Ministros do STF reclamam da postura do chanceler sobre ameaças dos EUA

Quem é Mauro Vieira? Conheça perfil do próximo Ministro das Relações  Exteriores do Brasil – Brasil de Fato

Mauro Vieira diz que conceder visto é decisão de cada país

Mariana Muniz
O Globo

Integrantes do Supremo Tribunal Federal (STF) têm manifestado incômodo com a postura do chanceler Mauro Vieira a respeito das ameaças de sanções do governo americano ao ministro Alexandre de Moraes. O chefe do Itamaraty tinha encontros marcados na Corte, mas acabou cancelando por compromissos em sua agenda.

Isso acabou gerando uma irritação de integrantes da cúpula do Judiciário, que acham que a possibilidade de retaliação do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, deve ser tratada com prioridade.

SANÇÕES A MORAES – O secretário de Estado americano, Marco Rubio, admitiu na semana passada a possibilidade de impor sanções a Moraes. As medidas podem envolver desde bloqueio de bens e valores no sistema financeiro americano até a proibição de estabelecer relações comerciais com pessoas físicas e jurídicas de nacionalidade norte-americana ou que tenham negócios nos Estados Unidos.

Interlocutores do STF relataram ao GLOBO que um movimento chanceler vinha sendo aguardado ao longo desta semana, mas que uma visita à Corte ainda não havia acontecido até esta sexta-feira.

Na avaliação de integrantes do Supremo, a diplomacia brasileira vem conduzindo de forma positiva, seguindo a orientação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, mas falta uma atenção maior do chanceler ao caso. Procurado, Vieira não se manifestou.

DESDOBRAMENTOS – Como mostrou O GLOBO, o Ministério das Relações Exteriores brasileiro tem mantido os ministros da Corte informados sobre os desdobramentos diplomáticos envolvendo o imbróglio.

Na quarta-feira, Vieira compareceu a uma audiência pública na Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional da Câmara dos Deputados. Na ocasião, ao ser perguntado por alguns parlamentares sobre as ameaças do governo de Donald Trump contra ministros do STF, afirmou que o interesse nacional está sempre em primeiro lugar nas relações com outros países.

Segundo Vieira, a Lei Magnitsky, criada para punir graves violações de direitos humanos e casos de corrupção transnacional, deve ser usada nos EUA, e não em outros países. Há a informação de que a lei seria a base de sanções a Moraes.

FORA DO BRASIL — “Os EUA podem tomar medidas nos EUA. A Lei Magnitsky não pode ser extraterritorial e não pode atingir cidadãos brasileiros dentro do Brasil”, disse o chanceler.

Mauro Vieira também foi questionado sobre o anúncio feito pelo secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, de que haverá restrição na concessão de vistos para autoridades estrangeiras. Rubio não citou alvos, mas bolsonaristas acreditam que entre os alvos estão ministros do STF.

“A política de visto é de cada país, cada um toma as decisões de conceder ou não conceder” — disse ele, sem citar nomes que poderiam ser afetados com a medida.

Para melhorar a democracia, não é preciso elevar o número de deputados

Líder do DEM critica 'república da caserna' e vê risco em votações  importantes

Câmara já está entupida e vai ganhar mais 18 deputados

José Luiz Alquéres
Diário de Petrópolis

A democracia que consta ter sido inventada na Grécia antiga evoluiu muito desde então e permanece necessitando de contínuos aperfeiçoamentos. Só para dar um parâmetro, o contingente eleitoral ateniense era de cerca de 4% de sua população total. E ela foi, por séculos, o grande exemplo do que se chama democracia.

Tais aperfeiçoamentos são vitais para que políticos apressados, com base em algumas de suas disfuncionalidades, pretendam substituí-la por adaptações autoritárias que distorcem a essência daquilo que constitui a sua maior virtude.

REPRESENTAÇÃO DESIGUAL – Uma das maiores distorções que a democracia brasileira apresenta é a desigual representação das populações em função da sua dispersão no território nacional.

O conceito que todos os cidadãos são iguais e que a cada um corresponde um voto na Câmara dos Deputados é um claro exemplo de como aquele mandamento democrático é violado.

No Amapá, por exemplo, o quociente eleitoral de um deputado é de cerca de 90 mil votos. No Estado de São Paulo é de 630 mil votos. Isso significa que, em votações na Câmara Federal, os votos de sete cidadãos paulistas têm o mesmo peso que apenas um voto de um cidadão do Amapá.

