William Waack
Estadão
Duas adversidades que na verdade são uma só se escancararam para o governo. É a óbvia ligação entre números ruins de educação básica e os de uma economia incapaz de dar um salto vigoroso de crescimento, tais como revelados pelo PISA e pelo IBGE.
Da maneira como o governo entender a raiz desses problemas depende a sua maior ou menor capacidade de ajudar a resolvê-los, e do que pode ser feito a curto prazo (entendido como tempo até a próxima eleição). A profundidade do fenômeno sugere, porém, que não há saída imediata.
DISPARIDADES – Em educação, assinala Claudia Costin, há avanços (ensino integral, por exemplo) mas o governo não está comprando as brigas que deveria com o corporativismo e não consegue alterar o fato de que o Brasil gasta proporcionalmente muito mais com o ensino superior do que com o básico – que foi a chave do sucesso de várias economias, emergentes e do mundo rico. E não está enfrentando o formidável obstáculo imediato da formação de professores.
A economia brasileira, embora com inflação mais baixa e desemprego também, na definição do economista Otaviano Canuto, padece há décadas de produtividade anêmica e sob um estado balofo. E com taxas baixas e decrescentes de investimento, sugerindo um encurtamento ainda maior do PIB potencial.
No passado recente governos petistas lidaram com esse quadro geral e as adversidades de percurso (como a crise financeira de 2008) com expansão de crédito, gastos públicos, subsídios, protecionismo e a fé em que consumo das famílias faria rodar a economia. Uma parte relevante do pensamento acadêmico considera que essa visão é a responsável pelo desastre sob Dilma.
ACELERAR MAIS??? – Parte do governo Lula defende que faltou pisar mais no acelerador de gastos e investimentos para impulsionar crescimento. Mas uma parte relevante do atual governo tem compreensão totalmente oposta: o que faltou foi pisar mais no acelerador do crédito, gasto e consumo, e dos programas estatais de aceleração do crescimento.
Esse entendimento está explícito na maneira como o presidente Lula descreve suas principais dificuldades e onde está seu empenho para tocar a economia.
Ele entende as limitações imediatas trazidas pela questão fiscal como “sacanagem” dos mercados e de parlamentares empenhados em conseguir mais emendas.
CURTÍSSIMO PRAZO – Acaba mergulhado numa situação na qual o curtíssimo prazo de articulações políticas para assegurar mais arrecadação e sustentar a expansão de gastos públicos consome as energias e o foco do governo.
No plano geral o resultado é a falta de enfrentamento dos desafios de longo prazo – melhorar substancialmente educação e produtividade.
Desafios que não estão lá longe, no horizonte, esperando a hora de serem resolvidos. Estão condicionando o curto prazo.
Veja aqui como estamos pagando de impostos durante o ano de 2023:
https://impostometro.com.br/
Ainda há quem ache que a reforma tributária vá reduzir alguma coisa. Como se o governo fosse reduzir o que arrecada …
Sempre me espanta quando leio um artigo como este.
Só como exemplo: Quando optamos por ver nossos jovens pedalando nas entregas ou em motos ao invés de os ter com tocha Mig/Mag de soldagem; quando optamos por entregar nosso petróleo em troca de plataformas e equipamentos produzidos em outros países, esperamos o que???!!!
Países que não produzem uma gota de cacau, levam a fama dos melhores chocolates do mundo e só para dar um exemplo.
Estamos satisfeitíssimos em sermos produtores de commodities e ponto final.
Não vamos reclamar estarmos colhendo ervas daninhas quando não plantamos o trigo.
Para termos um bom futuro, temos que faze-lo agora. E não há investimento sem sacrifício.
O que era a Coreia do Sul ou a China, comparado com o Brasil na área de Construção Naval???!! E o que somos agora???!!!
Paremos de reclamar. Colhemos o que plantamos e se não plantarmos nada, colheremos as esmolas das outras nações.
PS: Temos agora uma oportunidade ímpar de investirmos em Agro florestas. Se a deixarmos passar, estaremos na mesma ladaínha daqui a trinta anos.
Correto caro Jose Pereira Filho, os caras vem sempre com esse papinho de que falta educação para aumentar a produtividade.
Parece que agora está voltando um percentual maior no conteúdo local e vamos ver se doravante, criamos empregos qualificados aqui, em vez de exportarmos os mesmos via encomendas de equipamentos, como os que citaste.
Como o governo pode desenvolver o país e melhorar a educação básica considerando-se a crise em que pegou o país, sem dinheiro para nada e muitas dívidas a pagar. Considere-se ainda o teto de gastos que não permite o desenvolvimento, com os juros altos, sendo diminuído a conta gotas, em um ano diminuiu apenas dois pontos percentuais e um Congresso mal acostumado, dominado pela direita e extrema direita conservadora, que sem emenda o executivo não governa.
É mole governar nessa conjuntura política?
Alçados pela NOM tornam irrealizáveis, desafios de tidos rebeldes “petulantes”!