O município acabou prevalecendo na preocupação do eleitor brasileiro

A importância das pesquisas eleitorais no cenário político

Charge do Ivan Cabral (ivancabral.com)

Pedro do Coutto

Uma perícia técnica do Instituto de Criminalística de São Paulo concluiu que o laudo apresentado por Pablo Marçal contra Guilherme Boulos é falso, o que pode ter acarretado uma vantagem maior para o candidato do Psol em São Paulo. Boulos imediatamente teve uma grande exposição do seu nome nos jornais e emissoras de televisão, assumindo uma posição de quem sofreu uma grande injustiça. E esse fato possivelmente se refletiu numa faixa do eleitorado, reforçando alguma vantagem sobre os seus adversários.

Na cidade de São Paulo, conforme mostraram os resultados, haverá segundo turno. Os institutos Datafolha e Quaest praticamente convergiram para essa posição durante as pesquisas que confirmaram os prognósticos apresentados. Isso demonstra a grande evolução dos processos, mas também dos próprios trabalhos destes órgãos.

PERMUTAS – Antigamente, o Instituto Ibope para fazer pesquisas recorria às permutas com os órgãos de imprensa. Hoje, ao contrário, além da exposição de seus resultados, os institutos recebem contratos firmados com as emissoras e os jornais.

Foi uma longa trajetória para a concretização da credibilidade e das ações nesse cenário,  sobretudo pelo fato de os grupos entrevistados serem muito pequenos em relação ao total da população, o que inicialmente não atribuía confiança por parte de grande parte dos eleitores. Nem todos viam os números e projeções como parâmetros corretos.

Mas hoje muitos órgãos de pesquisa são de grande aceitação em seus levantamentos, tendo em vista a grande quantidade de acertos nos últimos anos, com números efetivos praticamente iguais aos previstos durante as campanhas eleitorais. A grande arma dos institutos é exatamente a credibilidade que só é conquistada com o trabalho realizado ao longo do tempo, aperfeiçoado e cada vez mais alinhado com a realidade.

INDICATIVO – A profusão de pesquisas eleitorais às vésperas de cada pleito são um claro indicativo da importância dada a esse instrumento não apenas por candidatos aos mais diversos cargos, mas também pelos meios de comunicação e pela sociedade em geral.

É importante ressaltar que os resultados de uma pesquisa não são números exatos, mas sim estimativas e devem ser interpretados de um intervalo que estabelece limites em torno da estimativa obtida.  Quanto maior for à amostragem e mais homogênea for à população em estudo, mais seguras serão as informações da pesquisa eleitoral.

O problema que se percebe, é que hoje o eleitor está mais heterogêneo, pois está mais pela emoção do que pela razão.  A decisão do voto é muito sensível, podendo mudar na última hora da eleição. Hoje, mais uma vez, podemos fazer um comparativo dos números levantados antes e após os pleitos eleitorais, reforçando através da grande maioria das capitais a confiabilidade dos números dos institutos.

Taxas de rejeição não alteram os resultado das pesquisas eleitorais

Charge do Baggi (instagram.com/falabobaggi/)

Pedro do Coutto

Sobre o empate triplo desenhado para as eleições para a Prefeitura de São Paulo, alguns analistas recorrem à taxa de rejeição de cada um dos candidatos como possível meio de definir a disputa ou reviravoltas em possíveis prognósticos. É um equívoco. A taxa de rejeição já está embutida nos percentuais que os candidatos obtêm nos levantamentos.

No momento em que o eleitor escolhe um candidatos entre os três candidatos, a exemplo das pesquisas para a Prefeitura de São Paulo, ele já rejeitou os outros dois. Ou seja, essa taxa não faz diferença. É um erro procurar nesse ponto da questão qualquer força, pois a intenção de voto já está presente nas declarações feitas durante a pesquisa. A taxa de rejeição é teórica e recorrer a esta é uma consideração dupla dos elementos envolvidos.

ALTERNATIVAS – O Ministério da Fazenda estuda alternativas para cumprir a promessa de campanha do presidente Lula da Silva e garantir a isenção de Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil por mês. Uma possibilidade em análise é limitar o benefício a quem efetivamente ganha até esse valor por mês, mas haveria uma “rampa” para evitar que trabalhadores que recebem um pouco mais não sejam prejudicados.

O tema está em discussão na pasta de Fernando Haddad antes de ser apresentado a Lula, que irá tomar uma decisão sobre o assunto. O projeto faz parte da agenda de reforma de regras tributárias sobre a renda. No caso da ampliação da isenção do IR, os obstáculos são maiores. O desenho que está sendo feito agora teria um impacto de cerca de R$ 35 bilhões na receita de impostos. A equipe econômica busca saídas para cumprir a promessa sem prejudicar as contas públicas e quer propor formas de compensação dessa isenção.

É isso que vem travando as discussões. Para técnicos, não há uma saída “óbvia”, como tributação de lucros e dividendos ou aumento de faixas do IR, com alíquotas mais altas para rendimentos maiores. Trata-se de uma iniciativa positiva, sobretudo para os que têm menor renda. Mas o estudo requer mais atenção por parte das correntes da Fazenda, pois o assunto não é pacifico. O fato é que o governo tocou num ponto importante de isentar uma faixa maior de rendimento. A isenção inclusive vai se refletir num consumo maior das famílias.

Empate triplo desafia as eleições à Prefeitura de São Paulo

Indefinição é resultado do acirramento das últimas semanas

Pedro do Coutto

Enquanto no Rio de Janeiro, a vitória de Eduardo Paes no primeiro turno já parece ser um fato consumado, uma vez que a pesquisa Datafolha divulgada na quinta-feira mostra o atual prefeito em uma posição confortável na disputa, com 54% das intenções de voto, apesar de ter registrado uma queda de 5 pontos percentuais em comparação com a pesquisa anterior, em São Paulo um verdadeiro desafio se estabeleceu nesta reta final, com três candidatos brigando pelas duas vagas no segundo turno.

Na maior cidade do país, o prefeito Ricardo Nunes, de centro e com apoio tímido do ex-presidente Jair Bolsonaro, defende sua gestão, confrontando-se com o deputado federal Guilherme Boulos, do campo da esquerda e apoiado pelo presidente Lula da Silva — que pouco participou da campanha —, e pelo influenciador digital e empresário Pablo Marçal, o outsider de direita que bagunçou a campanha com a sua estratégia de desrespeitar qualquer regra de bom comportamento.

REDES SOCIAIS – Sem direito ao horário eleitoral obrigatório, Marçal fez a sua campanha praticamente pelas redes sociais, onde tem milhões de seguidores. Correndo por fora, está a deputada Tabata Amaral (PSB), que viu seu nome crescer nas pesquisas, mas não a ponto de ameaçar o trio favorito. A deputada, porém, é quem melhor aproveitou o espaço que os debates abriram para se fazer mais conhecida. Foi, também, a mais contundente nas críticas a Pablo Marçal, por ter visto boa possibilidade de roubar votos do influenciador.

Segundo pesquisa do Datafolha divulgada nesta quinta-feira, instaurou-se um cenário embolado no primeiro turno para a Prefeitura da cidade, com Guilherme Boulos registrando 26% dos votos, seguido por Ricardo Nunes, com 24%, e Pablo Marçal, também com 24%. Os três estão tecnicamente empatados dentro da margem de erro, que é de dois pontos percentuais para mais ou para menos.

RECUO – Na comparação com a semana passada, Nunes recuou três pontos (tinha 27%). Boulos teve oscilação positiva (possuía 25% e variou um ponto para cima), e Marçal, que estava em terceiro lugar, com 21%, manteve a curva ascendente e teve variação positiva de três pontos, igualando-se ao índice do atual prefeito.

A parcela dos que não sabem é de 3% agora, mesmo patamar da pesquisa anterior. A opção pelo voto nulo ou branco é declarada por 6% dos eleitores. No segundo pelotão, Tabata Amaral confirmou o descolamento de José Luiz Datena. A deputada do PSB oscilou para cima e agora chega a 11% na estimulada (tinha 9%), enquanto o apresentador tem 4% (antes marcava 6%, em empate técnico com a deputada).

PRESSÃO – A parlamentar se insurgiu nos últimos dias contra as pressões por voto útil na esquerda, após manifesto de artistas e intelectuais defender o apoio a Boulos para evitar um segundo turno “trágico”, com dois bolsonaristas, Nunes e Marçal. Tabata apela às rejeições na tentativa de se mostrar ainda no jogo.

O cenário de indefinição até a reta final é resultado do acirramento das últimas semanas, com Nunes e Marçal disputando o eleitorado à direita e ligado a Bolsonaro, e Boulos em estabilidade, mas com dificuldade para avançar entre eleitores do presidente Lula, seu apoiador e incentivador da nacionalização da eleição paulistana.

Troca de hostilidades e bombas entre Israel e o Irã impactam milhares de civis

Confrontos ignoram qualquer tipo de regra ou respeito à vida

Pedro do Coutto

Agrava-se a crise no Oriente Médio com a troca de hostilidades e bombas entre Israel e o Irã. A população civil sofre o impacto de uma situação verdadeiramente catastrófica no Líbano, com cerca de um milhão de pessoas impactadas. O ritmo de deslocamento da população excedeu os piores cenários desde 23 de setembro. Israel aumentou drasticamente os bombardeios, matando mais de 500 pessoas em um único dia, segundo o governo libanês. O nível de trauma e de medo na população é extremo.

Israel defende que sua ofensiva contra o Hezbollah — grupo fortemente armado e apoiado pelo Irã — tem como objetivo garantir o retorno para casa de israelenses retirados de regiões próximas à fronteira libanesa, em consequência de praticamente um ano de ataques do Hezbollah contra o norte de Israel. O governo libanês diz que cerca de 1,2 milhão de pessoas tiveram de deixar suas casas por causa dos ataques israelenses. Algumas morreram em ataques israelenses após deixarem seus lares.

Com a ofensiva lançada contra Israel, o Irã abre novo capítulo dramático no Oriente Médio

Ataque direto atingiu principalmente Tel Aviv

Pedro do Coutto

O ataque do Irã a Israel e a resposta de Netanyahu, garantindo retaliação, formam um novo capítulo dramático da guerra no Oriente Médio que agora pode ser expandida. O Irã disparou cerca de 200 mísseis balísticos em direção ao território israelense nesta terça-feira, no primeiro ataque direto após a escalada de tensão entre Israel e o Hezbollah, grupo extremista, embora atue no Líbano, é financiado pelo regime iraniano.

Na última segunda-feira, um dia antes da ofensiva iraniana, Israel lançou uma ofensiva terrestre no Líbano mirando alvos específicos do Hezbollah. A invasão ocorreu após mais de uma semana em que Israel vem bombardeando diferentes regiões do Líbano, inclusive a capital, Beirute, em uma ação que marcou um novo conflito na guerra do Oriente Médio.

TENSÃO – Há quase um ano, Israel luta também contra o Hamas na Faixa de Gaza, desde que o grupo terrorista invadiu o sul do país, matou 1,2 mil pessoas e sequestrou outras centenas. O Hezbollah tem bombardeado o norte de Israel desde então, em apoio ao Hamas. A tensão na região escalou nos últimos dias, com bombardeios de Israel contra alvos do Hezbollah em vários pontos do Líbano, incluindo a capital Beirute. Um dos ataques provocou a morte do chefe do grupo extremista, Hassan Nasrallah, na sexta-feira.

Em apenas 12 minutos, os mísseis iranianos atravessaram os céus de pelo menos dois outros países do Oriente Médio e chegaram em Israel. Cerca de 20 minutos após uma primeira onda de mísseis, uma segunda leva de artefatos foi lançada. Parte dos artefatos foi abatida pelo Domo de Ferro, um dos poderosos sistemas antimísseis israelenses.

ESPAÇO AÉREO – Alguns mísseis atingiram locais controlados por Israel na Cisjordânia. Além de Israel, Jordânia e Iraque também fecharam seus espaços aéreos, posteriormente reabertos. O presidente do Irã, Masoud Pezeshkian, afirmou também que o ataque desta terça representa somente parte da capacidade ofensiva do Irã, e disse: “não entrem em confronto com o Irã”. Já o porta-voz do Exército israelense disse que o ataque foi “sério” e que “haverá consequências”.

Não já sinalização de nenhum parte envolvida nas ações bélicas de um possível recuo ou acordo de cessar fogo. Novamente, o mundo prende a respiração e se coloca de prontidão diante dos próximos passos da temida guerra no Oriente Médio.

Israel começa invasão terrestre contra o Hezbollah no Líbano

Israel invade Líbano em busca do Hezbollah e nova guerra se inicia

Pedro do Coutto

A guerra no Oriente Médio vinha se desenrolando, até agora, por meio de ataques mútuos entre Israel e o Hezbollah. De ataques ao Líbano a atentados na Faixa de Gaza, a tensão se agravava, desde outubro do ano passado, com episódios sucessivos de ações contra hospitais e em importantes centro urbanos, como Beirute. Ontem, porém, uma nova página da guerra começou a ser escrita. As tropas de Israel e do Hezbollah começaram a travar o primeiro confronto direto.

Segundo informações do Exército israelense, o confronto aconteceu no sul do Líbano. Por lá, os soldados israelenses fizeram incursões por terra desde a tarde de segunda-feira.  Até o momento em que escrevo esse artigo, não havia informações sobre mortos ou feridos no confronto direto, mas o Exército israelense comunicou que “há um combate intenso” no sul libanês. Os militares de Israel também informaram a realização de um novo bombardeio em Beirute, capital do Líbano.

ATAQUES – A invasão israelense ao Líbano já era esperada. Desde que os ataques a pagers no país tomaram o noticiário, nas últimas semanas, o agravamento indicava que as tropas de Netanyahu avançaram sobre o território dominado pelo Hezbollah. Outro ponto da guerra diz respeito à morte do chefe do Hezbollah, Sayed Hassan Nasrallah, no último sábado, após um ataque nos subúrbios do sul de Beirute e que fez o grupo reafirmar que continuaria a batalha com Israel. Agora, em meio à invasão ao território libanês, Israel determinou que os residentes de mais de 20 cidades no sul do Líbano saíssem imediatamente das suas casas.

O Exército israelense também anunciou nesta terça ter mobilizado mais quatro brigadas reservistas para serem destacadas no norte do país. “Isso nos permitirá continuar as atividades operacionais contra a organização terrorista Hezbollah e alcançar objetivos operacionais, acima de tudo o retorno seguro dos habitantes do norte de Israel às suas casas”, disse o Exército em comunicado.

Com a invasão terrestre do Líbano pelas forças de Israel, agravou-se a crise no Oriente Médio, inclusive com a perspectiva da entrada do Irã, que financia o Hezebolah.  Israel não tem linha de recuo e ainda não sabe o que o Irã fará diante da ameaça. Mais uma vez, o terror da guerra sem limites ameaça a vida de milhares de pessoas e a paz mundial.

Ataques israelenses provocam fuga em massa do Líbano para a Síria

A guerra não poupa inocentes, mulheres ou crianças

Pedro do Coutto

O conflito no Oriente Médio está assumindo um caráter de catástrofe diante da pressão e do temor da ofensiva de Israel. Cerca de 100 mil pessoas, 80% delas sírias, fugiram do Líbano para a Síria devido aos ataques israelenses, número que dobrou em dois dias. A reversão desse fluxo, uma vez que a Síria enfrenta uma guerra civil há 13 anos que já deslocou mais de 12 milhões de pessoas, expõe o desespero dessas pessoas à medida que o conflito entre Israel e o Hezbollah se intensifica, com a morte do líder do movimento xiita, Hassan Nasrallah, na última sexta-feira, marcando uma escalada sem precedentes.

Até sexta-feira, 30 mil pessoas haviam cruzado para a Síria, de acordo com a agência da ONU. A maioria são mulheres e crianças. As pessoas em fuga fogem dos bombardeios e chegam à Síria exaustas, traumatizadas e precisando desesperadamente de ajuda. Israel ampliou seus ataques nos últimos dias para incluir o Líbano e a Faixa de Gaza, tendo como alvo o Hezbollah, aliado regional do Irã.

REDUTO – Na sexta-feira, um ataque israelense contra a região sul de Beirute, um dos redutos do Hezbollah, matou Nasrallah. O bombardeio atingiu prédios residenciais sob os quais funcionava o quartel-general do movimento xiita. Foram mais de 80 bombas em poucos minutos, segundo informou o New York Times. O corpo de Nasrallah foi recuperado no domingo.

Os ataques israelenses tampouco pouparam civis e na última semana os bombardeios mataram mais de 700 pessoas no Líbano, incluindo 14 paramédicos em um período de dois dias, de acordo com o Ministério da Saúde do Líbano. Nesta segunda, um ataque de drone atingiu um prédio no centro de Beirute, com um grupo armado palestino dizendo que havia matado três de seus membros. O Ministério da Saúde libanês também relatou o ataque, o primeiro no centro da capital libanesa, dizendo que matou quatro pessoas e feriu outras quatro.

Uma situação de pânico que está abalando a humanidade. Israel, segundo Netanyahu, dará sequência aos bombardeiros. O mundo, mais uma vez, corre o risco de um conflito generalizado, pois  o Irã anuncia apoio ao Hezbollah, o que causará uma nova etapa da guerra que poderá ocorrer. O risco já se estende pelo Oriente Médio e não dá sinais de que os conflitos possam ser suscitados pela intervenção das grandes potências. Netanyahu rejeitou as propostas dos Estados Unidos de uma trégua na região. A humanidade se curva diante da ignorância e a violência de mais uma guerra.

Jogatina eletrônica devora recursos de beneficiários do Bolsa Família

Ilustração de Charge de Caio Gomez

Pedro do Coutto

Em artigo publicado na edição deste domingo em O Globo, Elio Gaspari aborda o avanço das jogatinas que acontecem no país e que está devorando recursos até daqueles que participam do Bolsa Família. Segundo estimativas do senador Omar Aziz, citado na matéria, estima-se que, em 12 meses, os beneficiários teriam apostado R$ 10,5 bilhões usando o Pix.

Estima-se que o conjunto dos apostadores perdeu R$ 24 bilhões entre agosto de 2023 e agosto deste ano. No mês de agosto, as apostas eletrônicas movimentaram cerca de R$ 21 bilhões. Nesse mesmo mês, a arrecadação de todos os sorteios e loterias da Caixa Econômica ficou em R$ 1,9 bilhão. Um absurdo.

TRANSTORNO – A procura por essas plataformas online, quando sai do controle, se trata de um transtorno mental que prejudica não só o patrimônio e as finanças como também as relações pessoais. É uma compulsão que acaba se instalando que a pessoa, mesmo sabendo dos prejuízos, não consegue evitar.

O vício por jogos em casas, assim como na dependência química, vai progressivamente tomando conta da pessoa. As consequências desse comportamento vão levando a pessoa justamente a ter problemas nos seus outros ambientes, nos seus relacionamentos, em situações de sua vida a ter perdas significativas. E mesmo tendo essas perdas elas não conseguem frear a compulsão por aquele vício de um jogo patológico.

A facilidade de acesso a essas plataformas, proporcionada pelos aplicativos móveis e internet, é um dos fatores que explicam o agravamento desse vício. Se antes o indivíduo tinha que sair do país para ir a um cassino ou ir a um bingo ou buscar esse tipo de jogos de apostas, hoje tem o acesso muito rápido pelo seu próprio celular, pelo aplicativo.

PUBLICIDADE – Da mesma maneira, a publicidade contribui para atrair essas pessoas e acionar gatilhos mentais que estimulam essa compulsão por jogos. É preciso que toda essa situação seja revista, sobretudo pelo Congresso.

Mas enquanto muitos que estão por trás desses esquemas de apostas continuarem a ganhar milhões às custas das apostas que viciam, bancando promessas que não se concretizam, a questão só se agrava. Trata-se até mesmo de um risco generalizado para a saúde mental de centenas de milhares de apostadores que se iludem na esperança de ganhos fáceis, mas inalcançáveis.

Delegações deixaram Assembleia Geral da ONU antes de discurso de Netanyahu

Netanyahu ignora mortes de inocentes e apelos internacionais

Pedro do Coutto

O discurso do primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, no plenário da ONU revela que a ofensiva contra o Hezbollah nas terras do Líbano vai se aprofundar ainda mais, causando mortes e destruição. Netanyahu discursou nesta sexta-feira e disse que seu país “está vencendo”.

Quando subiu ao palco no plenário das Nações Unidas, um grande número de delegações pôde ser visto saindo do salão. Vaias também podiam ser ouvidas quando Netanyahu se aproximou do púlpito. “Decidi vir aqui e esclarecer as coisas”, disse Netanyahu em seu discurso de abertura, dizendo que queria se defender das “mentiras e calúnias” que ouviu. Netanyahu discursou enquanto Israel continuava a atacar alvos do Hezbollah no sul do Líbano, em meio a temores de que os ataques pudessem se transformar em uma guerra regional total.

AMEAÇA – Em seu discurso, ele também tentou jogar a culpa pelo conflito no arqui-inimigo de Israel, o Irã. Ele disse que Israel estava se defendendo contra Teerã em sete frentes. “Não há lugar no Irã que o longo braço de Israel não possa alcançar. E isso é verdade para todo o Oriente Médio. Longe de serem cordeiros levados ao matadouro, os soldados israelenses lutaram com uma coragem incrível”, disse Netanyahu.

Por determinação do Itamaraty, a Missão do Brasil na ONU não acompanhou o discurso do primeiro-ministro de Israel durante a Assembleia Geral. A comitiva brasileira se retirou antes de que Netanyahu fosse chamado, como uma forma de protesto. Israel trava uma guerra contra o Hamas na Faixa de Gaza há quase um ano e, desde a semana passada, começou a bombardear o Líbano em conflitos contra o Hezbollah. Mais de 700 pessoas já morreram nos ataques.

SAÍDA – O ato da diplomacia brasileira foi anterior à retirada em massa de outras delegações, em maioria de países árabes, quando Netanyahu foi chamado pelo presidente da sessão. A intenção era fazer uma saída discreta, o que, na diplomacia, é um ato de protesto leve a algum país; neste caso, a Israel. O Itamaraty disse que quis fazer o protesto por conta da morte de dois brasileiros nos ataques do Líbano e da crise humanitária na Faixa de Gaza.

O governo brasileiro disse que o motivo da ausência foi “a resposta desproporcional de Israel” aos ataques terroristas do Hamas em outubro de 2023, em que o grupo terrorista palestino matou cerca de 1.200 pessoas no sul do território israelense e sequestrou cerca de 250 pessoas. Desde então, Israel lançou uma ofensiva militar em Gaza que já deixou mais de 40 mil mortos – entre eles muitas crianças e mulheres.

A relação entre os governos brasileiro e israelense já não estava boa. Em fevereiro, Israel declarou Lula como “persona non grata” após o presidente comparar a morte de palestinos na Faixa de Gaza com o Holocausto.  A escalada, portanto, aumentou e Netanyahu disse que “não tem opção”, a não ser destruir as bases do Hezbollah. Os ataques são vistos com grande preocupação internacional. É incrível como a guerra atrai determinados líderes políticos, mesmo afetando diretamente a vida de milhares de pessoas, inclusive daqueles que nada têm a ver com os confrontos. .

Dívida pública dispara e chegará a 80% do PIB no final do ano

Arquivo do Google

Pedro do Coutto

O Globo publicou ontem uma reportagem sobre a dívida pública do país tendo como parâmetro o Produto Interno Bruto barsileiro. Em novo Relatório de Acompanhamento Fiscal (RAF), a Instituição Fiscal Independente (IFI) do Senado apontou dificuldades do governo federal na sustentabilidade dos gastos públicos mesmo com a melhora na previsão do crescimento do país.

O documento foi publicado nesta sexta-feira. A estimativa é que a dívida bruta do governo geral — que inclui todos os poderes da União, estados e municípios, sem considerar seus ativos e patrimônios — alcance valor que corresponde a 80% do Produto Interno Bruto ao fim deste ano e continue crescendo no curto prazo. O valor da dívida era de R$ 8,8 trilhões em julho, segundo o Banco Central.

