Áudio reforça que não houve interferência no processo de Flávio, diz Ramagem

Ramagem será intimado pela PF a depor em caso da “Abin paralela” |  Metrópoles

Ramagem afirma que estão fazendo alvoroço à toa

Paolla Serra
O Globo

O ex-diretor-geral da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), deputado Alexandre Ramagem (PL-RJ) afirmou que o áudio clandestino de uma reunião entre o ex-presidente Jair Bolsonaro(PL) e o ex-ministro chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), general Augusto Heleno, só reforça que não houve “interferência ou influência em processo vinculado ao senador Flávio Bolsonaro”, sendo a demanda resolvida “exclusivamente em instância judicial”.

Em uma postagem no X, Ramagem afirma que a menção a gravação no relatório da Polícia Federal encaminhado ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), destaca a “defesa do devido processo, apuração administrativa, providência prevista em lei para qualquer caso de desvio de conduta funcional”.

ÁUDIO DAS RACHADINHAS – Ramagem se refere a um áudio captado em uma reunião realizada no Palácio do Planalto, em 25 de agosto de 2020, em que foram discutidas supostas irregularidades cometidas por auditores da Receita Federal na elaboração de um relatório de inteligência fiscal que originou o inquérito contra o filho 01 do então presidente no caso das “rachadinhas”.

O arquivo esteva em seu computador, foi apreendido pela PF em 24 de janeiro deste ano, e compõe o inquérito que apura o monitoramento ilegal realizado pela Abin durante a gestão de Bolsonaro.

A mídia deverá passar por uma perícia no Instituto Nacional de Criminalística (INC) para ser transcrita a íntegra da reunião, de 1h e 8 minutos de duração, inclusive quando há sobreposição de vozes.

RASAS CONJECTURAS – “Após as informações da última operação da PF, fica claro que desprezam os fins de uma investigação, apenas para levar à imprensa ilações e rasas conjecturas. O tal do sistema first mile, que outras 30 instituições também adquiriam, parece ter ficado de lado. A aquisição foi regular, com parecer da AGU, e nossa gestão foi a única a fazer os controles devidos, exonerando servidores e encaminhando possível desvio de uso para corregedoria. A PF quer, mas não há como vincular o uso da ferramenta pela direção-geral da Abin”, escreveu Ramagem.

Como O Globo mostrou, na reunião, também estavam presentes advogadas de Flávio Bolsonaro, que citaram estratégias defensivas que pretendiam adotar. Nas redes sociais, o senador negou envolvimento com a chamada “Abin paralela” e disse ser vítima de “criminosos que acessaram ilegalmente” os seus dados sigilosos na Receita Federal.

Durante a gravação, Ramagem afirmou que “seria necessário a instauração de procedimento administrativo” contra os auditores “visando anular a investigação, bem como retirar alguns auditores de seus respectivos cargos”.

CRIAR ALVOROÇO – “Trazem lista de autoridades judiciais e legislativas para criar alvoroço. Dizem monitoradas, mas, na verdade, não. Não se encontram em first mile ou interceptação alguma. Estão em conversas de WhatsApp, informações alheias, impressões pessoais de outros investigados, mas nunca em relatório oficial contrário à legalidade”, ressaltou o ex-diretor-geral da Abin, no X.

O relatório da PF ainda aponta que integrantes da chamada “Abin paralela” tentaram levantar “podres e relações políticas” dos auditores da Receita. O suposto desvio de verba pública – a chamada “rachadinha” – teria ocorrido no gabinete de Flávio, quando ele era deputado estadual na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj).

As diligências contra os auditores “ao que indicam os vestígios foram determinadas pelo delegado Alexandre Ramagem”, diz o relatório da PF. Os investigadores interceptaram conversas de integrantes da ‘Abin Paralela’ falando sobre achar “podres”, “dívidas tributárias”, “ver redes sociais de esposa” dos servidores da Receita.

###
NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
As investigações são sigilosas, mas os vazamentos ocorrem aos turbilhões, enchendo de informações os jornalistas ligados ao PT, que são em maior número e mais atuantes. Esta reunião com advogadas de Flávio Bolsonaro foi uma indignidade e houve a gravação, que parece ser obrigatória em toda reunião importante da Abin, Sem conhecer o inteiro teor da gravação, fica difícil dar pitaco na conversa dos outros. (C.N.)  

Está na hora de os americanos elegerem uma mulher negra para a Casa Branca

Kamala Harris: o que Joe Biden pode ganhar ou perder com a escolha da senadora pela Califórnia como candidata a vice - BBC News Brasil

Aos 60 anos, Kamala Harris pode disputar com chances

Carlos Newton

Até 7 de agosto, quando haverá a convenção democrata sobre a eleição de novembro, o assunto mais importante do mundo será sempre o presidente Joe Biden, com reportagens, análises e pesquisas diárias abordando a necessidade de substitui-lo na cabeça de chapa do partido. Como se sabe, Biden foi o mais velho presidente americano a tomar posse, com 78 anos, e agora quer dobrar a aposta.

Em país presidencialista, não há registro de nenhum governante que tenha vencido eleição aos 81 anos. O motivo é simples; a idade não perdoa. Movido pela vaidade e o apego ao poder, Joe Biden quer bater um recorde, que já é dele mesmo, mas não tem condições físicas e mentais para tanto.

REVELAÇÃO – George Stephanopoulos, um jornalista americano que entrevistou Biden semana passada, foi claro a respeito. Abordado na rua quando fazia caminhada em Nova York, o repórter da ABC disse não acreditar que o democrata seja capaz de servir o país por mais quatro anos.

O comentário foi feito enquanto ele fazia cooper pelas ruas de Nova York, após um pedestre questioná-lo sobre se ele achava que o atual mandatário deveria renunciar à disputa pela Casa Branca.

A resposta do âncora do programa ABC News foi gravada sem ele perceber, publicada terça-feira pelo site TMZ e viralizou nos Estados Unidos.

DIA A DIA – Daqui em diante, será um massacre, porque a pressão sobre Biden irá aumentando, até ele não resistir mais. É bom que isso aconteça antes da convenção do dia 7, caso contrário os democratas poderão estar novamente entregando a Donald Trump a presidência da maior potência mundial.

Como dizia Machado de Assis, a confusão é geral. Mas tudo isso pode ser uma armadilha do destino. A vice-presidente Kamala Harris, que tem se mantido de forma ética e leal, apoiando o direito de Biden disputar, pode acabar sendo a saída salvadora. É uma conceituada advogada, que entrou na política e já acumula larga experiência não somente no Senado e na Vice-Presidência, mas também na Procuradoria-Geral da Califórnia.

Filha de jamaicano e indiana, Kamala Harris seria a primeira mulher negra e asiático-americana indicada por um grande partido a disputar a Presidência. Ao contrário de Trump, tem uma vida limpa, com trajetória de sucesso, e pode surpreender nesta eleição, na qual o candidato republicano também tem idade avançada e pode estar com validade vencida, pois também não diz coisa com coisa.

Atirador estava no alto de um prédio próximo, no estilo de Lee Oswald

Com sangue no rosto, Trump é retirado às pressas do palco durante comício  na Pensilvânia após disparos serem ouvidos; vídeo

A bala perfurou a orelha de Trump e atngiu um espectador

Deu no g1 e no UOL

O autor dos disparos no comício de Donald Trump foi morto pelo Serviço Secreto dos Estados Unidos, confirmou o órgão na noite deste sábado (13). Além disso, um espectador também morreu no tiroteio e dois ficaram gravemente feridos, disse em uma nota oficial à imprensa (veja abaixo).

De acordo com o Serviço Secreto dos EUA, o atirador disparou várias vezes contra o palco do evento, de um ponto elevado fora do local do comício. Trump foi atingido na orelha.

POSIÇÃO ELEVADA – De acordo com Anthony Guglielmi, chefe de comunicações do órgão, o atirador disparou vários tiros de uma “posição elevada” fora do comício. Ele foi “neutralizado” por agentes do Serviço Secreto. Segundo a CNN, duas fontes policiais disseram que o atirador estava em um telhado.

O promotor do condado de Butler, Richard Goldinger, disse que seu principal detetive informou que o atirador estava em um prédio próximo ao local e que não tinha mais detalhes sobre a pessoa. Depois disso, o órgão disse que rapidamente implementou medidas de proteção e que o ex-presidente está seguro e sendo avaliado. O caso está sob investigação.

