
Charge do Gilmar Fraga (gauchazh.clicrbs.com.br)
Eduardo Barretto
Estadão
O auxiliar administrativo José Laudenor da Silva, suspeito de ser laranja no esquema de fraudes do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) e receber um salário de R$ 1,5 mil, movimentou R$ 56 mil com dois ex-presidentes do órgão e levantou alertas de lavagem de dinheiro por um fluxo total de R$ 1,3 milhão em um ano.
Ele também ganhou R$ 4,8 mil de um assessor da Confederação Nacional dos Agricultores Familiares e Empreendedores Familiares Rurais (Conafer) que arrecadou R$ 100 milhões do INSS. Os dados, obtidos pela Coluna do Estadão, foram enviados pelo Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) à CPI do INSS.
REPASSE – De acordo com o relatório, em 2023, Laudenor recebeu R$ 25,6 mil de José Carlos Oliveira, presidente do INSS em 2021 e 2022 e ministro da Previdência em 2022, durante o governo Bolsonaro. Entre 2021 e 2022, Laudenor repassou R$ 5,4 mil a Oliveira. Os dois são sócios em uma empresa de serviços de escritório.
Entre 2021 e 2022, Laudenor também transferiu R$ 25 mil para Leonardo Gadelha, presidente do INSS em 2016 e 2017, na gestão Temer e ex-deputado federal. O auxiliar administrativo ainda recebeu R$ 4,8 mil em 2023 de Cícero Marcelino de Souza, apontado como operador financeiro da Conafer e investigado pela PF.
O Coaf analisou uma conta bancária de Laudenor em dois períodos. O primeiro foi por um ano, de outubro de 2021 a outubro de 2022, com movimentações de R$ 1,2 milhão. O segundo foi no mês de janeiro de 2023, quando Laudenor movimentou R$ 161 mil. Ao todo, portanto, foram R$ 1,3 milhão entre entradas e saídas da conta, ao longo de um ano e um mês.
EXPOSTOS POLITICAMENTE – Os dois ex-presidentes do INSS são considerados por lei pessoas expostas politicamente (PEP), o que alertou o Coaf. O órgão ainda afirmou que as movimentações de Laudenor são incompatíveis com seu patrimônio, frisando indícios de lavagem de dinheiro.
“Movimentação elevada, de maneira habitual e bem acima de sua capacidade econômico-financeira, o que sugere utilização de conta pessoa para trânsito de recursos de terceiros e/ou de atividade não declarada”, afirmou o relatório, acrescentando: “Comunicamos pela possibilidade de configurar indícios do crime de lavagem de dinheiro ou com ele relacionar-se”.
Como mostrou o Estadão, a PF apontou que José Laudenor é um auxiliar administrativo, com salário de R$ 1,5 mil, e suspeita que ele seja um laranja no esquema criminoso. “Foram trafegados recursos com terceiros sem vínculo aparente; também, não foi verificada justificativa para a elevada movimentação, sugerindo o uso da conta para operar recursos de terceiros ou atividades não declaradas”, afirmou a corporação. As suspeitas foram citadas na CPI.
ENGRENAGEM – O senador Izalci Lucas (PL-DF) afirmou que Laudenor aparece nas investigações da PF como “operador indispensável à engrenagem da fraude: o laranja”. “Trata-se de um auxiliar administrativo, com renda declarada de aproximadamente R$ 1,5 mil, cuja biografia financeira se revela grotescamente incompatível com as operações que protagoniza”, completou o parlamentar nos pedidos para quebrar o sigilo bancário de Laudenor, aprovados pelo colegiado.
No mês passado, o ex-presidente do INSS José Carlos Oliveira, que mudou o nome para Ahmed Mohamad Oliveira, disse que Laudenor é um apoiador político antigo que “às vezes” paga contas para ele. “São as transações domésticas. Não tem nada demais”, disse em depoimento. “Laudenor é uma pessoa que me apoia politicamente desde o início dos anos 2000”, seguiu.
“Ele (Laudenor) tem um telefone para te vender, tem um álbum de figurinha fechado para te vender, sempre tem alguma coisa para vender”, continuou Oliveira à CPI. Questionado nessa ocasião por que Laudenor havia recebido R$ 4,8 mil do assessor da Conafer, o ex-presidente do INSS respondeu: “Segundo o Laudenor, o Marcelino comprou dele um álbum de figurinhas da Copa de 2022. Um álbum completo”.
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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – Já houve tempo em que as CPIs tinham consequências. No final da década de 80, fui coordenador da CPI Atos de Corrupção, presidida por João Cunha (MDB-SP). Descobrimos tanta corrupção que o governo militar extinguiu dois importantes órgãos públicos: a Superintendência Nacional da Marinha Mercante (Sunaman) e o Instituto do Açúcar e do Álcool (IAA). Atualmente a impunidade está garantida pelo Supremo, onde Dias Toffoli se destaca pelo conjunto da obra. (C.N.)
“Coaf”, o som de uma persistente tosse!
Ao que oarece, só roubos de mais de 10 bilhões foram constitucionalizados.
E cadeia é só pros 4 ps: pobre, puta, pretove pederasta.
Mas a impunidade pode estender seu manto pros amiguinhos.
Senhor Carlos Newton , de nada adiantou extinguir Superintendência Nacional da Marinha Mercante (Sunaman) e o Instituto do Açúcar e do Álcool (IAA) , se seus algozes permaneceram impunes até hoje , sendo que no Brasil é corriqueiro punir as empresas públicas e estatais mudando seus nomes ou extinguindo-as , e proteger seus gestores desonestos e corruptos .