NEFASTA DISTORÇÃO – É uma enorme distorção da democracia representativa e que leva a nefastas consequências na implantação de políticas públicas.

Este fato, que tem remotas origens históricas foi agravado durante o regime instituído pelo golpe militar visando manter os currais eleitorais do Norte e Nordeste nas mãos de seus velhos coronéis.

Não é uma invenção brasileira, pois os founding fathers dos EUA para manter a supremacia do voto branco fizeram com que cinco votos de pretos sulistas equivalessem a dois votos de brancos nortistas em nome da governabilidade da jovem nação, a primeira grande democracia dos tempos modernos.

Dirão os críticos que isso é necessário para que Estados menos povoados não sejam sub-representados no Congresso, mas isso é uma inverdade.

EXISTE O SENADO – A representação dos Estados da Federação no Congresso é equalitária no Senado Federal onde cada um deles possui o mesmo número de senadores.

Independentemente de sua população, há, evidentemente, a necessidade de uma reformulação na divisão territorial da região Norte, concebida ainda no império.

Essa incoerência mostra unidades da federação como o Amazonas e o Pará desproporcionalmente grandes em relação a outras unidades da federação. Uma boa política poderia ser dividi-las segundo as grandes bacias hidrográficas contidas nestes Estados.

PRESERVAÇÃO AMBIENTAL – Com isso, faríamos com que a prioridade para a preservação ambiental não decorresse de espúrias demarcações políticas e sim no respeito ao que a própria natureza sugere para a adequada conservação ambiental.

 Se formos analisar o porquê de tantas distorções na lógica da repartição territorial e representação política, veremos que o dedo podre de governantes autoritários sempre esteve por trás da nossa atual configuração política e que já é mais do que tempo para acabar com esta inconstitucional e aética desqualificação de alguns cidadãos em benefício de outros.

Mas atenção: não precisamos aumentar o número de deputados, apenas redistribuir o número atual de forma mais justa.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – Excelente artigo, enviado por Mário Assis Causanilhas. O autor, José Luiz Alquéres, é um intelectual que faz muita falta ao governo federal. (C.N.)

Sanções dos EUA contra Moraes vêm de longe, são amplas e muito perigosas

Bahia.ba | Moraes se irrita com testemunha em audiência de Anderson Torres

Moraes já está sendo considerado “inimigo dos EUA”

William Waack
Estadão

As sanções que o governo americano está anunciando contra quem considere “cúmplice de censura a americanos” são muito mais abrangentes e precedem a volta de Trump à Casa Branca. O nome de Alexandre de Moraes monopoliza o noticiário brasileiro a respeito de sanções, mas ele não está no centro delas.

Há dois componentes que sustentam essa política, e o que se acentuou com Trump foi o ideológico. A ideia de que é necessário atacar por meios financeiros quem o governo americano identifique como “adversário” já vem desde a época de Obama. É um sistema de ferramentas que se poderia abrigar sob o título “defesa de interesses nacionais”.

MUNDO DIGITAL – Sucessivos governos americanos fizeram uso extensivo da centralidade desse país no mundo digital e financeiro. Formou-se uma espécie de “império subterrâneo” (título, aliás, de livro de grande sucesso) que estabeleceu controles eficazes de monitoramento de informações e análise de dados através dos “hubs” da internet – os principais deles nos Estados Unidos.

Também a centralidade dos Estados Unidos no sistema financeiro internacional virou arma poderosa tanto no sentido comercial quanto de segurança nacional (ou o que seja entendido como tal).

Uma de suas origens está no combate às redes financeiras informais de grupos terroristas iniciado após o 11 de setembro de 2001, mas se ampliou para sufocar países como Rússia, Irã e a própria China.

DISCURSO DO VICE – Para se entender melhor o componente ideológico é necessário ler com atenção o discurso que o vice-presidente americano pronunciou em Munique no começo do ano.

Na compreensão dessa vertente política, as elites tecnocráticas e “globalistas” que tomaram o controle das democracias liberais, especialmente na Europa, passaram a perseguir e censurar grupos políticos contrários.

Juntando-se a esses fatores à também velhíssima disputa entre as big techs e autoridades regulatórias em vários países, com ênfase na União Europeia, temos uma tempestade perfeita.