Após o atentado, Donald Trump se pronunciou e mandou “condolências para a família da pessoa que foi morta no comício e também à família da outra pessoa que ficou gravemente ferida”.

###
NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
O atirador se posionou num prédio próximo, seguindo o método de Lee Oswald para matar John Kennedy em Dallas. Pena que não tenha sido capturado vivo. Com ele morto, a investigação fica muito mais difícil. (C.N.)

Procurador Aras sabia de uso da Abin para anular o caso Queiroz e nada fez

Augusto Aras apresenta proposta que dispõe sobre parâmetros básicos para as  eleições ao cargo de procurador-geral de Justiça - Conselho Nacional do  Ministério Público

Aras, o procurador omisso, fingiu que não sabia de nada

Guilherme Amado e Bruna Lima
Metrópoles

O ex-procurador-geral da República Augusto Aras foi provocado diversas vezes, desde 2020, a investigar o uso da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) para encontrar provas que anulassem o processo contra o senador Flávio Bolsonaro pela suposta prática de rachadinha.

No final de 2020, a ministra do Supremo Tribunal Federal (STF), Cármen Lúcia, determinou que Aras investigasse o uso da Abin para beneficiar o senador e filho do então presidente da República, Jair Bolsonaro. O ex-PGR, entretanto, não concluiu as investigações.

RELATÓRIOS – A determinação para que houvesse a investigação ocorreu após a coluna mostrar que a Abin paralela havia sido acionada para buscar provas que derrubassem o caso Queiroz.

Em 2021, a PGR pediu que a coluna entregasse os relatórios revelados em dezembro de 2021 em que a Abin paralela passava a Flávio Bolsonaro as orientações sobre o que deveria ser feito para encontrar provas que anulassem o caso Queiroz — o que a coluna não fez, diante do risco de identificar as fontes.

Depois, a advogada de Flávia Bolsonaro na época, Luciana Pires, foi chamada a depor na PGR. Pires havia dito à coluna que Alexandre Ramagem havia enviado os relatórios. Alegando sigilo profissional, a advogada não compareceu ao depoimento. A PGR não prosseguiu com a investigação.

OPERAÇÃO DA PF – Nessa quinta-feira (11/7), a PF deflagrou a quarta fase da Operação Última Milha, que apura a produção de notícias falsas e o monitoramento ilegal de autoridades, servidores públicos e jornalistas considerados pelo governo Bolsonaro como opositores.

Um dos elementos citados pela PF para pedir a operação ao STF foi um áudio apreendido em um aparelho de Alexandre Ramagem, ex-diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) do governo Bolsonaro.

Na gravação de uma hora e oito minutos, feita na reunião de 25 de agosto de 2020 revelada pela coluna, Bolsonaro, Ramagem e Heleno trataram de um plano para derrubar a investigação das rachadinhas contra o senador Flávio Bolsonaro.

CINCO PRISÕES – A PF prendeu Giancarlo Gomes Rodrigues, militar do Exército; Marcelo Araújo Bormevet, agente da PF; Mateus de Carvalho Sposito, ex-assessor da Secretaria de Comunicação da Presidência; e o empresário Richards Dyer Pozzer. O ex-assessores José Matheus Sales Gomes e Daniel Ribeiro Lemos foram alvos de mandados de busca.

Entre as autoridades espionadas ilegalmente pela Abin paralela, segundo a PF, estariam os ministros do STF Alexandre de Moraes, Dias Toffoli, Luís Roberto Barroso e Luiz Fux; o presidente da Câmara, Arthur Lira; o ex-presidente da Câmara, Rodrigo Maia; e os senadores Alessandro Vieira, Omar Aziz, Renan Calheiros e Randolfe Rodrigues, que estavam à frente da CPI da Covid no Senado em 2021
###
NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
O delegado Alexandre Ramagem, que presidia a Abin, diz que a gravação não tem nada demais e a PF faz vazamentos estratégicos para criar clima e denegrir a imagem dos bolsonarista. E assim a situação fica propícia a fake news. Ora, se existem provas, que a Procuradoria então aceite logo a denúncia e abra os processos, com livre acesso aos advogados de defesa, acabando com esse sigilo nojento, que nada tem a ver com Justiça e só interessa ao ministro Alexandre de Moraes, que é inimigo da transparência processual exigida em lei. (C.N.)

Trump fica ferido de leve em comício nos EUA e é escoltado por seguranças

TruTrump é retirado de comício na Pensilvânia com sangue no rosto e após disparos serem ouvidos — Foto: AFP/Getty Images/ Anna Moneymaker

Trump ficou levemente ferido na orelha e logo foi retirado

Deu em O Globo

O ex-presidente Donald Trump ficou ferido e caiu no chão em um comício presidencial em Butler, na Pensilvânia, nos Estados Unidos, neste sábado. Ainda não há informações do que aconteceu durante o comício, mas barulhos que se assemelhavam a tiros foram ouvidos e captados pela transmissão ao vivo do evento.

O republicano foi cercado pelos agentes e escoltado para um carro de sua comitiva logo após os disparos, segurando a orelha direita, que parecia estar sangrando. O Serviço Secreto o tirou do palco às pressas após os disparos.

ERGUEU O PUNHO – As autoridades presentes instruíram o público a se abaixar e a se cobrir, enquanto a imprensa se retirava do palanque onde Trump discursava. Após uma breve pausa, o republicano se levantou cercado por agentes, com a orelha sangrando, ergueu o punho para a multidão e foi levado às pressas para sua comitiva, que deixou rapidamente o local.

No momento dos disparos, que puderam ser ouvidos durante a transmissão do evento, Trump interrompeu o seu discurso e se abaixou rapidamente, levando as mãos ao rosto, enquanto a multidão gritava.

Segundo porta-voz do ex-presidente, Trump ‘está sendo examinado e está bem’, mas sem fornecer mais detalhes. Após Donald Trump ficar ferido em comício na Pensilvânia, autoridades se manifestam

BOLSONARO E OUTROS – O ex-presidente do Brasil Jair Bolsonaro publicou uma foto de Trump ferido e escreveu: “Nossa solidariedade ao maior líder mundial do momento. Esperamos sua pronta recuperação e nos veremos na posse. Jair Bolsonaro”.

Os filhos de Bolsonaro, Eduardo e Flávio, se manifestaram. “Líderes de direita são vítimas de atentados contra suas vidas, por motivos políticos. Além do discurso de ódio, a esquerda pratica o ódio. Fato! Assim como Jair Bolsonaro no Brasil, tentam matar Donald Trump porque ele já está eleito! Se Deus quiser, ambos ainda vão a colaborar muito com seus países!”, escreveu Flávio.

O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, publicou que ele e a esposa desejam uma recuperação rápida ao ex-presidente.

MAIS MANIFESTAÇÕES – Orbán Viktor, primeiro-ministro da Hungria, também desejou melhoras.

Robert F. Kennedy Jr, candidato a presidência independente e filho do senador Robert Kennedy, também publicou uma mensagem de solidariedade a Trump. “Agora é o momento para todo americano que ama nosso país dar um passo atrás da divisão, renunciar a toda violência e unir-se em oração pelo Presidente Trump e sua família.”

Elon Musk foi outra personalidade que se manifestou sobre o ocorrido. No X, Musk publicou um trecho do comício e escreveu: “Eu apoio integralmente o Presidente Trump e espero pela sua rápida recuperação”.

###
NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
O atentado fracassado foi ótimo para Trump, que deve crescer nas próximas pesquisas. E a política da matriz USA começa a copiar a filial Brazil, o que significa mais uma Piada do Ano. Parece que o atirador mirou no topete, mas acertou na orelha, é a primeira versão da piada. (C.N.)

Sugestão de slogan para a nova campanha de Lula: “Perguntem a Janja”

Janja ataca Musk e fala em processo; fiquei puto, diz Lula - 19/12/2023 -  Poder - Folha

Janja da Silva é a personal trainer do maridão Lula

Vicente Limongi Netto

Lula, o maestro da desafinada orquestra petista, garantiu aos ácidos e incrédulos críticos que mantém a pegada de sempre.

