Após pesquisas, Bolsonaro se anima e enfim entra na campanha de Nunes

Da esquerda para a direita: Pablo Marçal (PRTB), o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB)

Bolsonaro bancou o malandro e esperou uma definição

Bela Megale
O Globo

O crescimento de Ricardo Nunes (MDB) nas pesquisas desta semana sobre a eleição para prefeitura de São Paulo fez com que Jair Bolsonaro mudasse sua aposta. No início do mês, o ex-presidente acreditava que a vitória de Pablo Marçal (PRTB) era garantida e orientava o governador de São Paulo a abandonar Nunes. Hoje, porém, Bolsonaro acredita que o prefeito vai conseguir a reeleição.

Conhecido por desacreditar publicamente as pesquisas, Bolsonaro foi influenciado pelos levantamentos da Quaest e Datafolha que mostram Nunes na liderança. A Quaest mostrou Nunes à frente em números, com 24% das intenções de voto, seguido por Marçal, com 23%, e Guilherme Boulos, com 21%, empatados. Já o Datafolha trouxe o prefeito com 27%, Boulos com 25% e Marçal com 19%.

MUDOU DE IDEIA – Bolsonaro, que havia feito gestos a Marçal, inclusive abrindo espaço para que ele fosse ao 7 de setembro, mudou de postura nos últimos dias. O ex-presidente criticou o candidato do PRTB depois de Marçal tentar subir no trio da Av. Paulista no momento em que os discursos estavam encerrados.

Vetado, o influenciador entrou em rota de colisão com o pastor Silas Malafaia, o organizador do ato. A partir de então, também entrou na mira do ex-presidente.

Na noite de quinta-feira, Bolsonaro retomou apoio a Nunes e fez uma participação online em um jantar com o emdedebista e a comunidade libanesa. No vídeo, defendeu o voto no prefeito e disse: “seremos vitoriosos”.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Antes tarde do que nunca, diz o ditado. Oportunista, Bolsonaro continuava em cima do muro, sem definir se apoiaria o prefeito Ricardo Nunes, que parece uma reedição do picolé de chuchu, ou se iria aderir ao furacão Pablo Marçal, que parece cavalo paraguaio e perde impacto na reta de chegada. Se Bolsonaro estivesse apoiando Nunes desde o início, dificilmente Marçal se aventuraria nessa candidatura. Ele é daquele tipo de “político” que tenta vencer antes da hora, no grito, como se dizia antigamente. Mas na prática não funciona assim. Agora, com apoio declarado de Bolsonaro, Nunes fica tranquilo, porque Boulos, invasor de propriedade alheia, tem muito telhado de vidro. (C.N.)

14 thoughts on “Após pesquisas, Bolsonaro se anima e enfim entra na campanha de Nunes

  1. Semelhança

    Ao comparar o prefeito Nunes à uma reedição do picolé de chuchu (Alckmin), o moderador faz lembrar de outra ‘semelhança’ na carreira política de ambos, pois:

    Geraldo Alckmin foi eleito vice-governador de SP na chapa de Mário Covas (PSDB) em 1.994.

    E Ricardo Nunes, por sua vez, se elegeu vice-prefeito de SP na chapa de Bruno Covas (PSDB), neto de Mário, em 2020.

  2. Bonsonaro dará um tiro no pé por apoiar Nunes, o esquerdista. Saberá que a maioria dos brasileiros dito bolsonaristas que o apoia e respeita prima primeiramente por valores morais, éticos e cristãos.
    Pautas esquerdistas como Nunes defende se opõem frontalmente aos valores cristãos. Logo, a maioria dos conservadores não votará no Nunes e não se reelegerá. Bolsonaro terá uma surpresa desagradável como desagradável é se submeter ao presidente do seu partido V. da Costa Neto.

  3. Naquela seara só tem enguia ensaboada, se cochilar o cachimbo cai.
    Ou Dom Curro de la Grana não mete o bedelho em tudo?
    Quanto ao jornalismo, se for a favor não é jornalismo é campanha.
    E o que a mídia tem feito com Bolsonaro?

  4. Se depois de tudo, em pleno 2024, você ainda acompanha ou acredita no G1, UOL, Estadão ou Folha de São Paulo, então você é causa perdida. Se até hoje você leva a sério pesquisa eleitoral ou confia na imprensa tradicional, então seu caso é grave. A capacidade que os jornalistas, os quais são maioria de esquerda, têm para distorcer informações é notável. São profissionais do sofisma.

  5. Disputa pelo voto evangélico

    A disputa pelo voto evangélico é um dos aspectos mais perigosos das eleições brasileiras recentes, especialmente agora, quando ele pode decidir o resultado na Prefeitura de São Paulo.
    O perigo dessa disputa religiosa está no fato de, ao se tornarem pivôs da vitória, os evangélicos bolsonaristas ganharem um poder maior do que já têm, pondo em risco um conceito democrático fundamental, a laicidade do Estado.
    Não é aceitável no mundo moderno ocidental que exista uma religião estatal, mesmo que informalmente, como infelizmente já é o caso no Brasil.
    No governo Bolsonaro, os evangélicos receberam inúmeros benefícios estatais, que se tornaram irrevogáveis devido ao peso do eleitorado.
    Todos os candidatos sentem-se obrigados a frequentar seus ritos religiosos, têm dificuldades para defender posições ligadas a valores morais destoantes das defendidos por evangélicos.
    O crescimento das religiões evangélicas, a decisão de diversas denominações de participar ativamente da política partidária e o tom belicoso com que atores importantes como pastores, e o próprio Bolsonaro, atuam nos palanques aumentaram o nível de desvio da função religiosa num Estado laico.
    O apoio a uma religião específica por parte do governo é, no mínimo, um ataque à liberdade religiosa, direito de todos os cidadãos.
    Já estamos quase num ponto de não retorno, com igrejas usadas como palanques e locais de reunião política. A ascensão da extrema direita com o uso da religião ameaça a todos.
    A exploração dos precarizados com políticas de apelo populista, acrescida do uso da religião como instrumento de obtenção de votos, é uma mistura explosiva, que tem de ser contida enquanto há tempo.

    Fonte: O Globo, Política, 10/09/2024 04h30 Por Merval Pereira

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