BONS EXEMPLOS – Alexandre de Moraes, o STF e o inquérito das fake news se encaixam milimetricamente na forma como o atual governo americano enxerga a questão do ponto de vista ideológico, comercial, regulatório e, a partir da visão da Casa Branca, de “make America Great Again”.

No caso específico do deputado Eduardo Bolsonaro, o governo brasileiro escolheu uma resposta via instituições, e elas foram envolvidas no turbilhão político. Não há uma saída estritamente “jurídica” para tudo o que está envolvida, e o que seria uma saída “política” tornou-se imprevisível dado ao que se conhece do modus operandi de Donald Trump.

É melhor se preparar para o impacto.

Maior PIB em 14 anos não é voo de galinha, mas de um pato fraquinho

PIB é tema das charges desta sexta-feira; confira - Fonte 83Vinicius Torres Freire
Folha

A economia brasileira cresceu 3,5% nos últimos quatro trimestres. Isto é, foi o que cresceu no ano terminado no primeiro trimestre deste 2025. Um tico mais do que os 3,4% de 2024. Deve crescer 2,2% neste 2025, considerado o que se passou no primeiro trimestre, afora desastres e trumpices.

Se a baixa do ciclo de crescimento parasse por aí, até que estaria bom. O Ministério da Fazenda espera crescimento de 2,4% neste ano.

EM BOM RITMO – Olhando assim, por cima, a economia anda em um ritmo que não se via desde 2011 — desconsiderada a recuperação da epidemia, considerando o crescimento do PIB per capita.

Em resumo, é um crescimento anual do PIB per capita de 2,5% desde 2022, ante 0,6% ao ano do período de 2017 a 2019 (depois da Grande Recessão de 2014-2016 e antes do início da epidemia, em 2020).

Por que falar de tempos algo distantes quando temos nesta sexta-feira (30) a notícia fresca do também bom resultado do primeiro trimestre? Bem, porque convém pensar em quanto pode durar essa série de resultados bons, embora ainda insuficientes para fazer com que a renda do país saia do degrau de renda média. Pelo critério de renda per capita, estamos ali em torno do 85º lugar no mundo.

ABAIXO DA PREVISÃO – O PIB cresceu 1,4% no primeiro trimestre ante o trimestre final de 2024, que foi de quase estagnação. Ficou “abaixo da mediana da previsão dos economistas”, perto de 1,5%, diferença irrelevante. O agro foi muito bem, como esperado.

No entanto, a indústria de transformação (“fábricas”) e a de construção tiveram resultados decepcionantes, mesmo levando em conta que padecem mais com a alta das taxas de juros. Aliás, os setores que penam mais com juros mais altos (“cíclicos”) estão desacelerando, em termos anuais. Deve ser assim no restante do ano.

O consumo privado “das famílias” recuperou-se do tombo esquisito do final de 2024 e cresce bem, a 4,2% ao ano, alimentado ainda por altas fortes de rendimento do trabalho e do crédito.

DADO FAVORÁVEL – O investimento em instalações produtivas, residências, máquinas, equipamentos, softwares, etc. cresceu 3,1% no trimestre (ante o trimestre anterior). Bom, embora inflado por uma importação de plataforma de petróleo.

Em quatro trimestres, a alta acumulada do investimento foi de 8,8%, ritmo que também não se via desde 2011 (desconsiderado também o período da epidemia). A economia obviamente saiu da depressão de quase uma década em ritmo muito melhor do que o esperado.

O motivo dos erros enormes de previsão de 2022 a 2024 ainda está mal explicado.

INVESTIMENTO BAIXO – A taxa de investimento, porém, ainda é de 17,8% do PIB. É esse tanto da renda, do PIB, que foi destinado a ampliar a capacidade produtiva, no trimestre. O investimento andou pela casa de 20% do PIB no início da década de 2010. Uma condição para que o país cresça mais e de modo duradouro é ter uma taxa de investimento lá pelos 22% do PIB, pelo menos.

Além disso, vê-se lá nos números do PIB que a taxa de poupança está em 16,3%. Muito baixa. Grosso modo, precisamos financiar no exterior essa insuficiência. Até certo ponto, não é problema —pode ser solução. Até certo ponto.

