Presidida por Nísia Trindade, a Fiocruz forneceu testes com sobrepreço de 700%

Nísia Trindade recebe profissionais que atuarão no Mais Médic - Arquivo Metrópoles

Niisia Trindade já está com toda a pinta de ex-ministra

Rodrigo Rangel
Metrópoles

Na reta final do governo de Jair Bolsonaro, o Ministério da Saúde pagou à Fundação Oswaldo Cruz por testes de Covid-19 valores que chegaram a quase oito vezes mais que os praticados na iniciativa privada. A Fiocruz era comandada, à época, pela atual ministra da Saúde, Nísia Trindade.

O ministério tinha uma licitação em andamento na ocasião, que foi suspensa pouco antes da aquisição feita junto à fundação. Foram comprados pelo menos 3 milhões de testes ao preço de R$ 19,40 cada. Na própria licitação que estava em curso, da qual participavam 35 empresas, havia oferta de testes pelo preço unitário de R$ 2,49.

COISA DE LOUCO – O valor fechado pelo ministério com a Fiocruz foi nada menos que 679% superior ao menor preço ofertado na concorrência. A compra se deu por meio de um acordo de cooperação técnica, em dezembro de 2022. O caso foi parar no Tribunal de Contas da União, o TCU.

Auditores da Corte atestaram o sobrepreço e detectaram irregularidades tanto na decisão que suspendeu a licitação quanto na contratação direta dos testes assinada com a Fiocruz.

O tribunal ordenou, ainda no ano passado, a suspensão do acordo com a fundação, vinculada ao próprio Ministério da Saúde. Mas a decisão está em vigor até hoje.

MINISTRA NÃO RESPONDE – A coluna enviou doze perguntas ao ministério da Saúde sobre o assunto na última terça-feira. Após pedir mais prazo para responder, a pasta limitou-se a enviar uma nota curta nesta quinta-feira na qual não se refere os pontos centrais da contratação. Não houve resposta, por exemplo, às perguntas sobre o valor de R$ 19,40 acertado com a Fiocruz.

O ministério disse apenas que o processo licitatório que estava em andamento à época, no qual havia oferta de testes por valores bem abaixo, foi suspenso porque empresas participantes foram desclassificadas.

O acordo com a Fiocruz foi firmado, diz o texto, como “alternativa” à licitação. O ministério afirmou, ainda, que um novo edital para aquisição de novos testes rápidos de Covid-19 está em vias de ser lançado, com previsão de entrega ainda no primeiro trimestre deste ano.

OUTRO CONTEXTO – A Fiocruz, por sua vez, disse também em nota que o fornecimento dos testes para o ministério se deu em um contexto que vai além da simples venda dos produtos e incluiu, por exemplo, ações para desenvolver a produção nacional.

“Como instituição vinculada ao Ministério da Saúde, o fornecimento de insumos e prestação de serviços em saúde ao SUS ocorre em um contexto de sustentação da base científica, tecnológica e industrial do Ministério da Saúde, modelo que vem permitindo importantes plataformas e produtos, com o objetivo de ampliar o acesso da população”, diz a nota, sem esclarecer se é esse “contexto” que justifica o preço maior pago por cada teste.

QUEM FABRICA? – Indagada se produz integralmente os testes que fornece ao ministério ou se os adquire de outros fabricantes e faz apenas o papel de intermediária, a Fiocruz afirmou que ela própria é responsável pela produção e, quando isso não acontece, os testes são produzidos por um parceiro, o Instituto de Biologia Molecular do Paraná, o IBMP.

A fundação não respondeu qual foi o papel de sua então presidente, Nísia Trindade, hoje ministra da Saúde de Lula, no acordo acertado com a pasta.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Num governo sério, tipo Itamar Franco, que deixou saudades, Nísia Trindade já teria sido demitida sumariamente pela estranhíssima nomeação do filho como secretário de Cultura da Prefeitura de Cabo Frio, após o Ministério da Saúde destinar R$ 55,4 milhões ao município, um escândalo da melhor qualidade. (C.N.)

19 thoughts on “Presidida por Nísia Trindade, a Fiocruz forneceu testes com sobrepreço de 700%

  1. Enquanto o país for dominado pelo “toma lá, dá cá, me dá meu troco” vamos continuar o grande país deitado eternamente em berço esplendido e com a oligarquia política e do judiciário no topo dos privilégios construídos pelas corporações do setor público.

