Brasil terá que resolver impasse com os EUA sobre a questão da Venezuela

Procura-se uma saída para a contradição e o impasse

Pedro do Coutto

A divergência de posições entre os Estados Unidos e o Brasil na questão das eleições na Venezuela poderá trazer problemas para o governo Lula da Silva. O fato de o chefe da diplomacia americana, Antony Blinken, ter reconhecido uma possível vitória de Edmundo González sobre Nicolás Maduro na eleição presidencial da Venezuela dificulta o trabalho conjunto entre os governos norte-americano e brasileiro.

Blinken afirmou que: “dada a esmagadora evidência, está claro para os Estados Unidos e, mais importante, para o povo venezuelano, que Edmundo González Urrutia ganhou a maioria dos votos nas eleições presidenciais da Venezuela em 28 de julho”. Dois dias antes, os presidentes Lula da Silva e Joe Biden haviam conversado por telefone e concordado sobre a necessidade de a Venezuela divulgar na íntegra as atas eleitorais.

ATAS – A Casa Branca e o Palácio do Planalto não fizeram, naquele momento, qualquer menção a atestar um dos lados como vencedor. Os governos de Brasil, Colômbia e México reiteraram uma cobrança à Venezuela pela divulgação das atas eleitorais. Os países também instaram todas as partes a resolver por vias institucionais as “controvérsias”.

O apoio que o presidente Lula da Silva transferiu para Nicolás Maduro criou, inclusive, reações contrárias entre integrantes da base do próprio governo, formalizando críticas por ele ter assumido esse posicionamento. A tolerância do presidente brasileiro em relação ao regime autoritário de Maduro tornou-se um dos temas mais desgastantes para o Palácio do Planalto durante o terceiro mandato do petista.

Em meio à repressão militar aos protestos da oposição e às suspeitas de fraude nas eleições venezuelanas, membros do governo, da base aliada e até mesmo do PT manifestaram descontentamento com a postura de Lula, que minimizou a crise venezuelana, e com a decisão de seu partido de reconhecer a vitória de Maduro como “democrática”. O tema também foi explorado pelo bolsonarismo e se tornou uma das principais bandeiras da “guerra cultural” nas redes sociais.

SEM RESPALDO – O desfecho da crise não poderá ser dos melhores para Nicolás Maduro, já que evidentemente os dados fornecidos pelo governo de Caracas não encontram respaldo na realidade. Caso encontrassem ressonância não teriam sido produzidos de forma praticamente secreta e depois de surgirem os dados que apontavam cerca  de 78% dos votos para a oposição. Logo, se os Estados Unidos rejeitam a fraude e o governo brasileiro a aceita, está visto que reflexos poderão surgir .

É evidente que o recurso à fraude foi o instrumento utilizado por Maduro para ampliar a sua permanência no poder usando métodos  obscuros e que, por esse motivo, o torna desmoralizado totalmente. Não se entende bem a posição brasileira que não pode insistir em uma tentativa de amenizar o episódio marcado pela falta da verdade. É através do voto que se exerce a vontade popular.  Um político que recorre às manobras usadas por Maduro, legitimamente reconhece  a própria derrota. O problema agora, entretanto, é saber qual será o desfecho na investida de Maduro e o resultado da divergência entre os Estados Unidos e o Brasil. Procura-se uma saída para a contradição e o impasse.

A essa altura, Cecilia Meireles já estava ansiosa, à espera da primavera

Tentei, porém nada fiz... Muito, da... Cecília Meireles - PensadorPaulo Peres
Poemas & Canções

A poeta, professora, pintora e jornalista carioca Cecília Meireles (1901-1964), tem na sua poesia uma das mais puras, líricas, bucólicas, belas e válidas manifestações da literatura contemporânea. A primavera, neste poema em forma de prosa, é descrita numa linguagem “onipotente”, imune a quaisquer condições que impeçam a sua chegada, ainda que efêmera, implanta os seus principais dogmas, que fazem uma festa na natureza.

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PRIMAVERA
Cecília Meireles

A primavera chegará, mesmo que ninguém mais saiba seu nome, nem acredite no calendário, nem possua jardim para recebê-la. A inclinação do sol vai marcando outras sombras; e os habitantes da mata, essas criaturas naturais que ainda circulam pelo ar e pelo chão, começam a preparar sua vida para a primavera que chega.

Finos clarins que não ouvimos devem soar por dentro da terra, nesse mundo confidencial das raízes, — e arautos sutis acordarão as cores e os perfumes e a alegria de nascer, no espírito das flores.

Há bosques de rododendros que eram verdes e já estão todos cor-de-rosa, como os palácios de Jeipur. Vozes novas de passarinhos começam a ensaiar as árias tradicionais de sua nação. Pequenas borboletas brancas e amarelas apressam-se pelos ares, — e certamente conversam: mas tão baixinho que não se entende.

Oh! Primaveras distantes, depois do branco e deserto inverno, quando as amendoeiras inauguram suas flores, alegremente, e todos os olhos procuram pelo céu o primeiro raio de sol.

Esta é uma primavera diferente, com as matas intactas, as árvores cobertas de folhas, — e só os poetas, entre os humanos, sabem que uma Deusa chega, coroada de flores, com vestidos bordados de flores, com os braços carregados de flores, e vem dançar neste mundo cálido, de incessante luz.

Mas é certo que a primavera chega. É certo que a vida não se esquece, e a terra maternalmente se enfeita para as festas da sua perpetuação.

Algum dia, talvez, nada mais vai ser assim. Algum dia, talvez, os homens terão a primavera que desejarem, no momento que quiserem, independentes deste ritmo, desta ordem, deste movimento do céu. E os pássaros serão outros, com outros cantos e outros hábitos, — e os ouvidos que por acaso os ouvirem não terão nada mais com tudo aquilo que, outrora se entendeu e amou.

Enquanto há primavera, esta primavera natural, prestemos atenção ao sussurro dos passarinhos novos, que dão beijinhos para o ar azul. Escutemos estas vozes que andam nas árvores, caminhemos por estas estradas que ainda conservam seus sentimentos antigos: lentamente estão sendo tecidos os manacás roxos e brancos; e a eufórbia se vai tornando pulquérrima, em cada coroa vermelha que desdobra. Os casulos brancos das gardênias ainda estão sendo enrolados em redor do perfume. E flores agrestes acordam com suas roupas de chita multicor.

Tudo isto para brilhar um instante, apenas, para ser lançado ao vento, — por fidelidade à obscura semente, ao que vem, na rotação da eternidade. Saudemos a primavera, dona da vida — e efêmera.

Alckmin, o novo socialista, é exemplo do “surrealismo” na política brasileira

Alckmin aparece com líder do Hamas horas antes de Haniyeh ser morto |  Metrópoles

Alckmin à vontade, entre os maiores líderes terroristas

Carlos Newton

Sob certas circunstâncias, acompanhar a política brasileira chega a ser divertido, em função de seu elevadíssimo grau de insanidade. Estamos sempre lembrando aqui na Tribuna da Internet que o nível do surrealismo existente na política brasileira seria capaz de matar de inveja os grandes mestres, como Tristan Tzara, Paul Éluard, André Breton, Hans Arp e Salvador Dali.

Vejam bem o que está acontecendo com o personagem Geraldo Alckmin. Desde que entrou na política, em 1972, quando era estudante de Medicina e se elegeu vereador em Pindamonhangaba com apenas 19 anos, era conhecida sua ligação com a prelazia Opus Dei, uma das mais sectárias da Igreja Católica.

PRIMEIRA MUDANÇA – Anos depois, em entrevista à IstoÉ, ele mesmo confirmou que  seu tio José Geraldo era membro dessa instituição e que seu pai, Geraldo José, era franciscano. Posteriormente, após receber vários ataques, passou a dizer que jamais fizera parte do Opus Dei. Esta foi sua primeira suposta mudança.

Aos 23 anos se elegeu prefeito. Assumiu o cargo em 1977, seu último ano no Curso de Medicina. Após assumir, nomeou seu pai como chefe de gabinete da prefeitura, o que gerou suas primeiras acusações de irregularidades na política.

Nas eleições de 1982, foi eleito deputado estadual de São Paulo com 96 232 votos, e depois se tornou constituinte federal em 1986, tendo depois se tornado criador do PSDB.

