União Europeia está declarando guerra contra as exportações brasileiras

Exploração de madeira na Amazônia atinge 464 mil hectares em 2020 - Instituto Humanitas Unisinos - IHU

Desmatamento visa a extrair madeira para vendê-la 

Carlos Newton

É da maior gravidade a lei adotada pelo Parlamento da União Europeia sobre desmatamento. Representa uma declaração de guerra comercial contra o Brasil, comandada pelo presidente francês Emmanuel Macron, para proteger e abrir mercado aos produtores rurais da França e dos demais membros da UE, mesmo que não sejam competitivos.

Sob a denominação de Regulamento para Produtos Livres de Desmatamento (EUDR), foi aprovada em maio de 2023 e tem aplicação prevista para dezembro de 2024.

A justificativa é tipo Piada do Ano, porque a lei visa reduzir a contribuição da UE para o desmatamento global, que é um dos principais fatores da mudança climática. Ao invés de impor um novo esforço de reflorestamento na Europa, o tal regulamento  proíbe a importação de produtos originários de áreas desmatadas, mesmo que o desmatamento seja legal.

RESERVA ESTRATÉGICA – A coisa funciona assim – os produtores rurais europeus não aceitam reflorestar áreas hoje improdutivas, preferindo deixá-las como reserva estratégica para novas plantações que possam ser futuramente reativadas.

Para proteger essas áreas e obrigar que haja reflorestamentos em países do Terceiro Mundo que se tornaram grandes produtores agrícolas, como é o caso do Brasil e da Índia, a União Europeia vai definir uma lista de nações de baixo, médio ou alto risco, com base nos seus índices e controles de desmatamento. Países com maior risco terão que apresentar mais detalhes e dados de rastreamento.

O Brasil é um dos maiores exportadores de carne, frango, soja e café do mundo, e especialistas acreditam que o país entrará na lista vermelha de países de alto risco. 

PRODUÇÕES NO INDEX – A falta de clareza na lei preocupa os agroexportadores brasileiros, que temem que as restrições possam ameaçar quase um terço das exportações para a UE.

 A lista de produtos incluem sete setores, sendo a maioria da pauta de exportação brasileira para os europeus: carne, café, cacau, produtos florestais (papel, celulose e madeira), soja e borracha, além do óleo de palma, único produto que o Brasil não exporta, mas inclui derivados, como couro, móveis e chocolate.

O governo brasileiro enviou nesta quarta-feira (11) uma carta à cúpula da UE pedindo que a legislação não seja aplicada, sob risco de impactar diretamente as exportações para os países da região. O texto é assinado pelos ministros da Agricultura, Carlos Fávaro, e das Relações Exteriores, Mauro Vieira.

PEDIDO DE REVISÃO – “O Brasil é um dos principais fornecedores para a UE da maioria dos produtos objetos da legislação, que correspondem a mais de 30% de nossas exportações para o bloco comunitário. De modo a evitar impacto em nossas relações comerciais, solicitamos que a UE não implemente a EUDR a partir do final de 2024 e reavalie urgentemente a sua abordagem sobre o tema”, diz o documento, segundo a agência Reuters.

É uma lição que o Brasil precisa atender. O desmatamento nada tem a ver com produção agrícola, Visa apenas à venda da madeira, Se nosso governo não agir duramente para estancar o desmatamento, poderá haver ameaças ainda maiores à Amazônia. Mas quem se interessa?

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P.S.São duas atividades criminosas  com objetivos diferentes – o desmatamento é para vender a madeira e a queimada para renovar a pastagem. Queimar a madeira é uma burrice sesquipedal. (C.N.)

7 thoughts on “União Europeia está declarando guerra contra as exportações brasileiras

  1. Prezado CN, existe alguma materia disponível sobre o destino da madeira brasileira exportada, quais países importam? Não lembro de matéria jornalistica sobre isso.

    • Prezado Gerard, já saíram muitas matérias a respeito. Há desmatamento legal e ilegal. Mas as “autoridades” corruptas transformam o ilegal em legal. Há, apenas um simulacro de fiscalização. É impressionante irresponsabilidade do governo com o contrabando de madeira.

      Abs.
      CN

  2. Prezado Carlos Newton, a União Europeia está aproveitando as queimadas provocadas pelos fazendeiros, para aumentar o pasto para gado e para fazer o manejo da terra para o cultivo de suas monoculturas, deram um tiro no próprio pé. Passaram do ponto, porque a seca terrível, espalhou o fogo da destruição, praticamente inundando o país de fumaça tóxica. Amazônia, Pantanal e Cerrado ardendo no fogo da destruição. Foram além do previsível, ficou sem controle e a tendência é piorar, porque estamos longe do período de chuvas torrenciais, que começa em novembro. E, o calor do verão promete ser avassalador.

    A Polícia Federal acaba de divulgar a prisão de incendiários do Pantanal, procurados desde os incêndios de 2020. As áreas queimadas, de proteção do Pantanal estavam sendo usadas para pastagem de gado. Evidente, que pecuaristas de Corumbá, estão no foco do crime. Quando acabar o Pantanal e secar toda a área, esses criminosos vão usar os lobistas do Senado e da Câmara para conseguir bilhões de reais do orçamento, para dar de beber ao gado. Só queria saber, de qual Rio eles vão buscar essa água. Os fazendeiros de Mato Grosso e do Mato Grosso do Sul, dão agora um tiro no pé para perder o corpo todo, quando secar o Pantanal.

    O que o governador Riedel do MS, tem feito para coibir esse crime ambiental, das queimadas provocadas em áreas privadas?
    Pelo visto, nada vezes nada.
    Essa leva de políticos e de governadores é a pior de todos os tempos.

    Essa notícia da Federal, já chegou aos líderes da União Européia, que vão retaliar o Agronegócio do Brasil e assim, proteger os agricultores europeus dos concorrentes nacionais. Será que esses fazendeiros incendiadores vão aprender a lição? Afinal, terão um belo de um prejuízo financeiro.

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