Essa mania da esquerda, que atribui fracassos à ignorância popular, é bem antiga

Tribuna da Internet | No mundo atual, conceitos de esquerda e direita já não fazem muito sentido

Charge do Zé Dassilva (NSC Total)

Demétrio Magnoli
Folha

“Golpe! –as urnas eletrônicas viciadas fraudaram a vontade do povo e elegeram Lula.” A tese de Bolsonaro, uma cópia adaptada da narrativa de Trump sobre fraude eleitoral, é factualmente falsa e politicamente golpista – mas, ao menos, não atribui aos eleitores uma crônica incapacidade de distinguir seus interesses. Já a esquerda envereda por essa via quando formula sua tese para o fracasso nas eleições municipais.

“Perdemos por culpa das emendas parlamentares, que distorcem o sistema político e elegem a direita.” Na sua versão de esquerda, a teoria da trapaça ilumina uma curva real, que é a captura do orçamento público pela maioria parlamentar, mas oculta o fenômeno estrutural. A ascensão da direita nas eleições municipais começou em 2016, bem antes da inflação das emendas parlamentares, e prossegue mesmo sob um governo federal de esquerda. É álibi destinado a salgar o solo no qual germinaria um debate honesto sobre os rumos políticos dos chamados progressistas.

NOVO CENTRÃO – O “centrão” não é mais o que foi, como registraram alguns raros analistas lúcidos. Segue oportunista e fisiológico, como sempre, mas tornou-se cada vez mais ideológico, encampando discursos extremistas fabricados no campo do bolsonarismo. Seu triunfo representa, de fato, uma vitória da direita reacionária. A derrota da esquerda não deveria ser interpretada como evento anômalo, mas como sinal de um descompasso de fundo entre as narrativas “progressistas” e as expectativas do eleitorado.

O povo não sabe votar? A inclinação da esquerda a atribuir seus fracassos à ignorância popular tem longa história. Quantas vezes o PT invocou o espectro de uma “classe média fascista” para justificar insucessos eleitorais em São Paulo? Contudo, como trocar de povo é uma óbvia impossibilidade, os “progressistas” precisariam enfrentar a dolorosa tarefa de trocar suas interpretações.

A política econômica dos dois mandatos iniciais de Lula não pode ser replicada na atual conjuntura internacional. O Brasil mudou. A pobreza extrema recuou. As políticas sociais lulistas, baseadas em transferências diretas de renda, não correspondem aos anseios da nova e heterogênea classe média. A esquerda oferece respostas do passado para os desafios do presente. O descompasso abre caminho à religião laica do “empreendedorismo”, réplica reacionária ao Estado paternal da esquerda.

IDENTITARISMO – Os “progressistas” – e não apenas os ligados à esquerda – importaram as políticas identitárias oriundas dos EUA. Substituíram os conceitos de povo e de classe por cortejos de “minorias”, especialmente raciais, renunciando à promoção de políticas públicas universais.

Nesse passo, facilitaram os discursos identitários reacionários, que apelam à unidade (patriótica ou religiosa). A guerra ideológica resultante é um fator fundamental na marcha eleitoral rumo à direita. A falência do racialismo ganhou mais um número: 83% dos prefeitos negros eleitos pertencem a partidos de centro ou direita.

A teoria da trapaça, mais que mero equívoco intelectual, serve como ferramenta utilizada por lideranças engajadas na missão de autopreservação. Trata-se de encobrir seu fiasco, evitando uma dura revisão política. A autoilusão dos “progressistas” é uma oferenda involuntária à direita reacionária.

Rumo a 2026, o Brasil legaliza e reabilita o golpista Jair Bolsonaro

Supremo forma maioria contra HC para barrar prisão de Bolsonaro

Bolsonaro confia que será anistiado pelo Congresso

Luís Francisco Carvalho Filho
Folha

A eleição municipal faz crescer a musculatura política da extrema direita. Os partidos que estão na órbita de Jair Bolsonaro, PL, PP e Republicanos, conquistaram respectivamente 510, 743 e 430 prefeituras. O PT do presidente Lula elegeu menos prefeitos (248) que o irrelevante PSDB (269). Não entram na conta partidos com pés nas duas canoas.

 O grande vitorioso do primeiro turno, o PSD (878 prefeituras) de Gilberto Kassab, tem três ministérios no governo Lula e está no governo de Tarcísio de Freitas em São Paulo –que adota um perfil moderado, mas usa estratégia de eliminação de suspeitos difundida por Bolsonaro e trata com constrangedora naturalidade a tentativa de golpe. Estão juntos na campanha de Ricardo Nunes, do MDB.

PROMISCUIDADE – O irmão do ministro Gilmar Mendes, do STF, o Chico Mendes, do União Brasil, foi eleito prefeito da pequena cidade de Diamantino, em Mato Grosso, com o apoio entusiasmado de Jair Bolsonaro: além do rega-bofe, da leitoa assada, o ex-presidente indicou o vice da chapa.

Ambos fazem parte da mesma estirpe de políticos imorais, obscurantistas e temerários, mas os recentes desatinos de Pablo Marçal em São Paulo fazem do ex-presidente figura aparentemente mais palatável. Como se existisse uma escala da delinquência capaz de beneficiar o criminoso político de ontem, os atos diluídos na memória, diante da criminalidade aguda e atual.

Carlos Bolsonaro, outro filho guloso de Jair (a família adora “rachadinhas”, armas e joias), é o vereador mais votado do Rio de Janeiro. Já o filho caçula, suspeito de lavagem de dinheiro, é o vereador mais votado do Balneário Camboriú, em Santa Catarina.

O Brasil normaliza e reabilita o capitão. Rumo a 2026.

PARTE DO PASSADO – A tentativa de golpe é parte do passado. Como mostra a escrita afiada de Conrado Hübner, o ex-presidente vive da impunidade. Condenação criminal mesmo só para “peixes pequenos”.

Mais discreto, Bolsonaro está ileso. Os processos não caminham. A PGR não se move. A PF empurra inquéritos com a barriga. A imprensa não estranha as prorrogações de prazo. Bancadas direitistas da Câmara e do Senado querem o domínio do impeachment, tentam acuar o Supremo.

Gilmar Mendes tem dito ser “muito difícil” a reversão da decisão do TSE que declarou a inelegibilidade. Mas o recurso de Bolsonaro chegou em dezembro ao STF e repousa no gabinete de Luiz Fux, não se sabe à espera de que, desde 14 de maio. Na segunda turma do tribunal, só dois ministros podem participar do julgamento, Fux e Flavio Dino: estão impedidos Zanin, Cármem Lúcia e Alexandre de Moraes.

GILMAR E TOFFOLI – Bolsonaro não conta apenas com a simpatia incondicional dos dois ministros que nomeou para o STF. Dias Toffoli foi fiel escudeiro durante o mandato presidencial: “a Justiça ao nosso lado”, exaltava Jair. Gilmar Mendes, a história comprova, costuma apontar o nariz para forças políticas musculosas.

Tem ainda a anistia, palavra de ordem em franco fortalecimento. Para beneficiar “peixes pequenos”, militares, conspiradores e, evidentemente, o capitão.

Pelo cheiro da brilhantina, Jair Bolsonaro, com mais sapiência, terá oportunidade de promover a desconstituição de valores humanistas do país ou de buscar, mais uma vez, o golpe de Estado. O futuro dirá. A conjuntura econômica também.

Barroso delira e afirma que “vivemos em grande harmonia entre os Poderes”

Há harmonia entre Poderes, diz Barroso após pacote anti-STF da Câmara

Crise entre Poderes se agrava, mas Barroso nem percebe

Lilian Tahan
Metrópoles

O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Luís Roberto Barroso, afirmou que houve “diminuição da temperatura política” no país recentemente. Segundo ele, há “uma grande harmonia entre os Poderes” no Brasil. “Temos estabilidade institucional. Harmonia não significa concordância plena, mas que somos capazes de eventualmente divergir civilizadamente e convergir para muitas coisas”, disse. As falas do presidente da Suprema Corte brasileira ocorreram no II Fórum Esfera Internacional em Roma, na Itália, neste sábado (12/10).