MUITAS ACUSAÇÕES – Vice de Mário Covas no governo de São Paulo, Geraldo Alckmin herdou o cargo e depois administrou o Estado três vezes, quando foi acusado de diversos atos de corrupção que não ficam bem para um socialista, inclusive irregularidades na merenda escolar e relações com a Odebrecht, onde recebeu o codinome Belém.

Com muita sorte o escorregadio Alckmin conseguiu se livrar das acusações dos executivos da empreiteira e estava em segundo plano na política, em franca decadência, quando Lula lembrou de seu nome para ser vice pelo Partido Socialista Brasileiro, que não dispunha de nenhum nome nacional.

Não mais que de repente, o ultracarola Alckmin virou socialista e se apresenta nessa situação, sem despertar estranheza, nada de anormal, nada de errado, como costuma dizer Lula.

À VONTADE NO IRÃ – Na última terça-feira, dia 30, Alckmin estava em Teerã confraternizando com os demais convidados para a posse do novo presidente do Irã, Masoud Pezeshkian. Ficou à vontade ao lado de alguns dos maiores líderes do terrorismo islâmico, que comandam o Hamas, o Hezbollah e o Fatah.

Ficou próximo ao então dirigente político do Hamas, Ismail Haniyeh, que algumas horas depois seria assassinado por Israel.

Assim, apenas dois anos depois se filiar ao PSB, Alckmin já está completamente adaptado ao socialismo no Brasil e no mundo.

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P.S. 1 –
 Segundo o colunista Robson Bonin, da Veja, os candidatos do PSB às eleições municipais fazem fila para gravar material de campanha ao lado do vice-presidente. E a procura tem sido tamanha que a direção do PSB resolveu selecionar os candidatos que Alckmin apoiará, para evitar congestionamentos.

P.S. 2Diga agora: a política brasileira é ou não é surrealista? Aliás, é tão surrealista quanto à ditadura da Venezuela, pois o celebrado jornalista Janio de Freitas está dizendo que Maduro é de direita, conforme artigo que publicamos domingo aqui na Tribuna da Internet. (C.N.)

É um erro absurdo dizer que o ditador Maduro é de direita, não de esquerda

Maduro: Últimas Notícias | GZH

Charge do Iotti (Gaúcha/Zero Hora)

Mario Sabino
Metrópoles

Deve ser mais ignorância do que má-fé, o que não diminui em nada os seus efeitos deletérios. Estou falando do jornalismo que decidiu que a ditadura bolivariana da Venezuela, comandada por Nicolás Maduro, é de direita, não de esquerda.

É como dizer, com sinal invertido, que o fascismo e nazismo eram de esquerda, não de direita, como também se andou afirmando poucos anos atrás nas hostes bolsonaristas: uma tremenda besteira e falsificação histórica. Benito Mussolini, que começou socialista, foi financiado por empresas italianas, especialmente a Pirelli, para conter o avanço da influência soviética nos meios proletários e domar os sindicatos dominados pela esquerda.

A MESMA BASE – Corporativismo e nacionalismo estavam na base do fascismo, bem como na do nazismo — cujo partido tinha a palavra “socialista” no nome apenas para cooptar operários seduzidos pelo bolchevismo. Ao mesmo tempo, para diferenciar-se da esquerda e do seu internacionalismo, Adolf Hitler chamou o partido de “nacional-socialista” — e o nacional, no nazismo, é racismo.

Nicolás Maduro seria de direita, como quer certo jornalismo, porque a esquerda seria sempre democrática. Como assim? A concepção de “ditadura do proletariado” é de quem? Ah, ficou no passado. Ficou coisa nenhuma, só foi edulcorada depois do fracasso da União Soviética.

A esquerda continua a acreditar que uma classe social — a operária, a dos trabalhadores, dê-se o nome que for — é a redentora de uma história que chegará ao seu final quando essa classe chegar ao poder e lá permanecer, eliminando as relações capitalistas. Mesmo para a social-democracia, o capitalismo, que fundamenta a democracia, continua a ser o grande problema a ser enfrentado.

E NA CHINA? – O caso da China é uma peculiaridade, como já escrevi em outras paragens, por ser um totalitarismo que combina comunismo e corporativismo: o patrão é o Estado e a iniciativa privada é uma espécie de franquia a apaniguados que se servem do Estado e servem ao Estado.

Para a esquerda, a democracia é valor relativo, um meio para tomar o poder, não um valor universal, que pressupõe a alternância nos governos.

Houve uma grande discussão dentro do PT, nos 1990, sobre esse ponto. A conclusão de que a democracia é valor universal foi desmentida na prática partidária pelas contínuas tentativas de torpedeamento da democracia brasileira por meio de corrupção e, não menos relevante, pela lealdade ininterrupta aos regimes castrista e bolivariano, principalmente.

AUTORITARISMO – A esquerda é, na sua essência, autoritária, tal como demonstram os regimes venezuelano, cubano, nicaraguense, chinês e norte-coreano. O wokismo da esquerda ocidental replica essa essência ao transformar diferenças a ser protegidas em padrão a ser imposto a todos e ao usar anacronismos para reescrever ou cancelar o passado.

O fato de uma ditadura como a de Nicolás Maduro reprimir também minorias não a torna de direita, apenas ressalta o seu anacronismo: os regimes comunistas, extremamente conservadores, também eram brutalmente repressores contra elas.

Ditaduras são ditaduras. Serem de direita ou de esquerda não as tornam menos ruins. Há certas características que lhes são comuns, como a ojeriza à liberdade de expressão e de imprensa (e a propensão à cleptocracia), e outras que as diferenciam. O regime venezuelano é de esquerda — autodeclarado, inclusive — por ser contra o capitalismo, sacrificar o individual no altar de um suposto coletivo, governar em nome de uma classe e querer exportar o seu modelo. O jornalismo que não enxerga esse fato é ignorante ou de má-fé.

‘Fala na minha cara’, diz Kamala Harris ao desafiar o valentão Donald Trump

Kamala Harris é autoritária e perigosa

Kamala Harris cresce e desafia Trump para fazer debates

Lúcia Guimarães
Folha

Quem nunca sentiu prazer ao observar um valentão da escola amedrontado no momento em que um colega dá um basta na situação? Nesta semana, o valentão que suga o oxigênio do cotidiano político americano há nove longos anos deu sinais de intimidação.

Desde o ano passado, a máquina eleitoral organizada para reconduzir Donald Trump à Casa Branca estava pronta para encenar uma falsa valentia contra um adversário octogenário cada vez mais fragilizado. Agora, pela primeira vez, o nova-iorquino e criminoso condenado perdeu o controle da discussão nacional. Passa parte do tempo justificando as declarações grotescas do vice de sua chapa, J.D. Vance, escolhido pelo primogênito e terminalmente cretino Donald Trump Jr.

No resto do tempo, ele esperneia para fazer insultos colarem na nova adversária, como uma criança que atira papel higiênico molhado na parede.

KAMALA SUBESTIMADA – Não foram só os republicanos que subestimaram Kamala Harris. A imprensa americana se manteve tão fixada no desempenho ruim da vice-presidente como pré-candidata que ela abandonou a campanha de 2020 antes de começar a votação nas primárias.

Se houvesse moscas em estúdios de TV, elas estariam se aproveitando das bocas abertas de comentaristas políticos que previam o pior se a ex-senadora da Califórnia ocupasse o lugar de Joe Biden na chapa democrata. É importante notar que, no momento, a Presidência continua ao alcance do fascista senil. Mas a entrada da vice-presidente fez a campanha que parecia um cortejo fúnebre se assemelhar à parada carnavalesca de Nova Orleans.

A mudança nas pesquisas é real, a motivação entre jovens e negros cresceu, mas ainda não se pode usar pesquisas como termômetro claro para novembro. O problema é que os oráculos de plantão não estavam prestando atenção em Kamala Harris nos últimos dois anos.

KAMALA X TRUMP – A Vice-Presidência é um posto ingrato, definido mais por um trabalho discreto e complementar do que por reconhecimento. Na fidelidade à agenda Biden, Harris passava dias por semana cruzando o país e cultivando comunidades que estavam no seu radar desde que se elegeu promotora distrital pela primeira vez em San Francisco, há duas décadas – mulheres, minorias raciais, jovens e eleitores traumatizados pela violência das armas de fogo. Os números de aprovação eram baixos, sim, mas pouca atenção nacional era dedicada ao varejo rotineiro da vice-presidente.

