Guardando, sem chave e sem cofre, a bela poesia de Antonio Cícero

Antonio Cicero é eleito imortal da Academia Brasileira de Letras

Antonio Cicero, grande poeta carioca

Paulo Peres
Poemas & Cançõe

O filósofo, escritor, compositor e poeta carioca Antonio Cícero Correa de Lima afirma que escrever, publicar ou declamar um poema serve, apenas, para acondicionar o que se deseja guardar.

GUARDAR
Antonio Cícero

Guardar uma coisa não é escondê-la ou trancá-la.
Em cofre não se guarda coisa alguma.
Em cofre perde-se a coisa à vista.
Guardar uma coisa é olhá-la, fitá-la, mirá-la por
admirá-la, isto é, iluminá-la ou ser por ela iluminado.
Guardar uma coisa é vigiá-la, isto é, fazer vigília por
ela, isto é, velar por ela, isto é, estar acordado por ela,
isto é, estar por ela ou ser por ela.
Por isso melhor se guarda o vôo de um pássaro
Do que um pássaro sem vôos.
Por isso se escreve, por isso se diz, por isso se publica,
por isso se declara e declama um poema:
Para guardá-lo:
Para que ele, por sua vez, guarde o que guarda:
Guarde o que quer que guarda um poema:
Por isso o lance do poema:
Por guardar-se o que se quer guardar.

2 thoughts on “Guardando, sem chave e sem cofre, a bela poesia de Antonio Cícero

  1. Isso é belo. Isso a gente guarda n’alma!

    Trees
    =====
    By Joyce Kilmer

    I think that I shall never see
    A poem lovely as a tree.
    A tree whose hungry mouth is prest
    Against the earth’s sweet flowing breast;

    A tree that looks at God all day,
    And lifts her leafy arms to pray;
    A tree that may in Summer wear
    A nest of robins in her hair;

    Upon whose bosom snow has lain;
    Who intimately lives with rain.
    Poems are made by fools like me,
    But only God can make a tree.

    ============================

    Arvores (Google translator)

    Acho que nunca verei
    Um poema tão belo quanto uma árvore.
    Uma árvore cuja boca faminta está
    pressionada contra o doce e fluido seio da terra;

    Uma árvore que olha para Deus o dia todo,
    E levanta seus braços frondosos para orar;
    Uma árvore que pode, no verão, usar
    Um ninho de tordos em seus cabelos;

    Sobre cujo seio a neve se deitou;
    Que convive intimamente com a chuva.
    Poemas são feitos por tolos como eu,
    Mas só Deus pode fazer uma árvore.

Deixe um comentário para Rue des Sablons Cancelar resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *