Lula defende a candidatura trôpega de Biden e diz que “votaria nele”

Em dia de julgamento no TSE, Bolsonaro aciona STF contra Lula | Metrópoles

Lula acha normal Biden forçar candidatura aos 81 anos

Karolini Bandeira
O Globo

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou a comentar sobre a candidatura à reeleição do presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, afirmando que “votaria nele” se fosse um eleitor do país. Em 27 de junho, Biden teve um desempenho desastroso em debate contra Donald Trump e justificou que estava doente.

O presidente brasileiro retomou os comentários feitos nas últimas semanas, sobre a decisão de concorrer ou não à Presidência americana caber somente a Biden.

DISSE LULA — “Somente o Biden se conhece bem, somente ele sabe se ele pode ou não pode (concorrer). Ele tem que tomar a decisão (…) mas se eu fosse eleitor americano, eu votaria nele” — declarou Lula a jornalistas em Assunção nesta segunda-feira.

Pressionado a abandonar a candidatura à reeleição nos EUA, Joe Biden reconheceu o mau desempenho no debate contra Trump em 27 de junho. Na primeira entrevista na TV desde então, disse na sexta-feira que “estava exausto” e “doente” no dia do embate, e que chegou a ser submetido a exames antes de entrar no palco.

Apesar da pressão, o presidente não parece disposto a abandonar a disputa, e afirmou, em sua primeira entrevista após o debate, que só desistiria “se Deus Todo Poderoso” pedisse diretamente para ele.

NÃO DESISTE – Em carta a aliados do Congresso, divulgada nesta segunda-feira, Biden reiterou que estava “firmemente comprometido em permanecer na disputa”, uma mensagem aos aliados no Capitólio que têm vindo a público pedir para que abandone a corrida presidencial.

 O presidente também ligou para o programa Morning Joe, da rede MSNBC, para afirmar que não se importava com nenhum dos “grandes nomes” que o pressionavam.

“Se algum desses caras acha que eu não deveria concorrer, concorra contra mim” — afirmou, desafiando: “Anuncie sua candidatura a presidente. Desafiem-me na convenção em agosto”.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Joe Biden é uma derrota antecipada; Lula da Silva, também. A longevidade é inimiga da política. Nenhum governante se reelegeu com a idade que Biden e Lula pretendem: 81 anos. No caso de Lula, essa idade será completada antes do segundo turno, em 27 de outubro de 2026. Alegam que estão se sacrificando em nome do país, mas é apenas em nome da vaidade e da ambição. C.N.)  

Caso das joias apressa a escolha do candidato que substituirá Bolsonaro 

17/02/2024 - Cláudio de Oliveira | Folha

Charge do Cláudio Oliveira (Folha)

José Casado
Veja

Procura-se um substituto para Jair Bolsonaro. A principal exigência é que tenha capacidade de unir as forças da direita. Embora evidente, o tema foi vedado e o debate interditado na reunião do fim de semana que bolsonaristas promoveram em Camboriú, Santa Catarina.

“A gente tem de ser paciente na atribulação”, sugeriu o governador paulista Tarcísio de Freitas, eleito pelo Republicanos. Ele se apresenta relutante, mas é visto como o mais provável herdeiro.

TARCÍSIO NA FRENTE – Fora dos limites estreitos da bolha bolsonarista, Tarcísio tem sido descrito como o político que, talvez, melhor se enquadraria no figurino da liderança da coalizão de direita para a disputa presidencial de 2026. Mas há outros na listagem.

Um deles é Ronaldo Caiado, governador de Goiás, fundador do movimento ruralista e candidato a presidente derrotado na eleição de 1989 — ano em que Bolsonaro estreou na política como vereador no Rio. Caiado já está em campanha.

O problema dos bolsonarista é o tempo. No domingo (7/7) a questão eleitoral de 2026 parecia ter a distância de uma eternidade política, algo como 27 meses adiante. Nas 24 horas seguintes, essa noção de tempo mudou com o enquadramento policial de Bolsonaro em três crimes (peculato, associação criminosa e lavagem de dinheiro) no caso das joias das arábias.

O TEMPO VOA – Era previsível e estava na conta de curto prazo do dono do Partido Liberal, Valdemar Costa Neto, que abriga Bolsonaro. Ocorre que os relógios da política e da justiça operam de forma distinta e, para o político acusado e aliados, cada dia é uma agonia — Costa Neto amargou essa experiência no caso do Mensalão, quando foi condenado à prisão.

Recebido o inquérito, o Supremo deu prazo de quinze dias à Procuradoria-Geral da República para resolver o que vai fazer com o caso, se arquiva ou denuncia Bolsonaro. Pelo rito judiciário, essa decisão pode ser adiada e acabar saindo até a véspera ou depois das eleições municipais.

Para os bolsonaristas, significa ver o chefe exposto e “sangrando” em praça pública. Ele é o principal cabo eleitoral do PL nessa temporada, mas, aonde for, sempre haverá o risco de um adversário se referir aos detalhes condensados pela polícia em duas mil páginas sobre obscuras transações.

JOIAS DAS ARÁBIAS – Uma delas é a apropriação das joias das arábias, propriedade pública, para lucro pessoal com lavagem do dinheiro obtido na venda (1,2 milhão de dólares, ou 6,3 milhões de reais). Outra é a suspeita de uso dessa dinheirama no desvio de bens públicos para custeio de um passeio familiar na Flórida (EUA) com três meses de duração.

Para um político, ser acusado de corrupção com joias no palanque é muito diferente de ser denunciado por conspiração contra o regime democrático — outro caso judicial que ele protagoniza. O efeito tende a ser politicamente radioativo numa disputa eleitoral.

Por isso, a noção de tempo mudou na procura de um substituto para Jair Bolsonaro. O inquérito policial deu, na segunda-feira, um sentido de urgência que não havia até domingo. Líderes de partidos aliados do antigo governo começaram a semana com a certeza de que precisam ajustar rapidamente o relógio da direita e da centro-direita, para que os ponteiros se unam indicando um possível candidato presidencial até novembro, quando a eleição municipal já estará no passado.

Biden reage à pressões internas e confronta o próprio partido

“O brasileiro convive com o escândalo como se fosse o seu pão de cada dia”

Tribuna da Internet | Thiago de Mello jamais aprendeu a lição de aceitar as injustiças sociaisPaulo Peres
Site Poemas & Canções

O poeta amazonense Thiago de Mello (1926-2022) denunciou em versos as agruras da política brasileira, ao compor “Diário de um Brasileiro”, um poema que mostra a realidade de nosso dia a dia.

DIÁRIO DE UM BRASILEIRO
Thiago de Mello

O brasileiro convive bem com o escândalo moral.
Os ladrões infestam os salões de luxo,
os Bancos estouram, os banqueiros
são cumprimentados com reverência,
o Presidente do Congresso chama o senador
de bandido, sim senhor, vossa excelência.

O Presidente diz pela televisão
que “é preciso acabar com a roubalheira
nos dinheiros públicos”.
As pessoas das cidades grandes
vivem amedrontadas, qualquer
transeunte pode ser um assaltante.
As meninas cheiram cola. Depois
vão dar o que têm de mais precioso
ao preço de um soco na cara desdentada.

O brasileiro convive com o escândalo
como se fosse o seu pão de cada dia,
com uma indiferença letal.

Como se dormir na casa com um rinoceronte,
mas rinoceronte mesmo,
fosse a coisa mais natural do mundo,
chegando a cheirar a camélias.

O povo, um dia.
Do povo vai depender
a vida que vai viver,
quando um dia merecer.
Vai doer, vai aprender.

Por que Trump tem imunidade nos EUA e Bolsonaro é inelegível no Brasil?

Pesquisa: maioria dos americanos duvida que Trump aceitará resultado se perder | CNN Brasil

Supremo deu uma imunidade meia-sola a Biden como presidente

Francisco Leali
Estadão

A semana que começou com a Suprema Corte dos Estados Unidos dando imunidade ao ex-presidente Donald Trump de atos praticados no exercício da função de chefe de governo termina com o ex-presidente Jair Bolsonaro indo celebrar quem está à direita ou à extrema dela em terras brasileiras. Acima do Equador, Trump ganhou uma espécie de salvo-conduto para disputar as eleições norte-americanas, enquanto aqui o ex-capitão está inelegível por decisão da Corte que regula o processo de votação, o Tribunal Superior Eleitoral.

Com a direita brasileira toda reunida no fim de semana no balneário de Camboriú certamente se fará a pergunta: se Trump está blindado, por que Bolsonaro segue encurralado pelo Judiciário?

DIRIA JURACY – Há quem queira resgatar a declaração mal-posta do embaixador brasileiro nos EUA, o baiano Juracy Magalhães: “o que é bom para os Estados Unidos, é bom para o Brasil”. A frase fora dita no contexto de 1964, com regime militar instaurado pós-golpe.

