
Ainda é cedo para afirmar repercussão do atentado na Pensilvânia
Pedro do Coutto
À primeira vista, o atentado contra Donald Trump poderá fortalecê-lo na sucessão presidencial. Porém, há desdobramentos que estão sendo investigados pelo FBI e que poderão não apagar, mas descaracterizar a importância do que aconteceu na Pensilvânia e o que acontecerá nas urnas de novembro. “Estamos investigando o caso como uma tentativa de assassinato, mas também como um possível ato de terrorismo doméstico”, declarou Robert Wells, diretor assistente da divisão de contraterrorismo do FBI à imprensa norte-americana.
De acordo com as autoridades dos EUA, o autor do ataque contra Trump, identificado como Thomas Matthew Crooks, de 20 anos, agiu sozinho e, até agora, os investigadores não encontraram “nenhuma ideologia relacionada” com a tentativa de assassinato.”Neste momento, as informações que temos indicam que o atirador agiu sozinho”, afirmou Kevin Rojek, agente do FBI na Pensilvânia. .
DE RASPÃO – Trump deixou o comício sangrando e foi encaminhado ao hospital. Um disparo atingiu de raspão a orelha do ex-presidente. O republicano teve a segurança reforçada. Os disparos também provocaram a morte de um homem que acompanhava o comício, Corey Comperatore, de 50 anos. Além disso, outros dois espectadores, também do sexo masculino, foram socorridos em estado grave e encaminhados ao hospital.
A polícia recuperou um fuzil AR-15 semiautomático no local do atentado, segundo a Associated Press, consequência da política de liberação para a compra de armas nos Estados Unidos, políticas defendidas pelo candidato republicano. As autoridades afirmaram que o suspeito comprou a arma legalmente. A investigação tentará identificar se outras pessoas estão envolvidas no crime. É preciso não esquecer que a invasão do Capitólio comandada pelo próprio Donald Trump representou o primeiro atentado contra o resultado das eleições americanas que resultou em nove mortos nos conflitos que se desenrolaram.
REFERÊNCIA – O autor do atentado foi morto e assim se perde uma referência sobre o que poderia surgir, revelando aspectos de bastidores, mas que desapareceram efetivamente. Por um triz, a bala não atingiu Trump como o atirador pretendia, mas ficaram no ar as explicações que seriam indispensáveis.
Conforme disse, Donald Trump tentou impedir com a invasão do Capitólio que a democracia fosse exercida na eleição em que perdeu. Agora, ele foi vítima da mesma violência a qual incitou anteriormente. Pode ser que consiga reverter a sua posição, mas ainda é cedo para fazer essa afirmação. O que é concreto hoje pode se dissolver amanhã.
Sob o aspecto da democracia atacada no sábado nos Estados Unidos, o presidente Lula da Silva repudiou o que classificou como um atentado contra o ex-presidente Donald Trump. Na rede social X, Lula considerou o ato como “inaceitável”. Por meio de nota do Itamaraty, o governo brasileiro se manifestou veementemente contra o atentado. Segundo o comunicado, o Brasil reafirma ser inaceitável qualquer forma de violência política em sociedades democráticas e que acompanha com atenção o pleno esclarecimento dos fatos.