Quando vazou a informação de que a Suprema Corte voltaria a criminalizar o aborto, em 2022, Kamala mudou o discurso que tinha preparado para um evento e cunhou o bordão “como ousam?”. Nascia seu novo chamado na Presidência Biden.

Na terça-feira (30), na Geórgia, Kamala Harris lotou uma arena, num comício de uma eletricidade nunca vista na campanha de Biden. Diante da ameaça de Trump de faltar ao segundo debate, olhou para a câmera e disparou: “Como reza o ditado, se você tem algo para me dizer…”. E a multidão gritou, antes de ela completar: “Fala na minha cara!”.

Israel continua o massacre e mata ao menos 44 suspeitos em escolas e hospital

A imagem mostra uma criança com cabelo curto e bagunçado, olhando diretamente para a câmera. Seu rosto está sujo, com marcas de sangue. Ao fundo, uma mulher inconsciente deitada em uma cama.

Uma menina ensanguentada diante da mãe inconsciente

Deu na Reuters
Folha

Um ataque aéreo israelense atingiu duas escolas na Cidade de Gaza no domingo (4), matando pelo menos 30 pessoas, disseram autoridades palestinas, enquanto o Exército israelense disse ter atingido um complexo militar do Hamas dentro das escolas. Mais cedo, outro ataque aéreo israelense tinha atingido um acampamento de tendas dentro de um hospital na região central da Faixa de Gaza.

Autoridades de saúde de Gaza disseram que pelo menos 44 palestinos foram mortos no domingo, um dia após uma rodada de conversas no Cairo ter terminado sem resultado.

CORPOS ESPALHADOS – Imagens circularam na mídia palestina mostrando corpos espalhados no pátio de uma das duas escolas destruídas pelas explosões, enquanto os moradores corriam para carregar os feridos, incluindo crianças, e os colocavam em veículos de ambulância que os levaram para pelo menos dois hospitais próximos.

O Serviço de Emergência Civil de Gaza disse que dezenas ficaram feridos além das vítimas nas escolas de Hassan Salama e Al-Nasser, que abrigavam famílias palestinas deslocadas.

O Exército israelense alegou que atingiu combatentes dentro de uma base do Hamas dentro das escolas e que havia tomado medidas para reduzir o risco para os civis no local.

TAMBÉM SÁBADO – No sábado (3), um outro ataque israelense deixou 15 mortos em uma escola no bairro de Sheikh Radwan, na Cidade de Gaza, disse o escritório de mídia do governo do Hamas. O Exército israelense disse que a escola estava sendo usada como centro de comando do Hamas, que negou as acusações.

Israel afirma que o grupo terrorista Hamas regularmente se infiltra em instituições civis, usando a população de Gaza como escudos humanos. O Hamas nega isso.

Mais cedo no sábado, um ataque israelense dentro do complexo do hospital Al-Aqsa iniciou um incêndio e feriu pelo menos 18 pessoas, além de matar cinco, disseram autoridades médicas. O Exército israelense disse que atingiu um combatente que operava no local e que foram identificadas explosões secundárias, indicando a presença de armas na área.

ÁREA LOTADA – O complexo hospitalar fica em Deir al-Balah, uma área lotada com milhares de pessoas deslocadas pelos combates em outras partes do enclave. Em outras partes de Deir al-Balah, três palestinos foram mortos quando um míssil israelense atingiu uma casa.

Outros ataques aéreos israelenses mataram outras oito pessoas dentro de sua casa no acampamento de Jabalia, no norte da Cidade de Gaza, e três dentro de um carro, ainda de acordo com as autoridades do território, ligadas ao Hamas.

Moradores em áreas a sudeste da Cidade de Gaza, em Khan Younis, e ao norte de Rafah, onde houve intensos combates no mês passado, relataram ter recebido ordens do Exército israelense para que abandonassem essas áreas.

ORDEM DE RETIRADA – O porta-voz do Exército israelense postou ordens em X, pedindo aos moradores desses distritos que se dirigissem para a zona humanitária, dizendo que as forças agiriam em breve com firmeza contra os combatentes que operam nessas áreas.

No sul de Israel, sirenes soaram na área de Ashdod e o Exército israelense disse que cinco foguetes foram lançados do sul de Gaza. Ninguém ficou ferido. O Hamas disse que o lançamento de foguetes foi em resposta aos “massacres israelenses contra os civis”.

Israel se prepara para uma escalada séria após o assassinato do líder do Hamas, Ismail Haniyeh, em Teerã na quarta-feira (30), um dia após um ataque israelense em Beirute matar Fuad Shukr, um comandante militar de alto escalão do grupo armado libanês Hezbollah.

Lula não pretende acompanhar México e Colômbia na pressão sobre Maduro

Estratégia de Lula é seguir embromando, embromando…

Demétrio Magnoli
Folha

Menos de 48 horas depois da descarada fraude eleitoral, Lula declarou que “não tem nada de anormal” na Venezuela. Verdade: a corrupção dos processos eleitorais é o normal no regime “cívico-militar-policial” de Maduro. Dessa vez, contudo, o ditador companheiro ultrapassou os limites aceitáveis por quase todos –mas não, claro, por Lula.

Também não há “nada de anormal” nas sentenças do presidente brasileiro, que dissolveu cedo demais a farsa diplomática montada por Celso Amorim.

NA CONTRAMÃO – “Mostrem as atas!” — exigiu a oposição, secundada pelos governos democráticos com um mínimo de vergonha na cara. O governo do Brasil somou-se ao pedido, embora aos murmúrios, em posição contrastante à do PT, que correu para o abraço com o ditador.

Nos amplos círculos do jornalismo oficialista, disseminou-se a tese benevolente de que a posição brasileira equilibrava prudência e firmeza. Lula desfez o equívoco, antecipando um roteiro previsível.

“Como vai resolver essa briga? Apresenta a ata. Se a ata tiver dúvida, a oposição entra com recurso e vai esperar na Justiça andar o processo. E aí vai ter uma decisão, que a gente tem que acatar.” Atas eleitorais são documentos cuja autenticidade é facilmente verificável por peritos. Mas Lula prefere transferir a prerrogativa aos juízes amestrados da ditadura, os mesmos que encarceram opositores ou vetam suas candidaturas. Qualquer ata falsificada serve —eis a mensagem que, sem corar, Lula enviou a Maduro.

VETO NA OEA – São atos, além de palavras. A abstenção brasileira impediu a aprovação de uma resolução da OEA que solicitava não só a apresentação das célebres atas mas, sobretudo, a análise delas por observadores independentes. O veto tácito, mais um serviço prestado pelo governo Lula ao regime venezuelano, oferece amparo ao plano de Maduro de confiar o veredito eleitoral a seus juízes de estimação.

A valsa do apoio ao tirano desmoraliza a denúncia lulista do golpismo de Bolsonaro, desencanta os eleitores atraídos pela frente democrática no Brasil e divide até mesmo as bancadas do PT e do PSOL.

Por que Lula não segue o exemplo do chileno Boric e denuncia o golpe contra a soberania popular na Venezuela?

CASCA DE BANANA – Um tanto envergonhados, os áulicos lulistas na imprensa recorrem à proverbial “casca de banana” que, rotineiramente, provocaria “escorregões” de seu ídolo distraído.

Contudo, bananas na calçada não pertencem ao domínio da análise política. Lula move-se por um cálculo de prioridades: em nome de uma razão estratégica, aceita o pesado desgaste doméstico provocado pelo abraço em Maduro.

No passado, a aliança do lulismo com o regime chavista derivava da parceria ideológica com a ditadura castrista cubana. O cenário mudou desde a inauguração de Lula 3, em meio à tormenta que desloca o edifício da ordem mundial. A política externa do atual governo, conduzida mais por Celso Amorim que por Mauro Vieira, emana do dogma “anti-imperialista” e busca alinhar o Brasil ao “Sul Global”, rótulo quimérico aplicado ao eixo China/Rússia.

PROTEÇÃO A MADURO – Lula cava uma trincheira de proteção ao redor de Maduro pelo mesmo motivo que mantém solidariedade à guerra imperial russa na Ucrânia. Ao contrário de Cuba, que é economicamente irrelevante, a Venezuela possui as maiores reservas de petróleo do mundo.

