Paulo Peres
Poemas e Canções
O jornalista e compositor carioca Jorge Faraj (1901-1963) é considerado o poeta dos amores impossíveis, onde a mulher é sempre adorada sem saber e ignorando ser objeto de uma paixão. Em “A Deusa da Minha Rua”, um de seus grandes sucessos, cuja primeira gravação foi em 1939, por Silvio Caldas, pela RCA Victor, Faraj descreve o contraste entre a beleza da musa e a pobreza da rua.
###
A DEUSA DA MINHA RUA
Newton Teixeira e Jorge Faraj
A deusa da minha rua
Tem os olhos onde a lua
Costuma se embriagar
Nos seus olhos eu suponho
Que o sol num dourado sonho
Vai claridade buscar
Minha rua é sem graça
Mas quando por ela passa
Seu vulto que me seduz
A ruazinha modesta
É uma paisagem de festa
É uma cascata de luz
Na rua uma poça d’água
Espelho da minha mágoa
Transporta o céu para o chão
Tal qual o chão da minha vida
A minha alma comovida
O meu pobre coração
Infeliz da minha mágoa
Meus olhos são poças d’água
Sonhando com seu olhar
Ela é tão rica e eu tão pobre
Eu sou plebeu e ela é nobre
Não vale a pena sonhar
Infelizmente, as letras da MPB atual são péssimas.