PROJEÇÃO – Para a Presidência da República, a dívida terminará 2024 em 76,6% e não chegará a 80%, segundo projeção feita até 2034. É o que consta nos anexos da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2025, ainda em análise pelos parlamentares. O indicador permite comparar se a soma do que o poder público deve é compatível com a produção do país como um todo e é uma forma de medir a saúde fiscal e orçamentária da nação. Desde 2014, a dívida bruta apresenta insistente crescimento.

O controle dos valores devidos depende de a União arrecadar mais do que gasta. Mas o governo enfrenta desafios, por exemplo, com o aumento da taxa básica de juros — elevada para 10,75% em setembro —, que encarece os financiamentos do governo. O aumento nos gastos e as dificuldades em aumentar as receitas também causam dificuldades na gestão.

CONTRAMÃO – O documento aponta que a tendência no resultado das receitas e despesas públicas primárias vai na contramão do alerta da IFI. A meta de déficit zero da LDO deste ano não será cumprida, nem em 2025, se não houver medidas adicionais. O endividamento está inclusive em função da incidência dos títulos brasileiros no mercado.

Cada vez que a taxa Selic sobe, com ela sobre o endividamento e a responsabilidade de ter pagar valores cada vez maiores. Não há condições de resgate desses títulos que estão no mercado, tanto nacional quanto internacionalmente, provavelmente.

Israel rejeita proposta internacional para cessar-fogo no Líbano

Israel disse que continuará lutando contra o Hezbollah

Pedro do Coutto

Agrava-se a crise no Oriente Médio com o governo de Israel preparando uma invasão terrestre do Líbano, apesar dos apelos internacionais pelo cessar fogo. O alvo de Israel é o Hezbollah, cujas bases encontram-se no Líbano. Os Estados Unidos e a França preparam uma mensagem com o objetivo de interromper as ações, mas a trégua não foi levada em conta pelo governo de Tel Aviv.

Israel rejeitou a proposta nesta quinta-feira. O plano pedia uma suspensão imediata das hostilidades por 21 dias, para que uma solução diplomática fosse alcançada antes que o conflito se transforme em uma guerra mais ampla. “Não haverá cessar-fogo no norte (fronteira com o Líbano)“, disse o ministro das Relações Exteriores israelense, Israel Katz.

CONFRONTO –  “Continuaremos a lutar contra a organização terrorista Hezbollah com todas as nossas forças até a vitória e o retorno seguro dos habitantes do norte do país para suas casas”, completou, referindo-se aos cerca de 60 mil israelenses deslocados pelos bombardeios do Hezbollah.

O primeiro-ministro do Líbano, Najib Mikati, havia expressado esperança sobre uma possível trégua no Líbano, onde centenas de milhares de pessoas já fugiram de suas casas no sul do país. Líderes mundiais, por sua vez, se preocupam que o conflito paralelo à guerra em Gaza está aumentando rapidamente.

Mas os comentários do chanceler fecharam as portas de um acordo rápido. O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, em Nova York para discursar na Assembleia-Geral da ONU, disse que ainda não havia dado sua resposta à proposta de trégua, mas instruiu o exército a continuar lutando.

ESTOPIM – Israel lançou os ataques aéreos mais intensos contra o Líbano desde a guerra de 2006, contra o Hezbollah, na semana passada, matando mais de 600 pessoas. Foi o estopim de meses de trocas de disparos, desde o início da guerra em Gaza, em 7 de outubro do ano passado, quando a milícia libanesa iniciou ataques em solidariedade ao povo palestino. Desde a semana passada, o Hezbollah disparou centenas de mísseis contra alvos israelenses, incluindo, pela primeira vez, Tel Aviv. O sistema de defesa aérea de Israel, porém, interceptou a maioria dos foguetes.

Na quarta-feira, depois de convocar mais duas brigadas de reservistas à fronteira com o Líbano, o chefe do exército de Israel afirmou que os militares se preparavam para uma possível invasão terrestre ao país vizinho. O presidente Lula da Silva atacou na ONU o desempenho de Netanyahu, afirmando que o premier israelense está praticando o genocídio, frisando que as mortes estão atingindo áreas do Líbano que não tem a ver com o conflito.

A situação se complica, pois cada vez mais surgem conteúdos humanitários para que suspendam os ataques de guerra. Mas Israel, preparando uma invasão por terra do Líbano, não se mostra sensível a aceitar as propostas feitas no Conselho de Segurança da ONU para o cessar fogo.

“Gaza é uma das maiores crises humanitárias da história recente”, disse Lula

Conflito entre Israel e Hezbollah deixa rastro de centenas de mortos no Líbano

‘O Líbano está à beira do abismo’, diz secretário-geral da ONU

Pedro do Coutto

Os ataques com bombas lançados por Israel contra redutos do Hezbollah no Líbano acarretaram a morte de quinhentas pessoas e feriram e desabrigaram mais de mil, conforme revelam os jornais de ontem. O conflito atinge o seu ponto crítico e ameaça a própria paz mundial, pois certamente haverá uma reação dos atingidos que acenderão o pavio de um problema generalizado que divide o mundo, ainda mais em faces distintas.

Dezenas de milhares de libaneses já fugiram das áreas bombardeadas desde segunda-feira, segundo a ONU, e seguiram para Sidon, a maior cidade do sul do país, ou a capital, Beirute. Nesta terça-feira, vários carros permaneciam bloqueados na rodovia que leva à capital. Quase 500 pessoas fugiram para a Síria vindas do Líbano. O primeiro-ministro libanês, Najib Mikati, denunciou um “plano de destruição” contra seu país, onde as escolas permaneceram fechadas nesta terça-feira.

ALVOS – Ontem, as tropas israelenses voltaram a bombardear dezenas de alvos do Hezbollah em diversas áreas no sul do Líbano, incluindo infraestruturas e depósitos de armas do movimento. O Hezbollah lançou mísseis contra Israel e atingiu posições militares perto de Haifa, no norte de Israel, incluindo uma “fábrica de explosivos”.

“O Líbano está à beira do abismo”, alertou o secretário-geral da ONU, António Guterres,  na abertura da Assembleia Geral da ONU. “Gaza é um pesadelo permanente que ameaça arrastar toda a região para o caos, começando pelo Líbano”, afirmou ante os mandatários e representantes dos 193 países da ONU.

Em seu discurso na Assembleia Geral da ONU, o presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva classificou os ataques de Israel em Gaza e na Cisjordânia, como “um dos maiores crimes humanitários da história recente”,  que se expande perigosamente para o Líbano.