“Perguntem a Janja”, desafiou um Lula brincalhão, parecendo mais feliz que pinto no lixo.  Marqueteiros não precisam mais queimar neurônios em busca do slogan do partido para 2026.

Aliás, “Perguntem à Janja” serve para tudo. 

BUSCANDO VOTOS – Depois das festas juninas, políticos cumprem roteiros gastronômicos, em busca de votos para suceder o deputado Arthur Lira na presidência da Câmara Federal. Sem limites nas gastanças.

Deputados estão acostumados a pedir reembolso de tudo que gastam. Alguns deles beiram o cinismo e são vetados, por equipe técnica especializada da Câmara. Cada deputado dispõe de 38 mil reais de cota mensal mínima. 

Há quem use o recurso público até para abastecer o jatinho particular.

ROLO COMPRESSOR – Acordei com notícia alvissareira, na coluna da Denise Rothenburg (Correio Braziliense – 13/07), revelando que o conceituado ex-senador Francisco Escórcio vai se filiar ao MDB do Maranhão, para trabalhar pela candidatura da senadora Eliane Gama (PSD-MA) para a presidência do Senado. É o rolo compressor da dignidade.

Reitero, a meu ver, que existem senadores e senadoras aguerridos e direcionados para o bem público, capacitados para enfrentar e derrotar a candidatura do inacreditável e patético senador Davi Alcolumbre (União-AP). A sensatez política, a grandeza e a respeitabilidade do Senado e a altivez da correção precisam ser preservadas. 

TRISTEZA NACIONAL – É duro ter que torcer e assistir duas seleções estrangeiras, na final da Copa América, porque, mais uma vez, a medíocre seleção brasileira foi melancolicamente eliminada, trazendo na bagagem apenas o troféu de papelão. 

Até quando esse martírio vai durar? Lembram do fracasso de 1986 e do sucesso de 1970? Está faltando um João Saldanha na seleção.

Caixa se desmoraliza ao punir gerentes que evitaram operação de R$ 500 milhões

Sindicato dos Bancários de Cascavel - Novo presidente da Caixa diz que Lula  pediu bons profissionais para vice-presidências cobiçadas pelo centrão

Lula mostra que o antigo Brasil já voltou

Rafael Moraes Moura, Johanns Eller e Malu Gaspar
O Globo

A cúpula da Caixa Econômica Federal destituiu na última segunda-feira (8) dois gerentes que se opuseram à compra de um lote de R$ 500 milhões em letras financeiras do Banco Master, consideradas arriscadas demais para os padrões do banco.

Em um parecer sigiloso de 19 páginas obtido pela equipe da coluna, a área de renda fixa da Caixa Asset, o braço de gestão de ativos do banco estatal, desaconselhou enfaticamente a operação, considerada “atípica” e “arriscada”, não só em razão do valor, considerado alto demais, como por causa do rating do banco.

BANCO MASTER – O Master é um banco formado a partir do antigo Banco Máxima que tem entre os principais acionistas os empresários Daniel Vorcaro, Maurício Quadrado e Augusto Ferreira Lima. Ele assumiu a atual razão social em 2021.

O documento da Caixa classifica o modelo de negócios do Master como de “de difícil compreensão” e aponta para um “alto risco de solvência”. O parecer deveria ter sido discutido no comitê de investimento da Caixa Asset no último dia 4.

Mas, segundo a equipe da coluna apurou, o impasse criado pela postura dos técnicos fez com que o assunto fosse retirado da pauta. Quatro dias depois, os gerentes Daniel Cunha Gracio, de renda fixa, que assina o parecer, e Maurício Vendruscolo, de renda variável, que também avalizou os documentos, perderam seus cargos.

EMBROMAÇÃO – Fontes envolvidas no caso disseram à equipe da coluna que os diretores da Caixa Asset afirmaram na videoconferência em que os gerentes foram comunicados de sua destituição que a companhia passaria por uma reformulação, com uma nova forma de atuação, sem especificar que forma seria essa e nem fazer qualquer referência ao parecer sobre a compra das letras financeiras do Master.

A videoconferência, da qual participou também o CEO da Caixa Asset, Pablo Sarmento, aconteceu na última segunda-feira (8).

Nos bastidores da Caixa, o movimento foi interpretado como uma tentativa de retaliação e de eliminar as resistências internas ao negócio, já que o comitê de investimentos, a quem cabe dar aval a esse tipo de operação, deverá ser recomposto com os novos gerentes dessas áreas.

CRISE NO BANCO – Desde então, abriu-se uma crise no banco, que repercutiu entre operadores do mercado financeiro, segundo apurou a equipe do blog com três fontes a par do assunto ouvidas em caráter reservado.

Com a retirada do assunto de pauta, a compra dos títulos não foi efetivada. Mas, de acordo com fontes da coluna relacionadas ao caso, isso não quer dizer que a operação tenha sido sepultada. Não há garantia de que ela não voltará a ser pautada nas próximas reuniões do comitê de investimentos, já sob nova configuração.

A preocupação tomou conta da área técnica porque, de acordo com funcionários da Caixa Asset, não há precedentes na história da companhia de uma operação desse volume com riscos tão altos. Essas mesmas fontes dizem ser muito incomum a área técnica barrar propostas de novos investimentos.

NOMEAÇÕES POLÍTICAS – A Caixa Asset é uma divisão recente do banco estatal, criada em 2021 no governo Jair Bolsonaro durante a gestão do então presidente da instituição, Pedro Guimarães.

No ano passado, com a tentativa de aproximação do presidente Lula com o Centrão, o comando da Caixa ficou na cota do líder do bloco, o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL). O político alagoano dividiu a cúpula do banco entre partidos aliados, incluindo o braço da gestão de fundos.

Para a presidência da Caixa, Lira indicou o servidor Carlos Vieira, que já presidiu o fundo de pensão do banco. Em dezembro do ano passado, ele nomeou como CEO da subsidiária Pablo Sarmento, que era diretor da Caixa Capitalização. Segundo fontes ouvidas pela equipe da coluna sob reserva, Sarmento foi uma indicação do deputado Altineu Côrtes (RJ), líder do PL de Bolsonaro na Câmara.

DEPUTADO NEGA – Procurado, Altineu negou ter qualquer relação com o banco. “Em hipótese alguma [indiquei Pablo Sarmento]. Não tenho nenhuma indicação no governo e nem teria por que ter. Não tem ninguém mais de oposição do que eu”, declarou o parlamentar, que lidera o partido bolsonarista na Casa.

As letras financeiras emitidas pelo Banco Master que a Caixa considerava comprar previam uma rentabilidade de 130% do CDI ao ano no prazo de 10 anos.

Mas, no documento sigiloso encaminhado ao comitê de investimentos, os gerentes observaram que a Caixa Asset nunca aplicou um volume sequer próximo de R$ 500 milhões durante um prazo tão longo em instituições de perfil arriscado como o Master, que tem um rating interno de BB+, considerado de médio risco. No geral, esse tipo de aporte só é feito em instituições renomadas no mercado, como os principais bancos públicos e privados.

PERFIL DE RISCO – “Expor-se a um emissor com o perfil de risco em questão (“médio risco”) e por um prazo de 10 anos é altamente arriscado e atípico no mercado”, dizem os técnicos.

“Tal decisão certamente chamaria a atenção de todo o mercado e dos investidores, uma vez que as carteiras dos fundos são públicas e tal operação vai contra a prática comum de mitigação de riscos, pois reúne dois fatores de risco importantes, o tempo (exposição por um prazo bastante longo) e o próprio perfil de risco do emissor (bem vulnerável).”

Além disso, o parecer pontua que nenhuma das concorrentes do braço de gestão de fundos da Caixa fez negócio com o Banco Master, o que reforça a tese de uma operação atípica. Nos últimos anos, o Master comprou outros bancos menores, razão pela qual seu patrimônio líquido vem aumentando.

ARGUMENTO FINAL – De acordo com o documento interno da Caixa, o Master tem no total R$ 820 milhões em ativos distribuídos no mercado financeiro. Só que, desse total, cerca de R$ 780 milhões foram aplicados por gestoras ligadas ao próprio Master. Isso significa que apenas R$ 40 milhões foram comprados pelo mercado.