Nesta semana, a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara aprovou dois projetos de lei (PLs) e duas propostas de emendas à Constituição (PECs) que limitam as decisões de ministros do Supremo. As propostas avançaram na Casa depois que o ministro Flávio Dino, do STF, determinou a suspensão do pagamento de emendas parlamentares ao Orçamento da União. As PECs, por exemplo, foram destravadas pelo presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), dias depois da decisão de Dino. “Harmonia e independência dos poderes é uma marca da Constituição Brasileira. Vejo com muita naturalidade que o Congresso esteja debatendo esses temas nacionais. Às vezes discordo, mas vejo com naturalidade”, disse.

QUALIDADE DO GASTO – “Eu penso no país institucionalmente. Estou preocupado com a qualidade do gasto. É menos importante se o legislativo tem um papel maior ou menor. Ou se o executivo tem um papel maior ou menor. Desde que a qualidade do gasto seja elevada. Ali, o que aconteceu na intervenção do Supremo, na decisão do ministro Flávio Dino, é um problema de transparência, de rastreabilidade, da efetiva existência de projetos, de fugir um pouco da fragmentação excessiva do orçamento e de ter investimentos em programas estruturais. O orçamento não pode ser uma divisão de dinheiro entre pessoas. Tem de ter projeto de país”, disse.

No discurso durante o evento, Barroso elencou questões como o desemprego, a desigualdade social, a inflação no Brasil e a aprovação da Reforma Tributária.

“Sessenta e três por cento da riqueza está concentrada (sic) em 1% da população, que somos nós, na verdade. Temos no Brasil um problema atávico, histórico e persistente de patrimonialismo, quando não de corrupção, que é essa má divisão entre o espaço público e privado”, frisou.

TOPO DA AGENDA – O presidente do STF também citou os desafios na área da educação, que, segundo ele, deve estar no “topo da agenda brasileira”. “O Brasil só universalizou o ensino fundamental 100 anos depois dos EUA, e isso explica muita coisa. O déficit educacional faz vidas menos iluminadas e trabalhadores menos produtivos. A produtividade é um problema dramático no Brasil”, pontuou.

Sobre segurança pública, Barroso afirmou que o Brasil vive hoje uma “guerra” e que o crime organizado tem de ser obsessivamente enfrentado. “Ele está entrando nas instituições e na Amazônia. Precisamos estar alertas para isso.”

O baixo crescimento do Brasil desde 1980 também foi mencionado pelo presidente do Supremo. Ao contrário do que ocorreu entre 1900 e 1980, quando o país era uma das nações que mais crescia no mundo – com média de 5,5% ao ano –, nas últimas quatro décadas esse número despencou para 2% anuais. Barroso frisou ser “insuficiente para promovermos a distribuição de renda que precisamos para enfrentar a pobreza”.

MUDANÇA CLIMÁTICA – “O Brasil é uma das grandes opções de investimento no mundo, por seu importantíssimo papel ambiental. Tem a maior biodiversidade do planeta, é decisivo no ciclo da água, pois temos 12% da água doce do mundo. O Brasil tem um papel extraordinário no enfrentamento da mudança climática”, destacou.

O presidente do Supremo afirmou haver segurança jurídica no país, embora haja “excesso de litigiosidade”. Mencionou também a judicialização, que considera excessiva na área da saúde pública e privada. “Isso desarruma o orçamento da União, dos estados e municípios”, assinalou, citando os medicamentos de alto custo solicitados pelos pacientes por via judicial. “Não há solução moralmente fácil nem juridicamente barata” para o problema, disse.

Barroso também frisou o “protagonismo em algumas grandes questões brasileiras, que desaguam no Judiciário ou STF”. “Gostaria de desfazer esse mito [do ativismo judicial]”, ressaltou.

TUDO NO STF – Para o presidente do Supremo, a Constituição Brasileira versa sobre questões que vão da organização do Estado à seguridade social e do sistema financeiro, assuntos que “em outros países, são deixados para a política”. “Tudo chega em algum momento ao Supremo Tribunal Federal”, destacou.

O ministro afirmou ainda ser um ator institucional, não político, e que conversa com as diversas camadas da sociedade, como comunidades indígenas, advogados, Ministério Público, agronegócio, estudantes e empresários. “É um preconceito que não superamos no Brasil contra a iniciativa privada, ainda numa visão antiga e atrasada de que o Estado vai nos libertar”. E pontuou que a geração de riqueza vem da livre iniciativa, do empreendedorismo e de quem corre riscos.

A fala de Barroso também passou por temas globais, como a revolução tecnológica, a Inteligência Artificial (IA) e a transição de modelos analógicos pelos digitais. “Criou-se esse admirável mundo novo, que o direito ainda tenta captar, caracterizado por tecnologia da informação, biotecnologia, nanotecnologia, impressão 3D, computação quântica, internet das coisas, carros autônomos. O algoritmo vai se tornando o conceito mais importante do nosso tempo.”

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG –
Barroso é panglossiano. Vive numa bolha chamada Supremo onde tudo funciona. Tem acesso garantido ao bom e ao melhor, inclusive segurança, tudo “de grátis”, como dizia Bussunda. Se Barroso precisar de algum remédio caro, sem problema, o STF banca tudo, nem precisa fazer como os outros brasileiros, que têm de recorrer à Justiça. Seu pronunciamento mostra que se tornou um habitante típico da Ilha da Fantasia, onde se vive no melhor dos mundos, com tudo pago pelo povo, inclusive essa viagem boba a Roma, acompanhado dos seguranças, para falar esse monte de abobrinhas. (C.N.)

É legítima a ofensiva parlamentar para limitar o poder monocrático do STF

Dias Toffoli desce a ladeira

Monocraticamente, Dias Toffli “apaga” crimes de corrupção

Carlos Andreazza
Estadão

Propor e votar projetos é função do Congresso, donde o incômodo (mea culpa) com a classificação generalizante — “pacote anti-STF” — de proposições legislativas para limitar o poder do Supremo.

Nem tudo no conjunto é desprezível, ainda que desprezível seja a instrumentalização do debate sério por agentes bolsonaristas — para, forjando-forçando choques entre Poderes, minar a República. Instrumentalizados os instrumentalizadores pelos interesses de Arthur Lira no comando de sua sucessão e no porvir do orçamento secreto, ainda assim, a iniciativa parlamentar é legítima.

ANULAR DECISÕES – Uma das PECs aprovadas na CCJ da Câmara dispõe sobre autorização para que o Parlamento possa anular decisões do Supremo. O troço não para de pé nem prosperará. Inconstitucionalissimamente. Ainda assim, a iniciativa parlamentar é legítima.

Propor e votar projetos é função do Congresso; de onde não raro saem leis inconstitucionais. Também para isso existe o Supremo — para exercer o controle e declarar inconstitucionalidades.

Não cabe a ministro do STF reagir à atividade precípua do Parlamento, senão por meio de decisão — colegiada, por favor — que apontará a eventual inadequação do aprovado pelo Legislativo. Não cabe a ministro do STF reagir ao exercício legislativo discursando-especulando sobre motivações políticas dos parlamentares.

SEM UNANIMIDADES – O nosso recivilizador Barroso reagiu, às favas o comedimento, ignorada a certeza de que tratará da matéria no tribunal, juiz de Corte Constitucional e analista político da TV Justiça: “Não existem unanimidades. Porém, não se mexe em instituições que estão funcionando e cumprindo bem a sua missão por injunções dos interesses políticos circunstanciais e dos ciclos eleitorais”.

Não existem unanimidades. Existem os monocratas do Supremo. Existe Dias Toffoli, há mais de ano copiando e colando o generalizador veredito de “conluio” para enterrar provas da Lava Jato e recriar a história da corrupção no Brasil petista. Mais de ano de liberdade para operar sozinho e à vontade — o tribunal lhe chancelando, sim, uma espécie de unanimidade. (E nem falarei de Xandão e códigos xandônicos desta vez.)

MERECE ATENÇÃO – Não existem unanimidades. Existem os monocratas do Supremo, não eleitos cujos autoritarismos transformaram recurso excepcional em gestão permanente de poder privativo. A PEC que trata do assunto — já aprovada no Senado — merece atenção, sem preconceito.

