Mario Sabino
Metrópoles
Estou em Israel. Vim para ver de perto o resultado das atrocidades cometidas pelo Hamas em 7 de outubro do ano passado e também para reportar como Israel enfrenta os terroristas que executaram, torturaram, queimaram ou estupraram 1.200 dos seus cidadãos, além de sequestrar mais de duas centenas de israelenses, entre os quais mulheres, crianças, adolescentes e velhos.
No dia seguinte à minha chegada a Israel, o Hamas lançou dez foguetes contra Tel Aviv. Eu não estava na cidade, mas, se estivesse, teria de correr para um dos abrigos antiaéreos que fazem parte da paisagem israelense. Nos hotéis, aliás, os hóspedes recém-chegados são gentilmente orientados a não demorar mais do que dez minutos para chegar ao abrigo do prédio, em caso de alerta de bombardeio. Em cidades mais próximas de Gaza ou da fronteira com o Líbano, ninho do Hezbollah, esse tempo é bem menor.
NUM HOSPITAL – Durante a madrugada, horas depois do lançamento dos foguetes contra Tel Aviv, agentes de uma unidade especial do exército de Israel entraram em um hospital em Jenin, na Cisjordânia, disfarçados de médicos, e mataram três terroristas que se escondiam lá. O vídeo da ação logo circulou na internet.
O Hamas disparou os foguetes para reafirmar que continua com poder de fogo. Desde outubro, estima-se que Israel tenha matado, no máximo, 30% do efetivo do grupo.
Como os terroristas continuam a usar a rede de túneis que escavaram em Gaza, o exército israelense vai tentar destruí-la de uma vez bombeando água do mar para dentro dela. O trabalho já começou.
CESSAR-FOGO – Os líderes do Hamas querem o cessar-fogo total em Gaza. Para Israel, isso significaria abrir mão do seu objetivo declarado de acabar com o inimigo que executou os seus cidadãos e que prega a aniquilação dos judeus no Oriente Médio.
Há poucos dias, Estados Unidos, Catar e Egito, entre outros países, chegaram a um denominador comum com Israel em busca de um acordo de paz provisória. Será apresentado ao Hamas uma proposta de cessar-fogo de seis semanas, em troca da liberação de uma nova leva de reféns israelenses. Até o momento, ainda há 136 sequestrados.
Israel obteve na semana passada uma primeira vitória no Tribunal Penal Internacional, em Haia, onde enfrenta uma processo espúrio por genocídio em Gaza, instaurado por iniciativa da África do Sul, em conluio com o Hamas e outros países simpáticos ao grupo terrorista, inclusive o Brasil de Lula.
DIREITO DE DEFESA – Os juízes não acataram a demanda sul-africana de um cessar-fogo imediato em Gaza. Reconheceram o direito de Israel de se defender dos seus inimigos. Ao mesmo tempo, decidiram que autoridades do governo israelense devem se abster de fazer declarações que possam ser interpretadas como genocidas.
Parte da imprensa e os governos antissemitas relegaram ao segundo plano o dado principal — se Israel fosse mesmo genocida, o tribunal teria decidido pelo cessar-fogo — e fizeram barulho com o aspecto acessório. Tempos difíceis.
Outra vitória robusta foi no campo da ONU antissemita. Doze supostos funcionários da agência das Nações Unidas que teoricamente auxilia refugiados palestinos foram afastados porque eram terroristas do Hamas assalariados, como Israel vinha apontando. Os Estados Unidos suspenderam o financiamento desse antro e uma investigação interna foi aberta.
NO KIBUTZ – Visitei o kibutz Kfar Aza, a dois quilômetros de Gaza, um dos mais atingidos pelo ataque selvagem do Hamas. Apesar de imagens do massacre ocorrido ali terem circulado abundantemente, a visita ao local é uma experiência chocante. É como se os mortos ainda vagassem desnorteados pelas suas alamedas.
Quando fazem 18 anos, rapazes e moças dos kibutzim (plural de kibutz) passam a viver sozinhos, em pequenas casas que lhes são destinadas pela comunidade que ficam concentradas em determinada área. É um rito de passagem para a vida adulta. Lá, eles têm mais independência e iniciam os seus próprios núcleos familiares.
Nessa parte do Kfar Aza, o cenário é de completa destruição. As casas foram queimadas, metralhadas e evisceradas pelas armas pesadas dos invasores do Hamas. Eles mataram todos os jovens do kibutz hoje inabitado. Não sobrou nenhum para contar a história já sabida. O rito de passagem foi da vida pela frente para a morte cruel pelas mãos do Hamas.
GRITO DA BARBÁRIE – Os sinais no kibutz vazio são de um dia normalíssimo interrompido subitamente pela barbárie, paralisado em um grito que não sairá da garganta, congelado no tempo. O silêncio é quebrado de vez em quando pelo barulho do bombardeio e da artilharia do exército israelense em Gaza. Ouve-se também o zunido de drones que voam acima das nuvens de um país estranhamente chuvoso para os padrões climáticos habituais.
Depois da visita ao kibutz, fui à base de Nahal Oz, onde moças de 18 a 20 anos, em serviço militar obrigatório, monitoravam, por meio das câmeras de segurança, a fronteira cercada de Gaza. Uma delas nos conta como as colegas em serviço tentaram sobreviver ao ataque dos terroristas que invadiram a base.