  2. Por onde andará o que chamamos de “povo brasileiro”?

    Já passou da hora de elegermos presidente, governadores e prefeitos competentes e corretos!

    Será que ainda temos gente assim ou nosso país não tem mais jeito?

    Cega de construirmos escolas! Já temos mais do que o necessário.

    Agora, é chegada a hora de investirmos em presídios e trabalhos de presos em favor da sociedade e do país!

    Fallavena

    • “CHEGA… de escolas?!”

      Arre, égua!

      Se ainda dissesses “Chega de igrejas!”, entenderia pois, de há muito pululam igrejas neopentecostais como sapos no brejo. [Cada uma com pastores mais e mais ávidos em tosquiar (extorquir) suas ovelhas.]

      “Chega de escolas!”, lembra, com sinal trocado, palavras do Educador Darcy Ribeiro:

      “Se os governantes não construírem escolas, em 20 anos faltará dinheiro para construir presídios.”

  3. Temos a terceira maior população carcerária do mundo, com números variáveis, mas que se aproximam de um milhão de pessoas, em sua imensa maioria inocentes, com acusações bizarras e contrárias a todas as provas e a toda a lógica como ocorre nos processos de Maria da Penha que prosperam com mentiras contra homens totalmente desconhecidos e casados, arrancados de suas famílias, cônjuges e filhos, pais idosos e doentes dos quais cuidavam, seus estudos e carreira acadêmica e produtividade científica, sua longa carreira como trabalhadores qualificados e a sua enorme contribuição à sociedade como investidores e empreendedores e excelentes servidores com décadas de conduta social e familiar ilibada e irrepreensível.

    O Brasil precisa parar de prender inocentes.

    Juízes e promotores precisam com urgência respeitar a Lei Maria da Penha e parar de deferir medidas protetivas, processar, condenar inocentes que jamais tiveram qualquer tipo de relação íntima de afeto com as denunciantes caluniadoras.

    É preciso existir o mínimo filtro para que ninguém mais seja preso contra todas as provas apenas com a palavra de bandidos estelionatários que apenas querem arrancar patrimônio de desconhecidos usando o Judiciário e seus preconceitos contra pessoas de bem.

    O pior é que a Lei é clara.

    Mas juízes e promotores a desrespeitam e cometem absurdos, pois não existe nenhum meio de controle de suas ações criminosas contra inocentes encarcerados injustamente.

    Basta uma mulher, a mais de mil quilômetros de distância, inventar uma história absurda e inacreditável contra um homem que sequer conhece e ele é arrancado de sua esposa e de seus filhos e preso.

    O populismo penal, voltado à extorsão de patrimônio lícito, por bandidos, juízes e promotores, arrancando o fruto de décadas de trabalho, está tornando inviável a vida digna de homens de bem e de sua família no Brasil.

    E a principal ferramenta de absurdos está sendo a aplicação torta e absurda da Lei Maria da Penha contra desconhecidos sem nenhum contato e contra sua família.

  4. Até hoje não entendo porque o Bolsonaro manteve essa mulher como presidente da Fundação Oswaldo Cruz. Outra coisa que também não entendo porque colocam pessoas que não são da área como chefes. Essa mulher é socióloga o que entende da área de saúde

    • Conrado, ela foi eleita (sem urna eletrônica):

      Primeira mulher a comandar a Fundação Oswaldo Cruz em 120 anos de história da instituição, Nisia Trindade assumiu a direção da instituição em 4 de janeiro de 2017, tendo sido a mais votada na eleição interna

      Fonte: Wikipedia

    • Está no texto acima:

      O caso foi parar no Tribunal de Contas da União, o TCU.

      Auditores da Corte atestaram o sobrepreço e detectaram irregularidades tanto na decisão que suspendeu a licitação quanto na contratação direta dos testes assinada com a Fiocruz.

      O tribunal ordenou, ainda no ano passado, a suspensão do acordo com a fundação, vinculada ao próprio Ministério da Saúde. Mas a decisão está em vigor até hoje.

      Difícil ler e entender, não é ?

      O fato ocorreu na época da transição dos governos, sob a forma Agora, é ‘nóis’

  5. “Quem fizer errado sabe que tem só um jeito: a pessoa será simplesmente, da forma mais educada possível, convidada a deixar o governo. E se cometer algo grave a pessoa terá que se colocar diante das investigações e da própria Justiça”

    Líder Cachaceiro do Partido Macabro Brasileiro.

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