Não funciona bem — não cumpre bem a sua missão — a Corte Constitucional cujos ministros suspendem individual e banalmente a validade de leis aprovadas pelo Congresso.

Exemplo: Lewandowski e a Lei das Estatais. O que haverá de anti-STF em se exigir que medida grave dessa natureza somente possa ser tomada pelo plenário do tribunal?

Lula reconhece fracasso do PT nas urnas durante eleições municipais

Presidente defendeu necessidade de mudar estratégia do partido

Pedro do Coutto

Numa entrevista para uma emissora de Fortaleza, reproduzida pela GloboNews na sexta-feira, o presidente Lula reconheceu antecipadamente a derrota eleitoral do PT na maioria das cidades do país, inclusive em São Paulo, com o péssimo desempenho da legenda, afirmando que é preciso reformular posições ideológicas que levam ao isolamento.

“Temos que rediscutir o papel do PT na disputa das prefeituras. O PT, nessas eleições, 80% dos nossos prefeitos foram eleitos em cinco países (sic), todos eles no Nordeste. Nós tivemos uma boa participação no Rio Grande do Sul, não tivemos uma boa participação em São Paulo, em Minas Gerais ganhamos as duas cidades que governamos”, declarou.

PERDAS – Lula disse que “o PT cresceu o número de prefeitos e vereadores, mas já governou São Paulo, Porto Alegre e outras capitais importantes”. “O dado concreto é que o PT perdeu inclusive Araraquara, que era uma cidade que tínhamos certeza de que iríamos ganhar. Em Teresina, até uma semana das eleições, todo mundo dava como certa a eleição do candidato do PT e não aconteceu”, disse.

Lula afirmou, porém, que o resultado das eleições municipais não têm efeito direto nas eleições presidenciais. “Toda vez que termina eleições, aparecem os vencedores e heróis que acham que o mundo, a partir dali, mudou. A eleição de prefeito não tem muita incidência na eleição presidencial. Porque nem todo prefeito no segundo ano de mandato está bem”, declarou.

RECURSOS – Segundo o petista, a quantidade de prefeitos reeleitos no Brasil está diretamente ligada aos recursos investidos por meio de emendas do orçamento federal. “Essa quantidade de prefeitos reeleitos é em função de que eles estão com recursos para fazer coisas, senão não seriam reeleitos.

Além disso, tem as emendas do orçamento, que era secreto até outro dia, que faz com que o dinheiro chegue na mão da prefeitura, às vezes sem chegar na do governador. É o maior percentual de prefeitos reeleitos da história, antes não era assim”, afirmou.

O índice de prefeitos eleitos pela legenda, de fato,  foi muito pequeno e destaca o isolamento partidário do PT. Lula justificou que a sua não participação de forma mais intensa em campanhas, inclusive na de Guilherme Boulos, decorre da divisão de suas bases eleitorais. O presidente deixou claro a necessidade de uma reaglutinação.

COMBINAÇÃO – “O PT precisa transformar essa preferência eleitoral e simpatia que tem em voto, que eu recebo, mas a gente não consegue receber nas prefeituras. É preciso fazer essa combinação. Tive uma participação mais acanhada nestas eleições, sou presidente da República e tenho uma base muito ampla”, afirmou.

O presidente disse acreditar que o deputado Guilherme Boulos pode ganhar as eleições em São Paulo. Apesar de apoiar o aliado, a escolha de palavras do presidente não demonstrou o mesmo entusiasmo que ele indicou em relação ao candidato do PT à prefeitura de Fortaleza, Evandro Leitão. Quando se referiu ao cearense, Lula disse estar “confiante” com a sua eleição. No caso de Boulos, disse que o deputado federal “pode ganhar as eleições”. O petista, porém, defendeu o líder do movimento sem teto, a quem chamou de “uma figura muito preparada”.

“Leio que o Boulos pode ganhar as eleições. O Boulos é uma figura muito preparada. Tivemos um problema no primeiro turno, porque é muito difícil convencer um petista, que estava habituado a votar em 13 desde 1980, a votar 50. Tem 50 mil pessoas que votaram no 13. Eu, inclusive, gravei para o Boulos dizendo que as pessoas habituadas a votar no 13 a votar no 50″, afirmou.

Para Adélio Prado, poeticamente o sexo é uma das maravilhas da criação

frases-de-adelia-prado-1024x738 - Flávio ChavesPaulo Peres
Poemas & Canções

A professora, escritora e poeta mineira Adélia Luzia Prado de Freitas, no poema “Entrevista”, aborda temas ligados ao sexo e à religiosidade.

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ENTREVISTA
Adélia Prado

Um homem do mundo me perguntou:
o que você pensa do sexo?
Um das maravilhas da criação, eu respondi.
Ele ficou atrapalhado, porque confunde as coisas
e esperava que eu dissesse maldição,
só porque antes lhe confiara:
o destino do homem é a santidade.
A mulher que me perguntara cheia de ódio:
você raspa lá? Perguntou sorrindo,
achando que assim melhor me assassinava.
Magníficos são o cálice e a vara que ele contém,
peludo ou não.
Santo, santo, santo é o amor de Deus,
não porque uso luva ou navalha.
Que pode contra ele o excremento?
Mesmo a rosa, que pode a seu favor?
“Se cobre a multidão dos pecados e é benigno,
como a morte duro, como o inferno tenaz”,
descansa em teu amor, que bem estás.

Desempenho eleitoral do PT está parecendo um pedido de socorro

Tribuna da Internet | Lula estica queda de braço e leva conflito da  economia para o mundo dos ricos

Charge do JCaesar (Veja)

Janio de Freitas
Poder360

Entre os resultados e sinais do balanço eleitoral, três não valorizados no comentarismo importam para o presente e talvez para o futuro. No segundo teste mais exigente de sua liderança eleitoral, sendo o primeiro o fracasso simultâneo na reeleição e no golpismo, desta vez Jair Bolsonaro (PL) ampliou as dúvidas, senão descrenças.

No campo em que colheu êxitos eleitorais por quase 30 anos, acomodado no colo da “família militar” imensa no Rio, Bolsonaro passa agora por uma derrota humilhante.

EXTREMA-DIREITA – Ativos e ex, os militares e seus familiares mantiveram-se fiéis à “extrema-direita” com Carlos Bolsonaro (PL), reeleito, não por reconhecimento, como mais votado vereador do Rio.

Para prefeito do Rio, Bolsonaro criou a candidatura e fez a campanha de Alexandre Ramagem (PL), ex-chefe da Abin oficial e da Abin criminosamente falsa. Final: Eduardo Paes (PSD) recebeu mais de 60% dos votos, Ramagem não chegou a 31%.

O esmagamento da candidatura bolsonarista é importante por inexistir no Rio, até então, força política contrastante com Bolsonaro desde ao menos sua eleição em 2018. O partidarismo quebrou no Rio, cidade e Estado.

ESCÂNDALOS – Líderes políticos naturais foram sorvidos pela sucessão de escândalos. Foi o que deixou a entrada livre para a liderança artificial de Bolsonaro e de alegados pastores evangélicos.

Se o Rio ainda pode ter alguma influência positiva, as condições começam na derrota de Bolsonaro nesta cidade. O PT, por sua vez, foi além da derrota que nenhuma de suas miúdas vitórias atenua. Expôs sinais de decadência como partido, como ideia e como representação social.

A perda de alma e corpo se mostra ainda mais grave se lembrado que se trata do partido no governo – no qual exibe, também, melancólica perda de significação.

RECONSTRUÇÃO? – A deputada federal Gleisi Hoffmann (PT) e outros dirigentes falaram em “provas da reconstrução”, a propósito do PT nos resultados eleitorais. Com poucas exceções, em qualquer aspecto levantado sobre a campanha e os resultados, o PT tem má colocação. Seu desempenho se assemelha a um pedido de socorro aos do passado. E talvez tenha sido um primeiro aceno de despedida da esquerda visível.

