
Dublê de depuatdo, Freitas defende anistia a golpistas
Bernardo Mello Franco
O Globo
Em 2 de setembro, o Supremo Tribunal Federal começou a julgar Jair Bolsonaro e seus comparsas na tentativa de golpe. Do outro lado da Praça dos Três Poderes, um deputado de terno marrom subiu à tribuna para defender os réus e espinafrar a Corte.
“Gostaria de registrar minha perplexidade em razão de um julgamento que nos parece ter efetivas cartas marcadas”, esbravejou o parlamentar. Ele manifestou “apreço” e “respeito” pelos acusados e disse que a denúncia “nem sequer deveria estar sendo discutida”. Acrescentou que a provável condenação seria “uma vergonha” — para o Judiciário, não para os golpistas.
DUBLÊ DE DEPUTADO – O autor do discurso foi Marcelo Freitas, dublê de deputado e delegado de polícia. Integrante da bancada da bala, ele despontou na onda bolsonarista de 2018, que encheu o Congresso de militares e meganhas. Agora será relator do processo contra Eduardo Bolsonaro no Conselho de Ética.
A representação do PT pede que o Zero Três seja cassado por quebra de decoro. O texto enumera exemplos de conduta indevida: do abandono do mandato para viver nos Estados Unidos à articulação de sanções econômicas contra o Brasil.
O documento também cita ameaças de Eduardo à democracia. Em entrevista, o filho do capitão disse que “sem anistia para Jair Bolsonaro não haverá eleições em 2026”. Faltou explicar se ele conta com um golpe verde-amarelo ou se espera ajuda dos amigos americanos.
ANISTIA – O relator do processo não pode ser acusado de incoerência. Em discursos e vídeos na internet, Freitas pede anistia aos golpistas e prega o impeachment do ministro Alexandre de Moraes. No mês passado, defendeu o motim que ocupou a mesa da Câmara em protesto contra a prisão domiciliar de Bolsonaro. No governo do capitão, Freitas se entusiasmou com os decretos que desfiguraram o Estatuto do Desarmamento. Dizia defender o “sagrado direito à legítima defesa”.
O deputado aprendeu a combinar extremismo com fisiologismo. Nas redes, apresenta-se como “campeão de emendas” e capitaliza a distribuição de verbas para municípios do interior de Minas. Em ritmo de campanha permanente, entrega trator, viatura e ambulância a prefeitos convertidos em cabos eleitorais.
“INTERFERÊNCIA “ – Quando o ministro Flávio Dino mandou suspender o pagamento das emendas, em meio a suspeitas de corrupção, Freitas acusou o Supremo de “interferir na Casa do Povo”. “Temos que liberar os recursos para que cada deputado e senador seja valorizado lá na ponta”, discursou, deixando claro que a captura do Orçamento é mais útil aos parlamentares do que aos cidadãos.
Em vídeo que voltou a circular na sexta-feira, o delegado posa com Eduardo Bolsonaro, a quem chama de “amigo”, e promete apoio incondicional a seu pai. A ligação com o clã não impediu que ele fosse escolhido para relatar o processo no Conselho de Ética. O presidente do colegiado, Fabio Schiochet, já declarou que não vê quebra de decoro na sabotagem do Zero Três ao Brasil. Se depender dessa turma, o deputado em fuga pode continuar a delinquir em paz.
Se questionar o sistema no poder vira delinquência, eu posso ser amarado a um poste sobre uma fogueira e pagar meus pecados contra essa democracia particular.
As nações comunistas e seus carniceiros souberam aproveitar muito bem ao eliminar adversários, Pol Pot é um ícone do que fez no Camboja.
“Com duração de quatro anos (entre 1975 e 1979), o Genocídio Cambojano foi uma explosão de violência em massa que resultou na morte de 1,5 a 3 milhões de pessoas nas mãos do Khmer Vermelho, um grupo político comunista. O Khmer Vermelho assumiu o poder no país após a Guerra Civil Cambojana. Durante seu brutal governo de quatro anos, o Khmer Vermelho foi responsável pela morte de quase um quarto dos cambojanos.
O Genocídio Cambojano foi o resultado de um projeto de engenharia social do Khmer Vermelho, que tentava criar uma sociedade agrária sem classes. O regime acabaria por ruir quando o vizinho Vietnã invadiu o país, estabelecendo uma ocupação que duraria mais de uma década.”
University of Minnesota.