Anos depois, o político feito diplomata tentou explicar o mal-entendido lembrando que antes de proferir a frase teria afirmado que os dois países estiverem juntos em duas guerras, portanto, o que é bom…. Prevaleceu, entretanto, a versão de que o dito era um ajoelhar-se perante o irmão do Norte.

Passados 60 anos, lembrar do episódio, com intenção oposta, serve aos bolsonaristas. Afinal, com o Poder Judiciário dos EUA declarando, por maioria, que um presidente não pode ser processado por atos que perpetra com intenção de governar, o mesmo espírito deveria espalhar-se pelo mundo jurídico dos regimes democráticos.

EXEMPLO DE TRUMP – Pode-se argumentar ainda que Trump, entre outras coisas, é acusado de tentar impor sua vontade sobre o processo eleitoral e ainda instigar a invasão do Capitólio. Fatos semelhantes aos imputados a Bolsonaro.

O TSE o fez inelegível por usar o Palácio da Alvorada para contestar o sistema de coleta de votos no País a embaixadores estrangeiros e, num segundo julgamento, por usar atos públicos do 7 de Setembro para tirar proveito eleitoral e ainda instigar as Forças Armadas para estar junto a seus projetos de permanecer no cargo.

Numa decisão questionada por liberais, a Corte dos EUA entendeu que um presidente da República deve ter imunidade de seus atos no cargo, mas não fora dele. Ou seja, se Trump cometeu um crime que não tem relação com o exercício do Poder, pode ser processado e sofrer as consequências jurídicas de uma eventual condenação. Mas o mesmo não vale se o ato for por ter uma visão própria do que cabe ao chefe do Executivo.

DIREITO ROMANO – No meio jurídico, costuma-se dizer que a base do Direito norte-americano é diversa. Nossa fonte, é o direito romano, explicam, e disso decorreria outro modo de agir dos tribunais. Se nos EUA a Constituição redigida ainda no século XVIII não chega a dez artigos, a brasileira de 1988 está, por enquanto, com 137 e segue sendo emendada.

Nossa Carta magna, estabelece que o presidente da República está protegido da caneta de juízes das cortes espalhadas pelo País. Mas deve seguir os atos do Supremo Tribunal Federal. A Suprema Corte é a única com poder para processar o chefe do Executivo brasileiro por seus crimes cometidos no exercício do cargo.

Então, se nos EUA o novo entendimento fala em imunidade, no Brasil o que vale é a foro privilegiado. Ocorre que esse benefício de um tribunal especial vale para o presidente enquanto está no poder, fora dele, o caso deveria estar na mão de qualquer juiz, mas segue sob o manto dos ministros do STF.

VISÃO DIFERENTE – Fica então a última palavra sobre o destino de Bolsonaro na mão do Supremo. Se a Corte estivesse repleta de ministros com o perfil dos que devem comparecer à festa da direita na praia de Santa Catarina, talvez o entendimento pudesse ser outro e o ex-presidente ainda estaria com direitos políticos preservados.

Mas a história por aqui é outra. Bolsonaro, que não gostava de vacina, tratava as Forças Armadas como se fossem suas e instigou seus mais ferozes seguidores a atropelar a Praça dos Três Poderes, por enquanto, está impedido de ter o nome na urna eletrônica.

Na quinta-feira passada, dia 4, a Polícia Federal acrescentou à ficha criminal de Bolsonaro mais um ponto. Ele foi indiciado por suposto crime no caso das joias da Arábia Saudita, caso revelado pelo Estadão. Nesse caso, aquele que fora saudado como mito fora flagrado em posição de quem quer pôr no bolso o patrimônio que é do Estado.

VAI DEMORAR – O caminho do processo criminal ainda levará algum tempo. Não se sabe ainda se vai coincidir com o calendário eleitoral. Ainda assim, Bolsonaro permanece inelegível.

A não ser que o TSE, em 2026, sob o comando dos ministros Nunes Marques e André Mendonça, mude o rumo, por uma liminar ou mesmo decisão do plenário, e libere a candidatura do ex-presidente.

Nesse cenário hipotético, a decisão ainda bateria no Supremo. A confusão estará formada em ano eleitoral se uma corte disser sim e outra não. O imponderável de hoje costuma ser o possível de amanhã.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOGSuprema Corte deu uma imunidade meia-sola a Trump, que só serve para os atos no exercício da Presidência. Falta a Justiça definir quais são esses atos. (C.N.)

Lula sonha em explorar petróleo na Margem Equatorial, mas Marina não permite

Ibama vai reavaliar pedido para explorar foz do Amazonas - Vermelho

Bloco de exploração fica a 540 km de distância da foz do rio

Carlos Newton

Sempre atento, nosso amigo José Guilherme Schossland nos envia uma entrevista do geofísico Sérgio Sacami ao podcast dos Irmãos Dias. Traz informações muito importantes sobre o potencial das reservas de petróleo na Margem Equatorial, que vai do Rio Grande do Norte ao Amapá, onde haveria o dobro das reservas do Pré-Sal, ou muito mais, vejam bem como a natureza nos privilegia.

O presidente Lula da Silva quer a exploração, mas a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, mandou o Ibama recusar a licença à Petrobras, alegando que um possível vazamento iria atingir a foz do Rio Amazonas.

QUATRO VISÕES – Bem, sabe-se que hoje há uma série de narrativas sobre petróleo, cada uma com final diferente. Além da expectativa de que o petróleo vá acabar, já surgiu uma teoria contrária, alegando que a Terra continuará gerando petróleo normalmente, jamais haverá escassez.

Uma terceira versão é de que o uso dos combustíveis fósseis tem de acabar. Ou seja, por questões climáticas e ecológicas, o petróleo terá de ser substituído. Por fim, existe uma quarta tese, de que as mudanças no clima são normais, a Terra esquenta e esfria normalmente, tudo se acomodará.

No meio dessa polêmica maluca, a melhor saída é separar os fatos concretos e as meras conjeturas. A primeira constatação é de que o petróleo pode nem estar acabando no mundo, mas aqui no Brasil está arriscado a rarear. Sabe-se que em mais três anos começa a cair a produção do Pré-Sal, levando o país a perder a autossuficiência. Assim, a Petrobras precisa desesperadamente encontrar novas jazidas e já está conseguindo, mas…

ATRASO DE VIDA – Desculpem a franqueza, porém Marina da Silva deve ser considerada um atraso de vida para o país. O presidente Lula está cansado de saber disso. Antes de assumir, ofereceu o Meio Ambiente a Simone Tebet e tentou criar para Marina o Ministério do Clima. As duas ficaram amigas na campanha e recusaram. Houve pressão internacional, Marina tem mais votos lá fora do que aqui, Lula teve de acabar cedendo.

O resultado aí está. Despreparada e audaciosa, foi ao Fórum de Davos denunciar que o Brasil tem 120 milhões de famintos, o que é uma idiotice inexplicável. Ou seja, a cada dez pessoas que você encontrasse, seis estariam famintas, vejam a que ponto vai a irresponsabilidade dessa ministra.

No caso do petróleo na Margem Equatorial, a ignorância de Marina Silva também é espetacular. A poluição que ela tanto teme  jamais conseguiria atingir o Rio Amazonas, porque o bloco FZA-M-59 fica a 540 km da foz e a força do deságue do rio-mar levaria para o Oceano Atlântico qualquer vazamento.

USO DO PETROLEO – Outra bobajada da patricinha da selva é prever que o petróleo perderá importância como matéria-prima. Pelo contrário, está cada vez mais presente no nosso dia-a-dia e vai acabar substituindo a madeira na indústria de móveis e na construção civil.

Somente esse bloco FZA-M-59 na Margem Equatorial tem o potencial de conter 5,6 bilhões de barris de óleo, o que representaria um aumento de 37% nas reservas brasileiras, atualmente estimadas em 14,8 bilhões de barris.

Mas a ministra Marina Silva não quer, diz não, bate o pezinho e ameaça buscar apoio no exterior. Ela sabe que é indemissível, se deixar o governo vai abalar a imagem de Lula lá fora, certamente daria um jeito de multiplicar o número de miseráveis no país.

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P.S. –
É triste viver num país com tantos problemas sociais e que tem seu desenvolvimento tolhido pelos próprios governantes. No caso do petróleo da Margem Equatorial, o presidente Lula parece estar inteiramente sob domínio de Marina Silva, que faz tempo já deveria ter sido demitida. Mas quem se interessa? (C.N.)