Por fim, a pequena presença de mulheres é um mal desprezado na política brasileira. Desfigura a representação teoricamente feita por Câmara e Senado, assembleias e vereanças. Como candidatas e como eleitas, mulheres continuam sendo minorias injustificáveis. E explicáveis por interesses e desinteresses que também elas fortalecem. compartilhe esta imagem

No total de candidaturas a prefeito e a vereador, as mulheres tiveram sua maior participação: não chegaram a 35%. Foram 156,5 mil candidatas. Em 155 milhões de eleitores, foi um número risível. Proporção de 0,001%. E as mulheres, ainda bem, passam de 50% na população. Conviria tê-las, como sempre….

Bolsonaro x Tarcísio: a direita já venceu a eleição, mas o bolsonarismo, nem tanto

Charge de Genin - Vila de Utopia

Charge de Genin (Site Vila de Utopia)

Eliane Cantanhêde
Estadão

O Brasil segue adernando à direita e chegou a hora de debater que direita é essa, ou quais as direitas que disputam hegemonia e o que elas representam e projetam para os dois anos restantes do governo Lula e o futuro. Atenção aos sinais, manifestações e trocas de desaforos no primeiro e já no segundo turno — lembrando que, na política, roupa suja não se lava em casa, como reclamaram os bolsonaristas após os ataques do pastor Silas Malafaia a Jair Bolsonaro. Na política, lava-se na mídia, nas redes e nos palanques.

Irritado com a covardia e o oportunismo do ex-presidente, que oscilou na campanha de São Paulo ao sabor dos ventos e das pesquisas, ora para Ricardo Nunes, ora para “aquele outro”, Malafaia distribuiu impropérios contra ele em várias entrevistas e deixou uma pergunta para a história ao dar declarações à jornalista Mônica Bergamo: “Que porcaria de líder é esse?”, Taí, excelente pergunta.

MUXOXO DO 02 – Registre-se também o muxoxo do 02, Carlos Bolsonaro, campeão de votos na sua sétima eleição para vereador no Rio: “Os votos do Nunes foram do meu pai, não do Tarcísio”. Passou recibo, soou como inveja, dor de cotovelo. E a turma do governador Tarcísio de Freitas adorou, claro, como reconhecimento à importância dele na ida de Nunes para o segundo do turno, no primeiro lugar.

O saldo do primeiro turno não apenas em São Paulo, mas no País inteiro, é cristalino: derrota da esquerda, ocaso do PSDB, fortalecimento do Centrão (leia-se direitão) e racha no bolsonarismo, entre radicais e pragmáticos. Apesar do barulho e da exposição daquele candidato esquisito na principal capital, Bolsonaro continua sendo líder dos radicais, mas passou a ter a real concorrência de Tarcísio, que vem sendo moldado como líder dos moderados.

Um bom teste é a guerra da Câmara contra o Supremo. Três dias depois do primeiro turno, a CCJ já aprovava duas propostas de emenda constitucional e dois projetos de lei para se autoconceder poderes, inclusive para derrubar decisões da mais alta Corte, o que é flagrantemente inconstitucional.

REPRESÁLIA – O bombardeio começou como represália bolsonarista à firme resistência do tribunal a um golpe de Estado, ampliou-se para o resto da direita com o debate sobre marco temporal e descriminação de pequenas quantidades de maconha e do aborto até seis semanas e, enfim, uniu o Congresso quando o Supremo investiu contra a farra das emendas parlamentares.

Se as eleições municipais praticamente escaparam da polarização nacional, ela volta com tudo no Congresso e se reflete agora nos ataques ao Supremo, com o bolsonarismo de um lado e o lulismo de outro; também tende a prevalecer nas eleições para as presidências da Câmara e Senado, em fevereiro.

A dúvida é como vota a tal “direita moderada”, particularmente a de Tarcísio, Gilberto Kassab e PSD, que se arvoram herdeiros do PSDB, contraponto ao radicalismo bolsonarista e a grande força política pós-Lula. Vai votar e aprovar a guerra contra o Supremo? Apostar numa crise constitucional? Essa pergunta não tem resposta por ora: basta ver o pragmatismo do estrategista Kassab, que mantém um pé na canoa de Tarcísio e na centro-direita e outro na de Lula e da centro-esquerda. Quer saber? O mais provável é que dois terços do PSD votem a favor do Supremo e um terço contra. Ou seria o contrário?

Maior influência da religião é efeito do novo estilo que domina a direita

E eles pediram um rei-instrumentalização entre religião e política – Semana  Social Brasileira

Charge do Lattuff (Arquivo Google)

Bruno Boghossian
Folha

“Um espectro assombra a política partidária contemporânea.” Era 1996, e o cientista político Andreas Schedler dissecava um fenômeno: os candidatos e partidos anti-establishment. Ao longo de três décadas, eles se tornaram protagonistas da vida política de vários países. Sofreram mutações e provaram que não devem desaparecer tão cedo.

O DNA da espécie é inconfundível. A principal característica é sua maneira peculiar de manifestar oposição às elites políticas. Candidatos anti-establishment tratam essa classe como um cartel exclusivista que tem como interesse a manutenção do poder. Quando ela governa, não têm desejo ou capacidade de atender às necessidades dos cidadãos.

NEGAÇÃO DO ESTILO – Políticos anti-establishment representam uma negação agressiva desse estilo. Assumem a imagem de forasteiros e vendem a ideia de que são as únicas alternativas genuínas, tentando convencer o eleitor de que não há diferença real entre governistas e oposicionistas.

A alternância de poder seria irrelevante sem uma ruptura liderada por esse campo.

A linhagem anti-establishment passa por transformações, com nuances particulares em cada país, incluindo o Brasil. A mais consolidada é a digitalização que permitiu que esses personagens furassem bolhas do diálogo político e manipulassem a ideia de uma conexão direta com o eleitor, driblando o controle daquelas elites.

OCUPAÇÃO DE ESPAÇOS – Uma segunda mudança está relacionada à ocupação de espaços na direita. Há quase 30 anos, Schedler dizia que, após a queda do socialismo, a política anti-establishment começava a se cristalizar como a nova ideologia desse campo. O processo avançou e chegou a seu auge em lugares como EUA, Brasil, Argentina e diversos países da Europa onde esses grupos se tornaram dominantes na direita.

Uma terceira transformação aparece de maneira acentuada no Brasil. Na origem, a turma anti-establishment até assumia um viés conservador, mas não chegava a oferecer soluções religiosas para os problemas típicos do mundo político.

Agora, aqui e ali, a fé se tornou um fator determinante para esses candidatos, que se apresentem como agentes de mudança a partir de uma intervenção quase milagrosa.

Brasil se abstém em resolução da ONU contra governo da Venezuela

Tribuna da Internet | Política externa rebaixa Lula ao papel de  “mordomo-chefe” da Venezuela

Charge do Gomez (Correio Braziliense)

Jamil Chade
do UOL

O governo brasileiro decidiu por se abster em uma resolução sobre a crise na Venezuela. A votação ocorreu nesta sexta-feira em Genebra no Conselho de Direitos Humanos da ONU. Por uma ampla maioria, os países aprovaram a renovação do mandato de uma comissão internacional para investigar os crimes cometidos pelo governo de Nicolás Maduro e criaram novas obrigações para que a ONU examine a situação na Venezuela.

A resolução foi aprovada com 23 países apoiando a iniciativa, entre eles Argentina, Chile, Costa Rica, Paraguai, os EUA e os governos europeus. Votaram contra Sudão, Vietnã, Eritreia, China e Cuba. Ao lado do Brasil na abstenção estiveram Burundi, Índia, Honduras e outros.

ISOLAMENTO – O governo brasileiro explicou que sua opção pela abstenção está relacionada a itens da resolução que isolam ainda mais a Venezuela e que ameaçam minar ainda mais a cooperação da ONU com o país para tirar Caracas da crise em que se encontra.

Em seus últimos informes, a comissão denunciou uma repressão sem precedentes por parte de Maduro contra a oposição e sociedade civil. O trabalho dos membros da equipe de inquérito ainda sugeriu crimes contra a humanidade.

Por meio de seus aliados, a Venezuela tentou esvaziar a resolução. O governo bielorrusso apresentou emendas, na esperança de reduzir o impacto da comissão de inquérito. Mas o governo argentino de Javier Milei tomou a iniciativa de barrar as emendas e convocou os países a votar contra as mudanças.

