Ministro Haddad aumenta a projeção de déficit para este ano

Estimativa salta de R$ 9,3 bilhões para R$ 14,5 bilhões

Pedro do Coutto

Reportagem da Folha de S. Paulo desta quinta-feira destaca a posição assumida pelo ministro Fernando Haddad de projetar um déficit um pouco maior para o exercício deste ano. A previsão era de R$ 9,3 bilhões e passou a ser de R$ 14,9 bilhões. Apesar da piora, o resultado projetado segue dentro do intervalo de tolerância previsto no novo arcabouço fiscal para o cumprimento da meta fiscal de déficit zero.

Pela regra, há uma margem de tolerância de 0,25% do Produto Interno Bruto para menos ou para mais. Na prática, o governo poderá chegar ao final do ano com um déficit de até R$ 28,8 bilhões sem estourar a meta. A nova projeção de déficit foi encaminhada ao Congresso nesta quarta-feira, no segundo relatório bimestral de avaliação de receitas e despesas do Orçamento deste ano.

DIMENSÃO – A parcela, a meu ver, é muito pequena se tomarmos por base o total orçamentário. As despesas do governo divulgadas por parcelas altas destacam os encargos com a Previdência Social. Portanto, nessa dimensão de receitas e despesas, R$ 14,9 bilhões é uma gota no oceano. Porém, tem efeitos contraditórios. Haddad foi questionado pela Câmara Federal e chamado até de negacionista. Ele respondeu, dizendo que a Terra é redonda e que negacionista não seria o termo para a sua aplicação.

O orçamento neste ano também sofreu um abalo de R$ 13 bilhões com as despesas não previstas para socorrer o Rio Grande do Sul. O déficit maior, porém, não deve preocupar nem o governo e nem a oposição, embora esta possa utilizar a matéria para efeito político e eleitoral.

LIDERANÇA – O ministro Alexandre Silveira de Minas e Energia afirmou que a nova presidente da Petrobras, Magda Chambriard, tem que levar em consideração que quem manda de fato na empresa é o presidente Lula da Silva. “Se eu fosse o presidente da Petrobras, me preocuparia muito pouco em falar para fora. Eu me dedicaria à gestão da empresa e me preocuparia em me relacionar bem com o acionista controlador. Esse é o desafio”, apontou Silveira.

Perguntado se esse seria o conselho dado a Chambriard, o ministro afirmou que não era preciso porque “ela lê jornal”, mas que havia falado isso para Prates. “É impossível você aceitar um convite pensando diferente de quem te convidou. Não necessariamente precisa estar completamente alinhado, mas tem que ter humildade de saber que quem decide é ele. É o líder quem decide”, continuou. As afirmações de Silveira refletirão sem dúvida no movimento das ações da empresa na Bovespa, uma vez que o tema Petrobras é de grande sensibilidade, sobretudo no mercado acionário, sujeito às oscilações.

LEVANTAMENTO – Um levantamento da Quaest divulgado nesta quarta-feira apontou que 42% dos deputados federais avaliam o governo Lula como negativo, 26% como regular e 32% como positivo. O levantamento ouviu 183 deputados federais (35% do número total) entre os dias 29 de abril e 20 de maio e foi encomendado pela Genial Investimento. A margem de erro estimada é de 4,8 pontos percentuais para mais ou para menos.

Segundo Felipe Nunes, diretor da Quaest, há uma tendência de piora na avaliação do governo Lula. Em agosto de 2023, 33% avaliavam o governo como negativo, ante os 42% de agora, uma variação numérica grande, mas no limite das margens de erro. A avaliação positiva era de 35%, ante os 33% de agora.

Segundo o diretor, a piora acontece principalmente entre os deputados que se identificam como independentes – nem de oposição, nem de governistas. É difícil explicar a razão da reação negativa, uma vez que vem as bancadas partidárias vem sendo atendidas com emendas liberadas pelo Executivo. São coisas da política.  