Ministro de Lula terá de “explicar” 17 reuniões com empresa dos irmãos Batista

Dito & Feito: CANDIDATO A NOIVO

Charge do Gilmar Fraga (Gaúcha/Zero Hora)

Gustavo Zucchi
Metrópoles

Deputados da oposição decidiram cobrar do ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, explicações sobre reuniões entre integrantes de sua pasta e da Âmbar Energia, empresa dos irmãos Wesley e Joesley Batista. Até a tarde desta terça-feira (9/7), ao menos dois requerimentos já tinham sido protocolados na Câmara cobrando do ministro explicações sobre as reuniões de membros do ministério com representantes da Âmbar.

O primeiro requerimento foi protocolado pelos deputados do Novo Marcel Van Hattem (RS) e Adriana Ventura (SP). O segundo é de autoria do deputado federal Cabo Gilberto (PL-PB).

17 REUNIÕES – Reportagem veiculada nesta terça pelo jornal O Estado de S. Paulo, o Estadão, revelou que executivos da Âmbar Energia, empresa do Grupo J&F, tiveram ao menos 17 reuniões no Ministério de Minas e Energia.

Essas audiências ocorreram no período em que o governo Lula preparava uma medida provisória (MP) que beneficiou diretamente termoelétricas recém-compradas pela Âmbar Energia.

“Este requerimento de informação tem como objetivo esclarecer detalhes cruciais sobre a elaboração e aprovação da mencionada medida provisória, além de examinar a participação de agentes externos e internos em seu desenvolvimento”, afirmam os deputados do Novo nos requerimentos, que aguardam despacho da Mesa Diretora da Câmara para serem enviados para o Ministério de Minas e Energia, que terá de respondê-los

MEDIDA PROVISÓRIA – Em 14 de junho, o governo Lula editou uma MP que socorre o caixa da Amazonas Energia, cobrindo pagamentos que a estatal devia para uma série de termoelétricas que lhe fornecem energia.

Segundo a MP, os recursos necessários para socorrer a estatal serão bancados pela conta de luz dos brasileiros pelos próximos 15 anos. Assim, ela terá como pagar os débitos que possui com suas fornecedoras da eletricidade.

Quatro dias antes da MP, a Âmbar tinha adquirido 13 termoelétricas. Parte delas tinha débitos a receber da Amazonas Energia. Na aquisição, a empresa dos irmãos Batista assumiu o risco pela inadimplência.

DIZ A EMPRESA – Ao Estadão, a Âmbar classificou como “descabidas” as “especulações” a respeito da MP 2 e o negócio realizado pela Âmbar, mas não revelou o tema das reuniões no Ministério de Minas e Energia.

“São descabidas especulações a respeito da Medida Provisória 1.232 e o negócio realizado pela Âmbar. Não fazem sentido técnico e econômico, por diversos fatores. A Âmbar nunca tratou do tema com o Ministério de Minas e Energia”, afirmou a empresa.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Antigamente as irmãs Batista (Linda e Dircinha) cantavam e alegravam o povo. Agora, os irmãos Batista dedicam-se a roubar o povo, e com a maior desfaçatez, alegando que as situações narradas nada têm a ver com a vida real. O fato é que a volta dos irmãos Batista à ribalta em Brasília é gloriosa, mostrando que o dinheiro manda cada vez mais nos três Poderes apodrecidos da União. Vejam que o problema energético desses amigos de Lula da Silva durou apenas quatro dias, e está sendo resolvido com recursos a serem pagos pelos cidadãos-contribuintes-eleitores, como dizia Helio Fernandes. E ainda proclamam que a corrupção acabou, mas é Piada do Ano. (C.N.).

Blitz eleitoral de Lula é também uma tentativa de reforçar sua própria imagem

Lula em discurso na cidade de Contagem, em Minas Gerais — Foto: Reprodução

Em Contagem (MG), Lula aproveitou e bateu pesado em Bolsonaro

Bruno Boghossian
Folha

Lula nem tentou disfarçar o motivo da visita a Contagem (MG), no fim de junho. Ao lado da prefeita Marília Campos (PT), que vai disputar mais um mandato, o presidente lembrou que a lei eleitoral proíbe a presença de candidatos em inaugurações após 5 de julho. “Então, eu vim aqui hoje para poder fazer neste ano a única coisa pública com você”, explicou.

O petista fez uma maratona antes que a janela se fechasse. Em nove dias, foram 11 eventos oficiais com pré-candidatos a prefeituras estratégicas.

NA FORMA DA LEI – Em quase todos os atos, Lula abriu espaço para os aliados no palanque, soltou elogios e fez acenos pouco discretos, com a promessa de investimentos do governo federal.

Usar o peso da máquina pública para aumentar a exposição de um pré-candidato é uma malandragem autorizada pela lei. Lula lançou mão dessa arma para impulsionar candidaturas de sua base política, mas também para melhorar seu próprio desempenho na votação de outubro.

Resultados de eleições municipais não dizem muita coisa sobre a força dos presidentes. Ainda assim, todos eles preferem governar com uma rede ampla de prefeitos alinhados do que isolados pela oposição. O inevitável embate entre candidatos lulistas e bolsonaristas em municípios importantes amplia a relevância dessas disputas no caso de Lula.

DOIS OBJETIVOS – A blitz do presidente nas últimas semanas indica os terrenos em que ele pretende não apenas ajudar aliados, mas também reforçar seu próprio governo. Além dos sempre disputados territórios de Minas, o petista anunciou obras em capitais como Rio, Recife e São Paulo, além de um cinturão de outras cidades paulistas.

O discurso que Lula levou aos palanques, em modo campanha, também dá uma pista de seu esforço para tentar quebrar barreiras de popularidade neste terceiro mandato.

Em praticamente todos os eventos, o presidente disparou uma mensagem direcionada especificamente à população de baixa renda. “Eu não sou o pai dos pobres, eu sou um pobre que chegou à Presidência”, disse, mais de uma vez.

Na Europa, a extrema direita se organiza ao fortalecer o nacionalismo

INSPER 2016/1 Nessa charge, o recurso utilizado para produzir humor é a -  Estuda.com ENEM

Charge do Nani (nanihumor.com)

Demétrio Magnoli
O Globo

Nos dois lados do Atlântico Norte, a direita tradicional experimenta crises profundas. A interpretação habitual coloca ênfase na ascensão de partidos da extrema direita. Mas a tendência principal é outra: a ocupação do espaço eleitoral da direita democrática e conservadora por uma “nova direita” organizada ao redor do nacionalismo.

O fenômeno manifesta-se nos Estados Unidos pela conversão do Partido Republicano num “partido de Trump”. Desde 2016, o movimento Make America Great Again (MAGA) tomou de assalto a antiga fortaleza republicana. O instrumento da conquista foi o sistema de primárias, pelo qual uma base militante minoritária tem a prerrogativa de selecionar as candidaturas às eleições gerais.

TINHA MENOS VOTOS – Trump nunca alcançou o apoio da maioria dos eleitores. Elegeu-se, oito anos atrás, graças ao mecanismo do Colégio Eleitoral, depois de obter 3 milhões de votos menos que Hillary Clinton. Perdeu para Biden, em 2020, por margem de 7 milhões de votos. Mas, na moldura do sistema bipartidário, o controle do Partido Republicano eleva o chefe do MAGA, um insurrecionista que incitou a invasão do Capitólio, à condição de pretendente viável à Casa Branca.

O MAGA deve ser classificado como extremista, pois ergue-se contra as instituições democráticas dos Estados Unidos. O adjetivo, porém, já não se aplica ao Reunião Nacional (RN), que se consolidou como um dos grandes partidos da França.

O partido nasceu em 1972, como Frente Nacional (FN), fundado por Jean-Marie Le Pen, que fez seu caminho na política a partir de grupos nostálgicos da França de Vichy, o regime colaboracionista instalado na parte não ocupada do país durante a Segunda Guerra Mundial. Mas sua filha Marine tomou o controle do FN em 2011 e, ao longo dos anos, expulsou o fundador, expeliu as correntes extremistas e sanitizou a plataforma partidária. Já não é extremista.

MUDANÇA DE RUMO – Marine vetou o antissemitismo e abandonou o projeto de Frexit, retirada francesa da União Europeia. Numa tentativa de apagar a memória de seus efusivos elogios a Putin, condenou a invasão russa da Ucrânia. Crucialmente, trocou a referência a Vichy pela reverência ao general De Gaulle, líder da resistência antinazista.

A marcha da direita extremista à direita nacionalista destinava-se a capturar a base social da centro-direita histórica, que tinha sua coluna vertebral no partido gaullista. A estratégia funcionou: o eleitorado da direita tradicional moveu-se rumo ao RN. É por esse motivo que o partido de Marine chegou ao limiar do poder, acabando barrado no turno final.

A culpa é dos imigrantes — eis o mantra compartilhado pela direita dura, nas suas versões mais ou menos extremas.