Para surpresa de ninguém, o déficit externo cresce. Pela medida do PIB, as importações de bens e serviços cresceram ao ritmo de 15,6% nos últimos quatro trimestres, ritmo inédito desde 2011 (as exportações cresceram 1,8% no trimestre).

COMPRANDO MAIS – O setor externo “tirou” 0,6 ponto percentual do crescimento do primeiro trimestre. A aceleração da importação ficou evidente no terceiro trimestre de 2024. A inflação cresce desde meados de 2024.

Estamos comprando mais do que exportando, em bens e serviços, em um ritmo que indica uma economia estressada (consumindo mais do que produz em ritmo que preocupa), o que aparece também nos números da inflação. As taxas de juros sobem. A economia deve perder ritmo, desacelerar, nos próximos trimestres.

Não chega a ser o que se chama de “voo de galinha” (sobe, logo cai), mas o de um pato fraquinho. Crescemos um tanto, temos de pisar no freio por excesso de déficits ou damos com a cara na parede, como Dilma 2.

VENDO OS LIMITES – Ainda assim, notou-se que poderíamos voar um pouco mais alto e por mais tempo do que imaginava a larga maioria dos economistas entre 2022 e 2024, pelo menos. Mas estamos vendo agora os limites, de novo.

O aumento da despesa do governo estimulou a retomada do crescimento. O gasto público estava baixo entre 2017-2019, parece evidente agora. Está alto demais, está claro agora.

Gasto do governo ajuda a dar um empurrão, em especial em períodos deprimidos. Mas não cria crescimento, que é aumento de produtividade, que depende de um monte de coisas, inclusive do Imponderável de Almeida. Depende especialmente de capacitação da mão de obra, despesa eficiente em capital e de um sistema social que favoreça a inovação, a concorrência, novos empreendimentos e não cause instabilidade excessiva ou temor de desapropriação de ganhos. Falta muito para chegarmos lá.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – Como dizíamos no Pasquim, “bota muito nisso…” (C.N.)

Motta e Alcolumbre, traídos por Lula, fazem pressão contra o decreto do IOF

A imagem mostra três homens em um evento. O homem à esquerda está vestido com um terno escuro e uma gravata clara, enquanto o homem à direita usa um terno escuro com uma gravata amarela. O homem no centro, com cabelo grisalho e barba, está usando um terno escuro e uma gravata rosa. Eles parecem estar conversando e o homem do centro está segurando um papel.

Lula até pensou (?) que tinha iludido Motta e Alcolumbre…

Dora Kramer
Folha

Por incrível que pareça, o governo ainda subestima o Congresso mesmo depois de os fatos terem dado repetidas mostras de que essa desatenção resulta em derrotas certas.

O presidente da República e o ministro da Fazenda pelo visto acreditaram que a mudança de comando no Parlamento alteraria a correlação de forças, devolvendo ao Palácio do Planalto o poder da iniciativa, da influência e da condução do processo decisório. Mas não é isso que acontece.

DRIBLE FALHOU – Só essa crença explica que Fernando Haddad (PT) tenha achado que poderia dar um drible no Legislativo e Luiz Inácio da Silva (PT) tenha assinado decreto de aumento do IOF fiando-se na amizade de Hugo Motta (Republicanos) e Davi Alcolumbre (União Brasil) firmada nas asas do avião presidencial mundo afora.

Se Lula e Haddad ainda não entenderam, desenhemos: os presidentes da Câmara e do Senado só estão onde estão devido à escolha de seus pares, aos quais darão prioridade sempre que o governo lhes fornecer uma chance de ouro como essa agora de dar um jeito nas contas via aumento de arrecadação.

A propagada lua de mel não foi extinta, mas recebeu uma pitada significativa de fel nas palavras duras de Alcolumbre sobre “usurpação de prerrogativas” e nos recados veementes de Motta: deu prazo para o governo recuar sob pena de ver o decreto derrubado, instou Lula a “tomar pé da situação” e avisou que, se houver recurso ao Supremo Tribunal Federal, as coisas vão piorar.

SITUAÇÃO DELICADA – Nenhum dos dois se convenceu com a alegação do ministro sobre “a situação delicada” em que ficaria a máquina pública sem o dinheiro extra do IOF.

