Bruno Boghossian
Folha
Nas negociações para apoiar o sucessor de Arthur Lira, o PT ouviu a promessa de receber uma vaga no TCU e o comando da primeira-secretaria da Câmara. Se o acordo for confirmado, o partido de Lula terminará o processo com alguns trocados. A mudança de guarda dará mais lucro para o centrão, a um custo alto para o governo.
A aliança construída nos últimos dias em torno de Hugo Motta repete um modelo rentável para esse grupo político. Mais uma vez, o centrão se mostrou capaz de sufocar dissidências, deixar de lado preferências políticas e construir uma coalizão numerosa o suficiente para fazer com que a governabilidade seja uma troca de favores permanente.
SUPERBLOCO – A esta altura, o centrão trilha para reeditar o bloco que reelegeu Lira com 90% dos votos. O presidente da Câmara conseguiu preservar o comando sobre essa mega-aliança graças a um cofre abastecido por emendas e ao poder de controlar as votações no plenário. Cedeu espaços generosos para a oposição e fez andar, no ritmo que ele desejava, projetos de interesse do governo.
A influência sobre um bloco majoritário concentrou nas mãos de Lira o controle sobre a formação de maiorias no plenário, tornando o Planalto dependente do poder de coordenação do chefe do centrão.
No primeiro ano do governo Lula, após rebeliões, chantagens e ameaças, essa força rendeu ao grupo três novos ministérios, um punhado de autarquias e o comando da Caixa.
APOIO DO PT – O PT decidiu apoiar Motta para evitar a repetição do erro que, em 2015, levou à vitória de Eduardo Cunha. O anúncio foi antecipado para que o partido pudesse negociar recompensas modestas, sob a ilusão de que poderia ser percebido como um sócio.
O que vai importar de verdade, no entanto, é a disposição do governo de manter o talão de cheques aberto pelos próximos dois anos.
Caso o centrão consiga remendar as rachaduras provocadas pela disputa interna e renovar seu poder, não terá motivos para controlar o apetite por mais espaços ao longo da segunda metade do governo. A caminho de uma nova eleição, os resultados no Congresso serão ainda mais valiosos para Lula —e o bloco de Lira saberá cobrar seu preço.
Troca de guarda no centrão deve custar muito caro para o governo Lula
Sr. Newton,
Com a surra que levou nas Eleições Municipais, que resultou na “varrição” pelo eleitor do Partido do Dêmonio de nove Dedos e com a vitória do centrão e do Kibe, com certeza a fatura chegará logo e vai ser pior que quando o Napoleão perdeu a guerra naquela posição…
O Ladrão vai pirar de vez….
aquele abraço
Acho que pouca gente conhece o poder de negociação e achaque do Arthur Lira, nem no reinado do Dr. Ulysses, aquele gabinete exalou tanto poder.
Para ter uma ideia, vocês teriam que sentar numa cadeira invisível na antessala da secretaria do presidente e observar o contínuo trânsito de políticos, autoridades, prefeitos e empresários, o Lula morreria de inveja.