Prefeitura devolveu R$ 125 milhões que seriam usados na drenagem do Guaíba

Prefeito de Porto Alegre quer retomada das aulas e revela preocupação com  habitação - ISTOÉ Independente

Prefeito diz ter contratada uma empresa norte-americana…

Roberto Nascimento

A jornalista Maria Fernandes, do Valor Econômico, excelente profissional, publica coluna as sextas-feiras no jornal Valor Econômico, sempre trazendo informações importantes e exclusivas. Pois bem, nesta sexta-feira, dia 17, a colunista noticiou, que o sistema de bombas, que impediria as águas do Guaíba de invadir Porto Alegre, estava mesmo inoperante.

E o pior: revelou que uma verba de R$ 125 milhões, enviada em 2015 pelo governo federal, retornou em 2019, porque a prefeitura não usou o dinheiro na modernização do sistema de drenagem.

PÉSSIMAS GESTÕES – Como se vê, os prefeitos de Porto Alegre, de 2015 até hoje, acharam desnecessário gastar em manutenção e modernização. Talvez, não acreditassem, que as águas iriam alcançar o nível de 5,30 m, como ocorreu em 1941 e motivou a instalação do sistema de drenagem e outras obras. O estudo, que deu origem a essa informação, foi elaborado por 48 técnicos das universidades gaúchas.

Na manhã deste sábado, dia 18, assisti uma entrevista do prefeito de Porto Alegre, Sebastião Melo (MDB) na CNN. Ele está perdido, não tem preparo para lidar com a tragédia proveniente da inundação da cidade.

Só fala em dinheiro, Nossa Senhora, que loucura. Nada disse sobre a falta de manutenção das bombas de drenagem, que se estivessem em operação evitariam o pior. O incompetente prefeito anunciou a contratação de uma empresa dos Estados Unidos para a gestão do pós-enchentes na cidade. Ainda não foram informados os valores que serão gastos pela Prefeitura com essa terceirização, que chega a ser uma ofensa aos engenheiros e especialistas brasileiros.

ACREDITAR NA CIÊNCIA – Os políticos deveriam acreditar na ciência e levar em conta os alertas dos especialistas. Os oceanos Pacífico, Atlântico e Índico, não estão conseguindo manter o esfriamento da atmosfera terrestre, porque suas águas estão de 3 a 5 graus mais quentes.

Por isso, surgem as ondas de calor e formação de massas de ar quente, que impedem o avanço natural das frentes frias. Essa massa de ar quente fica paralisada e forma gigantescas nuvens.

O encontro da frente fria e a massa de ar quente localizada causa a precipitação dessas chuvas torrenciais, que no Brasil se tornam tão devastadoras.

EM OUTROS PAÍSES – O problema não está ocorrendo apenas no Brasil. No Afeganistão, a enxurrada foi avassaladora, no mesmo momento da tragédia que assola os gaúchos. Chove torrencialmente, também na Indonésia. É um fenômeno global.

O aquecimento da Terra atingiu um ponto perigosíssimo. Apesar disso, os países continuam ignoraram as metas de redução do desmatamento, do uso de combustíveis fósseis e de uma política econômica sustentável. A Rio 92 foi solenemente ignorada.

Entendo perfeitamente, que não deveríamos politizar a ajuda a população do Rio Grande do Sul. Não é a hora da luta política, apesar das eleições municipais próximas. Eleição de governador em 2026, é apenas um retrato na parede. Não adianta antecipar o pleito, porque o povo saberá separar o joio do trigo.

12 thoughts on “Prefeitura devolveu R$ 125 milhões que seriam usados na drenagem do Guaíba

  1. Caso tenha, de fato, ocorrido devolução deste montante, estamos diante de um crime cometido pela gestor municipal da época. Coloco incerteza porquê é inacreditável!!

    • É inacreditável mesmo, senhor Ricardo.

      De 25 bombas, apenas cinco estão funcionando para retirada das águas da cidade de Porto Alegre para o Lago Guaíba e Lagoa dos Patos.

      Falta de manutenção.

      Difícil encontrar um gestor no Brasil, preocupado em gastar na manutenção das estruturas.

      Somos bons na construção de estradas, pontes, aeroportos, portos, mas, lenientes na hora de manter.
      Os engenheiros e técnicos de manutenção, são solenemente ignorados nas empresas públicas e privadas. Os gestores ouvem muito mais, os Diretores e gerentes de Obras.

      Por que será? Porque as obras dão visibilidade.

  2. O sistema de drenagem de Porto Alegre é composto de 25 bombas. Só cinco bombas estavam em funcionamento. Vinte bombas sem funcionar. Assim não dá.
    Não é fakenews é um fato real.

    Por falar em fake, trata-se de um desserviço ao povo gaúcho que está precisando de doações. As pessoas que perderam tudo, não querem saber de política nem de eleições. É hora de focar na reconstrução das cidades e no restabelecimento da energia, no fornecimento da água potável. Continuar recebendo doações de alimentos e de roupas de frio de todo o Brasil é o que os gaúchos querem, nesse primeiro momento.

  3. Se não bastassem as tragédias climáticas no Rio Grande do Sul, no Afeganistão e na Indonésia, ontem foi a vez da Alemanha na fronteira com a França. Foi a enchente mais drástica em 30 anos.
    Alguma coisa deve ser feita urgentemente para impedir o aquecimento global.

