências, de costas para o povo.

    Motta agora, mesmo execrado pela população, continua atuando para Anistiar os golpistas, através de um artifício: Dosimetria das Penas

    Para isso, Motta nomeou um Relator da sua confiança, o deputado Paulinho do Solidariedade, ex- sindicalista, que vem conversando com os Partidos em busca de um consenso cobre a ANISTIA em forma de redução drástica das penas aplicadas aos Golpistas.
    Até agora, nem texto existe, um absurdo Homérico inexplicável.

    O Brasil de ontem e de hoje , está ficando uma zorra trágica

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