Logo, se comprasse as letras financeiras no valor proposto pelo Master, a Caixa Asset investiria no banco quase 13 vezes o valor que outros agentes do setor aplicaram na instituição somados.

“Essa decisão pode suscitar questionamentos sobre a avaliação e a estratégia de gestão de risco adotada pela Asset, impactando a percepção de confiança e prudência no mercado”, alerta o documento.

###
NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG –
Os gerentes Daniel Cunha Gracio, de renda fixa, que assina o parecer, e Maurício Vendruscolo, de renda variável, exibem um profissionalismo e uma dignidade que fazem falta a outros setores do governo. (C.N.)

Em ato supremo de deboche, partidos anistiam as próprias lambanças e coisa pior

Câmara vai aprovar o vexaminoso perdão aos desvios de recursos feitos pelos  partidos – Carlos Sousa

Charge do Marco Jacobsen

Vinicius Torres Freire
Folha

A repulsiva emenda constitucional da anistia a lambanças de partidos políticos é mais uma pá de cal e de lama na possibilidade de renovação política. É um deboche, um descaramento cínico, que reafirma a tendência de o Congresso se tornar uma espécie de cooperativa ou corporação destinada a preservar feudos, currais políticos, e incrementar as prebendas dos neocoronéis.

As extravagâncias perdulárias dos fundões eleitorais e partidários já revoltam. Há mais, mais importante. Os integrantes da corporação mais e mais tomam o poder sobre as fatias restantes e minguantes do Orçamento, aplicando verbas à matroca e sem responsabilidade alguma sobre a eficiência e a justiça do uso dos recursos (“emendas”).

INVIABILIZAÇÃO – Governam para o curral e para os amigos. Contribuem para a inviabilidade orçamentária do governo federal, que deve chegar em menos de meia dúzia de anos, se não houver reforma fundamental.

O Junho de 2013 e os dois anos seguintes recheados de manifestações de rua foram também protestos contra um sistema político impermeável à participação do povo comum; foram queixas contra a ineficácia de políticas públicas, contra o desperdício, a corrupção e até contra desigualdades.

Como resultado, partidos centrais do antigo regime de negociação política foram diminuídos ou feridos de morte, como o MDB e PSDB, embora o MDB tenha tomado brevemente o poder em 2016; o PT foi severamente avariado.

ROUBANÇA – O centro do poder, porém, foi ocupado justamente pelos velhos partidinhos especializados em trocar votos por favores, em fisiologismo simples ou bandalho (roubança).

Além disso, tivemos a novidade de um movimento, ora abrigado num partido, ora noutro, que se apresentava como inimigo do “sistema”, um propagandista de mentiras perversas, ignaras e lunáticas que viria a ser a tropa de choque de um projeto de tirania, incorporado em Jair Bolsonaro.

O sistema político fechou-se ainda mais em si mesmo e para si mesmo. O movimento antissistema revelou-se, como se fora necessário, isso que se lê nas páginas policiais: um golpista que ocupava o cargo de presidente da República tramava com espiões modos de ajudar seus filhos a fugirem da polícia e aparelhava a máquina do Estado para fraudes e conspirações contra a democracia.

ACOMODAÇÃO  – As vitórias eleitorais dos centrões, o Congresso quase inteiro e a larga maioria dos prefeitos sugerem uma acomodação sinistra com esse estado de coisa. É uma acomodação final a um sistema de atraso permanente? Haverá nova revolta? Um novo salvador da pátria autoritário?

Essa dita PEC da Anistia perdoa lambanças variadas dos partidos, a começar pelo descumprimento descarado das normas de incentivo a participação de pretos, pardos e mulheres na política.

Decreta também a suspensão ou cancelamento de quase todas as punições a lambanças com dinheiro e impostos, em prestações de contas eleitorais e outras, suas multas e juros. Se tiverem débitos, terão direito a um parcelamento de dívidas, sem juros e multas, em até 180 meses.

LAVAGEM GERAL – Partidos, suas fundações e institutos podem usar dinheiro do fundão partidário para pagar seus rolos e, também, vamos citar literalmente “…débitos de natureza não eleitoral, devolução de recursos ao erário, e devolução de recursos públicos ou privados imputados pela Justiça Eleitoral, inclusive os de origem não identificada…”.

O que é “origem não identificada”? Dinheiro que caiu do céu? Achado na rua? Em uma caixa? Caixa dois?

Apenas PSOL, Rede e Novo votaram contra, além de um número minoritário de parlamentares de outros partidos. No primeiro turno, a PEC foi aprovada na Câmara por 344 votos a favor, com 89 contrários; no segundo, por 338 a 83. A aprovação final do troço ainda depende do Senado.

###
NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
A imprensa não costuma se preocupar com a corrupção interna dos partidos. Na antiga Tribuna da Imprensa, escrevi uma série de artigos sobre ilegalidades nas prestações de contas do PV, e não era a primeira vez… Fui processado pelo partido, que queria indenização. Como minhas matérias eram baseadas em auditoria do TSE, o PV desistiu do processo, porque iria perder, e fez acordo para pagar R$ 10 mil ao meu advogado. Recordar é viver. (C.N.)

“Não podemos ser irresponsáveis fiscais”, diz Pacheco sobre as dívidas dos estados

Congresso rejeita aumentar CSLL para compensar desoneração, diz Pacheco

Pacheco diz não aceitar que a União explore os Estados

Rebeca Borges e Emilly Behnkeda
CNN Brasília

O senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG), presidente do Congresso, afirmou que os estados não podem ser “tachados de irresponsáveis fiscais” por conta das dívidas que acumulam com a União.

Atualmente, as unidades federativas somam débitos de R$ 760 bilhões com o governo federal. Os estados mais endividados são Minas Gerais, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e São Paulo, que respondem por quase 90% do valor.

SEM CONDIÇÕES – “Temos um problema gravíssimo na federação brasileira. Dívidas impagáveis de estados com a União, fruto de um juro que é impraticável. Não tem jeito de São Paulo, Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro, estados endividados, arcarem com esses pagamentos”, afirmou Pacheco.

A declaração foi feita durante participação do senador no 19º Congresso Internacional de Jornalismo Investigativo da Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji), em São Paulo.

A principal crítica dos governadores em relação ao tema é o indexador utilizado para a cobrança da dívida. Hoje, o governo considera o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) mais 4% de juros ao ano.

ÍNDICE ALTO – Pacheco considera o índice alto e tenta construir um acordo com o Ministério da Fazenda para solucionar a questão. “Não podemos ser tachados de irresponsáveis fiscais. Nós não vamos aceitar esse tipo de afirmação e o que o Ministério da Fazenda possa ser propositivo para dar solução”, disse Pacheco.

No início da semana, após uma série de reuniões com técnicos da Fazenda e representantes dos estados, o senador apresentou um projeto de lei complementar com alternativas para renegociação dos débitos.

O projeto sugere que parte dos 4% de juros sejam revertidos em investimentos para o próprio estado. Outra parte poderá ser perdoada caso a unidade federativa entregue ativos como pagamento da dívida.

FUNDO DE EQUALIZAÇÃO – Além disso, o texto também propõe que um percentual dos juros seja revertido para um fundo de equalização, em atendimento a todos os estados.

Nesta sexta-feira, Pacheco também afirmou que setores do mercado financeiro têm interesse em adquirir os ativos estaduais e, por isso, criticam o projeto apresentado por ele.

“Alguns setores do mercado financeiro que querem nada mais e nada menos que adquirir a preço de banana, a preço vil, a propriedade e os ativos de Minas Gerais, do Rio Grande do Sul, de estados endividados. Eles arrepiam em pensar na ideia de federalização com a entrega de ativos dos estados para a União e estão trabalhando contra o projeto”, disse o senador.

APELO À FAZENDA – O parlamentar também pediu que o Ministério da Fazenda desminta as mentiras que estão sendo veiculadas em relação ao texto e seja propositivo para solucionar o problema da dívida dos estados. “Eles próprios, governo e Ministério da Fazenda, reconhecem que essa dívida é impagável nos moldes que está”, concluiu o senador.

Nesta sexta, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que concorda com a renegociação dos débitos, mas disse que a solução não pode “prejudicar as contas federais”.

“Eu penso que 4% de juro real em cima do IPCA é insustentável. Eu sou a favor (da renegociação). Eu entendo o pleito dos governadores. Mas você precisa fazer um jogo que acomode as contas estaduais sem prejudicar as contas federais”, analisou o ministro.

