J.R. Guzzo
Estadão
O novo ministro Flavio Dino tem diante de si, possivelmente, a tarefa mais difícil da sua vida: fazer o Supremo Tribunal Federal ficar pior do que já é. Não é impossível, dentro do entendimento geral de que tudo que existe dentro do universo sempre pode piorar. E credenciais para enfrentar esse desafio o ministro certamente tem.
Foi governador do Maranhão durante oito anos seguidos, e deixou o seu Estado como o mais miserável do país – as dez cidades com o pior IDH do Brasil ficam ali. O Maranhã está entre os mais atrasados do Nordeste em quase tudo: educação, saúde, água encanada, esgoto.
NINGUÉM SE IGUALA – No governo Lula, Dino é o pior ministro, em termos de resultados, coisa que não é fácil para ninguém. Foi nulo, especialmente, na obrigação de combater o crime e dar mais segurança aos cidadãos. É um campeão da ideia de que liberdade é assunto a ser tratado pela Polícia Federal.
Ainda assim, vai ser duro. Quem conseguiria fazer no STF um trabalho de destruição das leis, da moral e dos direitos humanos mais perverso que o inquérito sem fim contra os “atos antidemocráticos”? Há réus primários presos há quase um ano sem culpa formada, sem julgamento e sem direito pleno à defesa legal.
Advogados têm de mandar suas peças de sustentação oral por vídeo – sem ter a menor ideia se alguém vai ver ou ouvir o que gravaram.
“FIM DO MUNDO” – Nesse inquérito podem entrar todos e quaisquer crimes cometidos no Brasil, no mundo e no sistema solar; há de tudo ali, de bloqueio da conta bancária de uma garota de 15 anos, suspeita de “lavar dinheiro” para ajudar o pai exilado, a um bate-boca envolvendo o ministro Alexandre de Moraes no aeroporto de Roma.
O inquérito do “fim do mundo” transformou o mais alto tribunal de justiça da República numa delegacia de polícia que apreende celulares, revista automóveis e executa ordens ilegais. É o DOPS da “democracia”.
O ministro Gilmar Mendes chamou os senadores de “pigmeus morais”, por terem tomado uma decisão que ele não gostou. O que Flavio Dino pode dizer de pior?
“FLAGRANTE PERPÉTUO” – O ministro Moraes, que já tinha criado o assombroso “flagrante perpétuo”, acaba de criar o foro privilegiado para a primeira-dama. Ela se queixou da invasão de seu perfil no antigo Twitter, coisa que talvez valesse um B.O. na delegacia do bairro.
Moraes, de imediato, chamou o caso para o Supremo, tocou a Polícia Federal em cima dos suspeitos – e tudo o que conseguiram foi a humilhação pública de deter um menor de idade na periferia mais pobre de Brasília.
O problema do STF não é Flavio Dino. É o próprio STF. Como observou o Estadão em editorial, quem estava em julgamento na sabatina do Senado não era Dino. Era a Corte constitucional.
Dino só está lá, pois o Comando Vermelho (o do bonezinho CPX) se mordia de inveja do PCC ter seu próprio representante direto lá dentro. Agora isso acabou. O tráfico está equilibrado no SSTF.
Quanto as futuras gravações das seções virtuais, terão prazo de validade e de quanto tempo?
1) Até onde estou informado, meus colegas professores no MA, ficaram muito felizes com o Governador Dino… salários ótimos !
Como uma pessoa sendo bom deputado federal, governador sendo eleito, reeleito, o senador mais bem votado do Maranhão e todo os cargos que ocupou na justiça foi elogiado. Lacrar um ministro que ainda nem tomou posse é devido ao ódio que os bolsonaristas nutrem, por Bolsonaro ter perdido as eleições e, como não tem como defende-lo lacram o governo eleito para se vingar da derrota do despreparado.
O ódio faz mau à saúde.