DEFESA RIDÍCULA – O governo Maduro, ao se defender, citou o chileno Salvador Allende, o que gerou risos na delegação do Chile. Santiago tem se posicionado fortemente contra o governo venezuelano. Caracas ainda alegou que a resolução criaria custos de US$ 8 milhões para a ONU, numa tentativa de impedir que o projeto fosse adiante.

Antes de votar, o embaixador brasileiro na ONU, Tovar Nunes, explicou a abstenção do país. “O Brasil apóia a renovação do mandato do Escritório do Alto Comissariado para os Direitos Humanos em Caracas e da Missão de Apuração de Fatos na Venezuela. Acreditamos que seu trabalho pode contribuir para a melhoria da situação dos direitos humanos na Venezuela, por meio de diálogo e cooperação construtivos”, disse.

“Nos últimos meses, o Brasil tem repetidamente encorajado o governo venezuelano a se engajar nos mandatos deste Conselho”, acrescentou.

DIREITOS HUMANOS – Segundo ele, o Brasil agradece ao grupo que articulou a resolução por aceitar algumas das sugestões do Itamaraty. “Entretanto, consideramos que a resolução continua tendenciosa e desequilibrada. Portanto, o Brasil decidiu se abster”, disse.

“Uma resolução que seja excessivamente condenatória e prescritiva não contribuirá para melhorar as condições no local ou para promover o diálogo com todas as partes relevantes. Esse, infelizmente, tem sido o caso das resoluções aprovadas no item 4, em desrespeito aos próprios princípios que devem nortear o trabalho deste Conselho”, disse.

O Itamaraty também denunciou as sanções contra Caracas. “Além disso, é impossível discutir a situação dos direitos humanos na Venezuela sem levar em conta o impacto negativo das medidas coercitivas unilaterais no país, principalmente no que diz respeito ao acesso a alimentos, medicamentos e equipamentos médicos, o que afeta a realização dos direitos humanos, especialmente para os segmentos mais vulneráveis da população”, afirmou.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Alegar direitos humanos para defender o sanguinário governo venezuelano, como o Brasil tenta fazer na ONU, é esconder o que realmente acontece no governo Maduro. Exibe uma diplomacia de araque, bem digna do governo Lula, que não diz coisa com coisa. (C.N.)

Em carta a Lula, cultos africanos acusam ministra Anielle Franco de descaso total

Anielle Franco relatou meses de assédio sexual por Silvio Almeida em depoimento; confira aqui as mensagens | INFOSAJ

Anielle agora comprou briga feia com os cultos africanos

Geralda Doca
O Globo

Terreiros e entidades de matriz africana assinaram uma carta dirigida ao presidente Lula em que acusam a ministra de Igualdade Racial (MIR), Anielle Franco, de “descaso total” em relação a políticas públicas para o segmento. O documento, que cita assinaturas de 88 entidades representativas, fala em possibilidade de “retrocessos” em medidas iniciados nos governos anteriores de Lula e Dilma Rousseff.

“Os terreiros e as organizações que subscrevem essa carta manifestam-se com preocupação sobre a política do Ministério da Igualdade Racial para esse segmento, que encontrou o descaso total da ministra da pasta até agora”, diz a carta.

DIZ O MINISTÉRIO – Procurada, a assessoria de imprensa do ministério disse que tomou conhecimento da carta apenas de maneira informal, por mensagem de texto. A nota destaca que em breve será lançada uma política para o setor.

“A política em construção tem como pauta o diálogo com os povos de terreiro das cinco regiões do Brasil e está sendo articulada para lançamento em breve”, diz o ministério.

As organizações criticam a recente demissão do titular da Sistema Nacional de Promoção da Igualdade Racial, Yuri Silva, na terça-feira. Segundo as entidades, Silva é “grande quadro do movimento negro nacional, é um jovem negro de candomblé, amplamente conhecido pela sua atuação nas pautas da liberdade religiosa e da juventude negra”.

CARGO DE CONFIANÇA – Sobre a saída do ex-secretário, o ministério da Igualdade Racial também não forneceu justificativa. Apenas alegou que o cargo era de confiança e o titular pode ser substituído por ato de ministro.

“Assim, é prerrogativa da ministra contratar e exonerar servidores. Mudanças em cargos são uma prática comum de qualquer gestão”, afirma a assessoria de Anielle Franco.

As direções das entidades representativas dos cultos pedem uma mesa de negociação com o presidente Lula para conversar sobre os caminhos das políticas para terreiros.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Saravá!, amigos. A ministra Anielle se julga toda, toda, mas na vida tudo é relativo. Destruiu a carreira e o nome do ex-amigo Silvio Almeida, com quem pretendia “recomeçar”, e agora demite o representante raiz que as entidades dos cultos africanos admiram e respeitam. Desse jeito, a bela ministra acaba com o nome na boca do sapo, como se dizia antigamente. E se Lula bobear, seu nome vai junto com o dela no despacho antiministerial, digamos assim.. (C.N.)

Departamento de Justiça dos EUA investiga venda de caças ao Brasil

O caça Gripen em seu primeiro voo na Suécia em 2019

A Boeing perdeu a concorrência, mas não se conformou

Pedro Augusto Figueiredo
Estadão

A Saab, empresa sueca fabricante de aeronaves, informou nesta quinta-feira, 10 que foi intimada pelo Departamento de Justiça dos Estados Unidos a prestar informações sobre a compra efetuada pelo Brasil de 36 caças militares do modelo Gripen no valor de US$ 4,5 bilhões. O comunicado da empresa, na prática, revelou a existência de uma investigação no país norte-americano sobre o negócio.

No Brasil, uma ação penal contra o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) foi trancada pelo ministro Ricardo Lewandowski em fevereiro de 2023 — então no Supremo Tribunal Federal (STF), ele depois tomou posse como ministro da Justiça no ano seguinte.

LULA NEGA – O petista foi denunciado pelo Ministério Público Federal em 2016 por suspeita de tráfico de influência na contratação. Lula sempre negou ter participado das negociações do contrato assinado em 2014, quando ele não era mais presidente.

O edital para a compra dos caças foi lançado em 2006, ano em que o País era governado pelo petista. Além da Saab, a americana Boeing e a francesa Dassault também participaram da concorrência, que só foi concluída oito anos depois, já no final do primeiro mandato de Dilma Rousseff (PT).

A negociação entrou na mira da Justiça brasileira por causa da Operação Zelotes. Deflagrada em 2015, a Zelotes inicialmente investigava a venda de decisões do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf). Depois, passou a incluir suposta venda de uma medida provisória editada no governo Dilma para prorrogar incentivos fiscais a montadoras de veículos e favorecimento da Saab na compra dos caças Gripen.

CRIMES DE LULA – Na denúncia em 2015, o MPF atribuiu os crimes de tráfico de influência, lavagem de dinheiro e associação criminosa a Lula, afirmando que ele, entre 2013 e 2015, já como ex-presidente, “integrou um esquema que vendia a promessa de que ele poderia interferir junto ao governo para beneficiar as empresas”. A Procuradoria apontou ainda que, em troca, o filho do petista, Luis Cláudio, recebeu cerca de R$ 2,5 milhões.

Anos depois, o então ministro do STF Ricardo Lewandowski suspendeu a ação penal contra Lula em março de 2022. Ele apontou parcialidade na atuação dos procuradores no caso e citou mensagens trocadas entre eles que vieram à tona após o hackeamento dos celulares de integrantes da força-tarefa da Lava Jato.

No entendimento do magistrado, as comunicações mostraram que mesmo integrantes do MPF consideravam frágeis as acusações contra Lula. Lewandowski trancou três investigações sobre Lula da extinta Lava Jato e da Operação Zelotes

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG –
Bem, agora não há mais Lewandowski nem Supremo brasileiro pela frente ou protegendo a retaguarda. As provas serão examinadas segundo as leis norte-americanas, que aliviam as atividades de lobby mas criminalizam duramente a corrupção. Vamos acompanhar para ver aonde isso vai p0usar. (C.N.) 

