
O avanço das forças de segurança deixou um saldo doloroso
Pedro do Coutto
A cena que se desenrolou no Rio de Janeiro nesta terça-feira ultrapassa o campo das estatísticas e das notas oficiais. Não se trata apenas de uma operação policial de grande porte ou de um choque direto entre forças do Estado e facções criminosas.
O que paralisou ruas, escolas, comércio e vidas inteiras foi, uma vez mais, a revelação de uma ferida antiga, que jamais cicatrizou: a convivência permanente entre territórios sob domínio armado e um Estado que chega tarde, chega fragmentado — e, não raro, chega de forma equivocada.
SALDO DOLOROSO – O avanço das forças de segurança sobre o Complexo do Alemão e o Complexo da Penha, regiões que há décadas simbolizam a disputa territorial pelo controle do tráfico de drogas e de economias ilícitas, deixou um saldo doloroso. Mais de 100 mortos — entre policiais, moradores e integrantes das facções — não traduzem sozinhas o tamanho da tragédia.
A vida cotidiana paralisada, o medo coletivo, o barulho incessante de helicópteros e disparos ecoando em bairros densamente povoados são tão graves quanto o número registrado nas certidões. Famílias não puderam sair de suas casas, crianças ficaram sem aula, trabalhadores perderam o dia — e o salário. O direito básico de ir, vir e existir foi sequestrado.
Esse quadro não é eventual, nem surpreendente. É o resultado direto de décadas de políticas erráticas, de interrupções sistemáticas de programas sociais e de segurança, de disputas partidárias que sempre trataram as comunidades mais pobres como territórios “problema”, e não como parte legítima da cidade.
VAZIOS DO PODER PÚBLICO – Ao longo do tempo, facções ocuparam os vazios deixados pelo poder público, oferecendo o que o Estado não oferecia: regras, proteção seletiva, auxílio financeiro e até mediação de conflitos. Uma espécie de “governo paralelo” que, embora baseado na violência, ganhou aderência onde a cidadania foi negada.
Quando o Estado retorna apenas sob a forma de aparato armado — sem planejamento integrado, sem presença continuada, sem políticas de recomposição econômica e social — o resultado é previsível. A operação termina, os fuzis se recolhem, a imprensa muda de pauta, mas a população fica: vulnerável, sozinha e novamente exposta ao controle dos grupos criminosos, que se reorganizam, rearmam-se e retomam o comando. É um ciclo que se repete como um relógio quebrado que insiste em marcar sempre a mesma hora.
CONFRONTO DIRETO – A morte de policiais e civis expõe uma verdade amarga que o país reluta em encarar: a segurança pública no Rio de Janeiro continua sendo conduzida sob uma mentalidade de guerra. Como se fosse possível derrotar um fenômeno social, econômico e territorial apenas pelo confronto direto.
Não há vitória duradoura quando o adversário não é um exército formal, mas uma rede que se alimenta do desemprego, da informalidade, do tráfico de armas que cruza fronteiras, da ausência de serviços públicos e da desigualdade instalada há gerações.
Enquanto o Estado insistir em aparecer apenas sob a forma de força bruta, e não como presença institucional permanente — escola, posto de saúde, assistência social, saneamento, esporte, cultura, emprego — o domínio armado continuará oferecendo respostas onde a democracia falha. Inteligência policial, monitoramento financeiro, controle de fronteiras e continuidade administrativa não são slogans: são requisitos para um projeto de segurança que respeite vidas.
RESISTÊNCIA – O Rio não é apenas palco de tragédias. É também cidade de resistência cultural, de invenção, de beleza que persiste mesmo cercada de medo. Mas resistência não pode substituir política pública. Nenhuma população deve carregar, sozinha, o peso de enfrentar o abandono.
A tragédia desta semana precisa ser entendida não como mais um episódio entre tantos, mas como um divisor de águas possível. A escolha agora é entre repetir o ciclo — ou finalmente reconhecê-lo para quebrá-lo.
Porque quando o esquecimento se torna hábito, a violência se torna rotina. E um país que aceita a rotina da violência como destino perde, pouco a pouco, a capacidade de imaginar o futuro. O Rio de Janeiro ainda pode respirar outro ar. Mas isso exige que o Estado pare de chegar tarde — e comece, enfim, a permanecer.
um Estado que chega tarde, chega fragmentado — e, não raro, chega de forma equivocada
Pelo menos, chegou ! Não precisou ir à Indonésia – país que já executou brasileiro por tráfico – para defender traficante e colocar a culpa no usuário.
Quanta veneração, caramba !
Carlos, chegou e ficou ? Que planejamento é esse? Os moradores agora estão seguros? Fala sério. Hoje está tudo da mesma forma.