Nem poderiam, pois ouviram isso do mesmo Haddad que vinha afirmando que estava tudo correndo bem em termos do equilíbrio fiscal e que os alertas em contrário eram fruto de avaliações equivocadas.

Por mais que o ministro tenha reafirmado que não há alternativa no horizonte, ficou sem saída. Terá de recuar porque o limite das boas relações com Motta e Alcolumbre é dado pela capacidade de reconhecer a força do Congresso na tomada de decisões do governo.

Hoje, trago em meu corpo as marcas do meu tempo, meu desespero, a vida num momento

Hoje - Taiguara

Taiguara, um grande compositor e cantor

Paulo Peres
Poemas & Canções

O cantor e compositor Taiguara Chalar da Silva (1945-1996) nascido no Uruguai durante uma temporada de espetáculos de seu pai, o bandoneonista e maestro Ubirajara Silva, foi um dos melhores compositores da MPB e considerado um dos símbolos da resistência à censura durante a ditadura militar, tanto que teve, aproximadamente, 100 músicas vetadas, razão que o levou a se auto-exilar na Inglaterra em meados de 1973.

A letra da música “Hoje” foi censurada, a pretexto de fazer alusão ao governo militar, à tortura (trago em meu corpo, as marcas do tempo) e insinuava que a sociedade era infeliz sob o comando da ditadura militar. A música foi gravada por Taiguara no LP Hoje, em 1969, pela EMI-Odeon.

HOJE
Taiguara

Hoje
Trago em meu corpo as marcas do meu tempo
Meu desespero, a vida num momento
A fossa, a fome, a flor, o fim do mundo…

Hoje
Trago no olhar imagens distorcidas
Cores, viagens, mãos desconhecidas
Trazem a lua, a rua às minhas mãos,

Mas hoje,
As minhas mãos enfraquecidas e vazias
Procuram nuas pelas luas, pelas ruas…
Na solidão das noites frias por você.

Hoje
Homens sem medo aportam no futuro
Eu tenho medo acordo e te procuro
Meu quarto escuro é inerte como a morte

Hoje
Homens de aço esperam da ciência
Eu desespero e abraço a tua ausência
Que é o que me resta, vivo em minha sorte

Sorte
Eu não queria a juventude assim perdida
Eu não queria andar morrendo pela vida
Eu não queria amar assim como eu te amei.

“Pensamento ficou mais imbecil”, diz Pondé sobre o papel das redes sociais

Escrito por Pondé, com o jornalista Carlos Taquari, e publicado pela Editora nVersos, livro ‘O Agente Provocador’ será lançado em 9 de junho.

Pondé lança mais um livro: “O Agente Provocador”

“O pens

Alice Ferraz
Folha

Escrito por pelo filósofo Luiz Felipe Pondé e pelo

A busca humana por verdades absolutas é o tema de O Agente Provocador, novo livro de Luiz Felipe Pondé e do jornalista Carlos Taquari. Publicado pela Editora nVersos, o livro “O Agente Provocador” será lançado em 9 de junho, em São Paulo.

Por que queremos ser donos da verdade?
Tomar o que se pensa como verdade é uma vocação antiga, uma espécie de instinto de sobrevivência, sem o qual o ser humano se desespera.

Qual a influência das redes sociais nessa busca?
Na superficialidade da linguagem das redes sociais, esse instinto de tomar o que pensamos como verdade se tornou banal, disperso e compartilhado em uma coletividade de palavras sem significado em repetição. O resultado disso é uma pluralidade de verdades banais que mudam ao sabor do vento, dependendo de quem está engajando com mais força e a qual crença infantil mais gente está aderindo.

A consequência?
O pensamento público que seria praticado por poucos com fórmulas mais sofisticadas foi se tornando mais imbecil. As redes sociais ao mesmo tempo que democratizaram a emissão de conteúdo tornaram a nossa espécie mais claramente boba na produção de um conteúdo miserável.

PIB cresce 1,4% no 1º trimestre puxado pelo agro, mas cenário é de alerta

Agro cresce 12,2%, serviços avançam 0,3%, e indústria recua 0,1%

Pedro do Coutto

O crescimento de 1,4% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro no primeiro trimestre de 2025, segundo o IBGE, trouxe alívio a um cenário que vinha sendo pressionado por juros altos e inflação resistente. A cifra surpreendeu parte dos analistas, não pelo crescimento em si, mas pela velocidade da recuperação, sobretudo quando os motores da economia tradicional — indústria e consumo — seguem patinando. O verdadeiro trator por trás desse avanço tem nome conhecido: o agronegócio.