DEPORTAÇÃO – Nos Estados Unidos, Trump promete mobilizar as Forças Armadas para deportar milhões de imigrantes. Na França, o RN desistiu das deportações em massa, sem renunciar a suas marcas distintivas: xenofobia e islamofobia.

Hoje seu compromisso central é cancelar o “direito do solo”, princípio criado pela Revolução Francesa que assegura nacionalidade a todos os nascidos em território francês.

O caso da França não é único. Lá perto, em velocidade maior, Giorgia Meloni reinventa o Irmãos da Itália, uma corrente de origem neofascista, como partido da direita nacionalista, numa operação ainda incompleta. A metamorfose atraiu o eleitorado da direita tradicional, proporcionando-lhe a liderança da coalizão que triunfou nas últimas eleições gerais.

TRABALHISMO – Na outra margem do Canal da Mancha, uma tempestade diferente assola a direita. O Partido Conservador britânico, massacrado pelos trabalhistas, experimenta a defecção de parte de seu eleitorado para o novo partido criado por Nigel Farage.

O Reform UK ancora sua plataforma numa xenofobia histérica, de fundo racista, e abriga chusmas de militantes oriundos do neonazista BNP. Por isso, e apesar de uma votação surpreendente, está circunscrito a um gueto social e político.

A extrema direita, fascista ou neonazista, não bate às portas do poder na Europa. Do ponto de vista dos direitos humanos e da coesão das democracias ocidentais, o perigo verdadeiro encontra-se na metamorfose que gera partidos da direita nacionalista capazes de vencer eleições.

Bolsonaro ironiza PF e espera que outros erros do inquérito sejam corrigidos

BRASÍLIA - PF indicia Bolsonaro pela venda ilegal de joias e falsificação de cartões de vacinação - Notícias PB

Bolsonaro diz que o inquérito está cheio de erros

Tácio Lorran
Estadão

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmou nesta segunda-feira, 8, que vai aguardar “muitas outras correções” por parte da Polícia Federal sobre o inquérito do caso das joias. O relatório final da PF, tornado público pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, indicava inicialmente que as joias desviadas pela associação criminosa ligada a Bolsonaro eram avaliadas em R$ 25,3 milhões.

Após a retirada do sigilo, a PF disse que houve “erro material” e que o valor verdadeiro é de R$ 6,8 milhões.

DISSE BOLSONARO – “Aguardemos muitas outras correções. A última será aquela dizendo que todas as joias ‘desviadas’ estão na CEF [Caixa Econômica Federal], Acervo ou PF, inclusive as armas de fogo”, escreveu Bolsonaro, no X (antigo Twitter).

Em seguida, o ex-presidente afirmou que aguarda a Polícia Federal se posicionar no caso Adélio: “Quem foi o mandante?”.

Em nota, a defesa de Bolsonaro afirmou que os presentes ofertados a um presidente da República obedecem a “rígido protocolo de tratamento e catalogação” e “sobre o qual o Chefe do Executivo não tem qualquer ingerência”.

DIZ A DEFESA – Segundo os advogados, o Gabinete Adjunto de Documentação Histórica (GADH) é responsável pela análise e definição dos bens em patrimônio público ou privado

“Nota-se, ademais disso, que todos os ex-presidentes da Repúblicas tiveram seus presentes analisados, catalogados e com sua destinação definida pelo GADH, que, é bem de ser dito, sempre se valeu dos mesmos critérios empregados em relação aos bens objeto deste insólito inquérito, que, estranhamente, volta-se só e somente ao governo Bolsonaro, ignorando situações idênticas havidas em governos anteriores”, escreveram os advogados Paulo Cunha Bueno e Daniel Tesser.

A defesa cita um relógio Piaget, avaliado em R$ 80 mil, que teria sido recebido de presente por Luiz Inácio Lula da Silva (PT) durante seu primeiro mandato. O bem, contudo, não foi entregue pelo presidente à União, ao fim do seu segundo mandato, tampouco consta na lista de presentes oficiais.

CARTIER DE LULA – Conforme mostrou o Estadão, Lula também ficou com um Cartier Santos Dumont de R$ 60 mil, recebido da França. Neste caso, a área técnica do Tribunal de Contas da União (TCU) entendeu que Lula não precisará devolver o relógio de luxo pois o entendimento não pode ser aplicado de maneira retroativa.

“A despeito de tratar-se de situação absolutamente análoga, inclusive quanto a natureza e valor expressivo do bem, o ministro Alexandre de Moraes, na condição de relator da presente investigação, determinou o pronto arquivamento da representação, em 6 de novembro de 2023, sem declinar as razões que tornariam aquela situação e a do ex-presidente Bolsonaro não”, prossegue a defesa.

Por fim, os advogados afirmam ainda que a defesa se apresentou de forma espontânea ao TCU para pedir que os requeridos bens fossem depositados na Corte de Contas.

ADELIO BISPO – Quanto ao caso Adélio Bispo, a  PF já concluiu, contudo, que Adélio Bispo, autor da facada em Bolsonaro durante a campanha eleitoral de 2018, em Juiz de Fora, Minas Gerais, agiu sozinho.

Em junho, a corporação solicitou o arquivamento do inquérito que apura a facada, mas deflagrou uma operação contra o advogado de Adélio, Fernando Costa Oliveira Magalhães, por suposta ligação com o Primeiro Comando da Capital (PCC).

Segundo a corporação, não há relação entre a tentativa de assassinato e a organização criminosa. O relatório final do caso Adélio foi apresentado à Justiça, que decidirá sobre o andamento das investigações.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
O entendimento da PF sobre as joias é faccioso.  Havia dúvidas sobre bens pessoais ou não. O mesmo raciocínio teria ser aplicado aos outros ex-presidentes, mas Lula ficou com relógio de luxo. Bem, o certo é que Lula e Bolsonaro deveriam ser iguais perante a lei, não é mesmo? (C.N.)

Mercado acreditou no governo Lula e perdeu dinheiro com essa alta do dólar

A charge do dia | Dólar alto

Charge do Sinfrônio (Arquivo Google)

Carlos Alberto Sardenberg
O Globo

Vale o arcabouço fiscal, declarou o ministro Fernando Haddad nesta semana, depois de algumas reuniões com Lula. Não foi fácil. Precisou o dólar bater em R$ 5,70 para o ministro impor ao governo uma espécie de renascimento de sua agenda. Há várias interpretações para o episódio. O arcabouço fiscal, como lembrou Haddad, está fixado em lei complementar desde agosto do ano passado.

Que fosse preciso reiterar isso, quase um ano depois, demonstra que o mercado tinha razão quando desconfiou que o governo Lula, a começar pelo presidente, pretendia driblar as regras do arcabouço para gastar sem limites.

BOLETIM FOCUS – Essa descrença é recente. Há algumas semanas, o Boletim Focus, editado pelo Banco Central, mas resumindo as opiniões dos analistas de fora do governo, previa um cenário positivo para este e para o próximo ano: inflação em queda, juros idem e o dólar, imaginem, estável em R$ 5 até 2026.

Com base nesse cenário, os investidores fizeram suas apostas. Não são bem apostas, mas aplicações financeiras com base em dados e expectativas, com o objetivo de preservar o capital e obter lucros. Não são especulações no vazio. Têm ligação com a economia real.

Se o país crescerá com inflação baixa e ganhos de renda, então o varejo venderá mais. Logo, comprem-se ações das companhias varejistas. De modo mais amplo, se a economia vai bem no presente e tem boas perspectivas para a frente, as empresas ganharão dinheiro. Logo, a Bolsa de Valores é um bom local para colocar seu dinheiro.

HAVIA CONFIANÇA – A atuação do governo, claro, constitui elemento fundamental na formação dos cenários. O governo Lula começou sob certa desconfiança, que se dissipou quando foi aprovada a lei do arcabouço fiscal, prevendo déficit zero nas contas públicas já neste ano. Houve críticas ao modelo, que busca equilíbrio das contas mais pelo aumento da receita que pelo controle de gastos. Mas, tudo bem, pelo menos havia uma meta de equilíbrio fiscal. Mesmo não chegando ao déficit zero, haveria alguma redução no tamanho do buraco.

Como mostrou o economista Marcos Lisboa em artigo na Folha, o cenário implícito nos investimentos dos fundos multimercado, onde se fazem as tais apostas, era de confiança na política econômica. O mercado comprava alegremente papéis que pagavam juros de 5,5% acima da inflação. Lógico, se juros e dólar cairiam.

Danaram-se. Deu o contrário, os fundos multimercado perderam dinheiro. Foram punidos por acreditar na política econômica oficial.

TUDO MUDOU – As expectativas começaram a mudar quando, primeiro, o governo não obteve as receitas necessárias. Segundo, quando continuou gastando. Terceiro, quando anunciou que se não pudesse cumprir a meta de déficit zero, azar. Fica para o próximo ano. O arcabouço não vale, tal era a mensagem.