Caceta, ficar quanto tempo ? Vão esperar que os bandidos que conseguiram escapar voltem para serem presos ? Esquece a ideologia e pense apenas que bandidos sabem que podem ser presos e/ou mortos. Vc é carioca ?
Mais de mil favelas. Se for necessário ter efetivo policial em cada uma, só haverá policiais no RJ.
É sério? Vai, faz o que faz e sai da comunidade? Sem planejamento e ocupação efetiva, do que adianta? Você deve estar de brincadeira. Hoje está na mesma situação.
Com muitos eleitores iguais a você mortos. Não está a mesma coisa.
Esse estado de insegurança afeta a vida dos cariocas e a riqueza do estado. Ouvi de um amigo que mora nos USA que o turista americano evita ir para o Brasil. Lugar muito procurado por eles é Cancun, no México (praia linda, acomodações seguras e mordomia latina).
Dado o estado de emergência do país e especialmente do Rio, o governo central poderia de algum modo tomar para si a tarefa maior de liderar o combate ao tráfico de drogas e à bandidagem como prioridade nacional.
Aposto que o Trump, com todo o seu esquisitismo, iria ajudar o nosso país e se regozijar com a iniciativa.
Mas ainda estamos na idade das cavernas politicamente. O que importa é ser da esquerda ou direita e o país que se foda!
O certo,que neste carnaval,muita gente graúda Fai perder dinheiro.
Exemplo: Globo, Associação das escolas samba.
Turistas, estão sendo direcionados pra outros lugares fora do Brasil .
No mínimo…digo no mínimo…
Um artigo digno de jogar em uma louça sanitária…e dar uma bela DESCARGA.
Vida que segue…
YAH O ALTÍSSIMO SEJA LOUVADO….SEMPRE.
Governadores de Direita estão reunidos agora no Palácio Guanabara para prestarem solidariedade ao governador Cláudio Castro. Tarcínico, de forma remota, Caiado, Jorginho Mello, Zema, a vice de Brasília Celina Leao e Riedel/MS. Essa turma que não tem o que fazer nos seus Estados, estão aproveitando para fazer política em cima de mais de 100 mortos na desastrada operação.
Não é por acaso. Pesquisas indicam que a Segurança Pública é a maior preocupação da sociedade e, portanto, dá voto. O governador é candidato ao Senado.
Semana passada, Flávio Bolsonaro pediu ao Secretário de Guerra americano, Piter não sei de que, uma ação na Baia da Guanabara para destruir lanchas de supostos traficantes como tem sido realizado no Caribe nas costas da Venezuela, e no Pacífico na costa da Colômbia, que já matou 43 pessoas, supostos traficantes e pescadores.
Os governadores de Direita são contra a PEC da Segurança, por entenderem que vão perder Poder para o governo federal. A PEC da Segurança trata do compartilhamento de informações de inteligência e ações conjuntas entre as forças federais e estaduais e cria Corregedoria e Ouvidoria independentes.
Não vai ser aprovada, porque o campo da Direita tem maioria no Congresso e para passar na Câmara precisa de 308 votos.
O Relator da PEC, deputado federal Mendonça Filho, disse que não tem pressa e que vem conversando com especialistas. Pressionado pelo presidente da Câmara Hugo Motta, afirmou que enviará para votação no dia 4 de dezembro. Claramente está o deputado, tentando ganhar tempo para ganhar força e arquivar a PEC.
Na PEC da Blindagem, votaram na calada da noite, sem discussão e ainda aprovaram o sigilo. O povo foi às ruas e o Senado, envergonhado sepultou a Blindagem da Câmara.
Por outro lado, os governadores de Direita se movimentam para aprovar a PEC que transforma o narcotráfico em organização terrorista. Tarcísio exonerou seu Secretário de Segurança, deputado capitão Derrite para voltar a Câmara e Relatar a PEC do terrorismo.
Sendo aprovada a PEC do Terrorismo, uma pauta de Donald Trump, abrirá uma porta para ações do Exército americano no Brasil, sob o pretexto de combater grupos terroristas. O senador Flávio Bolsonaro pediu ao Secretário da Guerra, que atue na Baía de Guanabara, destruindo lanchas com supostos traficantes de drogas.
Nada acontece por acaso.
Podem estar dando tiro no pé, literalmente, porque se um desses governadores que estão em convescote com Cláudio Castro, assumirem um dia a cadeira presidencial, farão o que na iminência de uma invasão para combate aos narcoterroristas?
Fica óbvio que para o grupo constituído por “adevogados”, ovelhinhas, cúmplices do ladrão, macacada, velhos velhacos, viados, travestis e sapatões, cronista pé-de-cana e por todos os demais assemelhados, simbolizados pelos paus de arara mortos de fome e dos vagabundos que optaram pelo bolsa família, o sucesso da operação somente teria ocorrido se morressem todos os policiais e nenhum bandido.