###
NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Enfim, um problema fácil de solucionar, basta reduzir os juros, deixando apenas a recomposição da inflação. O que não pode é o governo federal cafetizar os Estados, obtendo altos lucros sobre os empréstimos a Estados e Municípios. (C.N.)

No mundo atual, conceitos de esquerda e direita já não fazem muito sentido

Charge do Zé Dassilva: de direita ou de esquerda? - NSC Total

Charge do Zé Dassilva (NSC Total)

Hélio Schwartsman
Folha

Os conceitos de esquerda e direita ainda fazem sentido? Cada vez menos. Mesmo assim continuamos a usá-los porque permitem que falemos às nossas tribos. Os termos surgiram na França pré-revolucionária, quando tinham precisão geográfica. Os representantes da nobreza e do clero, que defendiam as teses mais conservadoras, se sentavam à direita do rei; os da burguesia, com ideias de mudança, ficavam à esquerda.

Era possível, portanto, prever as posições de um deputado apenas sabendo onde ele se sentava. De lá para cá, o mundo se tornou mais complexo e mais confuso.

MUITOS  EXEMPLOS – É só ver que a plataforma econômica da Reunião Nacional, o baluarte da extrema direita francesa, é muito semelhante à da França Insubmissa, a agremiação da esquerda radical. Vladimir Putin encontra apoiadores tanto à direita quanto à esquerda. A defesa da liberdade de expressão, que já foi bandeira da esquerda, virou da direita.

Fazemos a classificação de quem é o que combinando, de forma pouco consistente, o posicionamento em relação a temas-chave, como privatizações, aborto e imigração, com um critério genealógico. Partidos que nasceram como de esquerda ou de direita carregam essa marca mesmo que se afastem do ideário original.

Haveria formas mais científicas de fazer essa classificação? Sim.

SEIS CONCEITOS – Gosto do sistema concebido por Jonathan Haidt, baseado num núcleo de seis sentimentos morais básicos: proteção, justiça, liberdade, lealdade, autoridade e santidade (pureza). O perfil ideológico de cada indivíduo seria resultado das diferentes proporções desses “ingredientes”. O que normalmente chamamos de esquerda enfatiza os dois primeiros. A direita faria uma mistura de todos os seis.

O problema desse sistema é que ele não pegou. Ele gera diagnósticos granulares, que, se ganham em precisão, perdem ao deixar de lado as delícias do enquadramento binário, cuja imprecisão intrínseca nos permite usar os termos direita e esquerda como elogio ou xingamento, ao sabor das preferências de nossa tribo.

Nova série de gafes de Biden aumenta a pressão contra sua candidatura

Todas as Supremas Cortes se submetem a Códigos de Ética, menos o nosso STF

Tribuna da Internet | Nessa briga contra o Congresso, seria ótimo se o STF aceitasse um recuo

Charge do Bier (Arquivo Google)

Conrado Hübner Mendes
Folha

Uma síntese universal da ética judicial: não basta ser, é preciso parecer. Em nome da instituição, é preciso parecer imparcial, íntegro e independente. Um Judiciário republicano busca tanto a fumaça do bom juiz quanto o bom juiz.

O ethos judicial brasileiro forjou uma alternativa: não basta ser antiético, é preciso parecer antiético e participar de festivais da juspornografia. Não pela instituição, mas pelos prazeres da carne magistocrática.

SUPERCIDADÃOS – Juízes têm deveres especiais em relação ao cidadão comum. Não por serem indivíduos especiais, mas por integrarem instituição particular. Não se tornam subcidadãos por terem deveres especiais, como alguns gostam de reclamar, mas o contrário. São supercidadãos, e por isso recebem super-responsabilidades.

Não precisam ser monges, ermitões, vestais, heróis morais presos a demandas super-rogatórias, como a filosofia da virtude chama aqueles que fazem mais do que a ética manda. São funcionários públicos e têm compromisso com instituição de Estado.

A história e o mundo contemporâneo oferecem múltiplos códigos de ética. Suas listas de princípios variam no nome e na quantidade, mas comunicam as mesmas exigências.

DIZ A ONU – Em 1985, a ONU estabeleceu os seus “Princípios Básicos sobre a Independência Judicial”. Destacou a imparcialidade e a ação livre de “influências impróprias”.

Em 2002, a ONU avançou na construção dos “Princípios de Conduta Judicial de Bangalore”, o maior esforço internacional para definir parâmetros comuns de ética judicial. E estabeleceu seis princípios: independência, imparcialidade, integridade, propriedade (propriety), igualdade, competência e diligência.

A Cúpula Judicial Ibero-Americana publicou em 2006 o “Código Ibero-Americano de Ética Judicial”. Juristas do continente redigiram código-modelo com 13 princípios: independência, imparcialidade, motivação, conhecimento, justiça e equidade, responsabilidade institucional, cortesia, integridade, transparência, segredo profissional, prudência, diligência e honestidade profissional.

ADVERTÊNCIA – A Comissão de Veneza, em 2010, em relatório, prescreveu que “juízes não devem se colocar numa posição em que sua independência e imparcialidade podem ser questionadas”.

O direito a um tribunal “independente e imparcial”, a propósito, está previsto na Declaração Universal de Direitos Humanos (1948), no Pacto Internacional de Direitos Civis e Políticos (1966) e na Convenção Europeia de Direitos Humanos (1950). É o dever de juízes se vincularem à ética judicial, de serem e parecerem independentes e imparciais.

A Suprema Corte americana adotou código recente. Prevê cinco “cânones”. Entre eles, que juízes “evitem a impropriedade e a aparência de impropriedade” e desempenhem sua função de maneira “equitativa, imparcial e diligente”.

STF É EXCEÇÃO – Pesquise códigos de ética judicial pelo mundo: da Alemanha à África do Sul; da França e Itália à Índia e Austrália; de Tonga a Tuvalu, do México a Argentina. Todos adotam. Mas o STF resiste a adotar o seu código sob o argumento de que os ministros já são éticos.

A sociedade resolveu entregar ao STF os seguintes princípios: Menos arbitrariedade e indiferença ao sofrimento de grupos e indivíduos mais violados na sociedade brasileira; menos agenda lotérica e jurisprudência lotérica vendidas como “segurança jurídica”; menos individualismo monocrático; menos parentismo e nepotismo; menos promiscuidade com o alto poder econômico e político, menos libertinagem com a advocacia lobista; menos boquirrotismo e incontinência verbal.

OUTROS INDICATIVOS – Mais imparcialidade, responsabilidade e integridade; mais colegialidade e institucionalidade; mais transparência procedimental e jurisprudencial.

Se possível, um pouco de boa escrita, sem eruditismo, enciclopedismo e diletantismo; um mínimo de evidência empírica quando o argumento for empírico, um mínimo de consistência analítica quando o argumento for doutrinário.

Princípios servem como bússola de entrada. Indicam o norte e o sul, mas não conseguem resolver todos dilemas éticos. Ainda faltam as regras que desçam ao detalhe das criativas modalidades antiéticas de ministros do STF.

“A mão que toca um violão, se for preciso, faz a guerra, mata o mundo, fere a terra”

Dia 06/08 foi aniversário do poeta Paulo Sérgio Valle, que escreveu esta  obra prima com seu irmão Marcos Valle. 👏👏🎂🎶 | Facebook

Paulo Sérgio e Marcos, dois mestres

Paulo Peres
Site Poemas & Canções

O cantor, instrumentista, arranjador e compositor carioca Marcos Kostenbader Valle e seu irmão Paulo Sérgio retratam na letra de “Viola Enluarada” um protesto contra a ditadura militar, na época, vigente no Brasil desde 1964. A música foi gravada por Marcos Valle no LP “Viola Enluarada”, em 1967, pela Odeon.

VIOLA ENLUARADA
Marcos Valle e Paulo Sérgio Valle

A mão que toca um violão
Se for preciso faz a guerra,
Mata o mundo, fere a terra.
A voz que canta uma canção
Se for preciso canta um hino,
Louva à morte.
Viola em noite enluarada
No sertão é como espada,
Esperança de vingança.
O mesmo pé que dança um samba
Se preciso vai à luta,
Capoeira.