Conselho anula escandaloso desconto de R$ 6,8 bilhões concedido à J&F 

CVM absolve Joesley e Wesley Batista, donos da JBS, de acusação de 'insider trading'

Quando os irmãos vão às compras, a Justiça balança…

Deu em O Globo

O benefício ao grupo dos irmãos Wesley e Joesley Batista, que havia sido concedido pelo subprocurador-geral da República Ronaldo Albo, gerou polêmica e levou a uma crise interna no Ministério Público Federal.

Em setembro do ano passado, o desconto já havia sido suspenso de forma liminar, e agora, com a decisão final, ele foi anulado em caráter definitivo.

TUDO ERRADO – Segundo o Conselho, o procurador original do caso, Carlos Henrique Martins Lima, é quem deve conduzir as negociações do acordo de leniência, e não a 5ª Câmara de Coordenação e Revisão do MPF, que tinha autorizado a redução, registrou reportagem de O Globo.

A decisão de Ronaldo Albo, que reduziu a multa da J&F de R$ 10,3 bilhões para R$ 3,5 bilhões, provocou atritos no MPF durante o fim da gestão de Augusto Aras.

A redução de 65,7% no valor gerou indignação entre os membros do órgão, e o relator do caso, subprocurador Paulo Vasconcelos Jacobina, reiterou que o procurador natural do caso é quem deve ter a palavra final sobre o acordo.

GRAVIDADE – Maria Iraneide Facchini, também subprocuradora, destacou a gravidade da situação, classificando o episódio como “lamentável” e expressou sua expectativa de que tal erro não se repita. A anulação do desconto restabelece o valor original de R$ 10,3 bilhões, que deve ser distribuído entre o BNDES, a União, o Funcef e a Petros, conforme os termos do acordo de 2017, firmado no âmbito da Operação Greenfield.

O desconto concedido por Albo retirava da equação instituições importantes como o BNDES e a Funcef, deixando apenas a União como beneficiária da multa. Essa mudança foi considerada ilegal pelo procurador Carlos Henrique Martins Lima, que conduzia as investigações na primeira instância. Ele argumentou que a revisão imposta unilateralmente por Albo poderia causar prejuízos irreversíveis.

A J&F, por sua vez, buscava recorrer da decisão. Em agosto deste ano, durante uma audiência na 10ª Vara da Justiça Federal de Brasília, a defesa da J&F conseguiu, em caráter liminar, restabelecer o desconto bilionário. Contudo, a nova decisão do Conselho do MPF anulou novamente o benefício concedido à empresa, e agora os representantes do Funcef e da Petros pretendem usar essa certidão para tentar reverter a decisão do juiz.

NOVA ANÁLISE – O gerente jurídico da Petros, Alexandre Barenco, defendeu que a revisão do acordo e o desconto concedido não poderiam ter ocorrido sem a aprovação do procurador natural do caso. Segundo ele, o acordo envolvia vítimas de possíveis crimes, e qualquer mudança nos valores da multa deveria ser amplamente discutida entre todas as partes envolvidas.

“Se a empresa não cumprir o que foi acordado, é necessário haver consequências. O pagamento da multa foi aceito em troca de a empresa não ser processada. Caso contrário, o acordo perde o sentido”, destacou Barenco.

Durante a reunião, o advogado da J&F, Leonardo Bissoli, reconheceu que o litígio em torno da questão é intenso, mas destacou que a empresa não tem interesse em prolongar esse tipo de disputa judicial. Para Bissoli, a melhor saída seria que o desconto concedido por Albo, chamado de “quinto aditivo”, fosse validado pelo MPF, garantindo segurança jurídica para a empresa.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
– Importante matéria enviada por Duarte Bertolini, que deveria ser manchete em todos os jornais. Quando os irmãos Wesley e Joesley Batista vão às compras, acontecem verdadeiros milagres nos processos contra suas empresas. Com dizem os geniais compositores Ivan Lins e Vitor Martins, “cai o rei de espadas, cai o rei de ouros, cai o rei de paus, cai, não fica nada…”. Desta vez, porém, eles foram longe demais e a Justiça enfim reagiu. (C.N.)

Erradamente, o Supremo se considera o único guardião de nossa democracia

MEC, AGU e Senado são contra imposição para escolha de reitor | ASMETRO-SI

Charge do Mariano (Charge Online)

Mario Sabino
Metrópoles

O ministro Luís Roberto Barroso e os seus pares usam da fórmula “o STF é o guardião da democracia” sempre que o tribunal se vê sob o que julga ser ameaça. De fato, o STF é guardião da democracia, mas esta não é uma exclusividade dos seus ministros. Todos nós o somos.

Barroso diz que STF “está sujeito a críticas”, mas rechaça mudanças por “interesses políticos” e diz que sua atuação sempre desagrada parte da sociedade.

NA REALIDADE… – Independentemente do que digam seus ministros, o Supremo é guardião de democracia quando julga conforme as leis, não a despeito delas, extravasando das suas funções constitucionais.

Mas o Legislativo é guardião da democracia quando elabora leis do interesse da nação, não apenas em causa própria ou de grupos poderosos, e defende a separação entre os poderes.

É o Executivo é guardião da democracia quando implementa políticas para o bem de todos, não para satisfazer apetites eleitoreiros e espúrios.

ASSIM COMO… – O trabalhador é guardião da democracia quando luta pelos seus direitos, não quando atenta contra a ordem econômico-social. O empresário é guardião da democracia quando reivindica uma carga fiscal menos onerosa, não quando sonega impostos ou compra políticos e juízes.

A imprensa é guardiã da democracia quando fiscaliza o poder, não quando se acumplicia com ele. O jornalista é guardião da democracia quando publica o que apura e escreve o que pensa, sem medo de ter a cabeça cortada a pedido de um figurão que se acha acima do bem e do mal.

ALÉM DISSO… – O cidadão, não importa a sua classe social ou a ideologia que professa, é guardião da democracia quando faz pleno uso da liberdade de expressão, conforme está na Constituição, não quando depreda patrimônio público.

E os guardiões da democracia são todos aqueles que entendem que democracia não significa a paz dos cemitérios, o silêncio dos adversários, mas o conflito inerente a uma sociedade diversa, mediado pela política.

Mas o Supremo não pensa assim.

Lula e Bolsonaro enfrentam cansaço com o “velho” e perdem influência

Bolsonaro chama PT de 'praga' enquanto Lula fala em 'supremacia branca' |  Amazonas1

Reprodução do portal AM 1

William Waack
Estadão

Lula e Bolsonaro se preparam para serem “decisivos” no segundo turno paulistano. Sem dúvida serão influentes, mas aquém do que acham de si mesmos. Essa perda relativa de importância não é função da performance pessoal de cada um deles — ela continua basicamente a mesma. E nisto reside o problema para ambos: as eleições municipais em geral e as de São Paulo em especial evidenciaram em boa parte cansaço com a “velha” polarização.

Lula não é mais o mesmo, pois suas plataformas de “esquerda” perderam claramente apelo eleitoral ao longo de mais de uma década (a vitória dele contra Bolsonaro pode ser vista como ponto fora da curva). Trata-se de séria questão estrutural — e possivelmente de idade também.

ORGANIZAÇÃO – Bolsonaro vem perdendo a condição de “mito” por um outro tipo de questão estrutural, também de grande abrangência. As últimas eleições demonstraram a importância da política organizada, hierarquizada, capilarizada e alimentada pelos cofres públicos e pela máquina pública, que se expressou no sucesso de pelo menos seis partidos.

Nas contas de Gilberto Kassab, um dos mais hábeis operadores políticos do momento, essas seis siglas podem ser arrumadas em três de “direita” (PL, PP e Republicanos) e três de “centro” (PSD, MDB e União Brasil). Juntas, tiveram 72 milhões de votos, contra 23 milhões dos agrupamentos de esquerda.

Ocorre que, fora o PL, Bolsonaro não “comanda” nenhuma delas. Ao contrário, dependendo das conveniências regionais ou locais, essas correntes de “direita” caminham até em direções opostas. Kassab chama isso de “transição”, pois quem apostou na polarização das bolhas não se saiu bem nas recentes eleições municipais.