DIREITO DE DEFESA – “O que começou com uma ação terrorista de fanáticos contra civis israelenses inocentes tornou se uma punição coletiva de todo o povo palestino. São mais de 40 mil vítimas fatais, em sua maioria mulheres e crianças. O direito de defesa transformou-se no direito de vingança que impede um acordo para liberação de reféns e adia o cessar fogo”, disse Lula.

Como parar o conflito no Oriente Médio que está incendiado pelas bombas da morte e pelos foguetes que explodem tanto em Israel quanto no Líbano ? O mundo assiste perplexo, mas essa escalada da violência. Como deter essa escalada que terá que envolver um recuo de uma das partes, o que é difícil prever, pois a violência deixa marcas profundas na consciência e na emoção das forças em choque.

Prosseguem tantas as articulações de paz quanto às ações de guerra que se desenrolam no cenário atual. As cicatrizes são profundas e dificilmente serão esquecidas em poucos dias diante de pronunciamentos políticos já desgastados.

Lula fala em “falta de ousadia” da ONU na Cúpula do Futuro

Lula discursou durante a Cúpula do Futuro, no domingo

Pedro do Coutto

Não faltaram temas e fatos ao presidente Lula em seu primeiro discurso em sua viagem a Nova York, para a Assembleia da Organização das Nações Unidas (ONU). Lula disse que o Pacto para o Futuro, documento a ser assinado pelos líderes mundiais na cidade norte-americana, aponta uma direção a seguir, mas que falta “ambição e ousadia” para que a entidade consiga cumprir seu papel. O presidente brasileiro discursou durante a Cúpula do Futuro, realizada neste domingo e, segundo ele, a crise da governança global requer transformações estruturais e citou os recentes conflitos armados existentes no mundo atualmente.

“A pandemia, os conflitos na Europa e no Oriente Médio, a corrida armamentista e a mudança do clima escancaram as limitações das instâncias multilaterais. A maioria dos órgãos carece de autoridade e meios de implementação para fazer cumprir as suas decisões. A Assembleia Geral perdeu sua vitalidade e o conselho econômico e social foi esvaziado”, disse.

APROVAÇÃO – No ano passado, o Brasil não conseguiu aprovar uma Resolução no Conselho de Segurança da ONU sobre o conflito envolvendo Israel e o grupo palestino Hamas, que controla a Faixa de Gaza. Na ocasião, o voto dos Estados Unidos – um Membro Permanente – inviabilizou a aprovação, mesmo após longa negociação da diplomacia brasileira.

Outras resoluções apresentadas também fracassaram, seja por votos contrários dos Estados Unidos, seja da Rússia, outro Membro Permanente. Segundo as regras do Conselho de Segurança, para que uma Resolução seja aprovada, é preciso o apoio de nove do total de 15 membros, sendo que nenhum dos membros permanentes pode vetar o texto.

O evento prévio à Assembleia Geral da ONU reúne líderes mundiais para debater formas de enfrentar as crises de segurança emergentes, acelerar o cumprimento dos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável e abordar as ameaças e oportunidades das tecnologias digitais. Lula apontou como pontos positivos do Pacto tratar “de forma inédita” temas importantes como a dívida de países em desenvolvimento e a tributação internacional; a criação de uma instância de diálogo entre chefes de estado e de governo e líderes de instituições financeiras internacionais.

AVANÇO – O presidente citou ainda o avanço para uma governança digital inclusiva que “reduza as assimetrias de uma economia baseada em dados e mitigue o impacto de novas tecnologias como a inteligência artificial”. “Todos esses avanços serão louváveis e significativos, mas, ainda assim, nos falta ambição e ousadia”, disse.

Ele também criticou o Conselho de Segurança da ONU, afirmando que a legitimidade do órgão encolhe “cada vez que ele aplica duplos padrões ou se omite diante de atrocidades”. Para Lula, as instituições de Bretton Woods, como o Fundo Monetário Internacional  e o Banco Mundial, desconsideram as prioridades e as necessidades do mundo em desenvolvimento.“O Sul Global não está representado de forma condizente com seu atual peso político, econômico e demográfico”, afirmou.

O presidente disse que houve pouco avanço na agenda multilateral de reforma do sistema ONU nos últimos 20 anos e citou como medidas positivas a Comissão para Consolidação da Paz, criada em 2005 e o Conselho dos Direitos Humanos, criado em 2006. Ele ainda alertou que os objetivos de desenvolvimento sustentável, mesmo tendo sido o maior “empreendimento diplomático dos últimos anos”, caminham para se tornarem o “nosso maior fracasso coletivo”.

ALIANÇA – “No ritmo atual de implementação, apenas 17% das metas da agenda 2030 serão atingidas dentro do prazo. Na presidência do G20, O Brasil lançará uma aliança global contra fome e a pobreza, para acelerar a superação desses flagelos”, discursou.

Em seu discurso, Lula disse que o mundo tem como responsabilidade não retroceder na agenda de direitos humanos e de promoção da paz. “Não podemos recuar na promoção da igualdade de gênero, nem na luta contra o racismo e todas as formas de discriminação. Tampouco podemos voltar a conviver com ameaças nucleares. É inaceitável regredir a um mundo dividido em fronteiras ideológicas ou zonas de influência. Naturalizar a fome de 733 milhões de pessoas seria vergonhoso. Voltar atrás em nossos compromissos é colocar em xeque tudo o que construímos tão arduamente”, afirmou.

“Precisamos de coragem e vontade política para mudar, criando hoje o amanhã que queremos. O melhor legado que podemos deixar às gerações futuras é uma governança capaz de responder de forma efetiva aos desafios que persistem e aos que surgirão”, disse o presidente ao terminar o discurso.

Metas da Educação para a próxima década seguem travadas na Câmara

O Plano de Educação Nacional anterior venceu em junho

Pedro do Coutto

Enviado ao Congresso em 25 de junho, o novo Plano Nacional de Educação ainda terá uma longa peregrinação de discussão nos plenários das Casas legislativas. Inicialmente, ainda é necessário definir a forma de tramitação. O último PNE, aprovado em 2014, foi analisado em uma comissão especial composta por parlamentares com conhecimento e afinidade com o tema.

