A difícil busca da oposição por um nome contra Lula em 2026

A tendência, até agora, é que o tabuleiro se incline a favor de Lula

Pedro do Coutto

A cena política brasileira caminha para um quadro peculiar à medida que se aproximam as eleições de 2026. Sem Tarcísio de Freitas, que já confirmou que disputará a reeleição em São Paulo e desistiu de qualquer ambição presidencial, a oposição se vê diante de um vazio. Até aqui, nenhum outro governador ou liderança consegue reunir carisma, estrutura partidária e musculatura política suficiente para se contrapor a Luiz Inácio Lula da Silva.

Nomes como Ratinho Júnior, no Paraná, Ronaldo Caiado, em Goiás, ou Romeu Zema, em Minas Gerais, aparecem nos cenários, mas enfrentam dificuldades concretas: falta de projeção nacional, limitações de alianças e, sobretudo, a exigência legal de desincompatibilização seis meses antes da eleição, o que significaria deixar o governo em abril de 2026. Na prática, isso enfraqueceria suas bases e os exporia a riscos desnecessários.

SEM EFEITO – Pensar em lançar Eduardo Bolsonaro como candidato não vai surtir efeito. A sua aproximação com o governo de Washington enfraquece sua posição, pois ressoa negativamente aos ouvidos do eleitorado a campanha que ele procura fazer. Além disso, Eduardo permanece limitado ao campo mais radicalizado da direita, incapaz de dialogar com setores mais amplos da sociedade que seriam indispensáveis para qualquer candidatura presidencial vitoriosa.

Enquanto isso, Lula tem à disposição a força da máquina administrativa, que, como a história brasileira demonstra, sempre atua com peso nos processos eleitorais. Pesquisas recentes apontam que ele mantém liderança em todos os cenários testados, apesar de lidar com níveis elevados de rejeição. Essa combinação mostra um paradoxo: há espaço para contestação, mas falta quem ocupe esse espaço de maneira convincente.

Ratinho Júnior desponta como nome viável, mas ainda limitado ao seu reduto paranaense. Caiado mantém prestígio regional, mas pouco apelo fora de Goiás. Zema, que em 2022 era visto como promessa, não conseguiu traduzir seu estilo de gestão mineira em um projeto nacional consistente.

FRAGILIZAÇÃO – Sem Jair Bolsonaro, inelegível e em desgaste com parte da própria base, sem Tarcísio, que preferiu apostar na segurança de São Paulo, e sem Eduardo, que não empolga além do nicho radical, o campo oposicionista chega fragilizado a um momento em que precisaria mostrar coesão e capacidade de mobilização.

A tendência, até agora, é que o tabuleiro se incline a favor de Lula, que deve capitalizar a ausência de rivais fortes e a dispersão das forças adversárias. A menos que surja um nome surpresa capaz de empolgar o eleitorado e unificar correntes políticas diversas, a disputa caminha para se transformar em um duelo de resistência da oposição contra a força de um incumbente ainda amplamente competitivo.

8 thoughts on “A difícil busca da oposição por um nome contra Lula em 2026

  1. Quanto a Tarcínico

    Fantoche do ex-mito, Tarcínico seria um Mandetta, uma Joice, ou seja, não teria expressão política sem o apoio do ex-presidente, de quem, coincidentemente, foi hoje beijar a mão.

  2. Tarcísio frustra planos de Kassab e descarta dar vice a dirigente em 2026

    Governador reage a investida de presidente do PSD, que também é seu secretário, e fecha porta para composição no ano que vem

    Tarcísio disse a aliados que não há qualquer possibilidade de Kassab, seu secretário de Governo, ocupar a vaga de vice em uma possível chapa à reeleição em SP no ano que vem. O posto era o principal projeto político de Kassab para o pleito de 2026.

    O dirigente tem atuado para que Tarcísio dispute a reeleição em SP para, assim, se colocar como vice e, no futuro, assumir o Palácio dos Bandeirantes.

    A aliados, o governador demonstrou incômodo com as articulações do secretário em torno de um projeto pessoal e deixou claro que não aceitará a composição.

    (…)

    Fonte: O Estado de S. Paulo, Política, 25/09/2025 | 15h25 Por Bianca Gomes

    Neófito em política, Tarcísio esteve nas mãos do ex-mito na eleição anterior. Nesta, estaria nas mãos do seu guru, Kassab, que faz a articulação político-partidária do governador de SP.

    O risco que Tarcísio corre ao não aceitar Kassab (seu articulador político) como vice na sua chapa, é o de acabar não se reelegendo nem mesmo para governador, quanto mais se eleger para presidente.

      • Lafaiete de Na arco, você está equivocado. Não é fofoca nem ti ti ti, Panorama está coberto de razão.

        Assisti ao debate entre Kassab e Edinho Silva no programa da Júlia Dualibi.
        Kassabi insinuou o cenário descrito por Panorama. O presidente do PSD e secretário de Tarcínico é uma águia política, dessas que voam alto.

  3. Lula acumula maré favorável e Tarcísio adotou uma posição errática em relação ao tarifaço

    Entre outros motivos, Tarcísio avalia que o uso de uma bandeira gigante dos EUA durante a manifestação bolsonarista no dia da Independência do Brasil —e no momento em que o país é alvo das tarifas— será bastante explorada pelos petistas na campanha, assim como a participação de Lula na ONU.

    A maré positiva a Lula coincidiu também com a prisão domiciliar e, depois, condenação de seu principal rival na arena eleitoral o ex-mito, já em setembro.

    No fim de semana passado, capitais do país tiveram protestos contra a proposta de anistia ao ex-mito e a PEC da Blindagem, representando um desgaste a mais para a Câmara e o centrão.

    Diferentemente de meses atrás, o governo vê facilitada a tramitação no Congresso do pacote que deve compor o combo da candidatura à reeleição do petista.

    Na semana que passou, o Congresso aprovou, no último dia do prazo, a medida provisória que reduz o valor da conta de luz de famílias de baixa renda e o “Agora Tem Especialistas”, principal aposta de Lula na saúde.

    Nos próximos dias, a Câmara promete votar o projeto do Imposto de Renda, promessa eleitoral de Lula em 2022.

    Fonte: Folha de S. Paulo, Opinião, 28.set.2025 às 23h00 Por Ranier Bragon

  4. CIRO GOMES…
    une os moderados desenvolvimentista com viés Nacionalista.

    OBS : As últimas pendengas mundiais,despertou nos incautos,a independência tecnológica que tanto precisamos.

    Por paradoxal que seja,o bananinha,e tomate vermelho deram uma ajuda.

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