Carlos Andreazza
Estadão
Fernando Haddad vê fantasminhas. O espírito do arcabouço fiscal o ronda. É a alma penada da regra natimorta que o atormenta. Fantasmão, o da credibilidade perdida. Natural que o chame de ruído. Antes fosse. Lula é coerente e dá materialidade ao espectro.
Obstinado por um Estado como alavanca do crescimento. “Não teria aceitado o novo marco fiscal se isso tivesse mudado substancialmente” – disse o ministro da Fazenda ao Valor.
CONSTATAÇÃO TARDIA – O governo é Dilma 3 e o presidente não pode ser acusado de estelionato eleitoral. A raia fiscal foi improvisada para corridas à larga. Não há rumor. Há constatação tardia.
Haddad – pai da assombração – vendeu equilíbrio que não poderia entregar. Agora tem de lidar com o presunto do arcabouço exposto, de repente descoberto. Não cheira bem. Foi mexer na meta. (E houve quem celebrasse as maquiagens que apenas adiaram esse encontro com o mundo real.) Fedeu.
Sempre foi questão de tempo. Enfim, o corpo morto alterado. Vilipendiado. Para levantar uns bilhões. Qual fantasminha não reagiria ao ultraje de sua matéria?
META FISCAL – A banalização da mudança de meta fiscal a se exibir – exibida a irresponsabilidade dos governantes – quando necessário crédito extra para demanda excepcional de verdade; como a do Rio Grande do Sul.
Haddad prometeu equilíbrio fiscal, superávit em 2025, enquanto receitava – seus “compromissos iniciais” – reforma tributária, marco fiscal e corte de gastos tributários. Fez isso à base da anestesia conhecida por PEC da Transição.
Foram cerca de R$ 150 bilhões, em 2023, para o ministro “surpreender o mercado com seus compromissos fiscais”. A grana acabou. Os fantasmas ora vindo cobrar papai. E ainda estamos em 24. Atualizemos.
Receita para ter superávit primário: congelar salários e pensões, congelar ou cortar gastos em saúde, educação e segurança e em qualquer outro benefício fiscal, como o bolsa família ou benefício de prestação continuada.
Paralisar qualquer obra que exija dispêndio da União.
Cortar transferência para estados e municípios.
Cortar qualquer subsídio fiscal ou monetário às empresas ou aos produtores.
Fechar qualquer estatal que não dê lucro.
Se o país fizer isso, haverá um grande superávit primário, logo, logo.
Um Andreazza é sempre um Andreazza.
Os Campos idem.
HF era inimigos de ambos, mas o espaço que ocupou o nome dele agora os apoia.
Vergonha monumental.
Mas o que manda é a grana.