Agora, há preocupação da Comissão de Educação da Câmara dos Deputados em perder o protagonismo durante a discussão caso a análise do projeto se repita como foi há uma década. Devido ao atraso da chegada do projeto ao Legislativo do início da discussão, foi necessário que os parlamentares votassem a prorrogação das atuais diretrizes, definidas em 2014, até o final de 2025.

Com as eleições municipais se aproximando e o esvaziamento do Parlamento, somado à intensificação das articulações para a sucessão na Câmara, parlamentares consideram que o debate sobre o PNE seja adiado para 2025 — o que aumentaria ainda mais o atraso na aprovação do novo Plano.

METAS – O Plano Nacional de Educação é importantíssimo, pois estabelece as metas do setor de educação para a próxima década. No plano enviado pelo governo, constam 18 objetivos, com 58 metas estabelecidas e 253 estratégias. Além disso, o plano foca na qualidade da aprendizagem, na questão da equidade e da inclusão para reduzir a desigualdade educacional do nosso país.

O plano anterior venceu em 25 de junho, e apesar da articulação da Frente Parlamentar Mista da Educação para a criação de uma comissão especial para agilizar a tramitação do novo Plano, a forma de tramitação ainda não foi definida. Em contrapartida ao atraso para o envio do projeto pelo governo ao Congresso, o novo texto foi bem recebido pelos deputados.

Em atenção com a inércia na Câmara, o Senado já deu início às discussões com base no texto do Executivo. O senador Flávio Arns, presidente da Comissão de Educação na Casa, resolveu antecipar o debate com a realização de 20 audiências públicas. Hoje ocorrerá o quinto encontro.

ARTICULAÇÃO – Arns, que foi relator do Novo Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica (Fundeb), aprovado em 2020 no Senado, diz que tenta fazer o mesmo movimento articulado para a aprovação do projeto na época: alinhar o texto para agilizar o andamento da proposta. Em um cenário ideal, acredita o senador, o novo PNE seria discutido com o Sistema Nacional de Educação já implementado.

O sistema funcionaria para regulamentar as esferas de atuação de cada ente da federação no âmbito da educação brasileira. O projeto de lei que regulamenta a medida já foi aprovado no Senado. Para o senador, a falta desse eixo condutor foi o motivo do fracasso do último PNE.

“Houve falta de articulação e isso precisa ser mudado. Isso agrava o fato de o governo estar atrasado em relação ao plano, que deveria ter sido discutido no ano passado”, aponta. Enquanto os governos e parlamentares não tiverem a educação com uma questão de extrema urgência, o país irá dormitar em seu desenvolvimento futuro.

MEC vai propor lei para proibir uso de celulares em salas de aula

Alunos vivem quase que integralmente conectados

Pedro do Coutto

O governo está preparando um projeto de lei proibindo o uso do telefone celular dentro de salas de aulas de escolas públicas e privadas do país. De acordo com o Ministério da Educação, a proposta vai ser apresentada ao Congresso Nacional no próximo mês. Ainda segundo a pasta, a intenção é garantir maior segurança jurídica a Estados que já possuem leis que proíbem o uso dos aparelhos em salas de aulas. Um exemplo é o Ceará, reduto eleitoral do ministro da Educação, Camilo Santana, que aprovou uma lei sobre o tema em 2008.

Em São Paulo, está em tramitação também um PL que estabelece a proibição do uso dos celulares em escolas do Estado. A proposição atualmente está na Comissão de Constituição e Justiça da Assembleia Legislativa de São Paulo e acendeu discussões por parte de educadores e gestores públicos.

PROIBIÇÃO – Segundo a pesquisa TIC Educação 2023, lançada no mês passado pelo Comitê Gestor da Internet no Brasil, 28% das escolas de ensino fundamental e médio públicas e particulares do Brasil proíbem o uso de celular pelos alunos. O levantamento mostrou também que 64% das instituições permitem, mas restringem o acesso aos telefones a determinados espaços e horários.

O MEC argumenta que a proibição dos celulares em salas de aula vai de encontro com o resultado de estudos internacionais sobre o tema. As pesquisas citadas pela pasta apontam que os aparelhos causam distrações nos estudantes, interferindo no aprendizado.

Em julho do ano passado, a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), divulgou um relatório onde alertava sobre o uso excessivo de telas por crianças e adolescentes. A entidade também citou exemplos de países onde o uso é proibido.

TECNOLOGIAS – “Dados de avaliações internacionais em larga escala sugerem uma correlação negativa entre o uso excessivo das tecnologias de informação e comunicação e o desempenho acadêmico. Descobriu-se que a simples proximidade de um aparelho celular era capaz de distrair os estudantes e provocar um impacto negativo na aprendizagem em 14 países”, destaca a Unesco.

Para ser aprovado no Congresso, o projeto de lei que será apresentado pelo MEC será discutido pelos parlamentares e precisará ser aprovado por maioria simples da Câmara dos Deputados e do Senado Federal. Passado pelo Congresso, ainda é necessária uma sanção do presidente Lula da Silva. Será necessário, caso o projeto de lei se torne uma norma nas instituições, um alinhamento de ações educacionais, pois a questão poderá se tornar uma grande confusão, já que atualmente milhões de alunos utilizam aparelhos celulares quase que em tempo integral.

Eleitores de última hora podem decidir pelos líderes nas pequisas

Banco Central eleva Selic em 0,25%, e juros vão a 10,75% ao ano

Decisão foi divulgada pelo Copom nesta quarta-feira

Pedro do Coutto

Contrariando a expectativa inicial fixada pelo presidente Lula da Silva, o Banco Central decidiu nesta quarta-feira elevar a Selic para 10,75% ao ano. O aumento foi de 0,25 ponto percentual. É a primeira vez que a autoridade monetária sobe a taxa básica de juros desde agosto de 2022 . A decisão dos diretores do órgão foi unânime. O resultado seguiu as expectativas de agentes do mercado financeiro. A ata da reunião do Comitê de Política Monetária de julho dizia que o órgão não veria problema em aumentar a alíquota caso considerasse necessário.

