
Prefeitos que recebiam Bolsa Família tinham carros, terras e gados
Pedro do Coutto
Há momentos em que a política brasileira atinge níveis tão baixos que nem a indignação parece dar conta. O caso revelado por O Globo, em reportagem do jornalista Bernardo Mello, é um desses episódios que expõem a degradação moral de parte do poder público. Prefeitos donos de terras, gado e carros de luxo foram flagrados como beneficiários do Bolsa Família, um programa criado para sustentar quem vive à beira da sobrevivência.
Trata-se de um escárnio, um golpe não apenas contra o erário, mas contra a própria ideia de empatia social. É o retrato fiel de um país que permite que a esperteza ocupe o lugar da ética, e o privilégio se disfarce de necessidade.
PACTO DE SOLIDARIEDADE – O Bolsa Família, com todos os seus méritos e limitações, sempre foi um pacto de solidariedade: transferir um pouco da riqueza coletiva para os que não têm o suficiente para comer. O que se vê agora é a distorção desse pacto, transformado em um balcão de oportunismo.
Como pode um prefeito, que administra recursos públicos, dono de fazendas, veículos e rebanhos, constar no cadastro de um programa voltado à extrema pobreza? A resposta é simples e vergonhosa: porque a fiscalização é frouxa, e o senso de decência, em alguns, é inexistente. É o retrato de uma elite local acostumada a confundir o público com o privado, a usar o poder para benefício próprio, enquanto posa de protetora dos pobres nas campanhas eleitorais.
O episódio não é um caso isolado. É a ponta de um iceberg de descontrole e desfaçatez. Há anos, especialistas e auditores alertam para a fragilidade dos cadastros e a falta de integração entre os sistemas públicos. Quem tem carro, gado e terra deveria ser automaticamente excluído do programa, mas o cruzamento de dados é precário e a verificação, ineficiente.
INFILTRADOS – O resultado é que prefeitos, vereadores e servidores públicos com patrimônio expressivo acabam se infiltrando entre os mais pobres — e isso não ocorre por acaso, mas por conveniência. Em muitos municípios pequenos, o Bolsa Família ainda serve como moeda de troca eleitoral, um instrumento de controle social usado por quem domina as máquinas locais.
O que choca não é apenas o roubo material — afinal, para quem tem fazenda é troco de padaria —, mas o roubo simbólico. Quando um representante público toma o lugar de uma mãe solo que precisa escolher entre o gás e o leite, ele comete um crime moral: o de zombar da pobreza.
É uma agressão direta à dignidade de milhões de famílias que dependem desse benefício para sobreviver. É o que o texto de Bernardo Mello chama de “assalto contra a consciência coletiva”, e é exatamente isso: uma invasão silenciosa da ética por parte dos que deveriam defendê-la.
OBRIGAÇÃO – O governo federal, por sua vez, tem obrigação de reagir com firmeza. A mera exclusão desses nomes do cadastro é insuficiente. É preciso punir exemplarmente, devolver os valores indevidos, expor os responsáveis e abrir processos administrativos e criminais.
Porque o problema não é técnico — é moral. E moral não se corrige com relatórios, mas com consequência. Enquanto os corruptos de sempre continuarem a usar a pobreza como disfarce e o poder como escudo, o Brasil seguirá sendo o país onde a esperteza é premiada e a honestidade, punida pela omissão.
FRONTEIRA – No fundo, esse escândalo não é sobre dinheiro — é sobre valores. É sobre um país que parece incapaz de reconhecer a fronteira entre necessidade e ganância. Prefeitos que recebem Bolsa Família não estão apenas cometendo fraude: estão rindo na cara do povo. Rindo da mãe que levanta às cinco para trabalhar, do pai que enfrenta fila em posto de saúde, do estudante que depende do auxílio para não abandonar a escola. Rindo da própria democracia que os elegeu.
O Bolsa Família dos corruptos não é apenas uma denúncia jornalística — é o retrato de um Brasil que insiste em se trair. Um país em que o poder virou licença para o abuso, e a pobreza, vitrine de conveniência. Enquanto o Estado não punir o cinismo travestido de carência, continuaremos a viver sob o domínio daqueles que fazem da miséria um palco — e do assistencialismo, um espetáculo grotesco de impunidade.
Não é só prefeitos, mas uma grande parcela dos políticos, sejam em nível municipal, estadual ou federal, usam isso como troca de voto. Devia haver uma lei quem ganha bolsa família devia ser proibido de votar
Estão entrando no mercado de trabalho a Geração Bolsa Família.
A geração que nunca trabalhou na vida .
“É o retrato fiel de um país que permite que a esperteza ocupe o lugar da ética”
De um país que foi tomado de assalto pela facção de traficantes PT-STF, cujo líder foi retirado da cadeia e feito presidente da república, através de uma fraude eleitoral.
O narco-ladrão Lula, que vive defendendo seus cupinxas, ontem declarou que “os narcotraficantes são vítimas dos usuários”.
Nunca, em nenhum momento, vi análises críticas do Sr Pedro do Coutto contra as patifarias do ladrão-mór Lula da Silva.