Marcus André Melo
Folha
Por que há tantas obras inacabadas em nosso país? Já fazem parte da nossa paisagem como uma segunda natureza as estradas que ligam nada a lugar nenhum; obras prontas que se mostram inviáveis ou com defeitos insanáveis: estaleiros, refinarias, cidades da música. A variável explicativa central é a corrupção. Mas não dá conta de explicar muitos casos, onde não há evidências de desvios. Ou de imperícia técnica.
Uma explicação foi proposta por James Robinson e Ragnar Torvik em um paper intitulado sugestivamente “White Elephants”. Robinson é um cientista político e coautor com Daron Acemoglu de “Por que as Nações Fracassam?” e “O Corredor Estreito: As Origens do Poder, da Prosperidade e da Pobreza”. Os autores enumeram inúmeros elefantes brancos em vários continentes e formalizam o argumento.
FALHA DE MERCADO – Os elefantes brancos para os autores são produtos de uma falha política de mercado: de uma incapacidade de agentes políticos de lidar com o problema da credibilidade de suas promessas ao eleitorado. Do ponto de vista da sociedade, a melhor alternativa é quando os agentes políticos prometem bens públicos tais como educação pública e/ou infraestrutura com retorno social elevado.
Mas nas novas democracias os incentivos para a oferta de bens públicos são bem menores do que a oferta de bens com benefícios concentrados para indivíduos (transferências) e firmas (isenções) (o que examinei aqui na coluna). Projetos inviáveis ou economicamente deficitários representam uma forma de transferência de renda para grupos ou localidades. Sinalizam para um setor do eleitorado alinhado com o agente político responsável um compromisso crível de transferir renda. Mesmo sendo deficitários, geram empregos para setores alinhados com seus patrocinadores, e os custos socializados.
A volatilidade que os leva a ficarem inacabados ou funcionando com elevado custo social é produto de incentivos particularistas. Em democracias funcionais, os partidos políticos agregam interesses universalistas e têm mais incentivos para ofertar bens públicos, e para alinhar responsabilidade fiscal com gasto.
A maior obra inacabada foi o Petrolão.
Porque dá dinheiro para os envolvidos. Bolsonaro deu andamento as obras de outros governos, não as abandonou. Mostrou respeito e cuidado pela coisa pública.
Bolsonaro terminou a transposição do São Francisco, fato. O que o LULE fez? Trancou tudo e tirou a benfeitoria do povo nordestino.
Fazer o que nê? A condenação do LADRÃO o credencia.
O desafio de todo governo é provar à população de que ele é importante, daí o esforço ingente de construir, mesmo que seja ponte ligando nada a coisa nenhuma. Como defendo o Estado Mínimo sou contra todo tipo de gasto inútil como toda pessoal racional também é. O Estado é um monstro devorador de recursos e um explorador da sociedade, que vive somente para justificar a sua existência, e a existência do Estado é a razão de tantas fortunas, e da feroz defesa do Estado pelos seus beneficiários.
Por que há tantas obras inacabadas em nosso país? Ora, porque a Hidra assim o quer:
O DECALOGO DA CORRUPÇÃO
1.- A corrupção é latente no ser humano, a ambição, oportunidade, punição fraca e falta de caráter a detonam.
2.- A prática da política é suja, no Brasil é podre, políticos limpos são como urubus brancos.
3.- A corrupção é crime difícil de provar, os autores são cúmplices e as vítimas são difusas e incapazes de testemunhar.
4.- O povo, vítima genérica e principal do crime de corrupção, é mantido, convenientemente, na ignorância de sua condição, para evitar sua retaliação pelo voto.
5.- Por se tratar quase que exclusivamente de crime praticado contra o erário público por políticos ou funcionários públicos, a defesa contra a acusação, sempre está pronta “É perseguição política”
6.- Considerada crime altamente compensatório e de baixo risco, a praga alastrou-se até transformar-se em “Sistema Nacional” abrangendo além dos autores, enorme orla de influência econômica, social, de cumplicidade e até de admiração.
7.- A Hidra (Sistema Corrupto Nacional), hoje tem seus milhares de cabeças sugando recursos públicos incansavelmente nos três níveis da Administração sem distinção de Poder, e exalando ódio e mentiras para afastar qualquer ameaça contra ela.
8.- A Hidra acaba gerando efeitos positivos para uma economia setorial, a dos escritórios de advocacia cinco estrelas ou de familiares de togados superiores, especializados em prerrogativas e na defensa de corruptos de alto coturno, a dos doleiros especializados em lavagem de dinheiro e a da mídia comprometida com narrativas minimizantes e relativizantes da praga.
9.- O sucesso e pujança da corrupção no Brasil tem como fermento o histórico atraso educacional, a população menos esclarecida interpreta a corrupção como roubo do dinheiro “do governo”, coisa de políticos, pelo tanto, nada a ver com eles.
10.- Tem como acabar com a corrupção no país? Tem! É só a Academia Brasileira de Letras eliminar o vocábulo do idioma.
Por uma muito antiga vítima da corrupção e eterno combatente da praga.
Um Velho na Janela
Enviado por Um Velho na Janela em 06/03/2022
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Senhor Charlie , mas de onde vem os ” gestores do Estado Nacional ” , que tanto lhes faz mal ?