Vergonha imensurável: parlamentares gastam milhões com autopromoção

Charge do Benett (Arquivo Google)

Marcelo Copelli

Enquanto grande parte da população ainda é alvo da falta de condições básicas que assegurem a dignidade de dispor de alimentação, saúde, segurança, moradia e transporte, entre outros, deputados federais, no primeiro ano de mandato, gastaram com autopromoção a exorbitante e vergonhosa cifra de R$ 79 milhões dos cofres públicos. O valor recorde, considerando a série histórica, e não inclui o mês que já termina, foi direcionado, sobretudo, para a impressão de panfletos.

O total astronômico corresponde a mais de um terço do total de R$ 216 milhões usado com a cota parlamentar, destinada a custear as regalias dos mandatos e a cobertura de despesas igualmente questionáveis, a exemplo de combustíveis, aluguel de carros, serviços de telefonia, alimentação e passagens aéreas, além de divulgação do mandato parlamentar. Ainda que legalmente previsto, o escárnio é notório e inaceitável, sobretudo em um país em que milhões de pessoas não sabem de que forma alimentarão as suas famílias no dia seguinte.

SEM BUROCRACIA – Os gastos sequer atravessam o caminho burocrático, uma vez que os milhares de reais são reembolsados imediatamente mediante a simples apresentação de notas fiscais. Enquanto isso, o cidadão que tenta fugir da miséria e conseguir um minguado benefício social, muitas vezes precisa comprovar através de inúmeros documentos a sua miserabilidade, perigando ter o seu pedido indeferido.

Teve parlamentar que gastou quase R$ 300 mil em uma única gráfica para a impressão de panfletos e não enfrentou o menor problema para ser ressarcido integralmente. Ao mesmo tempo, esse mesmo representante do povo, durante todo o mandato até agora, não teve nenhum projeto de lei aprovado. Tudo “dentro dos limites estabelecidos pela Câmara dos Deputados”.

VANTAGEM – Além dos gastos desvairados, confrontando-se com as precárias condições de boa parte da população brasileira, a cota parlamentar aplicada com divulgação pode dar aos deputados uma vantagem na disputa eleitoral, pois muitos são candidatos à prefeito nas eleições do ano que vem. Um ciclo vicioso e injusto.

O dinheiro público usado de forma acintosa mantém refém os nichos eleitorais que atravessam gestões sobrevivendo de perspectivas que nunca se efetivam. Em tradução simultânea, a verba de divulgação é, na realidade, recurso de campanha travestido de cota parlamentar, no fim das contas, contribuindo para as sérias disparidades entre quem tem e quem não tem mandato.

Some-se a este cenário que perdura há décadas, o fato de que esse cotão, ralo pelo qual escorre milhões de reais em recursos públicos, quando não fiscalizado de forma rígida e sem transparência, fortalece a rota de desvios. Independentemente do protagonismo justificado para o seu uso, o montante é passível de discussão. E, diante desta ciranda em que tudo que se gasta se adequa à previsão regimental e legal, os excessos são marcantes e a fiscalização questionável, fica a contradição cada vez mais exposta diante do Brasil que, ainda banguela, continua a sorrir.

15 thoughts on “Vergonha imensurável: parlamentares gastam milhões com autopromoção

  1. A DEMOcracia representativa – liberal! -, esgotou-se. Não é um paciente terminal. É um cadáver fétido e insepulto (ainda) exibido como símbolo de “civilização”.

    Por outro lado, a Democracia Participativa – que poderia ser a etapa que nos distanciaria da barbárie -, com a ascensão do neonazifascismo a nível global, infelizmente claudica.

    Hora de “renaSER”.

  2. Vivemos em uma ditadura.

    Nenhum poder emana do povo, que será preso e terá todos os bens confiscados caso faça alguma manifestação crítica aos reis absolutistas.

    Rico país explorado e tornado miserável pelos maiores bandidos da história da humanidade.

  3. Nota:

    BROXAnaristas, Surtados e Sombras do honorável editor, não perdem oportunidade de deitar verborragia na tentativa vã de se elevarem ao rés-do-chão da mediocridade

    … sem atentarem que ao procederem assim – crescem como rabo de burro.

    Enfim, que esperar de ledores de orelhas de livros…?!

    Xô!

    • Chamam de “broxanarista, surtado e sombra do honorável editor” qualquer ser humano que observa e pensa de forma independente e que jamais sera bajulador de qualquer grupo político de ocasião, que esteja enganando, multiplicando a corrupção, explorando e atrasando o Brasil há décadas.

  4. Entre penduricalhos e várias formas de “rachadinha”, um Judiciário e Legislativos caros e inoperantes. Exceto em causa própria, quando a celeridade é impressionante.

  5. Sr. Newton

    A “gastadora” pertence ao NarcoPartido dos Traficantes..& Ladrões & Corruptos & Imundos..

    Quem diria, hiprocritinhas de plantão…

    Luizianne Lins (PT-CE) está entre os três parlamentares que mais gastaram

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