A ditadura venezuelana estreitou laços com a China, sua maior parceira comercial, e com a Rússia, principal fornecedora de material militar, transformando-se no mais importante ponto de apoio geopolítico das duas potências na América Latina. É nessa moldura que Lula organiza suas prioridades.

A revista The Economist depositou suas esperanças no passo inicial da valsa lulista, sugerindo que, depois de pedir a exibição das atas, o Brasil articule-se com o México e a Colômbia para endurecer o jogo diplomático com Maduro. Não acontecerá: para Lula, democracia é um bem supérfluo.

Netanyahu avisa que Israel terá “dias desafiadores” pela frente

Mais da metade dos israelenses crê que motivações políticas de Netanyahu  estão estendendo a guerra, diz pesquisa | Mundo | Valor Econômico

Netanyahu usa a guerra total para continuar no poder

IstoÉ
(ANSA)

O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, afirmou que as forças militares do país realizaram “golpes devastadores” contra os inimigos. O chefe de governo alertou que Israel terá “dias desafiadores pela frente” e garantiu que “cobrará um alto preço por qualquer agressão”, como a ofensiva atribuída ao Hezbollah que matou 12 jovens nas Colinas de Golã anexadas.  

“É uma guerra de sobrevivência contra o anel de mísseis terroristas que nos rodeia. Desde o início do conflito temos lutado contra o eixo do mal do Irã”, comentou Netanyahu.  

TRÊS FRENTES – O premiê analisou que as Forças de Defesa de Israel (IDF) lutam atualmente contra o Hamas, os Houthis e o Hezbollah, organizações que foram definidas por Netanyahu como os “três H’s”.  

“Nos últimos dias desferimos golpes importantes em nossas três frentes. Há três semanas atacamos o líder militar do Hamas Muhammad Deif, há duas lançamos um dos ataques de maior distância da Força Aérea [Hodeida, no Iêmen] e ontem foi a vez do chefe do Hezbollah”, comentou.  

Netanyahu afirmou que Fuad Shukr, um dos principais comandantes do Hezbollah, morto em uma ofensiva israelense no sul de Beirute, no Líbano, foi responsável pelo “massacre” das crianças nas Colinas de Golã e de outros civis. O falecimento dele foi confirmado pelo grupo.  

QUALQUER CENÁRIO – Pregando união e determinação “contra qualquer ameaça”, o primeiro-ministro reconheceu que está há tempos sob pressão, mas garantiu prontidão para “qualquer cenário”.  

“Todas as conquistas dos últimos meses foram alcançadas porque não desistimos e tomamos decisões corajosas diante da grande pressão interna e externa”, concluiu.  

Em razão das elevadas tensões entre Hezbollah e Israel, os Estados Unidos pediram para que seus cidadãos não viajem para o Líbano. As autoridades também recomendaram que os americanos que estão na nação se preparem para encontrar abrigos.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Netanyahu é um cão de guerra. Como sabe que eleitoralmente perdeu força, joga suas fichas na continuidade de uma guerra que ameaça o futuro do país. Com isso, vai tornando Israel uma nação cada vez mais isolada. Mas ele não se importa com nada, a não ser com o próprio orgulho.
(C.N.)  

Situação na Venezuela é muito difícil e nem Maduro sabe buscar a solução

Protestos anti-Maduro deixam mortos e feridos na Venezuela

Corina levou uma enorme multidão às ruas neste sábado

Roberto Nascimento

Aqui no Brasil, a tentativa de golpe foi metodicamente planejada, muito antes da eleição de 2022. Jair Bolsonaro sabia que estava arriscado a perder no voto, por isso começou a desacreditar as urnas eletrônicas, pelas quais foram eleitos e reeleitos ele próprio e os filhos. Mas faltou uma estratégia mais eficaz, equivalente ao golpe de 1964.

E lembrem que até o movimento contra o presidente João Goulart quase foi por água abaixo, quando o general Olímpio Mourão Filho se antecipou, descendo com suas tropas de Juiz de Fora para o Rio. Foi um corre-corre. Por essa falha, Mourão Filho foi solenemente ignorado no regime militar e ele próprio disse à época que se sentia uma “vaca fardada”.

DESPREPARO TOTAL – No episódio de 2022, o despreparo dos militares ficou em evidência, erraram em tudo. Não servem pra absolutamente nada. O general Pazuello, hoje deputado, é uma amostra da incompetência dessa gente.

Até entendo que ele recebia ordens de Bolsonaro, mais despreparado ainda, porém em alguns casos o despreparo de Pazuello ficou à mostra.

O tenente-coronel Mauro Cid, é outro incompetente. É duro acreditar que poderia ser um “tríplice coroado”, sempre em primeiro lugar nos cursos militares, sem conhecer antecipadamente perguntas e respostas. Junto com o pai, general Lourena Cid, e o irmão Daniel Cid, o ajudante de ordens de Bolsonaro fez fortuna misteriosa nos Estados Unidos, e ninguém investiga nada.

FRACASSO TOTAL – O golpe liderado por Bolsonaro e pelo general Braga Netto não deu certo, porque foi mal estruturado e não teve apoio do Alto-Comando do Exército, que não queria apoiar Lula da Silva, mas também não quis compactuar com sublevação tão primária, preferiu simplesmente obedecer a lei.

Na Venezuela, Maduro nomeou 2 mil oficiais para cargos de alta remuneração na petrolífera PDVSA e em outras estatais. É o principal fator de apoio da cúpula das Forças Armadas, mas existem também os oficiais inferiores, que tem parentes e amigos passando extremas dificuldades de sobrevivência.

Se Maduro só estiver contando com a cúpula dos militares, os oficiais inferiores podem se rebelar e entornar o caldo. Neste sábado, a líder oposicionista Maria Corina, ameaçada de prisão, levou uma enorme multidão às ruas. Tudo isso indica que a situação na Venezuela está muito difícil e nem o próprio Maduro tem certeza de nada. 

Congresso vê “digitais” de Lula na decisão de Dino sobre as emendas e vai reagir

Flávio Dino gosta de aparecer e foi mexer num vespeiro

Deu na Folha

As decisões do ministro do STF (Supremo Tribuna Federal) Flávio Dino sobre transparência e fiscalização das emendas parlamentares foram recebidas com críticas na Câmara dos Deputados e no Senado, que nos bastidores já articulam uma reação. Parlamentares ouvidos dizem ver “digitais” do governo por trás da decisão de Dino, que foi ministro da Justiça de Lula (PT) até fevereiro.

Em 2022, quando a então ministra Rosa Weber decidiu proibir as chamadas emendas de relator — mecanismo com baixa transparência, que concentrava nas mãos da cúpula do Congresso a decisão sobre a divisão de bilhões em emendas —, o Congresso também reagiu e transferiu o modelo vetado para as emendas de comissões permanentes da Câmara e do Senado.

TUDO DE NOVO – A reação do Congresso na ocasião teve os mesmos traços da que está sendo articulado neste momento. De um lado, parlamentares elevam as críticas segundo as quais o STF extrapola suas funções e busca legislar no lugar da Câmara e do Senado. De outro, discutem mecanismos para evitar que a medida afete de forma significativa a efetiva execução das emendas, principalmente a dois meses das eleições municipais de outubro.

Uma das atitudes já decididas será recorrer da decisão de Dino, o que tende a levar o caso para o plenário da corte, formado por 11 ministros.

O alcance das decisões de Dino neste ano ainda é incerto. Isso porque a legislação eleitoral proíbe que o governo inicie processos para pagamento de emendas parlamentares até três meses antes das eleições.

QUESTÃO DE PRAZO – A trava eleitoral se iniciou em 6 de julho. Resquícios de empenhos (quando determinada despesa tem seu dinheiro reservado) e pagamentos de emendas podem ser feitos durante esse período, caso os convênios com as prefeituras tenham sido fechados antes da janela eleitoral.

Integrantes do Planalto negam que tenham articulado a decisão do ministro do STF e afirmam que a posição do governo se limitou a responder a questionamentos do magistrado sobre como estavam sendo executadas as emendas. A decisão sobre dar mais transparência a essas verbas partiu exclusivamente de Dino, disse um ministro à Folha.

