
Charge do Nando Motta (brasil247.com)
Pedro do Coutto
A aprovação do projeto que isenta do Imposto de Renda quem ganha até R$ 5 mil por mês trouxe alívio imediato para milhões de brasileiros, mas também abriu uma série de questionamentos sobre justiça tributária e cálculo político. Como bem destacou a jornalista Vera Magalhães em artigo publicado em O Globo, a medida reforça a posição de Lula para a disputa eleitoral de 2026, dando ao presidente uma narrativa de compromisso com os assalariados de baixa e média renda.
De fato, há forte apelo popular nesse tipo de medida, já que grande parte da população brasileira recebe salários abaixo do patamar estipulado. No entanto, a forma como a regra foi desenhada gera distorções: um trabalhador que ganhe R$ 5.100, por exemplo, perde o direito à isenção e volta a ser tributado integralmente, situação que produz desigualdade e quebra o princípio de progressividade.
EFEITOS – Esse detalhe técnico, aparentemente menor, pode provocar efeitos perversos e precisa ser corrigido no Congresso para que a política tributária seja de fato justa. Ao mesmo tempo, a medida carrega peso político inegável. Ao ampliar a faixa de isenção, Lula fortalece seu discurso social e solidifica apoio em segmentos que sentirão diretamente o benefício.
Isso ajuda a explicar por que adversários como Ratinho Júnior, Romeu Zema e Ronaldo Caiado, apesar de governarem estados importantes, ainda não conseguem decolar no cenário nacional. A ausência de nomes fortes e competitivos, somada à decisão de Tarcísio de Freitas de disputar a reeleição em São Paulo, reforça o isolamento de Lula no topo das pesquisas.
CONVERSÃO EM VOTOS – O bolsonarismo, embora continue presente como força de oposição, não se converte automaticamente em votos ou em liderança eleitoral consolidada. O problema é que, enquanto o debate sobre o Imposto de Renda se mantém no campo político, outras crises corroem a confiança da população: do envenenamento de bebidas com metanol, que já provocou mortes e queda abrupta no consumo, até esquemas de corrupção em concursos falsos, revelados pela Polícia Federal.
Esses episódios reforçam a percepção de que o país continua vulnerável a fraudes e práticas criminosas em várias frentes, exigindo uma resposta enérgica do Estado. O desafio, portanto, é transformar a vitória política da isenção em uma política tributária consistente, transparente e progressiva, sem que ela se torne apenas mais um instrumento de barganha eleitoral.
Lula colhe, no presente, os frutos de uma medida popular, mas sua durabilidade dependerá da capacidade do governo e do Congresso de corrigirem distorções e de não deixarem que a justiça fiscal se perca no meio do jogo político.
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O Presidente não fez nada demais.
Obrigação.