Aí vem o quarto fator: as falas de Lula atacando o mercado e o Banco Central pela alta moderada do dólar e dos juros futuros. Moderada até então, pois o presidente conseguiu jogar o real ainda mais para baixo.

O presidente e seu pessoal deveriam entender. Se o ambiente financeiro piora com a alta de dólar e juros, de onde tiraram que o mercado queria isso? Os diretores do BC nomeados por Lula obviamente sabiam que os fundos multimercado perdiam dinheiro. Não disseram isso a ele? E Haddad, não via ou não conseguia ser ouvido?

ELES ACREDITAVAM – Resumo: o mercado acreditou que o arcabouço valia e se colocou conforme essa crença; o próprio governo começou a desmoralizar o arcabouço; déficit em alta implica juros mais elevados; desajuste fiscal e ambiente nervoso levaram à alta do dólar e à perspectiva de subida da inflação.

Depois de suadas reuniões, Haddad declara: vale o arcabouço. O tal mercado reage de primeira: cai o dólar, a Bolsa dá um respiro, os juros futuros começam a se acomodar. Sinal óbvio de que o mercado não queria, nem ganhava com o ambiente de descrença na política econômica.

Como fica? Há um alívio, mas condicional. Depende de o governo efetivamente fazer os cortes de gastos que o ministro Haddad diz que serão feito.

Muitos desdobramentos positivos na trajetória do País são frutos do Plano Real

Em 1994, Plano Real domou a inflação | Acervo

Ricúpero e Itamar no lançamento do Plano Real em 1994

Fernando Gabeira
Estadão

Trinta anos de Plano Real nos levam a pensar em muitas coisas. Uma delas, a mais animadora, é saber que o Brasil é capaz de resolver problemas complexos, como a hiperinflação, que até hoje atormenta nossos hermanos argentinos.

Muitos desdobramentos positivos na história recente do País dependeram da atmosfera criada pelo Plano Real. Um deles é a política social da primeira década do século que garantiu a Lula da Silva uma grande fidelidade dos setores mais vulneráveis da população.

PASSO ADIANTE – Nem todos os problemas foram resolvidos ali. A reforma tributária que deve ser aprovada neste ano é considerada um passo adiante na trilha aberta pelo Plano Real. Mas o que se discute com intensidade hoje é o ajuste fiscal.

Lula parece confrontado com duas saídas indigestas. Uma delas é voltar-se para os setores mais pobres, desvincular benefícios previdenciários do salário mínimo, reduzir investimentos na saúde e na educação.

Existe a alternativa de olhar para cima e para o lado: cortar subsídios, acabar com supersalários, rever a aposentadoria dos militares, realizar uma reforma administrativa.

REDUZIR GASTOS – Há uma série de outras medidas que reduzem gastos. Uma delas é evitar o desperdício nas despesas sociais. A Índia resolveu isso criando um sistema digital e um número para cada pessoa. Custou dinheiro, suscitou debates, mas economizou milhões de dólares.

Enquanto decide, Lula parece preocupado com não ter encontrado ainda o caminho do aumento da popularidade, algo que todo governante gostaria de ter, sobretudo para não ser surpreendido eleitoralmente. Ele escolheu bater no Banco Central e criticar a alta taxa de juros.

É indiscutível que a taxa de juros é alta. Mas também para um consenso o fato de que discursos não podem baixá-la. Mas, se discursos não podem baixá-la, é justo afirmar que contribuem para aumentá-la?

ALTA DO DÓLAR – Lula se ressente das críticas de que suas falas influenciam o preço do dólar. Na verdade, ele depende de múltiplos fatores, alguns deles, talvez os principais, acontecendo fora do Brasil.

O problema é que o discurso de um presidente sempre pode ser aproveitado por especuladores. E isso eleva artificialmente o dólar.

O ideal seria um cálculo político mais frio na formulação dos discursos. Mas Lula parece estar indo no sentido oposto. Recentemente, chamou os jornalistas de “cretinos”, por estabelecerem uma conexão entre suas falas e o aumento do dólar. Ele tem o direito de achar que os jornalistas erram e de criticá-los. Uma coisa é dizer que estão equivocados e que suas interpretações não correspondem aos fatos. Outra é insultá-los.

CAPITAL POLÍTICO – Por que é preciso tomar mais cuidado? Lula não pode se esquecer do capital político que reuniu para derrotar Jair Bolsonaro. É um equívoco dilapidar esse capital, revivendo o estilo Bolsonaro de tratar a imprensa.

Neste momento do mundo, todos nós estamos vendo as coisas ficando mais difíceis. Joe Biden foi um fiasco no debate presidencial nos EUA e caminha para uma derrota. A Suprema Corte americana tomou uma decisão que fortalece os presidentes, tornando-os parcialmente imunes. Deu a chave para o autoritarismo de Trump, caso volte à presidência.

Com os EUA e a Europa caminhando para a direita, as consequências serão muito sérias. A Ucrânia terá dificuldades para sobreviver, pois a vitória tanto na Europa como nos EUA é também uma vitória de Vladimir Putin, tão próximo da extrema direita.

PERTO DO DESASTRE – O pior de tudo é que ascendem ao poder negacionistas do aquecimento global. Já estamos ultrapassando a meta, fixada para 2030, de aumento de 2,5 graus na temperatura considerada um marco para evitar o desastre.

Imigrantes, minorias, todos vão pagar uma cota de sacrifício, mas a própria sobrevivência da humanidade estará em perigo. Neste contexto, é difícil pensar o Brasil como uma ilha social-democrata, sobretudo porque a direita é forte no País.

Os tempos não estão para equívocos na política econômica, muito menos para arrogância entre democratas.

UNIDADE NACIONAL – No Plano Real houve um pouco o sentido de unidade nacional. A maioria das forças políticas compreendeu sua importância e a população captou muito rapidamente o sentido progressista da reorganização econômica.

A verdade é que a economia atual, graças também ao Plano Real, não vive os tormentos daquela época, mas também é verdade que os desafios se transformaram e pedem um nível de amadurecimento que às vezes se dissolve nas vertigens do poder.

Se olhamos os rumos do mundo e os rumos do Brasil, podemos sentir como é instável a situação, como é necessário fazer tudo para estabilizá-la e como isso pede também o que existiu no Plano Real: conhecimento técnico e habilidade política.

(Artigo enviado por Duarte Bertolini)

Até quando será barrado o avanço da ultradireita na política da França?

Na prática, a divisão de forças leva a política francesa a um impasse

Hélio Schwartsman
Folha

O “cordon sanitaire” funcionou mais uma vez. O partido de ultradireita francês Reunião Nacional (RN), que saíra à frente no primeiro turno das eleições legislativas, foi bloqueado por uma aliança de esquerdistas e centristas e acabou ficando em terceiro lugar.

Nos distritos em que a disputa se dava entre três ou mais candidatos (no sistema francês, todos os que obtêm mais de 12,5% dos votos passam para o segundo turno), aqueles que estavam em pior situação abandonaram a corrida, facilitando a escolha do eleitor que desejava barrar a RN.

EFEITO RETARDADO – Era com esse efeito que o presidente Emmanuel Macron contava quando, no mês passado, decidiu convocar eleições legislativas antecipadas. Só que ele veio com atraso e beneficiando a esquerda e não o centro, como ocorrera nas duas eleições presidenciais vencidas por Macron.

O 7 de julho até vem com sabor de derrota para a RN, que na semana passada chegou a sonhar com uma vitória maciça que lhe rendesse maioria absoluta na Assembleia e o direito de fazer um premiê, mas, objetivamente, quem perdeu foi Macron.

Antes da decisão de antecipar o pleito, sua coalizão tinha maioria relativa de 250 das 577 cadeiras da assembleia; agora ficou com 168. O bloco de esquerda viu sua representação saltar de 150 para 182 assentos. Está ainda longe dos 289 assentos que lhe garantiriam a maioria absoluta. Não está claro como a França poderá ser governada daqui em diante.

LE PEN CRESCEU – Ainda em termos objetivos, a RN cresceu. E cresceu bastante. Passou de 89 deputados para 143 e sentiu o cheiro do poder.

Marine Le Pen, a líder do partido, deve disputar mais uma vez a Presidência em 2027 e, embora não se possa descartar a materialização de mais um cordão sanitário, suas chances são maiores do que nunca.

A cada pleito, a ultradireita se torna mais normal aos olhos do eleitor, tanto por participar do processo como por se afastar estrategicamente de posições mais extremadas.

liança entre esquerda e centro na França barra avanço da ultradireita

Hélio Schwartsman
Folha

a

 

O “cordon sanitaire” funcionou mais uma vez. O partido de ultradireita francês Reunião Nacional (RN), que saíra à frente no primeiro turno das eleições legislativas, foi bloqueado por uma aliança de esquerdistas e centristas e acabou ficando em terceiro lugar.

