Reacionários ressurgem pelo mundo, confundindo liberdade e direito ao ódio

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Charge do Kayser (Arquivo Google)

Luiz Felipe Pondé
Folha

Identidade, conceito da moda, commodity no mercado político e cultural, tem uma dinâmica voltada ao conflito porque se afirma mais facilmente diante das diferenças que não convivem bem. Refiro-me a identidades coletivas e não psicológicas, ainda que elas se misturem.

O sociólgo espanhol Manuel Castells, no seu clássico “O Poder da Identidade”, parte de sua trilogia sobre a sociedade em rede, lançada no final do século passado, vaticinou, como uma Cassandra maldita, que o século 21 seria atormentado por duas forças em conflito: de um lado, aquilo que na época se chamava, com um certo orgulho típico do fetiche moderno do progresso, a “globalização”, e do outro, a reação das identidades que recusavam ser dissolvidas no mar da identidade globalizada, tecnológica, e, naquele momento, gozando com o suposto “poder democrático” das nascentes redes.

TRÊS IDENTIDADES – Nos termos do autor, havia três identidades em jogo: a legitimadora, a normatizadora, àquela altura, a globalizante, que emanava da ordem institucional das sociedades. A de projeto, como o feminismo e o ambientalismo, e a de resistência, com vocação à defesa das comunidades que recusavam a globalização.

Vejamos uma releitura possível dessa tríade a partir de 2024. A identidade legitimadora, normativa, “rica”, representada pelos liberais ocidentais, que estavam realizando, e realizaram, a “globalização”, tinha como “core” da sua dinâmica o capital, claro, ainda que travestido de anjo da liberdade e da igualdade.

A segunda, a de projeto, que era exemplificada pelo feminismo e pelo ambientalismo, diria hoje, pelo movimento LGBTQIA+, se caracteriza não como uma negação da identidade normativa, mas como um esforço para fazer essa identidade normativa convidá-la para seus círculos de poder.

IDEIA EM AÇÃO – Basta ver os departamentos de diversidade do capitalismo para entender essa ideia em ação. Castells acertou em cheio. Bonito de ver quando uma Cassandra vaticina o futuro. A identidade de projeto só quer ter um capitalismo para chamar de seu.

Por isso, se adapta bem em Nova York ou na Califórnia. E ainda chamam isso de esquerda. A terceira, a sombra —no sentido junguiano— do século 21, a identidade de resistência, seria aquela que, diferente da identidade de projeto, teria como intenção pôr fogo no parquinho do capitalismo globalizado festivo.

De lá para cá, esses inimigos da “sociedade aberta” embaralharam as cartas e chegaram mesmo a usar conceitos tidos pelo fetiche moderno do progresso como seus, como o nobre conceito de “liberdade”. Liberdade para recusar casamento gay, aborto, refugiados, imigrantes ilegais, xingar, atirar em bandidos, mentir — como, aliás, todo mundo na política —, enfim, liberdade para ser “nós mesmos”, com nossos hábitos “ancestrais”, escolhas de vizinhos, parentes agregados, crenças religiosas.

REACIONÁRIOS – Danem-se quem nos acham reacionários, “agora é a nossa vez”. O ódio também é um direito inalienável do homem — e da mulher, claro. Pensemos no caso da Europa. Se pegarmos uma lupa e colocarmos sobre essas identidades de resistência, veremos que elas se consideram “nativas” por oposição às invasões bárbaras —conhecemos essa expressão, não?

O velho mundo não tem saída fácil e é, hoje, um palco evidente dessa dinâmica entre identidade normativa “rica” —a comunidade europeia— e as identidades de resistência que se opõem à “identidade europeia”. O que fazer com os refugiados? O que fazer com a população muçulmana?

DESISTIRAM DO SEXO – Aparentemente, os seculares europeus desistiram do sexo, enquanto os muçulmanos vão muito bem, obrigado nesse quesito. Logo, estes engravidam suas mulheres todo dia. Identidades sem reprodução são condenadas à extinção.

A inteligência pública — um nicho específico dentro da identidade normativa “rica”— xinga esses defensores das identidades de resistência de todos os nomes que você pode imaginar: racista, extrema direita, populista, sexista.

O próprio termo da moda, “cordão sanitário” ao redor dessas identidades, para que elas não contaminem as democracias, escancara como os vemos: uns vermes

7 thoughts on “Reacionários ressurgem pelo mundo, confundindo liberdade e direito ao ódio

    • José Vidal, o filósofo Pondé é uma metamorfose ambulante, as vezes enveredar pela Direita outras vezes para a Esquerda.
      Não sabemos, de que lado ele está. Somente ele para o deslinde dessa questão.

