José Roberto de Toledo
do UOL
Lula e Bolsonaro estão saindo mais fracos do que entraram nesta eleição municipal. Não atenderam às expectativas dos aliados nem dos eleitores. Os polarizadores polarizaram menos. Seus campos magnéticos encolheram – mas por razões diferentes.
Bolsonaro encolheu enquanto a direita cresceu. Foi na contracorrente da eleição. Lula perdeu força junto com a esquerda.
LULA EM BAIXA – A esquerda encolheu, e Lula não foi aquele grande eleitor em que os esquerdistas depositavam suas esperanças. Nem tanto porque o presidente foi a menos palanques do que lhe pediram para ir, ou por participar de menos passeatas e gravar menos propagandas do que o esperado. Lula continua fazendo o que sempre fez. Mudou o eleitorado, ou parte dele. Trataremos disso mais adiante.
Já a direita cresceu. E cresceu mesmo com Bolsonaro se omitindo. Deixou de fazer campanha para muitos vitoriosos. Nos casos mais vexaminosos, como em São Paulo, o ex-presidente se escondeu no primeiro turno. “Uma porcaria de líder”, como disse o pastor Malafaia.
Bolsonaro reapareceu no segundo turno numa performance patética ao lado do governador Tarcísio de Freitas e do prefeito Ricardo Nunes. Só para dizer que o candidato a presidente em 2026 “sou eu”. Quem precisa dizer isso sobre si próprio mostra fraqueza. Talvez desespero.
BOLSONARO FALHA – A porcariada cometida por Bolsonaro lhe custou caro. O vácuo que ele deixou na eleição foi rapidamente ocupado por seus concorrentes à direita. Muitos cresceram e apareceram. Acabou-se o monopólio bolsonarista no polo de oposição a Lula e ao PT.
Pablo Marçal escancarou a porta, mas muitos outros candidatos a líderes de direita já estavam à espreita. Viram a brecha e entraram para ocupar o espaço deixado pela “porcaria de líder”.
É o caso de Nikolas Ferreira. É o caso de Ronaldo Caiado. É o caso de Tarcísio de Freitas. Os três elegeram bancadas de prefeitos próprias. Caiado elegeu-a enfrentando bolsonaristas. Saem mais fortes do que entraram na eleição municipal.
PORCARIA DE LÍDER – Bolsonaro era um grande líder? Nunca. Bolsonaro foi um surfista que pegou a onda certa em 2018 e perdeu a prancha em 2020, em 2022 e em 2024. Mudou de sigla partidária 11 vezes. Jamais constituiu um partido político. Notabilizou-se por deixar aliados caídos pelo caminho. Sempre foi uma porcaria de líder.
Em 2018, Bolsonaro simbolizou o antissistema, bancando o personagem que joga sozinho contra tudo e contra todos. Colou à época, mas esse papel cola cada vez menos. O ator é ruim.
Antes de ser presidente, Bolsonaro vivia das carcaças deixadas pelos grandes predadores. Hoje, é um assalariado relapso de Valdemar Costa Neto, o dono do PL. Voltou à necrofagia.
CENTRÃO VORAZ – Já os grandes predadores estão se saciando como nunca. O PL de Valdemar Costa Neto cresceu, o PP de Arthur Lira cresceu, o PSD de Gilberto Kassab cresceu mais do que todos. Por quê?
O Arenão, o Centrão – ou seja lá como se queira chamar a liga dos apex, dos partidos que estão no topo da cadeia alimentar da política – demostrou na eleição de 2024 que não há ninguém capaz de se alimentar deles. Eles não têm predadores naturais.
Os bilhões de reais do fundo partidário somados aos bilhões do fundo eleitoral se juntaram às ainda mais bilionárias emendas impositivas ao orçamento da União e produziram uma formidável máquina de eleger prefeitos, vereadores e deputados federais.
BENEFÍCIOS PALPÁVEIS – Pela primeira vez ouve-se em grupos de pesquisa qualitativas eleitores citando deputados pelo nome porque levaram dinheiro de emendas para seus municípios. Porque as emendas se materializam em benefícios palpáveis para o eleitor na forma de posto de saúde, hospital, quadra esportiva, escola, estrada, mirante…
As expectativas de consumo dos eleitores mudaram. Eles querem mais e melhor. Políticas de transferência de renda já não dão conta. Literalmente: o dinheiro do Bolsa Família não cobre mais a conta do mercado e do aluguel porque a fatia gasta com o pagamento de dívidas aumentou muito. Daí o estímulo para arriscar – e perder – uma graninha em jogo do tigrinho ou em bet casada sobre número de escanteios e cartões amarelos.
