STM deu show de corporativismo diante da viúva do músico que levou 57 tiros

Os militares deram 257 tiros num homem desarmado…

Bruno Boghossian
Folha

Quantos tiros um grupo de militares pode disparar contra uma família de civis desarmados sem cumprir pena na cadeia? O Superior Tribunal Militar liberou a marca de 257. Na noite de quarta (18), a corte reduziu a punição dos agentes que mataram o músico Evaldo Rosa e o catador Luciano Macedo, em 2019. Eles passarão três anos em regime aberto.

O julgamento consagrou a tese de que os oficiais, cabos e soldados que participavam da operação no Rio não tinham a intenção de matar ninguém, com tiros dados num contexto de confronto com bandidos.

ERAM VÍTIMAS? – Analisar as circunstâncias de dolo e culpa de agentes de segurança é dever de qualquer juiz. Os ministros vencedores, porém, preferiram tratar os atiradores como vítimas.

O tenente-brigadeiro Carlos Augusto Oliveira, relator do caso, aceitou a defesa dos militares, que dizem ter confundido o carro de Evaldo com um veículo usado por bandidos. Ele afirmou que os agentes tentavam “conter uma ação criminosa, ainda que imaginária”.

Num exercício de especulação, disse ainda que o músico pode ter sido morto numa troca de tiros com criminosos, sem a certeza de que os disparos partiram dos agentes do Exército.

PONDERAÇÃO –  No voto, o relator fez uma ponderação. Apontou que o grupo de militares errou na identificação do carro, deixou de verificar se Evaldo estava armado e não considerou a opção de ferir o motorista em vez de atirar para matar. Faltou explicar se alguma parte da abordagem estava certa.

Outros ministros encenaram um show de corporativismo diante da viúva e do filho de Evaldo. Revisor do processo, José Coêlho Ferreira descreveu a situação das mortes como “uma grande confusão”. O general Lúcio Mário de Barros Góes disse que lamentava sentenciar “pessoas de bem pela trágica ocorrência”.

A índole dos agentes não estava em julgamento. A única questão a ser considerada é se um grupamento que ignora as circunstâncias de uma abordagem e dispara 257 tiros assume ou não a intenção de matar. Militares “de bem” podem cometer erros, mas precisam ser responsabilizados na medida de suas ações. A Justiça Militar deu todas as provas de que não tem interesse em submeter os seus a essa provação.

2 thoughts on “STM deu show de corporativismo diante da viúva do músico que levou 57 tiros

  1. Na realidade isso é um sinal de que esse País está apodrecendo. Qualquer desculpa esfarrapada é aceita. O stf é o stj virou a banca de advogados de corruptos e bandidos. Nossos políticos em sua maioria não servem para nada. Se fosse eu, devolvia isso aqui pros portugueses antes que viremos colônia da China

  2. Se sob a solicitação da compra da arms e da fabricação, concessão, recebimento e uso de uma arma e da caixa contendo determinado numero de projeteis, já estivessem sob obrigatório modêlo de forja, venda, compra, fiscalização e portabilidade, ou seja CHIPADOS e alimentados com todas as características de identificação do negociado instrumento, como documentos pessoais, da empresa de origem da arma, da comercial vendedora e dos Órgãos fiscalizadores, esse e tantos outros casos de crimes ou oriundos de balas perdidas já teriam sido solucionados, com a simples leitura dos dados contidos no DELATOR chip inserido no projétil, cuja confecção e recebimento conterão as digitais do autor do disparo.
    AINDA resistem a essa minha idéia exposta mundialmente desde 1996!
    A Hitachi produz o chip que tem o tamanho de um ponto(.) e que inserido no projétil como “caixa preta”, seria o competente e definitivo julgador do infrator!
    Em nível mundial teríamos extirpado o contrabando de armas e munições, cuja produção, venda, portabilidade, uso e fiscalização, estariam assim obrigados a essas inovadoras características e sujeitos a punições o que fosse encontrado contrariando esse modelo!
    À quem de deveres, a elaboração do aguardado decreto presidencial!

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