SEM POLARIZAÇÃO – Para 2026, essa “transição” tem algo bem conhecido: é o fato de esse enorme ajuntamento político operar sabendo que não precisa se agarrar a candidatos, pois na relação de forças entre os poderes quem for eleito dependerá desse amálgama (como aconteceu com Bolsonaro e acontece com Lula). Pelo jeito as coisas transicionam para ficar assim como são, menos a acidez de “bolhas”.

Pode-se enxergar em alguns candidatos em grandes capitais (e os respectivos governadores que os apoiaram) algum tipo de “renovação” na política, pois o sucesso eleitoral deles e de seus articuladores não dependeu exclusivamente de Lula ou Bolsonaro. Nesse sentido, têm seu “próprio” capital político, o que sugere cenários mais fluídos para 2026 do que a enfadonha repetição da polarização.

Perdoando a simplificação, é bom lembrar que o eleitor “indignado” e o eleitor “frustrado” tiveram grande influência nas duas últimas eleições presidenciais. Não está claro para onde correrão agora.

Segundo turno em São Paulo poderá ser prenúncio de duelo entre Lula e Tarcísio

Lula e Tarcísio se empenham pela Prefeitura de São Paulo

Pedro do Coutto

Na cidade de São Paulo, de acordo com o levantamento do Datafolha divulgado nesta semana, o quadro favorece amplamente Ricardo Nunes que atinge 55% de preferências dos votos contra 33% de Guilherme Boulos. A situação parece definida, embora faltem duas semanas para as eleições.

O 2º turno das eleições em São Paulo vai marcar o primeiro embate direto do presidente Lula com o governador paulista Tarcísio de Freitas, ambos cotados como possíveis candidatos à Presidência em 2026. Nunes tem o apoio do chefe do Executivo estadual. Boulos, do petista.

DUELO – A disputa antevê um possível, ainda que incerto, duelo em dois anos. Tarcísio é o principal cabo eleitoral de Nunes, enquanto Lula tem o mesmo papel para Boulos. Como o ex-presidente Jair Bolsonaro está inelegível, Tarcísio é o nome mais citado para concorrer com o seu apoio.

A vitória de Boulos é considerada pelo presidente a maior prioridade eleitoral deste ano. No fim de agosto, Lula foi a dois comícios ao lado do psolista em São Paulo. Também participou de propagandas eleitorais do candidato. Fez ainda uma caminhada na Avenida Paulista na véspera do 1º turno.

DIVISÃO – Importante destacar uma divisão interessante no espectro político nesta eleição. No campo da esquerda, observa-se uma parcela significativa de eleitores de Lula que não apoiaram Boulos. Já na direita, o movimento do ex-presidente Jair Bolsonaro em direção ao centro e a partidos mais institucionalizados deixou uma parcela de eleitores órfãos, suscetíveis a novos nomes da direita, como foi o caso de Ricardo Nunes. Esta dinâmica revela limites tanto para Lula quanto para Bolsonaro.

Dessa forma é possível ver limites do presidente Lula muito claramente, mas também limites de Bolsonaro, o que dá uma abertura de espaço para a discussão de novas possibilidades políticas. Esse cenário de fragmentação e realinhamento político abre espaço para novas discussões sobre o futuro da política brasileira, indicando que o eleitorado está se tornando mais complexo e menos previsível em suas escolhas eleitorais.

No Dia da Criança, duas canções que serão sempre cantadas no Brasil

Tribuna da Internet | Relembre duas canções de enorme sucesso da MPB em  homenagem às crianças

René Bittencourt e Chico Alves

Paulo Peres
Poemas & Canções

O empresário artístico, jornalista e compositor carioca René Bittencourt Costa (1917-1979), na letra de ”Canção da Criança”, homenageia a garotada brasileira no seu dia. Essa valsa foi gravada por seu parceiro Francisco Alves, apelidado de “O Rei da Voz”, em 1952, pela Odeon.

CANÇÃO DA CRIANÇA
Francisco Alves e René Bittencourt

Criança feliz
Feliz a cantar
Alegre a embalar
Teu sonho infantil
Oh Meu Bom Jesus
Que a todos conduz
Olhai as crianças do nosso Brasil!

Crianças com alegria
Qual um bando de andorinhas
Viram Jesus que dizia:
Vinde a mim as criancinhas
Hoje dos céus, num aceno
Os anjos dizem: ”Amém”,
Porque Jesus, nazareno,
Foi criancinha também

Tribuna da Internet | Relembre duas canções de enorme sucesso da MPB em  homenagem às crianças

Ataulfo Alves e suas pastoras

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O cantor e compositor mineiro Ataulfo Alves de Souza (1909-1969) utilizou grande beleza poética para compor o nostálgico samba “Meus tempos de criança” (conhecido também como “Meu pequeno Miraí”), gravado por ele próprio, em 1956, pela Sinter, cuja letra traz lembranças de sua infância feliz em Miraí.

MEUS TEMPOS DE CRIANÇA
Ataulfo Alves

Eu daria tudo que tivesse
Pra voltar aos tempos de criança
Eu não sei pra que que a gente cresce
Se não sai da gente essa lembrança

Aos domingos missa na matriz
Da cidadezinha onde eu nasci
Ai, meu Deus, eu era tão feliz
No meu pequenino Miraí

Que saudade da professorinha
Que me ensinou o beabá
Onde andará Mariazinha
Meu primeiro amor onde andará?

Eu igual a toda meninada
Quanta travessura que eu fazia
Jogo de botões sobre a calçada
Eu era feliz e não sabia 

Agora, Lula depende de Boulos para escapar de vexame eleitoral completo

Foto mostra Lula, homem branco de barba e cabelos ralos e brancos, com camisa azul. Ele parece preocupado e tem a mão direita junto à boca e ao queixo

Lula está realmente preocupado, e não é para menos…

Igor Gielow
Folha

A lavada tomada pela esquerda no primeiro turno da eleição municipal, diz a máxima dos políticos, não deve ser tomada como uma predição do que vai acontecer em 2026 em nível federal. Mas o presidente Lula (PT) tem motivos de sobra para se preocupar. Se o seu partido já entrava na disputa como coadjuvante, o fracasso nas capitais cristaliza um cenário que começou a se desenhar no pleito de 2016, ano do impeachment da petista Dilma Rousseff.

Após ser humilhado em 2020 em São Paulo, cidade em que o PT disputou com a centro-direita o comando ao longo de duas décadas, Lula deu a Guilherme Boulos (PSOL) a missão de confrontar o bolsonarismo e antecipar o clima de 2026.

MISSÃO IMPOSSÍVEL – O segundo turno pode até acender a chama da polarização, o tempo de TV é igual para todos, mas o fato é que Boulos tem um Kilimanjaro à sua frente. É virtualmente impossível que os 28% de votos válidos que quase levaram o fraudulento influenciador ao segundo turno migrem para o deputado do PSOL.

Ainda assim, nesse cenário difícil, sobrou a ele a missão de livrar a cara da esquerda lulista nesse pleito. O PT só foi ao segundo turno em quatro capitais, incluindo São Paulo, com chances duvidosas. Alguém poderá sacar as vitórias acachapantes de João Campos (PSB), em Recife, e do “rei do Rio” Eduardo Paes (PSD), mas eles são aliados de Lula com agendas próprias.

O fato de Gilberto Kassab (PSD) ser o grande vitorioso do domingo diz muito: o secretário de Governo do bolsonarista que governa São Paulo pode ser também dono de um minifúndio no governo Lula, mas ninguém poderá o chamar de um nome da esquerda.

NADA MUDARÁ – Se Boulos conseguir de alguma forma ganhar, o presidente cantará vitória, mas suas agruras seguirão as mesmas. A falta de um discurso que penetre o reduto bolsonarista dos evangélicos e a paixão fulminante da Faria Lima por um tipo como Marçal são exemplos da desconexão de Lula com o eleitorado.

Ela se vê de formas mais anedóticas, como os clichês anos 1970 que adota para sua base, mas vai além. Seu governo até aqui apresentou um cardápio de ideias recicladas das gestões dos anos 2000.