Entre as medidas expedidas na quinta-feira (1º), Dino determinou que o governo só execute gastos de emendas de comissão que tenham prévia e total rastreabilidade.

RESTRIÇÕES DE DINO – As emendas de comissão têm sido usadas pelas cúpulas da Câmara e do Senado para distribuir entre parlamentares alinhados um valor de cerca de R$ 15 bilhões neste ano.

O ministro do STF decidiu que parlamentares só podem destinar emendas aos estados pelos quais foram eleitos, e determinou que a CGU (Controladoria-Geral da União) audite todos os repasses de emendas parlamentares para ONGs e entidades do terceiro setor, de 2020 e 2024, além de todos os repasses de emendas Pix —modalidade de emenda individual que acelera o repasse de recursos diretamente para os caixas da prefeituras de aliados dos parlamentares nos estados.

Em decorrência das decisões, o governo suspendeu o pagamento de todas as emendas de comissão e dos restos das emendas de relator.

DINO PODE RECUAR – O comunicado sobre a suspensão foi enviado pela AGU (Advocacia-Geral da União) para todos os ministérios.

A expectativa no governo é que uma eventual derrubada da suspensão possa ocorrer na terça-feira (6). Flávio Dino marcou para esta data uma reunião técnica entre assessores do Supremo, do Congresso Nacional, do governo, do Ministério Público Federal e do TCU (Tribunal de Contas da União). Na reunião serão esclarecidos quais procedimentos todas as partes envolvidas na execução das emendas parlamentares devem adotar para cumprir a decisão.

As emendas parlamentares somam quase R$ 52 bilhões em 2024. Os principais montantes são relativos às emendas individuais (R$ 25,1 bilhões), de comissão (R$ 15,5 bilhões) e de bancadas (R$ 8,5 bilhões). Há ainda R$ 2,7 bilhões de emendas em programações do governo.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Em tradução simultânea, vai sair nova pancadaria entre os três poderes da União. Aliás, está ficando cada vez mais difícil dizer qual poder está mais apodrecido.  Não tem alvejante que dê jeito. (C.N.)

Líder oposicionista María Corina está “escondida”, por temer um atentado

María Corina Machado, a opositora liberal que busca destronar Maduro

Maria Corina era a favorita e foi impedida de se candidatar

Deu no Poder360

A líder da oposição venezuelana, María Corina Machado, disse nesta quinta-feira (dia 1º), em artigo publicado no Wall Street Journal, estar escondida e temendo pela vida. Ela esteve presente em manifestação pública contra o presidente Nicolás Maduro (Partido Socialista Unido da Venezuela, esquerda) na 3ª feira (30.jul), ficou escondida, mas voltou à ruas neste sábado, liberando um megaprotesto contra a fraude eleitoral. 

No texto publicado no WSJ, Corina Machado também declarou que pode “provar que Maduro foi derrotado” de forma “esmagadora”. Segunda ela, o candidato Edmundo González Urrutia (Plataforma Unitária Democrática, centro-direita) obteve 67% dos votos e o chavista, 30%. 

RECIBOS DE VOTAÇÃO – A líder da oposição também disse ter 80% dos recibos da votação eleitoral, que foram tornados públicos em um site. O resultado, que afirma ser o correto, vai contra os números divulgados pelo CNE (Conselho Nacional Eleitoral).

No domingo (dia 28.jul), o órgão sob o comando chavista anunciou que Maduro venceu o pleito com 51,2% dos votos e González recebeu 42,2% dos votos.

 No artigo, María Corina Machado apelou à comunidade internacional para derrubar o regime de Nicolás Maduro. Segundo ela, outros países precisam decidir se devem, ou não, tolerar a ditadura de Maduro. “Cabe à comunidade internacional decidir se tolera ou não um governo demonstravelmente ilegítimo”, declarou. “Apelo àqueles que rejeitam o autoritarismo e apoiam a democracia para se juntarem ao povo venezuelano em nossa nobre causa.”. 

PERSEGUIÇÃO – A líder da oposição também citou perseguição sofrida por ela e pela aliada Corina Yoris. O Supremo Tribunal de Justiça do país proibiu Corina de ocupar qualquer cargo público, enquanto Yoris diz não ter conseguido se registrar para concorrer nas eleições. González Urrutia foi a terceira opção.

“Embora eu tenha vencido uma primária aberta com 92% de apoio, ele [Maduro] me proibiu de concorrer à presidência. Então, desqualificou minha substituta escolhida, Corina Yoris”, afirmou. 

O candidato a Presidência da Venezuela, Edmundo González Urrutia (Plataforma Unitária Democrática, centro-direita), que se tornou o principal adversário do atual presidente autocrático do país, Nicolás Maduro (Partido Socialista Unidos da Venezuela, esquerda), nas eleições de 28 de julho, é diplomata aposentado e analista político.

POUCO CONHECIDO – Aos 74 anos, não havia concorrido a um cargo eletivo e era uma personalidade política pouco conhecida para os venezuelanos até sua nomeação neste ano.

Em abril de 2024, a PUD (Plataforma Unitária Democrática, centro-direita) anunciou sua candidatura como representante da chapa. A coalizão é formada por 11 partidos de centro-esquerda e centro-direita. Antes sem aspirações políticas, González agora diz que pretende pôr fim ao chavismo (corrente política de Maduro).

Ele herdou os votos de Juan Guaidó, Maria Corina Machado e Corina Yoris, foi eleito e agora aguarda para assumir o mandato.

Ex-assessor de Bolsonaro está preso por Moraes com base em alegação falsa

Celular se torna crucial para possível soltura de Filipe Martins, ex-assessor de Bolsonaro - A Crítica de Campo Grande

Filipe Martins já está preso ilegalmente há 6 meses

Glenn Greenwald
Folha

Filipe Martins, ex-assessor de assuntos internacionais de Jair Bolsonaro (PL), está preso desde 8 de fevereiro. Sua prisão preventiva foi decretada pelo ministro do STF Alexandre de Moraes. Martins permanece preso há quase seis meses, apesar de nunca ter sido condenado por qualquer crime —nem sequer acusado.

Pouco depois da ordem de Moraes, a PGR (Procuradoria-Geral da República), que inicialmente havia defendido a prisão, se manifestou favoravelmente à libertação de Martins.

“NÕ HÁ INDICATIVOS “ – Em um parecer do início de março, o órgão admitiu que a alegação central na ordem de Moraes havia sido amplamente refutada. A PGR recomendou novamente nesta semana que Martins seja libertado porque “não há indicativos” de que ele tenha tentado fugir do país, justificativa original para a sua prisão.

O princípio de que um cidadão só pode ser preso depois que se prove, em um julgamento justo, que cometeu algum crime é fundamental para qualquer sociedade livre. Essa é a premissa que fundamentou as reportagens da Vaza Jato no The Intercept e a mesma que levou o STF a anular as condenações de Lula por Sergio Moro.

A prisão sem julgamento justo é um dos atos mais graves que um Estado pode cometer. Existem circunstâncias muito restritas e raras em que isso pode ocorrer.

CARÁTER EXCEPCIONAL – A prisão preventiva é uma “medida de caráter excepcional” e se justifica apenas para “prevenir situações que podem colocar em risco um resultado judicial justo” —por exemplo, quando um acusado pode obstruir uma investigação ou apresenta grande risco de fugir do país.

Uma das críticas mais comuns à Lava Jato foi justamente que Moro expandiu radicalmente o uso das prisões preventivas, impondo, antes de qualquer julgamento, muitos meses de cárcere a diversos acusados. O ex-juiz buscava coagir os presos a fazer delações ou outros objetivos políticos ilegítimos.

Essa queixa foi feita por Gilmar Mendes, bem como por muitos especialistas jurídicos. Ironicamente, Moraes, tanto no caso de Martins quanto mais amplamente, “tem recorrido a um instrumento jurídico que se popularizou durante o auge da operação [da Lava Jato] e foi alvo de contestações pelos integrantes da Suprema Corte: as extensas prisões preventivas”.

FUGIDO DO PAÍS – No caso de Martins, Moraes justificou a prisão com base na alegação de que o ex-assessor havia deixado o Brasil “a bordo do avião presidencial no dia 30.12.2022 rumo a Orlando/EUA”. Em outubro de 2023, um colunista do Metrópoles afirmou equivocadamente que Martins deixou Brasília, “foi a Orlando em 2022 e evaporou”. Essa alegação do colunista foi citada pela Polícia Federal e usada por Moraes para concluir que Martins apresentava risco de fuga.