10 thoughts on “Ministro Haddad aumenta a projeção de déficit para este ano

  1. Índices e metas pelo governo, só existem para serem mudados para pior na publicação seguinte.
    Triste, de ver e ouvir, é o fato de apresentarem justificativas e acreditarem que nós somos tolos.
    Até à próxima

    • Lula, e os “alçados”brasileiros teriam se inspirado na Ucrania?
      “Não se surpreenda; desde a sua independência, há quase 33 anos, a Ucrânia só pensa em roubo. Nesse período, como a economia de pior desempenho do mundo, ela passou de potência econômica da União Soviética a um cenário de total miséria. Embora a Operação Militar Especial da Rússia para desmilitarizá-la e desnazificá-la tenha acelerado consideravelmente sua desindustrialização e despovoamento, seu destino já estava selado bem antes disso. Isso tem a ver com uma certa propensão ucraniana a roubar tudo: como um elemento-chave da cultura ucraniana, os ucranianos se orgulham e honram uns aos outros por sua capacidade de roubar e enganar. A corrupção é o que mantém a Ucrânia funcionando.”
      (Otto Eduard Leopold von Bismarck-Schönhausen)

      “Não espere que, depois de tirar proveito da fraqueza da Rússia, você receberá dividendos para sempre. Os russos sempre vêm buscar seu dinheiro. E quando eles vierem, não confie nos acordos jesuíticos que você os fez assinar. Eles não valem o papel em que estão escritos. Portanto, com os russos, ou você joga limpo ou não joga nada.” https://www.resistir.info/europa/orlov_22mai24.html

      • Depois de muito tempo, enfim, sou obrigado a concordar com você, Schossland, com tudo que escreveu sobre a Ucrânia. Tem um documentário, no YouTube denominado: Ucrânia em Chamas, que descreve tudo isso aí.
        Parabéns.

        Vou dormir melhor hoje, sem nenhum pesadelo. A vida nos surpreende todos os dias.

  2. Fernando Haddad é um político especial. Uma cultura enciclopédica. Haddad sempre foi um cavalheiro, um homem fino, enfim. Para dar uma de Dino, Haddad deve estar muito pressionado e está.
    É tiro, porrada e bomba de todo lado, da oposição e até do PT.

    Por causa da sua ampla cultura, o ciúme tomou conta dos aspirantes a presidente. A ordem é partir com tudo contra ele. Não sei até quando vai suportar. Envelheceu bastante. O Poder, envelhece qualquer um, mais rapidamente do que a ordem natural.

    No entanto, há os que crêem, que os cínicos quando chegam ao Poder, não envelhecem, porque são frios, sem nenhuma culpa, pelo mal que produzem. Os golpistas estão nessa carapuça cínica.

  3. O mundo da ciência, das artes e da inteligência, festejando a postura de Haddad na Câmara.
    Por pouco ele não ganhou as eleições para presidente em 2018. Haddad é o cara, que Obama mencionou, quando esteve aqui:
    Professor, gosta de música, de livros, e se mostrou um craque no contraditório com os negacionistas. Estão comparando Haddad a Dino. Dino é bom, mas Haddad é muito mais.

    Se Lula deseja fazer um bom governo e até se candidatar a reeleição concorrendo com Bolsonaro, tem que dar total apoio a Fernando Haddad e deixar de escutar as fofocas do Rui Costa e da Gleise.

  4. Ano passado, o ministro Fernando Haddad, propôs o pagamento de impostos dos produtos importados até 50 dólares, a maioria made in China.
    Foi uma gritaria danada no Congresso e nos grupos extremados da rede Bolsonarista, sim, daqueles amantes de golpes de Estado, de prisões, torturas, desaparecimentos, censura e o fim da Liberdade de ir e vir, a moda e semelhança do Golpe de 1964.

    Pois bem, agora o barco virou completamente. O setor de varejo e a indústria pressionaram Arthur Lira e Rodrigo Pacheco, para taxarem os produtos chineses, que estavam levando a falência os produtores nacionais. O Congresso agiu rapidamente. Está em vias de ser votado, um Projeto de Lei taxando os produtos chineses.

    Quem está contra: os Bolsonaristas do PL e até o PT e Lula. Uma metamorfose de fazer corar qualquer um.

    O presidente disse, que vai vetar, se o Congresso aprovar a taxação.

    Haddad está em silêncio sobre o tema e nenhum deputado do PL, na sabatina ontem na Câmara, em que tentaram emparedar o ministro, chamando Haddad de negacionista, não deram uma palavra sobre o tema .
    O Brasil está de cabeça para baixo. Para quê tanta polarização, se PT e PL, nesse caso, estão de mãos dadas? Vale a pena, esse stress e ódio, quando nos bastidores, as duas maiores forças políticas, acabam se entendendo, quando há interesses comuns?

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