A Selic influencia diretamente as alíquotas que serão cobradas de empréstimos, financiamentos e investimentos. No mercado financeiro, impacta o rendimento de aplicações. O Banco Central disse no comunicado de anúncio da alta que um novo ciclo de elevações deve se iniciar. Não explicitou, entretanto, quais serão as magnitudes dos aumentos que virão.

COMPROMISSO – “O ritmo de ajustes futuros na taxa de juros e a magnitude total do ciclo ora iniciado serão ditados pelo firme compromisso de convergência da inflação à meta e dependerão da evolução da dinâmica da inflação”, afirma o texto do órgão. A função da autoridade é colocar a inflação no centro da meta, de 3,0%. O índice anualizado estava em 4,24% em agosto (ainda no intervalo de tolerância).

Uma das formas de controlar a inflação é aumentar os juros. O crédito mais caro desacelera o consumo e a produção. Como consequência, os preços tendem a não aumentar de forma tão rápida. O Brasil ocupa a segunda posição no ranking de maiores juros reais do mundo com a decisão.

A reunião do Copom de setembro é a primeira com a indicação oficializada de Gabriel Galípolo para o comando do Banco Central. Atualmente, ele é diretor de Política Monetária da autoridade. Galípolo subiu o tom sobre a condução dos juros depois do encontro de julho. Ele reforçou o posicionamento da ata e defendeu um aumento da taxa básica em uma eventual necessidade. As declarações reforçaram as expectativas do mercado para esta quarta-feira.

RESTRIÇÃO –  “Estamos dispostos a viver com uma taxa mais restritiva por mais tempo, porém, ficou para mim uma sensação de que essa frase […] foi lida como retirar da mesa a possibilidade de alta. E isso não é a realidade do diagnóstico do Copom. A alta está na mesa e a gente quer ver como isso vai se desdobrar”, declarou o diretor em 12 de agosto. As falas se deram ainda antes de ser indicado pelo presidente Lula da Silva para a vaga a ser deixada por Roberto Campos Neto.

Esta é a 3ª reunião seguida do Copom com placar unânime na votação. Houve um racha em maio. Os quatro indicados por Lula para a diretoria do Banco Central votaram por uma redução de meio ponto percentual. Já os cinco nomes colocados pelo ex-presidente Jair Bolsonaro votaram por uma queda de 0,25 ponto percentual – que prevaleceu.

REAÇÃO – A divisão provocou uma reação negativa entre os agentes econômicos. Na reunião seguinte, de junho, todos os diretores votaram pela manutenção da Selic em 10,50% ao ano. A reunião do racha, em maio, foi a única em que Galípolo e Campos Neto não tiveram votos iguais.

Emitir papéis com uma taxa de mais 0,25% significa aumentar o desembolso da União com a rolagem dos juros que incidem sobre a dívida total. Essa é a verdade. O governo anuncia que não é para combater o déficit, mas para captar recursos. Não está sendo claro e nem o BC está sendo portador de uma explicação verdadeira sobre um caso realmente difícil de se resolver. Cada vez mais que a taxa se eleva, maior é a despesa do governo.

Atacado eletronicamente no Líbano, Hezbollah ameaça Israel

Milhares de aparelhos foram detonados em todo o Líbano

Pedro do Coutto

O clima no Oriente Médio voltou a ficar tenso com os ataques do Hezbollah ao norte de Israel nesta quarta-feira na primeira retaliação à explosão de pagers do grupo extremista no dia anterior. Os ataques, feitos com lançamento de foguetes, atingiram posições de artilharia israelenses.

O Hezbollah e o governo do Líbano acusaram Israel de estar por trás dos ataques aos dispositivos de mensagem utilizados pelo grupo extremista e que explodiram de forma quase simultânea, matando 12 pessoas, entre elas uma menina de 9 anos, e ferindo mais de 2.700. Os aparelhos eram usados pelos integrantes do Hezbollah como forma de comunicação para evitar rastreamento por Israel, já que, ao contrário de celulares, os pagers não têm GPS.

EXPLOSIVOS – O governo do Líbano e o Hezbollah acusaram Israel de ter implantado explosivos dentro dos pagers, antes mesmo de que os aparelhos fossem comprados pelo grupo extremista. Na terça-feira, os Estados Unidos negaram terem tido qualquer participação no ataque. A imprensa norte-americana afirmou, com base em fontes de diferentes governos, que o Mossad, o serviço de inteligência de Israel, foi quem planejou e executou o ataque.

Os pagers foram detonados quando membros do Hezbollah estavam em locais públicos, como lojas e mercados. Ainda de acordo com a imprensa americana, a operação ocorreu antes do planejado pelo Mossad porque o Hezbollah descobriu o plano. Os pagers que explodiram emitiram um alerta antes da explosão, imitando o barulho que fazem ao receber uma mensagem real. Na sequência, foram detonados.

Segundo o jornal “The New York Times”, a suspeita é que Israel implantou os explosivos em um lote de pagers encomendado pelo Hezbollah. A publicação afirmou que uma carga explosiva com menos de 50 gramas foi colocada próxima à bateria, junto a uma espécie de interruptor. Isso possibilitaria que os pagers fossem detonados remotamente. Por volta das 15h30, pelo horário local, os equipamentos receberam uma mensagem que parecia ter vindo da liderança do Hezbollah. A mensagem “falsa”, no entanto, ativou os explosivos.

VÍTIMAS – Várias pessoas sofreram ferimentos na cabeça, nas mãos ou na região da cintura. O fato de o pager ter tocado antes da explosão pode ter induzido os usuários a se aproximarem ou manusearem os equipamentos. Ainda segundo o The New York Times, o Hezbollah havia encomendado mais de três mil pagers. Os equipamentos foram distribuídos para membros do grupo extremista no Líbano, além de aliados no Irã e na Síria.

O governo de Israel anunciou que começou a mover tropas para o norte do país, na fronteira com o Líbano, nesta quarta-feira. O Ministério da Defesa afirmou que está iniciando uma “nova fase da guerra”, dando indícios de que partirá para o combate contra o grupo extremista Hezbollah. A região voltou a se configurar como um temido cenário de confrontos, não havendo perspectiva para pausa ou para um cessar fogo diante dos atentados ocorridos e desfechados por ações paramilitares. Desta forma, a paz no Oriente Médio está longe de ser alcançada.