No entanto, ficou claro desde o início que essa afirmação era completamente falsa. Por essa razão, o Metrópoles finalmente inseriu em junho uma grande e longa correção em seu artigo original, admitindo que sua alegação central era improcedente.

A correção publicada no site reconhece que “Martins forneceu informação ao STF que mostrava que ele estava no Brasil naquela data”. Ele nunca esteve no avião e não entrou nos EUA em dezembro.

SEM MAL-ENTENDIDO – Isso não foi um mal-entendido complexo. Está inequivocamente claro que Martins não evaporou nem deixou o Brasil no avião presidencial com Bolsonaro, como Moraes alegou.

Ele esteve no Brasil o tempo todo: a Latam confirmou que o ex-assessor viajou a Curitiba em voo da empresa em 31 de dezembro de 2022. Recibos do iFood e da Uber atestam a presença de Martins no Brasil durante o período. Como foi reportado pela Folha, “dados de geolocalização do telefone celular de Filipe Martins […] mostram que o aparelho estava no Brasil no período entre 30 de dezembro de 2022 e 9 de janeiro de 2023”.

Em janeiro de 2023, o governo atual respondeu a um pedido de acesso à informação que solicitava “a lista completa de quem viajou no referido voo da FAB [que levou Bolsonaro a Orlando em 30 de dezembro de 2022]”. A resposta oficial inclui dez nomes, além de Jair Bolsonaro e sua esposa, Michelle. Filipe Martins não está listado.

MORAES, INFLEXÍVEL – Foi esse conjunto de evidências que levou a PGR a recomendar duas vezes a libertação imediata de Martins. Moraes, aparentemente ansioso para manter Martins preso sob condições duras, ignorou todas essas evidências e, em maio, rejeitou um pedido de soltura do ex-assessor.

Com o surgimento de ainda mais evidências, a PGR novamente se manifestou pela libertação de Martins nesta semana. Fez isso, nas palavras do procurador-geral, para “reforçar o pedido de soltura de Martins porque não há indicativos de que o réu tenha tentado fugir do Brasil no final de 2022”.

Assim como ocorre com todos os cidadãos, Filipe Martins deve ser punido se for provado, em um julgamento justo, que ele cometeu algum crime. Mas ele nunca foi acusado de ter cometido crimes, muito menos condenado por eles. Está claro, há muito tempo, que a base para a ordem de prisão de Martins por Alexandre de Moraes antes do julgamento é falsa. Martins está há quase seis meses na prisão com base em uma alegação falsa. Já passou da hora de ele ser libertado.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Moraes é digno de um estudo psiquiátrico. Seus atos demonstram que tem uma personalidade fechada, dominada por suas obsessões pessoais, que se tornam imunes a influências externas. Essa perseguição a Filipe Martins deveria ser submetida a uma junta médica. Moraes demonstra que não está bem. (C.N.)

Em Lisboa, lendo “O Diabo”, jornal da direita, que promete “limpar a sujeira”

O Diabo | LisbonAntonio Rocha

Ficamos, eu e minha esposa, nove dias em Lisboa, matando as saudades, pois em 1979/80 moramos lá. É Verão, o sol bate forte e a capital portuguesa está cheia de turistas. Hoje é uma cidade cosmopolita e os preços dos imóveis estão muitos caros, muitos preferem morar nos arrabaldes, pois é mais barato.

“O Diabo” é o semanário da Direita, eu não sei por que eles gostam tanto desse nome. Um outdoor imenso, em uma das praças lisboetas diz: “Precisamos limpar a Direita” deduzimos então que alguns setores da Direita estão sujos…

PEDINTES E LADRÕES – Aos poucos vejo que já existem pedintes nos sinais de trânsito, parecem imigrantes da África, não posso garantir.

Na Lavanderia automática onde lavamos nossas roupas, o local que guardava o dinheiro foi arrombado e um recado da empresa diz que “vândalos danificaram a caixa e está sendo recuperada”. A solução talvez seja, como em outros lugares, colocarem câmeras.

No sábado tem a Feira da Ladra, vendem quase tudo, não se espante pelo nome, a tradição vem da Idade Média, quando os mouros dominavam Portugal e o nome da feira era em homenagem à Nossa Senhora do Oriente Médio Al Hadra, com o passar dos séculos virou “Feira da Ladra”.

TERRA DE BUDA – Amigos me convidam para almoçarmos em um restaurante nepalês chamado Gurkha, que vem a ser uma etnia de guerreiros da Terra de Buda, registre-se que o Exército inglês tem um batalhão formado só por gurkhas.

Ao casal de garçons que nos atendem, pergunto se eles são gurkhas, com orgulho respondem sim e mostram o filho pequeno. Nas paredes do restaurante, fotos de Buda as mais diversas e uma outra que me chamou atenção, uma imagem de Nossa Senhora, deduzo que convivem bem com os católicos.

 No dia seguinte fomos a um restaurante Vegano, tinha um prato que me despertou o interesse: “Coxas de couve flor”, saboreei o dito cujo, contemplando as garçonetes, jovens e lindas.

VENDENDO CANNABIS – Aqui e acolá vejo “farmácias” com derivados da Cannabis. Nenhum escândalo por parte do governo eleito que é conservador.

 Penso que isto é temporário e nas próximas eleições deve voltar a coalizão que eles chamam de “Geringonça”, juntando socialistas e sociais democratas.

Assim, eu e Heloisa , minha esposa, comemoramos os nossos 50 anos de casados.

Aprovação de governo Lula é de 35%, diz nova pesquisa Datafolha

33% reprovam o governo e 30% consideram a gestão como regular

Pedro do Coutto

De acordo com uma pesquisa do Datafolha divulgada neste sábado, pela Folha de S.Paulo, a administração do presidente Lula da Silva tem 35% de aprovação entre os brasileiros, 33% de reprovação e é considerada regular por 30%. Esses números são comparáveis aos do ex-presidente Jair Bolsonaro no mesmo período de seu governo. Além disso, 3% dos entrevistados não souberam opinar sobre a gestão atual.

No mesmo período de governo, Bolsonaro tinha 37% de aprovação, 34% de reprovação e 27% consideravam sua gestão regular. Levando em conta a margem de erro, os índices de aprovação e reprovação de Lula são semelhantes aos de Bolsonaro na época. Segundo o levantamento, 42% dos entrevistados afirmam que a situação econômica do país piorou nos últimos meses, enquanto 26% acreditam que melhorou.

ECONOMIA – Para 29%, a situação permaneceu a mesma, e 2% não souberam responder. Quanto à situação econômica pessoal, 29% dos entrevistados disseram que suas condições melhoraram, 24% afirmaram que pioraram, e 46% declararam que sua situação não mudou. Apenas 1% não soube responder.

O cenário representa estabilidade para Lula comparado à pesquisa imediatamente anterior, com entrevistas realizadas de de 4 a 13 de junho. A avaliação do atual mandato de Lula também é parecida com a realizada no primeiro mandato dele, de 2003 a 2006, considerando o mesmo período de tempo, com 35% de “ótimo ou bom”

Quando comparado ao segundo mandato do petista, de 2007 a 2010, entretanto, há diferenças marcantes: 64% aprovavam o governo e somente 8% o consideravam ruim ou péssimo – entre os que avaliavam a gestão como regular, a fatia era de 28%, semelhante a de agora.

RESSALVA – A pesquisa faz a ressalva que as recentes declarações e posicionamento de Lula frente à crise na Venezuela, enquanto diversos países levantam questionamentos sobre a lisura do processo eleitoral, ocorreram enquanto os pesquisadores já faziam as entrevistas, mas que, segundo eles, a política externa não contribui tanto na avaliação dos governos.

Como se vê, o resultado reflete a extrema polarização no eleitorado, vista há alguns anos no País, e faz com que as fatias intermediárias, ou seja, as que consideram o governo como “regular”, sejam as mais “fiéis” na balança. 

