Único projeto capaz de unir a Câmara é achacar o presidente da República

Charge

Charge do Son Salvador (Correio Braziliense)

Mario Sabino
Metrópoles

Há coisa mais irritante do que esse noticiário que trata das costuras para a eleição de presidente da Câmara? Quinta-feira, noticiou-se que Jair Bolsonaro apoiará o “candidato do Lira” para a sucessão no comando da Câmara — que só ocorrerá em fevereiro de 2025. Temos pela frente, portanto, oito meses de irritação.

NADA MUDARÁ – Quem seria o candidato de Arthur Lira? A imprensa fornece os seguintes nomes: Elmar Nascimento, Antonio Brito, Marcos Pereira, Isnaldo Bulhões, Hugo Motta, Doutor Luizinho, Aguinaldo Ribeiro.

Uns estão mais próximos do atual presidente da Câmara (o primeirão é Elmar), outros mais distantes (o azarão é Aguinaldo). O que vai mudar se qualquer um deles for eleito para suceder Lira? Nada.

Não se sabe qual é a ideia de país de cada um dos concorrentes, e isso nem sequer é assunto nas reportagens publicadas sobre a disputa. É porque eles não têm ideia nenhuma, assim como a maioria esmagadora dos seus colegas.

PROJETO ACHAQUE – A visão de Brasil dessa gente não ultrapassa os limites do seu próprio arraial. No Senado, é a mesma coisa.

O único projeto nacional da Câmara é achacar o presidente da República, não importa quem seja ele — e os últimos inquilinos do Palácio do Planalto sempre estiveram excessivamente expostos ao achaque.

Na sucessão de Arthur Lira, embute-se a anistia a Jair Bolsonaro. Quem quiser ficar com o cargo terá de prometer aos partidários do ex-presidente que levará o projeto de anistia adiante. Essa é a moeda de troca que o PL exige para dar apoio aos candidatos.

ANISTIA EM PAUTA – O projeto de anistia de Jair Bolsonaro também servirá para achacar o presidente da República. Mas, como eu já disse, pode ser até que Lula veja com bons olhos a volta do seu adversário à cena eleitoral. Repetir em 2026 o segundo turno da eleição de 2022, apostando em polarização mais nítida, talvez seja o melhor cenário para o petista desidratado de popularidade.

Já que tanto faz como tanto fez, sugiro aos deputados que tenham como critério de escolha um nome indubitavelmente nativo. É para ornar melhor com o ecossistema.

Sobrariam Elmar, Isnaldo e, bem, Doutor Luizinho. Entre os três, eu escolheria Isnaldo. Vai dar super certo. Ou seja, não vai mudar nada.

1 thoughts on “Único projeto capaz de unir a Câmara é achacar o presidente da República

  1. Só estamos tendo o mais do mesmo. O imbrochável se elegeu prometendo que não governaria com gente como ele, da velha política. Foi obrigado a se desdizer, os de sempre, a turma do Centrão voltou ao seu lugar, de onde nunca sai. Stalinácio não se elegeu jurando que não governaria com o Centrão, e o cara é macaco velho, está no terceiro mandato, e está tomando do remédio que todo presidente toma, administrado pelo Centrão. E como fica a cara dos onze sinistros da suprema corte em relação a anistia do imbrochável, vão aceitar pacificamente, sem espernear muito? Desta vez a mídia tradicional não vai conseguir cancelar a oposição como fez na eleição passada.

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