Quem tem de noite a companheira
Sabe que a paz é passageira,
Prá defendê-la se levanta
E grita: Eu vou!

Mão, violão, canção e espada
E viola enluarada
Pelo campo e cidade,
Porta bandeira, capoeira,
Desfilando vão cantando
Liberdade.

Quem tem de noite a companheira
Sabe que a paz é passageira,
Prá defende-la se levanta
E grita: Eu vou!
Porta bandeira, capoeira,
Desfilando vão cantando
Liberdade.
Liberdade, liberdade, liberdade…

Treinador do Uruguai diz algumas verdades sobre o futebol que se joga hoje

Marcelo Bielsa defende sua equipe apesar de sequência de derrotas – CONMEBOL

Marcelo Bielsa é uma lenda como craque e como técnico

Juca Kfouri
Folha

Então, o técnico do Uruguai, que não olha para os jornalistas nas entrevistas coletivas, por timidez ou aborrecimento, levantou os olhos quando ouviu o repórter brasileiro citar o nome de Telê Santana, com quem cruzou na decisão da Libertadores de 1992 ao dirigir o Newell’s Old Boys, vitória na ida por 1 a 0, derrota no Morumbi pelo mesmo placar, e triunfo tricolor nos pênaltis para valer a primeira taça do São Paulo.

Marcelo Bielsa, El Loco Bielsa, chamado de “o treinador dos treinadores”, guru de Pep Guardiola, admirado por Jorge Valdano –o campeão mundial pela Argentina em 1986 como atacante, multicampeão pelo Real Madrid em campo e no banco e colunista do nível de Tostāo–, olhou na direção de onde veio a pergunta e desabafou, nem um pouco preocupado em respondê-la, mas em marcar posição:

###
REFLEXÕES DO TREINADOR DOS TREINADORES

Você se lembra da escalação do São Paulo? Com um treinador monumental e uma formação de jogadores de seleção brasileira. Vejam o que se passou com o pobre futebol sul-americano. Lá jogavam Raí, Antônio Carlos, Ronaldo, Cafú, Pintado, Elivélton, Muller, todos no futebol local, todos jogadores ‘europeus’, que antes de irem à Europa jogaram duas finais de Copa Libertadores”, recorda, acrescentando:

O que aconteceu com o futebol? Não me ponho na obrigação de contestar com lugar-comum, de forma evasiva. Com o futebol, que é propriedade do povo essencialmente… Por quê? Os pobres têm pouca possibilidade de acesso à felicidade porque não dispõem de dinheiro para comprá-la. O futebol, como é gratuito, popular, permite.”

Esse futebol, que era uma das poucas coisas que os pobres mantinham, já não mantém mais. Porque, aos 17 anos, Endricks vão embora [e fez referência também a Estêvão]. Que lástima que eu tenha que dizer hoje algo que só vai me trazer críticas.”

Antes, ao responder outra pergunta, tinha dito: “Cada vez mais gente assiste ao futebol, mas ele fica cada vez menos atraente. Não se privilegia o que tornou esse jogo o esporte número um do mundo. Ele não protege quem vê. O negócio é muita gente ver o jogo. Mas, enquanto o tempo passa e cada vez mais os futebolistas que merecem ser olhados passam a ser menos vistos, e cada vez o jogo se torna menos agradável, esse aumento artificial dos espectadores vai sofrer um corte. Futebol não é cinco minutos de ação, é muito mais do que isso, é expressão cultural, uma forma de identificação“.

E criticou também os meios de comunicação que não investigam e não desmascaram o que há por trás do futebol ao preferir a fofoca que envolve os personagens mais conhecidos, como seu compatriota Lionel Scaloni, técnico da Argentina, ou Vinicius Junior.

COMO GALEANO – Em bom português, ou melhor, em bom espanhol, era Bielsa quem falava, mas parecia o escritor Eduardo Galeano, que ficaria feliz em vê-lo dirigindo a Celeste.

Inegável o romantismo, o idealismo quase ingênuo, a utopia diante do mundo globalizado em que os países periféricos exportam commodities, pé de obra, no caso, e veem os torneios europeus na televisão ou nos apetrechos do mundo digital.

Bielsa lamenta o desaparecimento do futebol raiz ao mesmo tempo em que vive o futebol globalizado. E chora a exclusão dos excluídos.

Sabe, como dizia Galeano, que a utopia faz andar em frente porque, quando estamos perto de atingi-la, se afasta e obriga nova caminhada.

Em matéria de coincidência, não existe nada igual aos inquéritos de Bolsonaro

Como disse Barroso: “Perdeu, mané, não amola”. Se cuida Bolsonaro, Xandão vai te pegar! - por Emanuel Cancella - Tribuna da Imprensa Livre

Charge do Fr@nk (Arquivo Google)

Carlos Newton

O comentarista Duarte Bertolini diz não ter a menor simpatia por Jair Bolsonaro, mas leu numa reportagem sobre as joias das arábias que a análise de todo o relatório da Polícia Federal registra que o apontamento final de desvio para venda foi de apenas 68 mil dólares.

 “Desvio é desvio, roubo é roubo, mas parece um exagero fazer todo este carnaval e chamar este valor de estrutura para caixa 2” – ironiza Bertolini, acrescentando: “Óbvio que aceitar a apropriação de patrimônio público como sendo seu é criminoso, mas o alarido (se verdadeira esta versão do relatório) é desproporcional e soa como mais uma ação dos amigos do rei.

COINCIDÊNCIAS – Dou apoio a essa posição de Bertolini e também estou estranhando essa situação. Por exemplo, gosto de coincidências e acho divertido acontecer três importantes denúncias quase ao mesmo tempo – ou melhor, em perfeita sequência. Primeiro, o caso das vacinas; em seguida, as joias das arábias; e, por fim, a tal Abin Paralela, com intenso vazamento de possíveis provas, promovendo julgamentos antecipados na opinião pública, que desvirtuam inteiramente o sentido da Justiça. Detalhe: Todos os três inquéritos visam a arrebentar com Bolsonaro e sua trupe.

Assim como Duarte Bertolini, também não tenho a menor simpatia por Bolsonaro, a quem conheço pessoalmente e desde sempre o considero um completo idiota.

Mas não embarco de cara nessas armadilhas criadas pela equipe de Moraes e pelos policiais federais que há anos estão à disposição do Supremo, conduzindo o famoso inquérito do fim do mundo, aquele que não acaba nunca e serve para prisões altamente dispensáveis.

PRISÕES INDEVIDAS – Vejam o que aconteceu com esses cinco bolsonarianos, apanhados nesta quinta-feira pelos federais. Foram presos sem acusação formal e sem a concordância prévia do Ministério Público.

Todos eles têm domicilio conhecido, não estão foragidos de nada, não ameaçam a segurança pública nem têm como atrapalhar as investigações. A ordem partiu direto do ministro Moraes, aquele que há mais de cinco meses mandou prender equivocadamente Filipe Martins, ex-assessor do presidente Bolsonaro.

A Procuradoria-Geral da República já pediu a soltura, porém Moraes, o censor-geral da República (no dizer de Dias Tofolli), bate o pezinho no chão e diz: “Não solto, não solto e não solto!”.

###
P.S. – Em qualquer país democrático, esse tipo de  situação seria inadmissível. (C.N.)

Moraes e a PF erraram grotescamente e agora têm de libertar Felipe Martins

Os riscos para o governo no STF e no Congresso - Época

Moraes busca uma razão para deixar Martins preso

Caio Vinícius
Poder360

O ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes deu 48 horas para que a PF (Polícia Federal) informe se o ex-assessor do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) Filipe Martins, preso desde fevereiro (entenda mais abaixo), usou o celular de 30 de dezembro de 2022 a 9 de janeiro de 2023.

A decisão é de quarta-feira (dia 10). Para isso, Moraes então solicitou que a corporação informe se houve extração de dados do celular do ex-assessor no período, um dia antes da viagem de Bolsonaro aos EUA (30 de dezembro de 2022) e um dia depois dos atentados de 8 de Janeiro.

TIM CONFIRMA – A decisão do ministro se dá depois de a Tim enviar dados de geolocalização de Martins. Em documento ao STF, a operadora confirmou que o aparelho telefônico do ex-assessor esteve ligado no Brasil em 31 de dezembro de 2022, um dia depois da suposta viagem do ex-assessor com o ex-presidente para Orlando, na Flórida (EUA).