Com uma expansão de 12,2% no período, a agropecuária foi responsável por ancorar o crescimento. Fatores como condições climáticas favoráveis e colheitas recordes de soja e milho foram determinantes. Além disso, as exportações agrícolas mantiveram fôlego mesmo com a desaceleração da economia global, fortalecendo o superávit comercial e ajudando na balança de pagamentos. No entanto, é justamente essa dependência de um único setor que acende alertas entre especialistas.

REAJUSTES – O consumo das famílias também contribuiu positivamente, com alta de 1%, impulsionado por reajustes no salário mínimo e programas de transferência de renda. Ainda assim, esse crescimento vem em um ambiente de crédito caro e endividamento elevado das famílias. A taxa de juros real segue em patamar restritivo, e o acesso ao consumo parcelado, que sustenta grande parte do comércio, continua limitado.

Do lado dos investimentos, o salto de 3,1% foi influenciado por importações pontuais de bens de capital, sobretudo ligados à indústria petrolífera. No entanto, não há indícios de uma retomada estrutural da formação bruta de capital fixo. A indústria, por sua vez, recuou levemente (-0,1%) e continua sendo o elo mais fraco da retomada — afetada por custos elevados, baixa produtividade e o mesmo ambiente de crédito restrito.

Serviços, setor que responde por cerca de 70% da atividade econômica, avançaram apenas 0,3%. Embora mantenham trajetória positiva, estão longe de uma recuperação robusta, refletindo um mercado de trabalho que, apesar da melhora na taxa de desemprego, ainda convive com altos índices de informalidade e subutilização.

ALERTA – Apesar do resultado robusto no trimestre, economistas alertam que o restante do ano tende a ser mais contido. As previsões de crescimento para 2025 giram entre 2,0% e 2,4%, e há riscos concretos no horizonte. Entre eles, a possibilidade de reversão no desempenho agrícola, caso o clima mude, e a manutenção de juros altos, que reduzem o ímpeto da atividade produtiva. Além disso, há incertezas no cenário fiscal e no ambiente político, que podem afetar a confiança de empresários e consumidores.

O dado do PIB, embora positivo, escancara a fragilidade da retomada brasileira. Crescer sobre a força do campo não é sustentável a médio prazo, sobretudo diante de um cenário climático cada vez mais volátil. A diversificação da base produtiva e o estímulo a investimentos de longo prazo continuam sendo desafios centrais.

Conclui-se, portanto, que o desempenho da economia no primeiro trimestre é mais um fôlego momentâneo do que uma tendência sólida. O Brasil precisa usar esse respiro para corrigir seus desequilíbrios estruturais, reduzir a dependência de ciclos agrícolas e reconstruir as bases para um crescimento mais equilibrado, produtivo e duradouro.

O mais bolsonarista dos comandantes foi decisivo para neutralizar o golpe

O tenente-brigadeiro do ar, Carlos de Almeida Baptista Junior, durante audiência pública na Câmara, sobre o caso do militar preso com cocaína na Espanha em aeronave da Força Aérea Brasileira.

Baptista apoiava o golpe, se houvesse fraude eleitoral

Marcelo Godoy

Era 12 de julho de 2019 quando o Estado-Maior do Exército baixou normas sobre o uso de redes sociais pelos militares da ativa. As manifestações e as contas se haviam multiplicado, com oficiais superiores e generais aplaudindo o governo de Jair Bolsonaro e criticando a oposição. Até sargentos participavam de lives com “reivindicações”.

E entre um dos mais ativos influencers estava um brigadeiro: Carlos de Almeida Baptista Junior, então chefe de operações conjuntas do Ministério da Defesa.

CONTA NO X – O brigadeiro abrira uma conta no antigo Twitter em janeiro de 2019. Ele despertava entusiasmo no entourage de Bolsonaro pela sua adesão ao governo, principalmente entre o grupo que gravitava em torno do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP).

Não era para menos. Em seis meses de atividade frenética na rede social, o brigadeiro – um militar da ativa – publicara 42 tuítes marcadamente políticos, o que fez dele o recordista entre 20 contas mantidas por militares analisadas pelo Estadão.