Nos distritos em que a disputa se dava entre três ou mais candidatos (no sistema francês, todos os que obtêm mais de 12,5% dos votos passam para o segundo turno), aqueles que estavam em pior situação abandonaram a corrida, facilitando a escolha do eleitor que desejava barrar a RN.

EFEITO RETARDADO – Era com esse efeito que o presidente Emmanuel Macron contava quando, no mês passado, decidiu convocar eleições legislativas antecipadas. Só que ele veio com atraso e beneficiando a esquerda e não o centro, como ocorrera nas duas eleições presidenciais vencidas por Macron.

O 7 de julho até vem com sabor de derrota para a RN, que na semana passada chegou a sonhar com uma vitória maciça que lhe rendesse maioria absoluta na Assembleia e o direito de fazer um premiê, mas, objetivamente, quem perdeu foi Macron.

Antes da decisão de antecipar o pleito, sua coalizão tinha maioria relativa de 250 das 577 cadeiras da assembleia; agora ficou com 168. O bloco de esquerda viu sua representação saltar de 150 para 182 assentos. Está ainda longe dos 289 assentos que lhe garantiriam a maioria absoluta. Não está claro como a França poderá ser governada daqui em diante.

LE PEN CRESCEU – Ainda em termos objetivos, a RN cresceu. E cresceu bastante. Passou de 89 deputados para 143 e sentiu o cheiro do poder.

Marine Le Pen, a líder do partido, deve disputar mais uma vez a Presidência em 2027 e, embora não se possa descartar a materialização de mais um cordão sanitário, suas chances são maiores do que nunca.

A cada pleito, a ultradireita se torna mais normal aos olhos do eleitor, tanto por participar do processo como por se afastar estrategicamente de posições mais extremadas.

Facebook censura matéria da Tribuna republicada em perfil na rede social

Sindijor PR - Artigos - Não precisamos de uma ditadura para dizer o que é  censura

Charge do Zé Oliveira (Sindijor PR)

Loriaga Leão

O Facebook, infelizmente, sem motivo justo e sob falso pretexto, por ora, censurou, vetou e excluiu matéria da Tribuna da Internet do meu perfil, que é bastante antigo. O artigo excluído foi escrito por um dos maiores jornalistas brasileiros, Carlos Newton, sob o título “Na ânsia pelo poder, Biden e Lula mostram que não têm medo do ridículo”.

No texto, o editor da Tribuna fala a realidade sobre o comportamento dos presidentes Joe Biden e Lula da Silva, em postagem na qual acrescentei apenas o seguinte sobretítulo: OBSESSÃO PELO PODER PERPÉTUO É DOENÇA GRAVÍSSIMA E PERIGOSA.

DIZ O FACEBOOK – Ao justificar o ato de censura, o Facebook enviou ao meu perfil a seguinte justificativa.

9 de jul de 2024

Removemos sua publicação.

Atualizações sobre essa decisão.

Por que isso aconteceu?

Parece que você tentou obter curtidas, seguidores, compartilhamentos ou visualizações de vídeos de maneira enganosa, Loriaga Leão, em 9 de julho de 2024. Você compartilhou isso no seu perfil. Isso não segue nossos Padrões da Comunidade sobre spam.

OBSESSÃO PELO PODER PERPÉTUO, por qualquer forma de poder, é doença grave e perigosa. http://www.tribunadainternet.com.br/2024/07/09/na-ansia-pelo-poder-biden-e-lula-mostram-que-nao-tem-medo-do-ridiculo/#respond

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
– Prezado Loriaga Leão. Não é a primeira vez, nem será a última matéria da Tribuna submetida à censura nas redes sociais.

Nossos artigos são republicados em um número enorme de blogs, sites e perfis na internet e nas redes sociais. Grande parte das postagens respeita a assinatura do autor e o crédito da Tribuna da Internet, como você tem feitos nesses longos anos de relacionamento democrático. Muitos blogs, sites e perfis, porém, simplesmente se apropriam da autoria da matéria, sem citar autor e veículo.

O que as plataformas das redes sociais deviam fazer é extrair esses conteúdos usurpados, o que seria facílimo com uso de Inteligência Artificial, mas o interesse desse tipo de censura é político e não social.

É contra esses exageros que estão ocorrendo no Brasil que Elon Musk se levanta, e achamos que ele está certo, ao defender com intransigência a liberdade de informação. Também deve ser preservada a liberdade de retransmitir informação, por ser um importante instrumento de difusão de ideias na democracia, mas é preciso sempre respeitar e registrar a autoria do texto e o veículo originário, como se fez e se faz desde a criação da imprensa, na rubrica “transcrição”. (C.N.)

Juízes federais recebem R$ 145 mil por “penduricalhos retroativos”

Por que os penduricalhos do Judiciário não estão sendo, e nunca são,  debatidos?” | ASMETRO-SI

Charge reproduzida do Arquivo Google

Matheus Teixeira e Lucas Marchesini
Folha

Juízes federais brasileiros receberam desde 2020, em média, R$ 145 mil por ano de penduricalhos retroativos por decisões de órgãos da própria Justiça. Os pagamentos que engordaram o salário da magistratura federal somaram, neste período, R$ 332 milhões.

Os dados são públicos, mas não há um detalhamento sobre o motivo dos depósitos retroativos. Questionados pela reportagem, os tribunais não quiseram informar a razão de cada pagamento.

ACIMA DO TETO – Dizem, ainda, que as verbas não são incluídas no cálculo do teto constitucional, atualmente de R$ 44 mil, e, por isso, não há que se falar em salários acima do limite permitido.

O gasto adicional decorre, em muitos casos, de ordens do CJF (Conselho da Justiça Federal), que nos últimos anos reconheceu que juízes não receberam benefícios pagos a outras categorias. Com isso, determinou a reposição dos valores de maneira parcelada a integrantes da categoria.

Uma decisão nesse sentido foi dada no final de 2022 e determinou a reposição retroativa de um adicional por tempo de serviço do período de 2006 a 2022.

PENDURICALHOS – Os repasses retroativos corroem a tese da magistratura federal de que a farra de penduricalhos e pagamentos extras que levam a inúmeros salários acima do teto constitucional se restringem à Justiça estadual.

O discurso é o de que há um descontrole em cortes estaduais porque elas são bancadas e reguladas pelos Executivo e Legislativo locais. Isso, de fato, ocorre. Os Poderes estaduais são mais suscetíveis a pressões e a atuação do Judiciário é menos fiscalizada, o que cria um ambiente favorável à criação de penduricalhos para engordar os vencimentos.

Já a Justiça Federal é vinculada à União. A instituição de novos benefícios, geralmente, depende de lei aprovada no Congresso, o que demanda um processo legislativo mais complexo e transparente.

BRECHA DA LEI – As recentes decisões do CJF, no entanto, ajudaram a driblar a dificuldade em elevar a própria remuneração.

Recentemente, o CJF determinou a todos os juízes que ingressaram na carreira até 2006 o pagamento de um adicional por tempo de serviço, também conhecido como quinquênio, que prevê um acréscimo salarial a cada cinco anos de trabalho.

No final de 2022, o conselho ordenou a reposição retroativa dos valores relativos ao penduricalho, de 2006 até aquela data. Em abril do ano seguinte, porém, a Corregedoria Nacional de Justiça mandou suspender o pagamento retroativo.

COM GILMAR – O partido Novo também moveu uma ação no STF (Supremo Tribunal Federal) contra a decisão do CJF. O caso está sob responsabilidade do ministro Gilmar Mendes.

Outro pagamento retroativo diz respeito a passivos referentes ao PAE (Parcela Autônoma de Equivalência), benefício que prevê uma remuneração à magistratura para igualá-la a carreiras equivalentes, como as do Ministério Público. Os retroativos beneficiam os integrantes da primeira e segunda instâncias da Justiça Federal.

O TRF-4 (Tribunal Regional Federal da 4ª Região) é o recordista nos repasses referentes a serviços já prestados. Desde 2020, foram gastos na corte R$ 96 milhões para esse fim.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Essas matérias são vergonhosas pra os juízes. A última que inventaram é ganhar um dia de folga para cada três trabalhados. Os demais trabalhadores brasileiros também gostariam de ter essa folga, é claro, porém a Justiça jamais os beneficiará. (C.N.)