A simplicidade de Ferreira Gullar, num poema em que traduz a si mesmo

Ferreira Gullar, que faria 90 anos, é homenageado com lives e livros

Ferreira Gullar, um poeta maior

Paulo Peres
Poemas & Canções

Ferreira Gullar, pseudônimo do maranhense José Ribamar Ferreira, jornalista, crítico de arte, teatrólogo, biógrafo, tradutor, memorialista, ensaísta e poeta foi um dos fundadores do neoconcretismo, que entra para a história da literatura como um dos maiores expoentes e influenciadores de toda uma geração de artistas dos mais diversos segmentos das artes brasileiras.

Segundo alguns professores de literatura, o poema “Traduzir-se” reflete a profissão de fé de Gullar no exercício de uma poética em um discurso que só abrange a sociedade, porque investiga o mais fundo da subjetividade. 

TRADUZIR-SE
Ferreira Gullar

Uma parte de mim
é todo mundo:
outra parte é ninguém:
fundo sem fundo.

Uma parte de mim
é multidão:
outra parte estranheza
e solidão.

Uma parte de mim
pesa, pondera:
outra parte
delira.

Uma parte de mim
almoça e janta:
outra parte
se espanta.

Uma parte de mim
é permanente:
outra parte
se sabe de repente.

Uma parte de mim
é só vertigem:
outra parte,
linguagem.

Traduzir uma parte
na outra parte
– que é uma questão
de vida ou morte –
será arte?

Maduro é de direita; sua prepotência é incompatível com o ideário de esquerda

Nicolás Maduro

Maduro se reflete em sua elegância sempre discreta

Janio de Freitas
Poder360

Esquerda e direita se identificam a propósito de Nicolás Maduro. Ambas aplicam uma conceituação irrefletida, simplista mesmo, a esse personagem vago de um mundo aturdido. Ambas o veem como um homem de esquerda a conduzir um governo de esquerda, sob permanente assédio internacional do capitalismo. E, neste momento, comprimido pela crise de um resultado eleitoral, proclamado a seu favor, mas inconvincente para o olhar externo.

O governo brasileiro emergiu de um transe também eleitoral e sucessório, ainda não extinto por completo. O hoje presidente Lula poderia sê-lo desde 2019, não fosse o uso arbitrário de recursos do Estado, por integrantes do Poder Público, para excluí-lo do processo de sucessão.

IGUAL À LULA – O que Maduro fez à candidata em vantagem para a sucessão venezuelana, María Corina Machado, foi o que os bolsonaristas fizeram a Lula em 2018. Equivalência até no uso decisivo do aparelho judicial, lá com um “impedimento judicial”, aqui com o juiz e os procuradores da Lava Jato.

Na recente acusação de inconfiabilidade das urnas brasileiras, endossou as mesmas acusações, até com o argumento do recibo impresso, usadas por Bolsonaro e pelo golpismo anti-Lula.

E estendeu-as para negar a legitimidade da vitória e posse do hoje presidente. Não há acaso nem gratuidade no paralelismo das práticas de Maduro e Bolsonaro, como as de Bolsonaro com o golpismo de Trump. São táticas da direita. Típicas. Aqui, já tínhamos visto parte delas no pós-golpe de 1964.

MESMO RECEITUÁRIO – Maduro desencadeou o receituário de atemorização e punições ilegais. Com inovações: abastecer carro de opositor, vender sanduíche ou refrigerante a manifestante contra Maduro; vulgaridades assim deram em castigos físicos e prisão – usuais e documentadas.

São conhecidas as ideias que levam a isso. A arbitrariedade repressora, de fato, cedo distinguiu Maduro de Chávez. Tais prepotências e violências são incompatíveis com as concepções autênticas no largo espectro chamado de esquerda. Cuja premissa se pode resumir como a combinação de justiça e igualdade em todo o convívio humano.

Ver posição de esquerda em regime ou governo capaz de tais prepotências e violências é pesaroso sinal de perda do senso crítico. Está, se ainda de fora, na fronteira do fanatismo. Os preconceitos e as discriminações caluniosas contra o petismo, desde o seu 1º dia, fortalecem-se com atos como esta celebração da pretensa vitória de Maduro, em nota do PT: foi “uma jornada pacífica, democrática e soberana”. Simplesmente não é verdade.

MESMOS CRIMES – Nenhum contemporâneo, e muito menos o próprio cidadão Luiz Inácio Lula da Silva, tem o direito de esquecer os crimes que usurparam sua mais do que legítima candidatura em 2018.

E em 2023, para consumar a usurpação frustrada, atentaram até contra as instituições constitucionais. O que Maduro reproduziu em seu país, e nenhum democrata pode fantasiar de procedimento ético e, portanto, defensável.

A esquerda se torna direita quando aceita a arbitrariedade, que é uma imposição de desigualdade e injustiça. Esquerda e direita, por vias opostas, veem Maduro e seu governo como “de esquerda”. Mas Nicolás Maduro Moros é de direita.

Maduro não é Bolsonaro, ata na Venezuela não é urna eletrônica e Lula é Lula mesmo

Oposição protesta com panelas vazias para denunciar escassez na Venezuela

Maduro ja prendeu 1,2 mil e ameaça prender mais mil

Francisco Leali
Estadão

A eleição venezuelana não terminou. Ainda que o presidente Nicolas Maduro já tenha sido entronado de novo no poder, o resultado da votação anda por aí sendo questionado dentro e fora da Venezuela. Episódios recentes da disputa eleitoral do país vizinho flertam com uma aparente similaridade com a política brasileira. Lá como cá houve quem pedisse socorro às Forças Armadas para impedir a posse do suposto eleito. Lá como cá, questionou-se o resultado oficial por alegada falta de confiança no juiz da disputa.

Antes de os venezuelanos irem votar, Maduro foi comparado a Jair Bolsonaro, que não gostou. O líder latino questionou a legitimidade do sistema de votação do Brasil, coisa que, entre os dentes, o ex-presidente brasileiro e seus seguidores ainda repetem.

IMPOR A VONTADE – Mas Maduro não é Bolsonaro. Ainda que o ditador venezuelano e o capitão destronado possam gostar de impor sua vontade acima de tudo e de todos, o primeiro, até onde se sabe, manda e desmanda na justiça eleitoral do seu país. Bolsonaro não.

O ex-presidente até tentou usar os militares para pôr em dúvida as urnas eletrônicas e não se furtou em fazer ataques ao TSE e ao Supremo Tribunal Federal. Em uma das investigações em curso, descobriu-se que seus assessores mais próximos, com seu aval, elaboraram um ato para destituir a Corte eleitoral, prender quem estava pelo caminho e impedir a posse do petista Luiz Inácio Lula da Silva.

Mas Bolsonaro acabou se mostrando o político do crime tentado e não consumado. Na hora do golpe, amarelou. O apoio das Forças Armadas não veio. Nações do hemisfério Norte também não ajudaram.

EUA FICARAM CONTRA – Pelo contrário, os Estados Unidos mandaram, entre 2021 e 2022, um militar atrás de outro ao Brasil para avisar que os EUA respeitavam as instituições eleitorais brasileiras e seus colegas de caserna daqui, incluindo o presidente da República, deveriam fazer o mesmo.

A oposição venezuelana e boa parte dos países democráticos exigem a divulgação das atas de votação. O documento seria a prova que falta para mostrar que a contagem de votos divulgada pela justiça eleitoral daquele país está fraudada.

Por aqui, esboçou-se um levante contra o voto eletrônico sem registro impresso. Com o PL saindo da eleição com a maior bancada da Câmara, ter um coro reclamando da urna que serve para uns, mas não serve para Bolsonaro, contribuiu para desmoralizar a pseudo-revolta.

AUDITAGEM – As tais atas só podem ser comparadas às urnas brasileiras porque quem perdeu quer uma auditagem.

Ainda que legítimo, o pleito da oposição venezuelano não guarda relação com o código fonte do aparelho do TSE.

O equipamento é posto à prova antes de todos os pleitos e, apesar da gritaria, não se encontrou nada que o desabone até agora.

Já as atas são papel e, a essa altura, os documentos reais podem ter sido remontandos ao gosto do vencedor.

CALO DE LULA – Quanto ao presidente Lula, a Venezuela segue sendo um calo seu. Na última semana, bolsonaristas fizeram recircular um vídeo do petista, em 2013, época em que usava só bigode. Naquele ano, Lula gravou vídeo pedindo apoio a Maduro, descrito pelo brasileiro como legítimo discípulo do chavismo.