Havia ali de tudo, desde o compartilhamento de publicações de deputados governistas, do presidente Bolsonaro e até do blogueiro Allan dos Santos. Havia ainda críticas a jornalistas profissionais, acusados de ignorância ou esquerdismo, e a qualquer um que ousasse criticar o então presidente.

SEM OS VÍCIOS – Em 31 de janeiro de 2019, ele tuitara: “Para que o governo de @jairbolsonaro lidere a reconstrução do #Brasil, um novo #Congresso deverá ser instalado amanhã, sem os vícios da velha política. Acreditamos em vocês.” E marcou na mensagem: “#Senado#Camara @CarlosBolsonaro @planalto #OPovoNoPoder“.

Enquanto o Forte Apache tentava coibir as manifestações públicas mais nefastas da contaminação política que tomou conta dos quartéis naquele período, o brigadeiro prosseguia com suas publicações.

O que o Exército procurava deter era um movimento cujo impulso decisivo havia sido o tuíte do general Villas Bôas, então comandante da Força, de 3 de abril de 2018, por meio do qual ele pressionou o STF contra a concessão de habeas corpus à Lula, então condenado no âmbito da Operação Lava Jato.

PERFIS MILITARES – Se o chefe Villas Bôas podia fazer, os demais sentiram-se livres a seguir seu caminho. Mesmo depois da medida, uma análise feita nas contas do então Twitter de militares seguidas por Villas Bôas e nas destes oficiais encontrou 115 integrantes da ativa que fizeram 3.427 tuítes de caráter político-partidário entre abril de 2018 e abril de 2020.

As publicações estavam nos perfis mantidos por 82 integrantes das Forças Armadas, entre os quais 23 oficiais-generais – 19 generais, dois almirantes e dois brigadeiros. E lá estava mais uma vez Baptista Junior.

Em 2021, durante a crise que derrubou ao mesmo tempo os comandantes das três Forças, o pai do brigadeiro, o ex-comandante da Aeronáutica Carlos de Almeida Baptista confidenciou ao coronel Lúcio Wandeck que o filho seria o novo chefe da Aeronáutica. Era natural. Desde a campanha eleitoral de 2018, o velho Baptista criara relações com Bolsonaro, sugerindo, inclusive, a recriação do Serviço Nacional de Informações (SNI).

CAINDO A FICHA – No entanto, vida no governo foi tornando as coisas mais claras para o comandante Baptista Junior. As bandeiras de moralização da vida pública foram deixadas de lado. Escândalos se sucediam com a mesma velocidade que Bolsonaro alienava aliados e se lançava nos braços do Centrão: da rachadinha, aos pastores das barras de ouro da Educação, tudo parecia se resumir às ambições pessoais desmedidas de pessoas desqualificadas para as funções.

Baptista Júnior então se convenceu que o maior serviço que os militares podem prestar ao País era permanecer fiéis a si mesmos, em silêncio e com coragem, à maneira militar. Diante das investidas de Bolsonaro e de seus generais palacianos contra as urnas eletrônicas, ele sabia que teria de em breve estar diante de uma hora adversa, aquela que define como cada um será conhecido na história. Esse momento chegou.

Primeiro, quando o brigadeiro disse ao general Augusto Heleno, em um voo para Brasília: “Eu e a Força Aérea, por unanimidade do Alto-Comando da Aeronáutica, não vamos apoiar qualquer ruptura neste País. Se alguém for bancar isso, saiba quais são as consequências.”

AVISOU BOLSONARO – Ele repetiu o gesto para o presidente Bolsonaro. “Eu falei com o presidente Bolsonaro: aconteça o que acontecer, no dia 1º de janeiro o senhor não será presidente.” E foi enfático com o então ministro da defesa, general Paulo Sérgio de Oliveira, que buscou lhe entregar a cópia de um plano para golpe.

O brigadeiro perguntou se o documento estabelecia a “não assunção do 1.º de janeiro do presidente eleito”. Diante do silêncio do ministro, o brigadeiro disse: “Não admito sequer receber esse documento, não ficaria aqui.” Contou que levantou de mesa e saiu da sala. Naquela guerra, ele não perdeu de vista, como disse, o objetivo político.

