Vozes pró-Palestina estão sob censura no Brasil e também nos Estados Unidos

Policiais protegem a Universidade Columbia, em Nova York

Glenn Greenwald
Folha

A primeira razão para defender a liberdade de expressão é por princípio: todos devem ter o direito de expressar suas opiniões sem o risco de punição criminal. Mas essa não é a única razão. A segunda é mais egoísta: é do interesse de cada um se levantar contra a censura porque invariavelmente a próxima opinião censurada pode ser uma com a qual você concorda.

No Brasil, assim como nos EUA e em todo o Ocidente, os opositores à guerra de Israel em Gaza estão sendo silenciados. Após os ataques de 7 de outubro, as leis mais extremas e autoritárias foram aprovadas com o objetivo de defender Israel de críticas, acusando ativistas pró-Palestina de incitar ódio contra judeus.

ATO DA CÂMARA – No início do mês, vimos o exemplo mais flagrante disso: a Câmara dos EUA adotou uma definição radicalmente expandida de antissemitismo, a ser incorporada ao arcabouço das leis federais antidiscriminação. Essa nova definição inclui diversos exemplos de opiniões sobre Israel e indivíduos judeus que, ainda que errôneas, são claramente válidas e devem ser permitidas.

Entre as opiniões proibidas: comparar os crimes de Israel aos crimes nazistas, criticar Israel aplicando uma “dualidade de critérios” frente a críticas feitas a outros países, expressar a ideia de que os judeus foram responsáveis pela morte de Jesus, alegar que um indivíduo judeu tem maior lealdade a Israel que a seu próprio país.

É totalmente razoável achar algumas dessas opiniões erradas ou até ofensivas, mas é extremamente repressivo e perigoso que elas sejam criminalizadas.

PROBIÇÃO SELETIVA – É importante notar que é admissível criticar qualquer outro país — até o Brasil ou os EUA — usando dois pesos e duas medidas; só é proibido fazê-lo sobre Israel. Também é perfeitamente aceitável acusar os evangélicos, por exemplo, de ter uma lealdade suprema a Israel — só estamos proibidos de dizer isso sobre judeus.

Em um desenvolvimento alarmante, o estado do Rio de Janeiro, sob a liderança do governador Cláudio Castro (PL), copiou os EUA e adotou essa definição expandida, que já fora adotada oficialmente por São Paulo sob Tarcísio de Freitas (Republicanos).

As ameaças não são apenas hipotéticas: o jornalista judeu Breno Altman, reiteradamente perseguido e censurado por suas críticas a Israel, é um exemplo eloquente. O mesmo vale para as ameaças levantadas contra o PCO por “discurso de ódio” que se seguiram às duras críticas feitas pelo partido a Israel.

RIGOR EXCESSIVO – Nos EUA, as ameaças são ainda mais extremas. O governador republicano da Flórida, Ron DeSantis, baniu das universidades todos os grupos de uma organização pró-Palestina.

O governador do Texas, Greg Abbott, aprovou uma lei para “proibir o antissemitismo” e criar um “ambiente seguro nas universidades”, em uma tentativa de criminalizar protestos estudantis, tão chocante que até setores da direita dos EUA se opuseram. Isso sem contar as inúmeras pessoas que perderam seus empregos em veículos de mídia e em faculdades por criticar Israel.

Nas últimas décadas, aqueles que defendem os palestinos sempre estiveram entre os alvos mais frequentes da censura nos EUA. Um dos exemplos mais marcantes é o acadêmico judeu Norman Finkelstein, filho de sobreviventes do Holocausto, que teve sua carreira destruída pelo lobby pró-Israel.

OUTROS PERSEGUIDOS – Também foram perseguidos o professor Steven Salaita, que, apesar de qualificado e recomendado pelas instâncias relevantes, teve sua contratação pela Universidade de Illinois cancelada devido a críticas aos bombardeios israelenses em Gaza em 2014; e o grupo Estudantes por Justiça na Palestina, que teve seu reconhecimento negado pela Universidade de Fordham por sua posição política.

Todos esses exemplos são derivados da mesma mentalidade por trás da campanha de censura contra a direita populista: é preciso coibir “discurso de ódio”, não se pode “incitar ódio” contra israelenses e judeus, não se pode defender genocídio (esse argumento, mais versátil, é igualmente brandido contra manifestantes pró-Israel e pró-Palestina) e algumas opiniões políticas ultrapassam a linha do razoável.

ARMA DOS PODEROSOS – É importante lembrar que a censura é a arma dos poderosos, nunca dos marginalizados. Aqueles que seguram a espada da censura não se importam se as opiniões são de esquerda ou de direita.

As opiniões censuradas são aquelas que ameaçam o establishment, independentemente de onde se originam. É por isso que todos aqueles que se opõe aos Poderes constituídos, sejam eles de esquerda ou de direita, têm um interesse em comum: defender a liberdade de expressão.

6 thoughts on “Vozes pró-Palestina estão sob censura no Brasil e também nos Estados Unidos

  1. Senhor Glenn Greenwald (Folha) , na verdade a campanha para a ” vitimização dos judeus ” , vem logo no pós 2ª guerra mundial , perseguindo e até eliminando fisicamente todos os pesquisadores e historiadores independentes , que iam de encontro a ” história oficial ” , culminando na imposição por goela abaixo mundial , da versão oficial do falso holocausto de judeus nas tais câmaras de gás dentro dos vagões de trens , transformados para tal , sendo que o verdadeiro ” holocausto ” de Palestinos , por Israel esta ocorrendo a olhos nus e a céu aberto na Palestina , financiado e apoiado pelos USA , Inglaterra , França , Jordânia e Arábia Saudita , sugiro que se investigue a verdadeira densidade demográfica Europeia na época , e verifique de onde surgiram , tiraram e apareceram esses tais 6 milhões de judeus , que tanto é propagado nos quatro cantos do mundo , como se verdade fosse , as ditas vitimas do nazismo .

  2. E o que pensaria o jornalista Glenn Greenwald sobre o Irã e outros financiadores de terrorismo e que pretendem varrer Israel do mapa?
    E quanto ao holocausto, os judeus da época se suicidaram não antes de levar seu ouro e joias para os bancos suíços.
    O mapa da mina, das minas do Rei Salomão é toda extrema esquerda mundial tem Israel como seu inimigo permanente.
    Se houvesse comunista na época do Nabucodonosor, dos faraós do Egito, dos filisteus de Gaza, no Império Romano os judeus já teriam sido extintos da face da terra, não restariam nem seus livros sagrados. Visto isso podermos creditar as desgraças do mundo aos comunistas. Stalin, Pol Pot, Mao, Fidel e outros grandes carniceiros da humanidade não me deixam mentir.
    Jornalista comunista só fala em censura quando suas castanhas estão no fogo.

    • Golda Meir teria dito, no dia que os palestinos baixarem as armas, haverá paz, no dia que Israel baixar as armas, será varrido do mapa.
      Outro ponto a ponderar, por quais motivos a esquerda mundial não ajuda a esquerda israelita a eleger seus presidentes e primeiros ministros?
      Essa é uma questão para os devotos do experimento soviético.

  3. Infelizmente ao classificar alguém que pensa diferente de ” Esquerda & Direita ” , visa tão somente fugir ao tema principal e racional , para se chegar a bom termo isento e imparcial , mas virou moda no mundo , distinguir as pessoas diferentes pelos extremos ” E & D ” ou de terroristas , mesmo não o sendo .

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