A avaliação razoável de Lula decorre de sua figura, a mais popular do Brasil, ainda que Bolsonaro rivalize, e do fato de que a economia se mantém sem sobressaltos. Mas isso parece insuficiente para repetir 2022, quando o grau de ameaça institucional que Bolsonaro representava de fato levou um eleitorado que não apoiaria Lula normalmente a escolher o petista. Essas pessoas apertaram o 13, mas não fizeram o L.

LULA SOZINHO – Em dois anos, Lula precisará fazer algo para conectar-se às classes médias urbanas, que em cidades como São Paulo pesam tanto quanto os periféricos tão festejados pelos candidatos, e aos evangélicos. Nada em seu arsenal parece lhe garantir isso, e a falta de mediadores na figura de prefeitos aliados e populares não lhe facilitará o jogo.

O clichê das eleições nacionais/municipais vem sendo desafiado desde 2018, como a ausência de debate sobre temas da cidade no “telecatch” apresentado ao paulistano neste ano prova.

Assim, sem um sucessor ungido e viável, Lula caminha por ora sozinho para descobrir qual campo de direita irá enfrentar em 2026.

Qual é a diferença entre Nunes e Boulos nos resultados das primeiras pesquisas?

Charge da Semana – Pesquisa eleitoral 2022 - Jornal A Estância de Guarujá

Charge do Babu (A Estância de Guarujá)

Juliano Galisi
Estadão

As primeiras pesquisas eleitorais sobre o segundo turno das eleições 2024 em São Paulo indicam que o prefeito Ricardo Nunes (MDB) lidera as intenções de voto contra Guilherme Boulos (PSOL). O cenário é atestado tanto pelo Paraná Pesquisas quanto pelo Datafolha, que divulgaram nesta semana suas primeiras medições sobre a etapa derradeira do pleito na capital paulista.

A vantagem de Nunes já era apontada pelas simulações de segundo turno anteriores à definição dos candidatos que avançariam ao tira-teima. O emedebista tem a seu favor uma rejeição inferior à de Boulos, o que aumenta o seu potencial de voto na mesma medida em que torna mais estreito o teto de votos do candidato do PSOL.

VEJA OS NÚMEROS – No Paraná Pesquisas, Nunes tem 52,8% e Boulos, 39%.  Já no Datafolha, Nunes tem 55% e Boulos, 33%. Segundo o Paraná Pesquisas, em comparação com o último levantamento para o confronto entre os dois na segunda etapa de votação, realizado antes do primeiro turno, Nunes oscilou de 50,6% para 52,8%.

Oscilar significa apresentar variação numérica dentro da margem de erro. Boulos, por sua vez, foi de 35,3% para 39%, um avanço real, ou seja, para além dos limites da margem.

Na pesquisa espontânea, quando as opções de voto não são apresentadas ao entrevistado, Ricardo Nunes registrou 35,3% e Boulos, 29%. Os que não souberam ou não responderam foram 25,3%. Os que disseram que vão votar em branco, nulo ou que não votarão em ninguém são 7,8%. Ainda houve 2,7% que citaram outros nomes que não estão na disputa.

POTENCIAL MAIOR – De acordo com o Paraná Pesquisas, Nunes tem potencial de voto maior, pois conta com uma rejeição inferior à do concorrente. O prefeito “com certeza” receberia o voto de 37% dos eleitores, enquanto 28,8% dizem que poderiam votar nele e 33,1% apontam que não escolheriam o mandatário de jeito nenhum. Quanto a Boulos, são 31,7% os que votariam nele com certeza, 18,1% os que poderiam votar no deputado federal e 48,1% os que não votariam nele de jeito nenhum.

Na medição do Datafolha, Nunes tem vantagem maior, de 22 pontos percentuais. O prefeito registra 55% de menções no cenário estimulado, enquanto o deputado federal figura com apenas 33%. Segundo o levantamento, 10% dos eleitores afirmaram que votariam em branco ou anulariam o voto. Outros 2% não sabem em quem votar.

Na espontânea, Nunes tem 41% das menções, ante 29% de Boulos. Outros 2% afirmaram que votariam “no atual” e também 2% votariam “no 15″, em referência ao número de urna de Nunes. Nesse cenário, 4% dos entrevistados deram outras respostas; 10% votaria em branco ou nulo e 12% não soube responder.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Hoje Lula reclamou do desempenho do PT. Deveria fazer autocrítica, como era comum no início do PT, olhar-se ao espelho e perguntar: “O que foi que eu fiz do PT?”. Bem, Lula pegou um partido cheio de idealismo e transformou num covil de corruptos. Jamais deixou que surgisse um segundo nome no PT, reduziu a pó todos aqueles que tentaram sobressair, e hoje o PT só tem o Haddad, que não é nenhuma Brastemp e acaba de ser vaiado no seminário dos corretores de seguro. E Lula, depois de fazer esse “mea culpa”, deveria se penitenciar por ter prejudicado o desenvolvimento deste país. (C.N.)

Morte de comandante dos “kids pretos” está despertando suspeitas no Exército

Comandante do Exército era especialista no manuseio de paraquedas

Coronel Daniel Moura era especialista em paraquedismo

Paulo Cappelli e Augusto Tenório
Metrópoles

Militares do Exército estão intrigados com as circunstâncias da morte do comandante Daniel Moura, que chefiava o prestigiado Batalhão de Apoio às Operações Especiais, em Goiânia. O coronel de 47 anos estava há 30 nas Forças Armadas e era considerado um especialista no manuseio de paraquedas. Ele morreu na terça-feira (8/10) após um salto enquanto servia.

A suspeita de pessoas próximas a Daniel Moura é que o problema envolvendo tanto o paraquedas principal quanto o reserva tenha sido causado por falha humana. E que o erro não foi do comandante.

“ERRAR NUNCA!” – Esses militares levantam a hipótese de que, no mínimo, teria havido negligência por parte do integrante da equipe que cuida da preparação do material. Esse preparo é feito pelo próprio Exército, que conta com o Pelotão de Dobragem de Paraquedas Especiais, cujo lema é: “Errar nunca!”. Ao todo, o processo de dobragem é feito em seis etapas.

À coluna, o Comando Militar do Planalto (CMP) informou que o modelo do paraquedas usado foi o Legend M. “Este tipo possui o mesmo funcionamento dos demais paraquedas desportivos e táticos”, afirmou o Exército. Segundo o CMP, “as condições meteorológicas eram favoráveis à realização do adestramento” e “nenhum militar, além do coronel Moura, enfrentou problemas

O comandante estava a bordo de uma aeronave modelo C-105 Amazonas, da Força Aérea Brasileira (FAB), quando saltou na região metropolitana de Goiânia. O avião é utilizado para realizar missões de transporte tático e logístico, lançamento de paraquedistas, cargas e evacuação médica.

SOB INVESTIGAÇÃO – O Comando Militar do Planalto não respondeu se houve perícia no local imediatamente após o acidente e qual era o tipo de operação em andamento. “Essas informações estão sob investigação”, pontuou.

Um militar relatou à coluna como teria ocorrido o acidente fatal envolvendo o comandante Daniel Moura: “Deu alguma pane no paraquedas principal. Então, ele acionou o reserva. No entanto, o paraquedas principal, que não estava completamente aberto, não foi ejetado por ele ou devido a uma falha no material. Os dois paraquedas acabaram se enroscando, e o comandante desceu direto, sem sustentação”.

Daniel Moura ingressou nas Forças Armadas em 1995 e recebia um salário de R$ 28 mil mensais. O militar comandava o Batalhão de Apoio às Operações Especiais, em Goiânia, desde dezembro de 2022. A solenidade de posse ocorreu no pátio de formatura do Batalhão, Pátio Thaumaturgo Sotero Vaz.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Importantíssima matéria, enviada por Duarte Bertolini, sempre atento aos acontecimentos. Trata-se de um acidente (ou incidente) inédito. Jamais se viu nada igual. E tudo que diz respeito aos “kid pretos” é envolto em mistério. No caso, só há duas hipóteses: falha humana ou erro proposital, que significaria assassinato. De uma forma ou de outra, será muito difícil provar alguma coisa e chegar ao responsável, a não ser que haja registro de quem dobra cada paraquedas. Vamos aguardar. (C.N.)