Atraiu para si e para sua família, a fúria dos golpistas. “Senta o pau no Batista Júnior. Povo sofrendo, arbitrariedades sendo feitas e ele fechado nas mordomias, negociando favores. Traidor da pátria. Daí para frente. Inferniza a vida dele e da família”, escreveu o general Braga Netto para um dos conspiradores em mensagem obtida pela PF.

EVITAR O GOLPE – Isso é o que todos já sabem em razão do depoimento do brigadeiro no STF. O que poucos sabem é que Baptista Junior agiu para evitar o golpe. E não foi apenas batendo a porta da FAB na cara dos golpistas. O militar é apontado como a origem do vazamento da nota conjunta dos Comandantes antes de ser publicada, nas qual as três Forças condenavam manifestações e restrições de direitos.

Foi ele ainda, segundo a coluna apurou, o responsável por vazar a informação de que os comandantes das Forças pretendiam entregar os cargos antes do fim do governo Bolsonaro para não se submeterem, ainda que brevemente, ao governo Lula. O vazamento acabou frustrando a iniciativa, que tinha no almirante Almir Garnier, comandante da Marinha, o principal defensor.

Baptista Júnior havia então convivido tempo demais no governo para entender o que estava por trás de toda aquela azáfama, conforme escreveu em 2024, em suas redes sociais, após a Operação Tempus Veritatis, da PF: “A ambição derrota o caráter dos fracos. Aliás, revela’. Já tendo passado dos 60 anos, não tenho mais o direito de me iludir com o ser humano, nem mesmo aqueles que julgava amigos e foram derrotados pelas suas ambições.”

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Faltam ser contadas as reuniões dos Comandos do Exército e da Marinha. Como se sabe, golpe militar sem apoio do Alto Comando do Exército simplesmente não  acontece. Em 1964, quando o general Olympio Mourão Filho sublevou a pequena tropa de Juiz de Fora, iniciando a revolta, o Alto Comando do Exército já estava a favor e o golpe foi dado sem disparar um tiro. Desta vez, 99% dos militares eram a favor, se houvesse fraude na eleição. Como não ficou comprovada a irregularidade, o apoio caiu para cerca de 35%. E isso ainda precisa ser contado. (C.N.)

Pesquisa mostra que somente 40,6%  acreditam que Lula possa ser reeleito

Queda de popularidade de Lula surpreende o Planalto, que ...

Sem ter substituto, Lula tentará se reeleger aos 81 anos

Da CNN

Um levantamento divulgado pela AtlasIntel, em parceria com a Bloomberg, mostrou um cenário desafiador para o atual governo. De acordo com o levantamento, 53,4% dos entrevistados não acreditam que Lula (PT) conseguirá se reeleger para um novo mandato presidencial. Por outro lado, 40,6% dos participantes acreditam na possibilidade de reeleição, enquanto 6% não souberam responder.

A pesquisa, que ouviu 1.629 pessoas entre os dias 27 e 29 de maio, apresenta uma margem de erro de dois pontos percentuais para mais ou para menos, com um nível de confiança de 95%.

O alto índice de descrença na reeleição de Lula dialoga diretamente com uma taxa de desaprovação elevada do atual governo. Além disso, os percentuais se alinham com o desempenho dos candidatos de direita melhor posicionados em um eventual segundo turno.

DESCRENÇA – Um ponto interessante destacado na análise feita no GPS CNN é o baixo percentual (40,6%) daqueles que acreditam na reeleição de Lula. Esse número sugere que, dentro do próprio campo lulista, há um certo pessimismo quanto às chances de vitória nas próximas eleições.

O cenário atual levanta questionamentos sobre a competitividade de Lula nesta altura do mandato. Mesmo com índices de aprovação em melhora, há pouca visibilidade de uma saída clara para recuperar esses números e, consequentemente, melhorar as chances na eleição.

À medida que o tempo passa e a eleição se aproxima, observa-se que a pauta positiva para o governo tem demorado a chegar.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Há quem diga que há dúvidas sobre a candidatura de Lula no próprio PT, mas é conversa fiada. Lula sabe que o PT não tem candidato para substituí-lo, até porque ele sempre embarreirou qualquer liderança que pudesse despontar no partido, que agora não tem Plano B nem futuro, deixando na História Republicana um capítulo populista e marcado pela corrupção institucionalizada. E como não dá para piorar, vamos torcer para que as coisas melhorem. (C.N.)