GRAU DE SATISFAÇÃO – As expectativas são parte determinante da avaliação do governo. É uma equação: o grau de satisfação é igual à expectativa menos a realidade. Se a realidade atende à expectativa, a resultado é positivo, e a avaliação do governo também. Se o eleitor espera mais, mas a entrega pelo governo permanece a mesma, o resultado é frustração da expectativa e desaprovação. Fazer o mesmo de sempre, ou de uma década e meia atrás, já não basta.
Lula e Bolsonaro mudaram? Não. Mudaram as circunstâncias, e eles não se adaptaram. Não se ajustaram às expectativas dos novos eleitores.
Na sua obra “Meditaciones del Quijote”, o filósofo espanhol José Ortega y Gasset escreveu: “Eu sou eu e minha circunstância, e se não a salvo, não me salvo.” Qualquer liderança política que não compreenda o ambiente onde opera, que não se adapte a ele ou que não consiga adaptá-lo às suas necessidades, vai falhar em sua missão.
“El que se meta con Venezuela se seca”.
Sr. Newton
As coisas mudam, as favelas mudam, o pobre mudou, o pobre que ser “rico” e essas amebas ambulantes e seus jornazistas e ceguidores ainda não perceberam a realidade……
Sempre falo. Tudo se utiliza, nada se desperdiça. (…) Por morar na favela, na comunidade, eu ficava muito incomodada sobre alimentação, porque acho que todo mundo tem direito de se alimentar e comer bem.
Patricia Salve, nutricionista idealizadora do Nutri Favela…
Cozinha das Quebradas
Hambúrguer de feijão é sucesso de influencer da favela: ‘Sem desperdício’…
https://www.uol.com.br/nossa/noticias/redacao/2024/10/30/cozinha-das-quebradas-nutri-favela.htm?cmpid=copiaecola
PS.
Sr. Newton.
Os jornazistas e a Mula sem Cabeça estão ainda teclando em suas Máquinas de Escrever Remington e Olivetti como se estivessem no ano de 1.917 e 1.959.
Ainda usam telegráfo e “andam” de charretes puxadas por burros….
O povo-eleitor hoje tem na palma das mãos um “monte de tecnologias”…..
aquele abraço
Ops , esqueci, o pobre não quer comer pé-de-frango, quer comer picanha e filé-mignon….
“… “Sempre penso naquela mulher que trabalha o dia inteiro, chega em casa, tem seus três filhos, muitas vezes também é mãe solo e a dificuldade que tem para alimentar os filhos e sustentar a casa. Porque também é a minha realidade. Eu me colocava no lugar e me colocava no lugar dessas mulheres. Falei: ‘preciso fazer alguma coisa, dar um jeito’. Foi quando começaram a surgir minhas receitas”… “.
Você vai voltar a comer pé-de-frango
https://www.youtube.com/watch?v=1FCNo631arM
Lula diz que comida de pobre é pescoço de frango. Mas não era picanha?
https://www.youtube.com/watch?v=Q3_nB72AmDM
Aquela coisa de dizer que ” a vida segue”, para nós não funciona, porque passados quase dois anos e o imbrochável não sai da cabeça de muita gente, e toca gente nisto, é uma verdadeira multidão. Falar de Biden da Silva é compreensível, a final de contas ele faz-de-conta que preside o País, é um faz-de-conta meio sem sentido mas é um fato inegável. Já falar do imbrochável é uma neura que tomou conta da mídia mainstream, que não consegue viver sem falar no cara. Tenho para mim uma norma, quando não gosto de alguém ou não falo nela, se quando falo é através de uma característica ruim dela, ou aquele apelido que diz tudo.
Político, sendo fraterno, é mercenário e cumpre missão soprada por seus apátridas mestres, como abre-alas, para estrangeiros!
Tudo dentro do script, paulada na moleira dos dois.
Aguarda-se terceira via com viés de esquerda para começar o foguetório.
Laudas e laudas de manifestos simpáticos aos devotos virão como nuvens de gafanhotos.
Só falta combinar com os russos e o Drummond tirar as duas pedras do caminho.
Que apresentem pelo menos uns canhotos, pois até aqui só duvidosos e antipatrióticos destros.