Diante da suspeita de fraude eleitoral do vizinho, Lula fez um primeiro gesto de não reconhecer formalmente a posse. Coube a seu partido, o PT, cumprir as honras da casa. Depois, ao dar a confusão eleitoral ares de normalidade, o petista retomou a postura de aliado do chavismo, hoje, personificado em Maduro.

Essa posição, em algum momento, pode até ter parecido que iria mudar. Mas, de fato, não mudou.

Maduro é fera ferida, capaz de causar banho de sangue que Brasil tenta evitar

Maduro enfurecido: calificó al gobierno Biden de “ladrón” y a Guaidó de  “rata”, ¿qué desató la rabia del mandatario?

Maduro está pouco ligando se haverá banho de sangue

Eliane Cantanhêde
Estadão

Apesar da quase unanimidade interna contra o governo na crise da Venezuela, a reação externa é positiva. O presidente Joe Biden liga para o presidente Lula discutindo caminhos, os opositores Maria Corina e Edmundo González reconhecem o esforço brasileiro, Colômbia e México assumem uma nota tríplice com o Brasil e, agora, até Javier Milei, da Argentina, agradece publicamente o socorro do Itamaraty.

Assim como os EUA estão no olho do furacão no conflito do Oriente Médio, o Brasil está no caos venezuelano, tentando manter pontes com todos os lados em busca de saídas. A bandeira verde e amarela flamulando na embaixada argentina em Caracas é um bom símbolo.

LULA IMATURO – A fala de Lula, considerando normal e sem gravidade a crise e as evidências de fraudes nas eleições da Venezuela, é deslocada e inadmissível, assim como é juvenil e irresponsável o seu partido reconhecer a vitória do ditador Nicolás Maduro já no primeiro momento, contra todas as evidências.

Ambos merecem a montanha de críticas, mas isso não anula o fato de que a diplomacia brasileira tem rumo, estratégia, objetivo.

Há duas dimensões. A portas fechadas, como na noite de quarta-feira, com o chanceler Mauro Vieira e o assessor internacional Celso Amorim, a avaliação é clara, até óbvia: Maduro se nega a divulgar as atas de votação porque foi derrotado e ameaça a Venezuela, não só com a absurda prisão de Corina e González, mas com um autogolpe e um “banho de sangue” – como ele mesmo disse antes do pleito.

BUSCAR SOLUÇÕES – Mas a portas abertas, ou seja, nas manifestações diplomáticas, é preciso manter a frieza e aguentar firme a pancadaria interna para buscar soluções.

A Argentina e seis outros países chutaram o pau da barraca, e daí, o que conseguiram com isso? Atiçaram a fúria de Maduro, que expulsou as representações em Caracas e obrigou a Argentina a pedir socorro ao Brasil para cuidar de seus interesses e de refugiados oposicionistas que estão na sua embaixada.

Não é simples entender a diplomacia, que exige paciência, negociação e recuos contra conflitos. A crítica feita ao governo é que, com a (real e condenável) condescendência com o regime de Maduro, já chamado de “democracia” por Lula, o Brasil perde a condição de líder regional. É verdade.

MANTER O DIÁLOGO – Mas há que se reconhecer que, ao manter o diálogo com oposição e governo – como fez Celso Amorim em Caracas – e se articular com os EUA e países vizinhos, o Brasil consolida sua liderança.

Maduro está isolado e feras acuadas são capazes de qualquer coisa, inclusive um golpe militar e um “banho de sangue”. É isso que Brasil, México e Colômbia, três países importantes, considerados progressistas e com as maiores populações da América Latina, tentam impedir.

Se não conseguirem, ninguém conseguirá. Aí, a história será outra.

Desde 2018 Alckmin já avisava que Maduro agia de forma “autoritária”

O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, participa nesta quarta-feira (10/7) da Reunião do Comitê Interministerial para Inclusão Socioeconômica de Catadoras e Catadores de Materiais Reutilizáveis e Recicláveis (CIISC)

Alckmin tem procurado colaborar, mas de forma discreta

Gustavo Zucchi
Metrópoles

Atual vice-presidente brasileiro e ministro da Indústria e Comércio, Geraldo Alckmin (PSB) avisou algo que o governo Lula parece ter relevado: que o governo de Nicolás Maduro na Venezuela age de forma autoritária.

Em 2018, quando ainda era governador de São Paulo, Alckmin disse que o governo Maduro agia de “forma autoritária e antidemocrática”, ao comentar a prisão do brasileiro Jonatan Diniz na Venezuela.

ALÍVIO À NAÇÃO – “A libertação do brasileiro Jonatan Diniz trouxe alívio aos seus familiares e à nação brasileira. Este caso demonstrou como o governo de Nicolás Maduro tem agido de forma autoritária e antidemocrática”, afirmou o então governador paulista.

Antes de criticar Maduro, Alckmin já mantinha relações com a oposição venezuelana. Em 2014, ele chegou a receber a líder oposicionista da Venezuela, María Corina Machado, que foi impedida de concorrer nas eleições de 2024.

No ano seguinte, em 2015, o então governador paulista esteve com outros líderes da oposição venezuelana; entre eles, Luis Florido, do partido Voluntad Popular, e o deputado William Dávila, do partido Acción Popular.

DISSE ALCKMIN – “Os opositores procuram meios para fortalecer a democracia e reivindicam que presos políticos sejam anistiados. Nós os apoiamos nesta causa e vamos colaborar dialogando com nossas lideranças no Congresso”, disse Alckmin na ocasião.

Nesse domingo (28/7), Maduro deu mais uma prova de como comanda os venezuelanos. A oposição denunciou irregularidades na apuração dos votos da eleição e contestou o resultado que apontou o ditador como vencedor.

Dizem os oposicionistas que têm condições de provar que seu candidato Gonzalez Urundia teve 73% dos votos, mas não revelou como pode ter chegado a essa conclusão.

Mantido o “tesão de 20 anos”, maior problema de Lula é a elocução precoce…

À la Lula: 5 dicas para chegar aos 77 anos com muito tesão | Metrópoles

Lula faz questão de demonstrar o excesso de tesão

Ruy Castro
Folha

John Kennedy (1917-1963), lendário presidente dos EUA, era famoso por, nos intervalos dos arranca-rabos com os russos na Guerra Fria, viver de olho nas mulheres. Muitas o achavam um charme e eram loucas para conferir suas credenciais. Hoje se sabe que as avaliações não eram muito favoráveis. A estrela Angie Dickinson, talvez a mulher mais bonita do cinema nos primeiros anos 1960, descreveu sua experiência com Kennedy: “Os 15 segundos mais excitantes da minha vida.”

O homem pode ir a Marte, inventar a inteligência artificial ou levar o “Finnegan’s Wake” para ler nas férias, mas não se livra de um problema de bilhões: a ejaculação precoce. É o que dizem os especialistas na genitália masculina —mais do que a timidez, o pinto pequeno ou mesmo a impotência, é, de longe, o mais frequente nos consultórios.

EXEMPLO DE LULA – Em política, temos um equivalente: a elocução precoce. Consiste em, diante de um assunto grave, falar primeiro e pensar depois. Ou nem pensar. Ou não se controlar e falar aquilo que realmente pensa sem considerar o desgaste político.

Assim como muitos ejaculam a jato, o presidente Lula fala antes de pensar. Ou não pensa, nem antes nem depois. É um caso de elocução precoce, e não é de hoje. Num dos primeiros mandatos, protestou que os ecologistas estavam combatendo uma de suas obras faraônicas porque ela iria interferir na reprodução de certa perereca. Exclamou: “Imagine! Uma perereca!”.

Tiveram de dizer-lhe que, sem a perereca, todo o equilíbrio daquela região iria para o beleléu.

TRAPAÇAS DE MADURO – Agora Lula acha normais as nojentas trapaças de Nicolás Maduro nas pseudo-eleições da Venezuela.

Maduro se inspirou em Bolsonaro, que, na eleição em 2022, declarou guerra ao voto eletrônico, entupiu o povo de dinheiro no fim da campanha e tentou impedir eleitores de chegar à urna. Lula o derrotou, mas por uma fração. No desespero, Bolsonaro tentou o golpe. Maduro foi além: deu o pré-golpe.

Parece haver cura para a ejaculação precoce. Não para a elocução idem.