Dorrit Harazim
O Globo
Na semana passada houve júbilo no grupo de terráqueos que há 47 anos acompanha a odisseia das naves gêmeas Voyager 1 e 2. Consideradas tesouro nacional pelos americanos, elas são as duas “criaturas” mais paparicadas e estimadas da agência espacial dos Estados Unidos (Nasa). Só que, desde novembro último, criador e criatura deixaram de falar a mesma língua.
Em vez de transmitir dados por meio da linguagem binária com que fora programada, a Voyager 1 passou a emitir apenas um ruído contínuo, indecifrável, semelhante ao sinal de ocupado de um telefone comum.
DE REPENTE… – O enguiço durou quatro longos meses e parecia prenunciar um tristonho réquiem. Na tarde de quarta-feira, porém, sem avisar, a nave se fez viva, pareceu querer restabelecer o diálogo com os humanos. A partir de alguma localização interestelar, emitiu um sinal que percorreu 22 horas e meia até chegar aos computadores da Nasa, e esse fragmento de linguagem conseguiu ser parcialmente decodificado.
Para uma das veteranas do projeto, que acabara de se formar em 1977 quando a primeira sonda foi lançada, o sinal recebido na semana passada lhe deu alegria só comparável ao restabelecimento de um batimento cardíaco.
As Voyagers 1 e 2 foram os primeiros objetos fabricados pelo ser humano a trafegar mais de 20 bilhões de quilômetros até alcançar o espaço interestelar.
AO INFINITO – É uma odisseia sem fim: da Terra ao sistema solar exterior, de lá rumo ao infinito desconhecido. Uma das missões da primeira nave consistiu em explorar um fenômeno que só ocorre uma vez a cada 175 anos — o alinhamento espacial de Júpiter, Saturno, Urano e Netuno.
Sua nave gêmea, enquanto isso, enviava dados sobre os planetas glaciais gigantes. Encerrada essa fase, deixaram a esfera dos planetas conhecidos, saíram da zona de influência solar e seguiram rotas diferentes na escuridão espacial.
Aos poucos, inexoravelmente, as naves haverão de se distanciar ainda mais de nós — o tempo de leitura desta coluna equivale a 16 mil quilômetros a mais percorridos pela Voyager 1 no espaço sideral. Por fim, as gêmeas outrora tagarelas, pelas quais os integrantes do programa desenvolveram apego quase existencial, haverão de se calar para sempre. Permanecerão apenas na nossa memória.
FORA DA ROTA – Assim como as sondas, também nós, bípedes, enferrujamos e envelhecemos, nos desgarramos da rota que nos foi designada. Por vezes, perdemos o comando da linguagem e os códigos de entendimento mínimo. Tome-se o exemplo do impasse em Gaza.
A solução é gritante, para além da fúria terrorista desencadeada pelo Hamas no 7 de Outubro e do morticínio indiscriminado de civis encurralados, ordenado por Benjamin Netanyahu. A solução é a mesma de quatro guerras anteriores. Portanto é conhecida, nem sequer necessita de alterações profundas.
Tampouco é um planeta novo à espera de ser descoberto, já está tudo mapeado. Aguarda apenas uma concertação de líderes dispostos a pagar uma dívida histórica com todo um povo: a criação de um Estado Palestino soberano, determinado a reconhecer e a conviver com o vizinho Israel.
CONTRA NETANYAHU – Três dias atrás, em Washington, o veteraníssimo líder do Partido Democrata no Senado, Chuck Schumer, apoiador histórico da causa israelense, abalou o statu quo ao afirmar que Israel deveria convocar eleições para abrir novos caminhos — leia-se, para derrotar Netanyahu nas urnas.
Vale mencionar que Schumer, antes de fazer discurso tão radical, submeteu-o à apreciação do presidente Joe Biden. (A última vez em que um presidente dos Estados Unidos se deu ao direito de derrubar um governante indigesto foi no Iraque de 2003 — e terminou péssimo.)
No mesmo dia, em artigo para o New York Times, o colunista Thomas Friedman alertou que a situação atual de Israel se torna “radioativa”.
DIZ FRIEDMAN – “Israel tem um primeiro-ministro que aparentemente prefere ver Gaza transformada numa Somália em mãos de senhores da guerra” — escreveu ele — a deixá-la em mãos de alguma autoridade palestina.
Quem deve decidir quanto a liderança de Netanyahu é problemática são os próprios israelenses, por óbvio. Da mesma forma, cabe às esclerosadas lideranças palestinas abandonar o conforto em que se encastelaram.
Se desse horror todo não emergir uma solução capaz de abrigar os dois povos, é porque estamos mais distantes da civilização do que a Voyager 1 está da Terra.
Sr. Newton
Veja o “demagogo” terror-rista-vagabundo Burguês Comuna Maligno, filho da Elite Paulistana, criado nas Mansões do Alto de Pinheiros e estudante do colégios particulares…..
Uma promessa hipócrita de Guilherme Boulos
Boulos promete 50% de mulheres na prefeitura, mas elas são minoria em gabinete
https://oantagonista.com.br/brasil/uma-promessa-hipocrita-de-guilherme-boulos/
Boulos promete gestão igualitária, mas emprega e paga mais a homens
Gabinete de Guilherme Boulos na Câmara dos Deputados tem 50% mais homens do que mulheres; média salarial delas também é inferior
Sr Armando, o que tem a ver essa guerra com o Boulos. Não entendo, sr Armando
O Sr, só vai entender, quando o Blog tiver um espaço para assuntos diversos aos do artigo.
Como não tem.,.
Simples assim,..
Grande Abraço….
PS.
Ah, esqueci, eu quero que o Carniceiro Bibi e o Grupo Escolar Karl HaMarxs se explodam ,não necessariamente com essa palavra….
D. Dorrit brilhante!
O mesmo deveria ser feito com o Bush e o Obama, com que fizeram com o Iraque
Os desafetos da Esquerda Bizantina:
Bibi Netanyahu, Bolsonaro e Trump.
E por falar em Bolsonaro.
A caçada desencadeada ao Bolsonaro é mais implacável e metódica que a caçada aos fugitivos do presídio de Mossoró.
Onde já se viu um cara bronco que não respeita a liturgia do cargo assediar uma baleia?
A Sociedade Protetora dos Animais está prevaricando ao não tomar uma atitude enérgica contra o bruto.