 Moraes estabeleceu o prazo de 5 dias depois de a PF encaminhar as informações para que a defesa de Filipe Martins se manifeste e a PGR (Procuradoria Geral da República) encaminhe parecer.

Em petição a Moraes, o ex-assessor de Bolsonaro permitiu a quebra de seu sigilo telemático para comprovar sua permanência no Brasil, o que contraria o argumento da PF.

DADOS DO CELULAR – Leia abaixo a data e local dos dados de geolocalização de Filipe Martins em 31 de dezembro de 2022: 16h56m17s – Park Way, região administrativa de Brasília, a 10 km do aeroporto da capital federal;

19h56m44s – Jardim Alvorada, Ponta Grossa (PR), a 50 km da capital paranaense. O horário de geolocalização do celular de Martins condiz com o horário da partida do voo para Curitiba, que os advogados dizem que o ex-assessor realizou em 31 de dezembro de 2022. A Latam confirmou que Filipe Martins embarcou para a capital paranaense.

Isso significa que o ex-assessor de Bolsonaro foi preso com indícios frágeis em 8 de fevereiro de 2024 na operação Tempus Veritatis e até hoje segue detido.

ESTAVA “FORAGIDO” – A prisão foi autorizada sob o argumento da PF, aceito por Moraes, de que Martins estaria foragido e havia risco de ele fugir do país. O “risco de fuga” teria sido embasado pela suposta viagem para a Flórida em 30 de dezembro de 2022, mas essa informação nunca foi comprovada pelas autoridades do Brasil nem dos Estados Unidos.

O relatório da PF que cita possível evasão do país “para se furtar de eventuais responsabilizações penais” está na decisão de Moraes. Leia abaixo o que está no documento, que levanta dúvidas sobre a própria afirmação da PF:

O nome de FILIPE MARTINS também consta na lista de passageiros que viajaram a bordo do avião presidencial no dia 30.12.2022 rumo a Orlando/EUA. Entretanto, não se verificou registros de saída do ex-assessor no controle migratório, o que pode indicar que o mesmo tenha se evadido do país para se furtar de eventuais responsabilizações penais. Considerando que a localização do investigado é neste momento incerta, faz-se necessária a decretação da prisão cautelar como forma de garantir a aplicação da lei penal e evitar que o investigado deliberadamente atue para destruir elementos probatórios capazes de esclarecer as circunstâncias dos fatos investigados.”

PRISÃO ILEGAL – A informação de que Filipe Martins teria embarcado para os EUA, como se observa, não havia sido confirmada – mas a prisão havia sido requerida mesmo assim.

Sobre “a localização do investigado” ser “incerta”, a PF desconsiderou fotos do ex-assessor de Bolsonaro publicadas em perfil aberto na internet, anexadas ao inquérito.

Além disso, quando Martins foi preso, a PF soube onde procurá-lo: no apartamento de sua namorada em Ponta Grossa (PR), a 117 km de Curitiba – logo, o seu paradeiro era conhecido. Ele hoje está no Complexo Médico Penal de Pinhais (PR), o mesmo onde ficavam os presos na operação Lava Jato.

###
NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Chega a ser ridículo ver o ministro Alexandre de Moraes tentando encontrar um motivo para manter a prisão de Filipe Martins. Tudo isso em nome da vaidade e da soberba, porque no Brasil ministro do Supremo não erra. Mas quando erra, ele logo arranja um jeitinho brasileiro de mostrar que não estava errado. Realmente, é constrangedor e patético. (C.N.)

Todo mundo que morre em serviço ou por causa dele estaria usando botas

Maria Lenk morreu na piscina, dando uma aula de natação

Ruy Castro
Folha

Outro dia, passei para mim em DVD o clássico “O Intrépido General Custer” (1941), de Raoul Walsh, com Errol Flynn. Conta a história do massacre de um regimento da cavalaria americana pelos sioux e cheyennes em 1876 —o único filme em que os índios ganham no fim. O título original, “They Died With Their Boots On”, se refere ao fato de que os soldados morreram de botas, ou seja, em missão.

Mas não é preciso ser soldado americano para morrer de botas. Todo mundo que morre em serviço ou por causa dele morre, metaforicamente, de botas.

MUITOS EXEMPLOS – O fabuloso artista gráfico J. Carlos, o maior capista da imprensa, enfartou na prancheta, desenhando, com a pena na mão, em 1950. Outro grande capista brasileiro, só que de livros, Enrico Bianco, em 2013, sentiu que ia morrer e pediu que lhe dessem uma pena para segurar. Deram e ele expirou.

A nadadora Maria Lenk, glória do esporte nacional, morreu na piscina, dando uma aula, em 2007. Portinari morreu envenenado pelo chumbo contido em suas tintas, em 1962. E Gilberto Cardoso, presidente multicampeão do Flamengo, morreu de enfarte provocado por uma cesta rubro-negra, a três segundos do fim de um jogo de basquete no Maracanãzinho, em 1955.

MAIS, AINDA – O cientista Alvaro Alvim, pioneiro da radiologia, morreu horrivelmente de exposição à radioatividade, em 1928. Houdini, o homem das mil façanhas, morreu de apêndice rompido pelos socos no abdômen que aceitou receber de um desafiante, em 1926.

Há quem acredite que o padre Bartolomeu de Gusmão, o “Padre Voador”, tenha morrido ao saltar de um penhasco com um par de asas grudado com cera ao seu corpo. Ao se aproximar do sol, a cera teria derretido e ele caiu lá de cima. Mas quem morreu assim foi Ícaro, herói da lenda grega. Gusmão era um inventor de balões, mas morreu prosaicamente em terra firme, em 1724.

E Jesus Cristo —com todo respeito— também morreu durante o trabalho.

Lula diz que não é serviçal de ricaços, mas sabe servir a Joesley e Wesley Batista

Wesley e Joesley Batista: os campeões nacionais do calote

Com ajuda de Lula, o dinheiro da JBS logo se multiplica

J.R. Guzzo
Estadão

O presidente da República, num dos seus últimos acessos de autoadoração em público, disse que não tem de prestar contas “a nenhum ricaço deste país”. É mais um momento extremo de confusão de identidade. Estava falando de si próprio, mas descreveu uma pessoa que não é ele, o presidente Lula – e que não faz, no mundo das realidades, o que ele está fazendo desde o começo do seu governo.

A verdade é o contrário do que diz. Se há alguém neste país que presta conta a ricaço é ele mesmo, em pessoa e o tempo todo. São os fatos. Seu último presentão aos bilionários amigos, e amigos dos amigos, é o ato de doação que fez para o Grupo J&F, dos irmãos Joesley e Wesley Batista.

MEDIDA PROVISÓRIA – Foi nada menos que uma medida provisória que cobre pagamentos devidos pela Amazonas Energia a termelétricas compradas há pouco pela Âmbar, uma empresa do grupo no setor de energia. O custo vai ser pago nas contas de luz do público em geral durante os próximos quinze anos.

Medida provisória, para ajudar a vida de uma empresa privada – e ainda por cima enrolada até o talo em processos por corrupção na justiça? É coisa que só se faz em urgências que afetam gravemente o interesse nacional. Mas a J&F, como outras empresas amigas desse grande arco que vai da Odebrecht à Sete Brasil, faz parte do bioma natural de Lula e de seus operadores no governo.

É ali que se dá o grande encontro de águas entre os interesses privados e o Tesouro Nacional – e esse caso do socorro às necessidades da Âmbar é mais uma demonstração prática do que acontece na vida real do “Brasil Que Voltou” quando Lula se senta para conversar a sério com os ricaços.

TUDO ÀS CLARAS – Não se procura, nem mesmo, cuidar das aparências mais constrangedoras. Na história das termelétricas, diretores da J&F estiveram dezessete vezes no Ministério das Minas e Energia ao longo dos onze meses que precederam a edição da medida provisória – sempre fora da agenda oficial, o que não melhora a coisa em absolutamente nada.

Agora em maio, inclusive, os próprios irmãos Batista e o próprio presidente da República se encontraram em tête-à-tête no Palácio do Planalto. Nove dias antes da medida provisória, para completar, o ministro das Minas e Energia e o presidente da Âmbar tiveram uma reunião extraoficial.

