“A festa acabou, a luz apagou, o povo sumiu, a noite esfriou, e agora, José?”

Ser feliz sem motivo é a mais... Carlos Drummond de Andrade - PensadorPaulo Peres
Poemas & Canções

Bacharel em Farmácia, funcionário público, escritor e poeta, o mineiro Carlos Drummond de Andrade (1902-1987) é um dos mestres da poesia brasileira. O poema “José” mostra uma visão pessimista do cotidiano, onde a solidão humana  revela uma profunda angústia pela vida. Inicialmente, observamos que a alegria e a felicidade já existiram, mas agora, “a festa acabou”. Em seu lugar ficou a escuridão, o frio, o abandono: José está só.

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JOSÉ
Carlos Drummond de Andrade

E agora, José?
A festa acabou,
a luz apagou,
o povo sumiu,
a noite esfriou,
e agora, José?
e agora, Você?
Você que é sem nome,
que zomba dos outros,
Você que faz versos,
que ama, proptesta?
e agora, José?

Está sem mulher,
está sem discurso,
está sem carinho,
já não pode beber,
já não pode fumar,
cuspir já não pode,
a noite esfriou,
o dia não veio,
o bonde não veio,
o riso não veio,
não veio a utopia
e tudo acabou
e tudo fugiu
e tudo mofou,
e agora, José?

E agora, José?
sua doce palavra,
seu instante de febre,
sua gula e jejum,
sua biblioteca,
sua lavra de ouro,
seu terno de vidro,
sua incoerência,
seu ódio, – e agora?

Com a chave na mão
quer abrir a porta,
não existe porta;
quer morrer no mar,
mas o mar secou;
quer ir para Minas,
Minas não há mais.
José, e agora?

Se você gritasse,
se você gemesse,
se você tocasse,
a valsa vienense,
se você dormisse,
se você cansasse,
se você morresse….
Mas você não morre,
você é duro, José!

Sozinho no escuro
qual bicho-do-mato,
sem teogonia,
sem parede nua
para se encostar,
sem cavalo preto
que fuja do galope,
você marcha, José!
José, para onde?

3 thoughts on ““A festa acabou, a luz apagou, o povo sumiu, a noite esfriou, e agora, José?”

  1. “O FILHO PREDILETO.”
    “Certa vez perguntaram a uma mãe qual era seu filho preferido, aquele que ela mais amava.
    E ela, deixando entrever um sorriso, respondeu:
    “Nada é mais volúvel que um coração de mãe.
    E, como mãe, lhe respondo: o filho predileto,
    aquele a quem me dedico de corpo e alma…
    É o meu filho doente, até que sare.
    O que partiu, até que volte.
    O que está cansado, até que descanse.
    O que está com fome, até que se alimente.
    O que está com sede, até que beba.
    que está estudando, até que aprenda.
    O que está nu, até que se vista.
    O que não trabalha, até que se empregue.
    O que namora, até que se case.
    O que casa, até que conviva.
    O que é pai, até que os crie.
    O que prometeu, até que se cumpra.
    O que deve, até que pague.
    O que chora, até que cale.
    E já com o semblante bem distante daquele sorriso, completou:
    O que já me deixou…
    …até que o reencontre…”
    Texto: Erma Bombeck

  2. VINHEDO DA IRA: VOO VOEPASS, FÉ, BRUXARIA OU TECNOLOGIA? Uma senhora que perdeu um ente querido no desastre com muita raiva chamou a aeronave de ‘’lata velha’’. Aqueles que perderam o voo 2283 atribuíram a Deus sua boa sorte. O pai que rogou a filha para não voar naquele dia parece ter tido uma inspiração sobrenatural. Aqueles que deram graças a Deus por terem sobrevivido por um motivo ou outro não explicaram se foi Satanás quem matou as 62 vítimas fatais! Parece que no Brasil não existe no Dicionário alternativa, sinônimo para ‘’Graças a Deus’’, sendo que o seu antônimo é ‘’ateu’’, ‘’herege’’, ‘’fogueira nele’’! Apesar de os acidentes aéreos fatais, a aviação comercial é estatisticamente o meio de transporte mais seguro do mundo, sendo que muita gente adora viajar de avião, sentindo-se um Deus nas alturas! Os fabricantes tomam todo o cuidado possível para fabricar aeronaves perfeitas, inclusive à prova de raios, chuvas, ventos, choques com outros aparelhos, etc. Mesmo porque as indenizações a pagar por parte do fabricante no caso de erros desastrosos no projeto, concepção, fabricação, etc., são astronômicos. Quando é erro da empresa aérea, por sua vez, pode levar a mesma à falência. Por isso mesmo, cada queda de avião impõe a necessidade de identificar a falha e acionar aos quatro ventos todos os ‘’whistleblowers’’ competentes para alertar todas as companhias aéreas do mundo, para evitar que o mesmo erro se repita, tornando assim os transportes aéreos o jeito cada vez mais seguro do mundo para viajar. Entretanto, a criação de antagonistas ou defesas contra a imbecilidade, a preguiça, a indiferença operacional humana são missões impossíveis. A ganância humana por poder, lucros, juros e dividendos, é ilimitada, infinita, imponderável. Poltronas soltas, ar-condicionado pifado, manutenção perigosa, desleixada, etc., são coisas de republiquetas de bananas de últimas categorias. Mesmo republiqueta corrupta repugnante como a ‘’Diretas-Já’’, com primorosas e perfeitas constituição, legislações, estatutos, normas, etc. Todavia, absolutamente demagógicas, inócuas, teóricas, inexequíveis, impraticáveis. 200 milhões de habitantes? Que populacho bíblico, fundamentalista, irrecuperável, inútil! Que republiqueta vagabunda! LUÍS CARLOS BALREIRA. PRESIDENTE MUNDIAL DA LEGIÃO CIENTÍFICA BRASILEIRA.

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