Sem apoio do Congresso, o Brasil é uma encrenca e caminha para um impasse

Temer coloca indústria do Brasil na lanterna global | FUP - Federação Única  dos Petroleiros

Charge do Bruno Galvão (Arquivo Google)

José Marcio de Camargo
CNN Brasil

A aprovação da PEC da Transição no final de 2022 que aumentou o teto dos gastos públicos em aproximadamente R$ 200 bilhões (2,0% do PIB), obrigou o Ministério da Fazenda a dedicar o ano de 2023 a aprovar projetos de aumento de impostos e de receitas para evitar um estouro do déficit primário e descontrole da dívida pública já no primeiro ano do novo governo.

Após um relativo sucesso nesta tarefa, o envio ao Congresso da Medida Provisória (MP) 1202, que acabava com o programa de apoio ao setor de eventos (PERSE) e reonerava a folha de pagamentos de 17 setores e das prefeituras das cidades pequenas e médias já em 2024, foi considerado uma afronta pelos parlamentares. Estas medidas haviam sido aprovadas pelo Congresso, vetadas pelo Presidente e os vetos foram derrubados pelo Congresso.

REAÇÃO DURA – O Legislativo reagiu de forma dura, forçando o Executivo a substituir a MP por projetos de lei nos quais o fim do PERSE e a desoneração das folhas de pagamentos fossem feitas paulatinamente, com início em 2025.

A reação do Executivo, ao aditar a MP 1227, que proibia a utilização de créditos de PIS/COFINS para pagar outros impostos, gerou forte reação entre os empresários, e forçou o Presidente do Congresso a retorná-la ao Executivo, sem colocá-la em votação.

Neste interim, o presidente da Petrobras foi demitido, as metas de superavit primário foram afrouxadas, a reunião do Copom decidiu reduzir a SELIC em 0,25 pontos de porcentagem, com placar dividido (5 x 4) e com os quatro votos a favor de queda maior, de – 0,5 p.p., dados pelos membros do Copom indicados pelo governo atual, os vetos do Presidente da República foram rejeitados pelo Congresso e um veto do ex-presidente Bolsonaro que proibia a divulgação de fake news foi aprovado e o leilão de arroz importado foi cancelado por indícios de corrupção. Diante deste cenário, o Dólar voltou a ultrapassar o nível de R$ 5,50.

METAS FURADAS – O afrouxamento das metas de superavit primário gerou desconfiança quanto ao objetivo de perseguir as metas e perda de credibilidade da âncora fiscal.

O resultado da reunião do Copom aumentou entre os investidores a avaliação de que a nova diretoria do Banco Central, que tomará posse em janeiro de 2025, poderá adotar uma política monetária menos comprometida em atingir a meta para a inflação de 3,0% ao ano e acentuou o processo de desancoragem das expectativas para a inflação.

Desde o resultado da reunião do Copom, as expectativas para a inflação de 2024 e 2025 passaram de 3,72% para 3,96% e de 3,64% para 3,80% respectivamente. E este processo de desancoragem pode se aprofundar.

ARCABOUÇO RACHADO – A própria sustentabilidade do arcabouço fiscal passou a ser questionada. A tentativa fracassada de aprovar as MPs 1202 e 1227, mostra que a estratégia de aumentar impostos para financiar gastos já definidos pelo executivo se esgotou.

E as vinculações do piso de remuneração da previdência social ao salário mínimo, combinado à política de aumento real do salário mínimo, e das despesas com saúde e educação às variações das receitas, faz com que os aumentos de gastos obrigatórios comprimam os gastos discricionários e inviabilizam o orçamento público.

Com metas fiscais mais frouxas e menos críveis, arcabouço fiscal questionado e expectativas para a inflação desancoradas, nossas estimativas mostram que a taxa neutra de juros na economia brasileira, a taxa de juros que mantém a inflação constante, atingiu 5,8% ao ano.

SELIC EM ALTA – Com a inflação próxima a 4,0% ao ano, para manter a política monetária contracionista e levar a inflação para a meta, a taxa SELIC precisará permanecer em dois dígitos em 2024 e, provavelmente, em 2025, justificando decisão da última reunião do Copom que manteve a taxa SELIC em 10,50% ao ano.

Sem âncoras fiscal e monetária e com os sinais de esgotamento da estratégia embutida no arcabouço fiscal, a deterioração do cenário foi imediata. Sem um projeto consistente de redução de gastos, a política econômica caminha para um impasse.

Realmente, o Brasil está uma encrenca.

Esquerda tem vitória surpreendente em eleição legislativa na França

Coligação de esquerdas obteve maior número de cadeiras 

Pedro do Coutto

A vitória na França da aliança entre as forças de esquerda e as que seguem ao lado de Emmanuel Macron representou uma reviravolta para o partido de Marine Le Pen. Em uma semana, a tendência inicial que parecia deslocar-se para a direita extremada, desfez-se no panorama no país e teve um reflexo inevitável no cenário internacional.

A Nova Frente Popular, coligação de partidos de esquerda, obteve o maior número de cadeiras no Parlamento da França no segundo turno das eleições legislativas no país, realizado no domingo. Um resultado surpreendente após a direita radical ter alcançado uma vitória histórica no primeiro turno.

IMPASSE – Mas a coligação de esquerda não conseguiu maioria para governar, deixando a França diante de um impasse. A aliança centrista de Emmanuel Macron, o Ensemble, ficou em segundo lugar com 168 assentos. Já o Reunião Nacional, da ultra direita, conquistou 143. Nenhuma das três coalizões conseguiu maioria absoluta de 289 assentos, portanto, a formação de um novo governo deverá ser negociada.

A França registrou alta participação dos eleitores no segundo turno, o que resultou numa mudança do resultado em relação ao primeiro turno. As eleições foram antecipadas pelo presidente francês, Emmanuel Macron, depois que seu partido de centro perdeu espaço para a ultradireita na eleição do Parlamento Europeu.

A pressão exercida por uma possível vitória da direita acabou assustando o eleitorado francês, produzindo uma atmosfera de radicalismo e de insegurança. A direita na França não poderia vencer as eleições sem que isso deixasse um clima de passado no ar, representado pela ocupação das forças nazistas.

MUDANÇA DE POSIÇÃO –  Portanto, quando os franceses foram às urnas, eles levaram inevitavelmente esse pensamento na hora do voto decisivo, mudando de posição diante da realidade que se produzia. Essa é a explicação lógica para uma mudança repentina em sete dias e que alterou o quadro previsto. A direita que tinha sido a mais votada, dessa vez deparou-se com uma reação popular que deu à vitória às esquerdas.

O quadro internacional foi atingido pelo sentimento voltado para a realidade. As eleições parlamentares na França se tornarão um fato de entusiasmo para as esquerdas em sua luta permanente para impedir o avanço da direita, que no caso da França, de fato, representa uma volta ao passado.

“Por que se chamava homem, também se chamavam sonhos e sonhos não envelhecem”

Histórias do Clube da Esquina no Teatro do Engenho – Portal do Município de Piracicaba

Márcio Borges e as letras do Clube de Esquina

Paulo Peres
Site Poemas & Canções

O escritor, diretor do Museu do Clube da Esquina e poeta mineiro Márcio Hilton Fragoso Borges é, sem dúvida, um dos melhores letristas do nosso cancioneiro popular, criador da expressão “os sonhos não envelhecem”.

Na letra de “Clube da Esquina II”, feita com seu irmão Lô e Milton Nascimento, Márcio Borges fala de um tempo de lutas, de persistência, de não se render. Além disso, é um canto de uma juventude que soube compreender seu tempo, seus medos, suas angústias e suas derrotas, mas não desistiu.

É um Clube da Esquina, esquina de amigos que estavam tentando vencer na vida, assim como os amigos que tentavam vencer a ditadura, belo paralelo, pois acabou a ditadura, mas o Clube da Esquina, a luta e persistência para vencer na vida, é algo sempre presente, por isso a música “Clube da Esquina II” será eterna.

A música “Clube da Esquina II” foi gravada por Milton & Lô Borges no LP Clube da Esquina, em 1972, pela Odeon.

CLUBE DA ESQUINA II
Milton Nascimento, Lô Borges e Márcio Borges

Por que se chamava moço
Também se chamava estrada
Viagem de ventania
Nem se lembra se olhou pra trás
Ao primeiro passo, aço, aço…

Por que se chamava homem
Também se chamavam sonhos
E sonhos não envelhecem
Em meio a tantos gases lacrimogênios
Ficam calmos, calmos…

E lá se vai mais um dia
E basta contar compasso
E basta contar consigo
Que a chama não tem pavio,
De tudo se faz canção
E o coração na curva de um rio, rio, rio…

E o Rio de asfalto e gente
Entorna pelas ladeiras
Entope o meio fio,
Esquina mais de um milhão
Quero ver então a gente, gente, gente.