Eles pareciam ter brotado da terra, já estavam praticamente dentro de Israel quando foram vistos nos monitores dos quais não sobrou quase nada, todos queimados. As moças refugiaram-se em um anexo da sala principal, mas foram sufocadas pela fumaça das bombas. Seis delas conseguiram escapar por uma janela estreita. Vinte e quatro morreram.
ESTAVAM DE PIJAMA – As outras moças, todas recém-saídas da adolescência, correram de pijama (eram 6h30 da manhã) para o abrigo antiaéreo da base. Pensaram que era apenas mais um ataque de foguetes. Foram surpreendidas pelos seus executores. Sete foram levadas para o inferno que as esperava no enclave palestino, do outro lado do muro. Uma morreu em Gaza e outra foi libertada. Cinco permanecem com os sequestradores.
No total, 70 militares israelenses morreram em Nahal Oz. Muitos tiveram um tempo exíguo para lutar, as marcas das suas balas cravejando as paredes, antes de serem abatidos pelos terroristas.
Como foi possível que uma base militar fosse invadida desse jeito? É que as moças encarregadas de vigiar Gaza não foram levadas a sério pelos seus comandantes. Elas vinham avisando fazia tempo que havia uma movimentação estranha junto ao muro, mas sempre ouviam que era normal. Não era.
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P.S. – Viajei a Israel a convite de uma integrante da comunidade judaica brasileira, Alessandra Safra, que está empenhada em combater o antissemitismo que grassa no nosso triste país. (M.S.)
Esse faz parte – não só da imprensa “amestrada”: integra sua ala nazifascista – que atualmente se sente “em casa” por esse sítio.
O autor do texto só falta dizer que vale tudo para destruir o Hamas, inclusive eliminar todos os palestinos.
Quanto ao tribunal de Haia, esses determinou que Israel deve tomar s medidas que impeçam ações que representem ameaça à existência dos palestinos, inclusive aquelas que destruam a infraestrutura de Gaza. E ainda determinou que não houvesse bloqueio de ajuda humanitária à popuilação. Portanto, embora não ordenasse o cessar fogo, o tribunal não negou a potencialidade de genocídio pelas ações que Israel vinha praticando, até então.
Eu gosto do Mario Sabino, mas achei ele parcial nesse texto. Não diria um conflito Israel X Palestina e sim Netanyahu X Hamas. Ambos são terroristas e de certa forma ambos são genocidas.
Esse conflito que está saindo da sua área de atuação e entrando em proporções globais, existe pelo menos, umas 5 opiniões diferentes.
– Benjamin Netanyahu com seu grupo que sonha em ocupar a faixa de Gaza para explorar o gás e construir um novo Canal de Suez na região. Ele precisa manter o estado de Guerra em Israel para não ser preso por seus crimes de corrupção e genocídio.
-Hamas que fala em destruir Israel e realiza atos terroristas, mas eles sabem que é impossível destruir Israel. Depende da política de Netanyahu para continuar existindo.
– Os palestinos, onde em sua maioria, o Hamas não são representante deles.
-Os israelenses, onde em sua maioria, Benjamin Netanyahu e seu grupo não são representante deles.
-Uma visão de fora disso tudo.
Falar só de um lado como vítima e esconder a verdade, mais de 26 mil palestinos mortos, toda a faixa de Gaza destruída, essa guerra não tem inocente. Hamas depende de Netanyahu assim como Netanyahu depende do Hamas. Um não vive sem o outro, é uma relação parecida com o Brasil onde Lula depende de Bolsonaro para viver e Bolsonaro depende do Lula.
Netanyahu apoiou o Hamas para enfraquecer o Fatah, o governo de Israel nunca reconheceu a Palestina como país e da resolução da ONU para criar dois estados independentes, nunca foi cumprida. Ambos erraram nesse conflito, porém os poucos que tentaram acabar esse conflito foram mortos (Yasser Arafat, Isaac Rabin, etc …).
Esse conflito está atacando a economia de Israel como nunca aconteceu antes.
Os Houthis fecharam o Mar Vermelho e não existe solução militar para isso. Hezbollah atacando o norte de Israel, movimentação de famílias assentadas. Se Israel invadir o Libano vai levar na cabeça e voltar com o rabo entra as pernas (isso já aconteceu em 2006, perderam muitos soldados e veículos). A solução para esse problema não é militar, ambos precisam aprender a conviver com o outro de forma pacífica com respeito mútuo ter dois estados soberanos o de Israel e da Palestina com independência entre eles.
Cláudio, um comentário sensato. Netanyahu está fazendo tudo para eliminar os palestinos da Faixa de Gaza, não eliminar o Hamas. A morte indiscriminada de dezenas de milhares de civis e de crianças, e a destruição do país estão completamente fora de proporção com o ataque terrorista e cruel que matou mil e poucos israelenses. ;E difícil atingir os terroristas lá dentro? Sim, Mas fazer toda a população de Gaza pagar por isso é um crime maior ainda.
Repete a mesma coisa sempre. Por que não fala o mesmo dos governos de esquerda que mataram mais de 300000 por falta de saneamento
Somos todos Netanyahu!!!! Que não falte armamento para Israel.