O ministro, depois que a história veio a público, teve a bondade de explicar que uma coisa era uma coisa, outra coisa era outra coisa, e que nenhuma das duas tinha nada a ver entre si.

NADA A VER – Segundo ele, as dezessete visitas reservadas que os diretores da Âmbar fizeram ao Ministério das Minas e Energia não têm relação com a medida provisória que o mesmíssimo Ministério elaborou em favor da empresa.

Foi tudo uma coincidência, diz o ministro. Outra coincidência, pela narrativa oficial, foi que a J&F fechou o negócio de compra das usinas termelétricas, por R$ 4,7 bilhões, logo após a apresentação da medida provisória em seu benefício.

O mais bonito da história, como de costume, é que o dinheiro necessário para isso tudo não caiu da árvore. Vai sair, mais uma vez, diretamente do bolso do cidadão para o bolso dos favorecidos – podem ficar dizendo “veja bem” pelo resto da vida, mas o fato objetivo é esse. No seu manifesto contra “os ricos” (no qual foram incluídos nominalmente “os banqueiros”), Lula disse que tinha de “prestar contas ao povo pobre”.

TUDO AO AVESSO – O presidente é herói histórico dos grandes bancos; não há ninguém que admirem tanto neste país. E as “contas ao povo pobre” de que Lula falou só podem ser as contas de luz – são elas que terão de ser aumentadas durante os próximos quinze anos para ajudar a vida da J&F.

Conta de luz nunca é problema para quem tem dinheiro; rico, aliás, nem sabe dizer quanto pagou no último boleto. Mas é um tormento real, permanente e inevitável para os pobres que Lula diz defender. Quem ele defende mesmo, como se vê mais uma vez na prática, são os bilionários. Os pobres de verdade ficam com as esmolas – e mais o problema da conta de luz.

É coisa de escroque. O escândalo da Âmbar não é um acidente isolado num governo de justos. É único resultado possível da opção que Lula tomou desde sua entrada na política. Para empreiteiras, banqueiros e gente como os irmãos Batista, tudo que o dinheiro público pode fazer. Para a pobrada, mentira serial e as migalhas que caem da mesa dos paxás.

Ultradireita assusta na França, mas no Brasil é normalizada e avança mais fácil

O que podemos aprender com a vitória da esquerda na França – Opinião –  CartaCapital

Há décadas a direita francesa ainda tenta chegar ao poder

Vinicius Torres Freire
Folha

Alguns brasileiros estão entretidos com as reviravoltas da política francesa. Alguns estiveram alarmados com as ameaças à liberdade, à igualdade, à fraternidade e à dignidade humana em geral, postas em risco pela possibilidade de vitória do partido Reunião Nacional, de Marine Le Pen, de ultradireita ou o nome que se dê.

Um rótulo político qualquer não vai esconder que se trata de um partido adversário da república, ideia para a qual jamais demos muita bola, mas que na França ainda comove muita gente. A república envolve princípios e direitos reais e muito caros para massas de pessoas; sua instituição periclitou por um século e meio e custou muito sangue e guerra civil.

TENTATIVAS – Faz menos de dois anos, vimos aqui no Brasil assaltos até contra o direito de termos um sistema eleitoral democrático, que é um meio para se chegar a uma democracia substantiva e à verdadeira república.

O líder do golpe contra as eleições é o maior líder político do país além do presidente da República. Trata-se, claro, de Jair Bolsonaro, que proclamou em público que cancelaria eleições —e muito mais. Quanto ao caráter republicano do presidente das trevas, basta lembrar sua pregação do genocídio, da guerra civil, da tortura, o preconceito criminoso contra indígenas, mulheres etc.

Em menos de dois meses, começa a campanha eleitoral municipal. Não é possível saber ainda, quantos dos candidatos serão liderados ou vão aderir a Bolsonaro, tal como o fez o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes. Sabe-se que a maioria do centrão direitão que domina prefeituras e Congresso já sustentou o governo Bolsonaro, é adepto do seu programa ou vai se valer de seu apoio.

EM ALTA – O centrão direitão e suas alas mais bolsonaristas tiveram sucesso em 2020 e 2022, base do seu domínio e expansão políticos. Não têm programa quanto a questões essenciais: gasto público e impostos, transição energética, saúde pública, devastação ambiental etc.

No essencial, não importa muito se as coisas continuarem como estão desde que tenham mais poder sobre o Orçamento (emendas gastas à matroca) e fundos para feudalizarem a política. São pontas de lança do movimento que vai esgotar todo o Orçamento até que governo e Estado se tornem inviáveis, daqui a um lustro, talvez.

Quanto à ideia maior de república, jamais foi uma preocupação nacional explícita, se foi preocupação. Agora, se trata de acabar com a possibilidade de que tenhamos uma, dado a liderança normalizada de um golpista e do avanço de suas tropas contra os direitos mais elementares.

FEDERAÇÃO – República, aqui, fazia parte do nome do golpe militar que derrubou o império agrário escravista de Pedro 2º e é parte do nome oficial do país, República Federativa do Brasil. Por falar nisso, diga-se, de passagem, que tratamos mais de “federação” do que de república, pois está em jogo o interesse de elites regionais e dos centrões.

República está longe de haver, pois os direitos mais básicos, como os civis ou mesmo o direito à vida não se estendem a massas de pobres, ainda menos se pretos e pardos. São pessoas largadas em calabouços sem processos ou advogados, assassinadas aos montes pelo crime privado ou estatal, discriminados negativamente até por serem discriminados (sic), pois condenados à pobreza e outras opressões.

A república depende de direitos sociais. Um dos mais básicos é o direito universal à escola, que não havia na prática faz meros 30 anos e, substantivamente, ainda não há, dada a educação péssima e muito desigual. Enfim, deu para entender. A democracia e a república estão sob ataque contínuo e despercebido. O maior cabo eleitoral do país é golpista. Como se fosse normal.

Indiciamento de Bolsonaro deve influir muito pouco nas eleições municipais

Bolsonaro indiciado: saiba o que acontece a partir de agora | Metrópoles

Bolsonaro responderá a processo se a Procuradoria determinar

Deu na CNN

O indiciamento do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) no caso das joias não será um divisor de águas para definir as eleições municipais, avaliou nesta sexta-feira (5) ao programa WW, da CNN Brasil, o cientista político Cristiano Noronha, vice-presidente da consultoria Arko Advice.

Na quinta-feira (4), a PF indiciou Bolsonaro e outras 11 pessoas por associação criminosa, lavagem de dinheiro e apropriação de bens públicos pela venda de joias da Arábia Saudita, presenteadas ao governo brasileiro e, posteriormente, negociadas nos Estados Unidos.

PARTE DA QUESTÃO – “Então, eu acho que esse indiciamento é uma parte da questão, mas ele não é, vamos dizer assim, o divisor de águas para definir as eleições nos municípios brasileiros”, disse Noronha.

De acordo com o cientista político, o tema será apontado pelos adversários dos candidatos apoiados por Bolsonaro, e eles terão que responder.  “O ex-presidente Jair Bolsonaro ainda permanece com capital político muito expressivo. Vale dizer que essa questão das joias, por exemplo, que é de fácil compreensão do eleitorado. Mas tudo isso já foi muito abordado, isso já foi muito tratado pela imprensa”, prosseguiu.

“A gente continua percebendo que alguns institutos, em simulações de voto para um presidente da República, inclusive mostra um ex-presidente Jair Bolsonaro liderando as pesquisas. Então, isso deve ter um efeito limitado. O prestígio de Bolsonaro ainda continua muito alto”, explicou.

PROTOCOLADO – Integrantes da Polícia Federal (PF) estiveram na tarde desta sexta no Supremo Tribunal Federal para protocolar o relatório final do inquérito.

O material será digitalizado e enviado ao gabinete do ministro Alexandre de Moraes, relator do caso. Moraes então pedirá a manifestação da Procuradoria-Geral da República (PGR) sobre o relatório da PF.

O programa WW vai ao ar de segunda a sexta-feira, às 22h, com edição especial aos domingos no mesmo horário. O programa debate os temas mais relevantes e complexos dos noticiários de uma maneira objetiva e, ao mesmo tempo, aprofundada.