Nossos descendentes vão achar ridículas essas polarizações e afetações ideológicas

A ilustração figurativa de Ricardo Cammarota foi executada em técnica manual com tinta nanquim aguada e pincél sobre papel branco, posteriormente, foi escaneada e colonizada digitalmente com fundo cor papel craft.  Na horizontal, proporção 17,5cm x 9,5cm, um personagem estilizado de um ser humano primitivo deitado num divã com os braços cruzados sobre o peito, sem camisa, corpo peludo, veste uma saia de couro de onça. Está em um clássico consultório de psicanálise, uma grande janela com cortina aberta, dando visão a um perfil de vários prédios ao fundo. Na parede, uma estante com livros, quadros com certificados, mesinha com abajur e, num primeiro plano, à direita, as mãos de um psicanalista com um lápis e caderno, fazendo anotação

ILustração do Ricardo Cammarota

Luiz Felipe Pondé
Folha

É comum se lamentar que estamos polarizados. Estamos, sim, e não deveremos superar essa fratura neste século. Pelo contrário, deve piorar. No Brasil e no mundo, aqueles que falam em nome da democracia são os mesmos que alimentam a polarização desde o início.

A política quando militante é sempre febril. Sempre foi. As redes só ampliaram a capilaridade desse ódio político e o tornaram visível como a luz do sol. Na democracia, a soberania é popular e o povo gosta de desentendimentos militantes quando faz política. A intenção é aniquilar o inimigo.

IGUAL AO CIRCO – A condição da política é como um espetáculo circense em que se usa armas de verdade. Política sempre foi um circo, hoje a palhaçada está aniquilando a fé pública nas instituições.

Comparado à direita, hoje, o PT é anacrônico na sua operação. A direita atual detém o monopólio do fazer político pós-moderno. A direita é populista, a esquerda é histérica.

A tendência da política é se radicalizar cada vez mais, e, por isso mesmo, o ódio crescerá entre aqueles que se julgam a favor ou contra a história. A democracia hoje tende à violência entre populismo e histeria. A direita cospe quando fala, a esquerda é uma farsa moral.

DO LADO CERTO – É engraçado quando alguém usa argumentos do tipo “estou do lado certo da história”. Este argumento foi usado tanto por nazistas quanto comunistas no século 20. A história não tem lado certo porque ela não tem sentido algum. Este argumento é pura retórica fajuta para deslegitimar quem está do outro lado que não o seu.

A direita hoje detém o anseio das populações que se sentem prejudicadas pelo discurso elitista da esquerda gourmet –a única que sobrou. Grande parte da população está de saco cheio –na Europa e nos EUA– dos riquinhos que querem imigração ilegal para pagarem babás e empregadas baratas em suas casas.

Nos EUA, a classe média alta, graças a turma que atravessa a fronteira vindo do México quase morrendo –e para a qual os inteligentinhos aqui derramam lágrimas de crocodilo–, pode usufruir de serviçais mais baratos. Quem disser o contrário é mentiroso ou não sabe nada da realidade americana. Daí os riquinhos votarem nos democratas, hoje partido da elite americana.

SEM EMPREGO – Já os americanos pobres, que poderiam ser esses serviçais, ou aceitam salários menores –que em comparação com o Brasil são verdadeiros salários maravilhosos– como os ilegais, ou ficam sem emprego. Quando votam no Trump, os inteligentinhos os xingam.

Mas, a opção deles é racional com ou sem xingamentos da elite. Já no Brasil, o povo está de saco de se ferrar na mão de bandidos e usuários de drogas defendidos pela moçada riquinha dos direitos humanos, de ver suas concepções de vida serem humilhadas pelos que acham que ou você aceita a “revolução de gênero” e similares ou você é um lixo cultural, enfim, cansados de serem considerados o esgoto da inteligência política.

E isso não deve mudar. Uma vez tendo aprendido a rota da militância através do uso das redes, o povo de direita não vai recuar, por isso, é fundamental regular as redes, certo?

PAUTAS DA MODA -Vejam duas pautas na moda. Uma é o baseado do bem. Imagine que fumo um de vez em quando, e que, obviamente, compro do narcotráfico. Não seria lógico supor que mesmo que meu baseado seja legal, continuo a alimentar o narcotráfico? Não seria mais lógico legalizar as drogas e pronto? Por que não? Já sei: quem sabe o narcotráfico e seus representantes nos poderes da república não queiram perder seus lucros infinitos. Pagar impostos sempre foi para os fracos.

Os iluminados da elite intelectual não toleram a imbecilidade obscurantista da imensa maioria do povo brasileiro que é contra o aborto. Disfarçam sua condescendência arrogante para com esses ignorantes falando em “educação”. Por que? Porque supõem que quem não concorda com o principio liberal da escolha individual –por trás dos que são a favor da escolha individual pelo aborto– é gente estúpida.

Imagino que nossos descendentes –se existirem– vão nos considerar ridículos com nossas “afetações ideológicas”. O século 21 ainda vai nos humilhar muito.

Na ânsia pelo poder, Biden e Lula mostram que não têm medo do ridículo

Lula e Biden, homens brancos e de cabelo branco, estão em um ângulo 45 graus olhando para a foto. Um do lado do outro, Lula à direita da imagem, em primeiro plano.

Lula da Silva e Joe Biden já estão com prazo de validade vencido

Carlos Newton

Na Roma Antiga, sempre que o imperador vencia uma guerra e voltava a Roma, para ser aclamado pelos cidadãos, um centurião era encarregado de ficar a seu lado, repetindo que ele era mortal como os outros e não poderia se deixar levar pela vaidade. Dois mil anos depois, essa prática necessária e saneadora foi abandonada, os políticos se comportam como se não fossem morrer nunca.

Vejam os casos que transcorrem paralelamente, envolvendo dois importantes governantes do nosso tempo – o norte-americano Joe Biden e o brasileiro Lula da Silva. Ambos se deixam levar pela ânsia de poder e tentam desconhecer que a passagem do tempo não perdoa, pois ninguém consegue ficar velho com disposição e saúde para se comportar como um jovem.

PAPEL RIDÍCULO – Em meio à crescente pressão para que abandone a candidatura à Casa Branca, o presidente Joe Biden parece não ter medo do ridículo e partiu para o confronto contra seu próprio partido nesta segunda-feira (dia 8), na esperança de dar um basta nas especulações sobre sua substituição na chapa democrata.

Na manhã desta segunda-feira, quando o Congresso retomoou os trabalhos após alguns dias de recesso, Biden tomou três atitudes constrangedoras. Primeiro, enviou uma mensagem aos parlamentares democratas, em que defende ser “a melhor pessoa“ para derrotar o republicano Donald Trump, que lidera as pesquisas.

Ao mesmo tempo , ele participou do programa “Morning Joe”, da MSNBC, um canal visto como simpático ao presidente. Falando de surpresa por telefone, ele desafiou os colegas contrários à sua candidatura.

DISSE BIDEN – “Estou ficando tão frustrado com as elites do partido…”, queixou-se. “Qualquer um desses caras que acham que eu não deveria concorrer, concorra contra mim. Anuncie sua candidatura à Presidência, me desafie na convenção”, disse Biden, referindo-se à reunião de agosto, quando os democratas vão oficializar seu candidato na disputa pela Casa Branca.

Em seguida, Biden pediu ao comitê nacional de finanças da campanha que reforçasse aos doadores que ele permanece na corrida e que é o melhor nome contra os republicanos, vejam que desfaçatez.

Chega a dar pena. Biden não compreende que não se trata de ser o melhor ou pior – a questão é sua flagrante debilidade física e mental. É claro que o partido o substituirá, e qualquer um mais jovem serve, inclusive a atual vice Kamala Harris, que está subindo nas pesquisas.

BIDEN DA SILVA – Aqui na filial Brazil vive-se novela semelhante à da matriz USA. E já pegou o apelido “Biden da Silva”, que o senador Ciro Nogueira (PP-PI) colocou no presidente Lula, por estar seguindo idêntico caminho do norte-americano. Biden chega às eleições aos 81 anos, a mesma idade que Lula terá no segundo turno da eleição de 2026.

Lula, vulgo “Biden da Silva”, Lula completa 79 anos agora em outubro, é onze meses mais novo do que Joe Biden, está na mesma situação, mas faz questão de alegar ser diferente. ¨Tenho 70 anos, energia de 30 e tesão de 20 anos”, disse num evento em Osasco, reduzindo sua idade em 8 anos. E desafiou os incrédulos: “Quem achar que o Lulinha está cansado, pergunte para a Janja. Ela é testemunha ocular”.

Coitada da Janja da Silva. Casou com um quase octogenário, que está variando, não diz coisa com coisa e faz ela passar esses constrangimentos de alcova.

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P.S. –
No caso da matriz, os americanos já estão se livrando do Biden. Mas aqui na filial ainda temos dois anos e meio para aturar Biden da Silva. É uma tortura que parece não acabar nunca. E ainda tem o Bolsonaro esperando na fila… (C.N.)