      O certo é, que a Direita cresce no mundo, na velocidade de um cometa e a esquerda cresce igual ao rabo de um cavalo.

      Neste final de semana, a direita espanhola reuniu os expoentes do Conservadorismo extremado em Madri : Internacional Capitalista.

      Javier Milei da Argentina foi a estrela do evento. Discursou naquele tom histriônico e acusou Begonha Gomes, a esposa do Premier Espanhol de corrupta. Direitista mal educado e saudosista da Ditadura Argentina.
      A oposição da Espanha, organizadora da Internacional xiita da direita, prega a volta do legado do ditador Franco.

      O português do Partido Direitista chamado de Chega, um tal de Ventura, prega a volta do estilo de Salazar, o ditador português por mais de 30 anos.

      A Premier da Itália Melina, por vídeo, praticamente defendeu a volta do modelo de Benito Mussoline para a nova Itália, conservadora e negacionista.

      Estiveram lá, também, Victor Orban, ditador da Hungria e amigo de Putin.

      A plateia estava lotada. Faltou Donald Trump e Jair Bolsonaro, que se estivessem presentes, seria uma festança do século.

      Olha o perigo, que a Terra e a Liberdade está correndo: A campanha de Trump postou um vídeo com a pregação de um novo Reich na América liderado pelo ogro trumpista. Uma ode explícita ao nazismo de Hitler.
      O vídeo causou um terremoto nos Estados Unidos, sendo criticados até por membros do Partido Republicano. Ficou nas redes sociais, esse vídeo nazista do Trump, por 25 horas. Trump mandou tirar das redes sociais e acusou um membro da campanha de ter postado sem sua autorização. Mas,no estrago já estava feito.

      Todos esses expoentes da Direita Internacional, que pregam as ideias libertárias, menos Estado, direito das empresas e das famílias de exercerem a liberdade total, na verdade desejam dominar seus países, a margem das instituições democráticas no estilo Adolf Hitler. Se escondem na capa da Liberdade para tomar o Poder em seus países ditatorialmente, sem eleições, sem o Congresso e sem Judiciário. Os três Poderes irmanados na figura de um só, o ditador de plantão, acima de tudo e de todos. Não deu certo na Alemanha e não vai dar certo em nenhum outro país.
      Esse grupo direitista extremado está em alta, quando a realidade bater as portas desses que os apoiam, espalhados pelo mundo, eles serão chutados para o lixo da história.

  1. Prevaricação:

    A Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal STF) decidiu nesta terça-feira (21) reconhecer a prescrição de uma das condenações do ex-ministro da Casa Civil José Dirceu na Operação Lava Jato. Na decisão, a maioria dos ministros entendeu que a condenação de Dirceu por corrupção passiva a 8 anos e 10 meses de prisão prescreveu e ele não pode ser mais punido pelo crime.

  2. O europeu em geral prefere adotar, adotar pets, eles só reclamam na hora de comer, alguns, mais sofisticados fazem outras exigências, prontamente atendidas pelos “pelos pais e mães”, como creches e até o absurdo de “escolas”, aqui também já existem escolas para pets. Os muçulmanos tem outras preocupações, além de sobreviver, eles se preocupam em se reproduzir, aumentar o seu número, pensando no futuro deles e dos seus filhos. Já o europeu pensa no seu pet, inclusive o impedindo de se reproduzir também. O fim da Europa como conhecemos se dará em muito pouco tempo.

  3. A identidade legitimadora, normativa, “rica”, representada pelos liberais ocidentais.
    E o pior de tudo, estes liberais ocidentais, representados até mais pelos europeus do que pelos americanos , resolveu cutucar o URSO(Russia) com vara curta , a vara neste caso representada pela pobre Ucrania que está sendo destroçada.
    E pelo jeito não querem parar por ai, estão loucos para cutucar o Dragão(China) também, com a unica diferença até o momento que ainda não apareceu o demente que se disponha a fazer o papel de vara..
    Infelizmente o Ocidente marcha a passos largos para a decadencia e destruição e me preocupa e me dói chegar a esta conclusão porque antes de tudo somos ocidentais também, ainda que marginalizados, Não me sentiria nada bem em de repente ter que adotar cultura chinesa, russa ou islamica, tenho dificuldade em definir a menos pior, talvez a pior mesmo seja a islamica.

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