  4. “Não adianta antecipar o pleito, porque o povo saberá separar o joio do trigo.”

    Sr. Roberto Nascimento, o povo jamais soube separar o joio do trigo, aliás, só escolhem o joio, por incrível que pareça.
    Quando raramente aparece o trigo, é ignorado solenemente pelo povo.

    Se realmente o povo tivesse o discernimento na hora de escolher, o Brasil seria outro e não este arremedo de Nação.

    Um abraço,
    José Luis

  5. José Luiz, o povo escolhe os políticos que estão no ” mercado” , no entanto a atual safra de políticos e gestores não é boa.

    Caiu drasticamente a Ética, o profissionalismo, o conhecimento da administração pública e a visão do desenvolvimento das cidades e do futuro.

    Falta também a visão panorâmica das prioridades e o olhar sensível para as mudanças climáticas e o que fazer para minorar os efeitos do calor excessivo e das chuvas torrenciais. Prefeitos e governadores, resistem em investir em prevenção.

    Em relação aos municípios, o foco dos prefeitos são a construção de espigões, de olho na arrecadação do IPTU.

    • Sr. Roberto Nascimento,
      Concordo.

      Então não há nenhuma possibilidade de melhorar o país nem a curto, médio ou longo prazo.

      O meu desânimo é total!

      Um abraço,
      José Luis

  6. Não desanime José Luiz, a fase é essa mesma e não só no Brasil. O fenômeno é mundial.
    Olhe o exemplo da Argentina! Elegeram um maluco, que confessou conversar com seu cachorro morto. E ainda é um misógino incorrigível.
    Tá uma desgraceira na terra dos Los hermanos.

    Na América, o Trump é uma ameaça constante para a América e o mundo.
    Na Rússia, o Putin na sua loucura da volta da URSS.

    Se olharmos para fora, aqui não está uma maravilha, entretanto, estamos bem melhor na foto.

  7. Infelizmente esta tragédia não é privilégio dos gaúchos, hoje os meus conterrâneos barrigas-verde estão tomando mais do mesmo, ou melhor dizendo, o mesmo de sempre, porque igual aos gaúchos se recusam a fazer a lição de casa. Os futuros candidatos a prefeito já tem aí pelo menos um “promessa de campanha”, a prevenção de catástrofes futuras, ferramentas para este tipo de coisa existem há bastante tempo. E os gaúchos que metam o pé na bunda de prefeitos como o de Porto Alegre, que nunca se preocupou em saber o estado em que se encontravam as bombas, que poderiam ter dirimir as consequências da cheia do rio Guaíba.

  8. Hay gobierno? soy contra!

    Agora vai.
    Anarquismo.

    Victor Bandarra
    15 de Novembro de 2015 às 00:30
    “Hay Gobierno? Soy contra!” Esta frase de cariz anarquista, com suposta origem no México, é uma das frases mais badaladas por muitos e supostos espíritos livres e utópicos. Na verdade, a origem da máxima estará na historieta anedótica do anarquista vítima de naufrágio que, ao chegar à praia de um país desconhecido, logo proclama perante os seus acolhedores habitantes: “Obrigado por me salvarem! Mas se há Governo, sou contra!”

    O meu amigo Zé dos Pneus, que nunca leu o ‘Estatismo e Anarquia’, de Bakunine, adorava ser e estar contra o Governo, qualquer tipo de Governo. Olho em riste, proclamava: “É que sou muito melhor a atacar do que a defender!” É justo, porém redundante, recordar que o guerrilheiro “Che” Guevara recusou deter-se no Governo de Cuba e partiu a espalhar a Revolução. De pouco serviu: virou busto estampado em t-shirts, isqueiros e berloques da lucrativa indústria de consumo capitalista. Mas tudo isso já Marx explicou no seu ‘Capital’.
    Quanto ao verbo “governar”, é dos mais estranhos e ziguezagueantes que existem. É um verbo que pode ser transitivo, intransitivo e reflexo. Dá para os três lados, ou seja, para quase tudo. Transitivo quando a acção praticada pelo sujeito recai sobre uma pessoa, coisa ou animal. Por exemplo: “Pedro governa o António”. Mas pode ser intransitivo, quando a acção não passa a outra pessoa. Por exemplo: “Pedro adormeceu a governar”. Mas “governar” até pode ser reflexo, quando a acção recai sobre quem a pratica. Como quem diz: “Eu governo-me!” É o estilo de governar que muitos governantes gostam de desenvolver.
    Nestes dias históricos, em que uns querem governar e outros não querem deixar de governar, diria o Zé que seriam os conquistadores romanos os melhores observadores e analistas da actualidade lusitana. Até porque faz parte do mito histórico nacional atribuir aos romanos Júlio César (Caio), ou a Estrabão, ou ao general Galba a autoria da frase que se tem dramaticamente ajustado que nem luva ao povo português: “Há nos confins da Ibéria um povo que nem se governa, nem se deixa governar!”
    Esta semana, provou-se que o seguimento da piada anarquista assenta na perfeição ao momento português: “Se há Governo sou contra, se não há Governo também sou contra!” Por simples despeito ou requintada estratégia, há por aí políticos e potenciais governantes que estão a dar em perigosos anarquistas.

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