Eliane Cantanhêde
Estadão
O ministro prestigia a arrecadação, e a presidente do PT, os gastos; entre eles, há o interesse do PT em usar a caneta e o governo nas eleições de outubro
Fernando Haddad, o sobrevivente, vai evoluindo para Fernando Haddad, o “austericida”, confirmando a avaliação de um assessor próximo, que vive o dia a dia do Ministério da Fazenda: “Centrão? Que nada! Duro mesmo é conversar com o PT e a Gleisi Hoffmann”. O embate fratricida tem três frentes: a visão econômica, a conveniência eleitoral e a disputa pelo coração do presidente Lula e pela indicação para a eleição presidencial de 2030.
O PT e Gleisi, que foi chefe da Casa Civil de Dilma Rousseff, têm visão econômica mais para Dilma do que para Lula 1 e 2. Haddad evoluiu para mais pragmatismo e respeito aos indicadores macroeconômicos e à responsabilidade fiscal como fatores fundamentais para o crescimento do País e também para a justiça social.
UMA BRIGA FEIA – O embate vem desde o início de 2023, passando pela desoneração dos combustíveis, âncora fiscal e agora o déficit zero, além da tática de combate aos juros estratosféricos.
Nos juros, Gleisi, PT e Lula atacaram diretamente o presidente do BC, enquanto Haddad se esfalfava para abrir canais com Congresso, setor privado e o próprio Roberto Campos Neto – sem deixar de cobrar queda dos juros.
No déficit zero, Gleisi e Haddad se enfrentaram num encontro do PT, ambiente favorável a Gleisi, que tem apoio também de Rui Costa, da Casa Civil. Para ela, o que importa é o crescimento econômico, e rigidez fiscal só atrapalha. Haddad rebateu: “Não é verdade que déficit faz crescer. De dez anos para cá, o Brasil fez um R$ 1,7 trilhão de déficit e a economia não cresceu”.
FOCOS DIFERENTES – Haddad prestigia a arrecadação, e Gleisi, os gastos. Entre eles, há o interesse do PT em usar a caneta e o governo nas eleições municipais de outubro. O partido, em 11º lugar no ranking de prefeituras em 2022, sem nenhuma de capital, quer tirar o atraso. Já Haddad e Lula focam nas eleições gerais de 2026.
A terceira frente é direta entre Haddad e Gleisi, e também não é de agora. Em 2018, preso, Lula tinha três nomes para a eleição presidencial: Jaques Wagner, que recusou, Gleisi, descartada, e Haddad, que foi para o sacrifício. Com Lula disputando a reeleição em 2026, a projeção para 2030 é de Gleisi versus Haddad novamente.
O fato é que nem Lula, nem Haddad, Gleisi e o PT ganham nada com enfrentamentos, debates em público, briguinhas e ciúmes, principalmente num ano em que o governo tem embates contratados com o Congresso na economia, como reoneração da folha de salários, regulamentação da reforma tributária, segunda fase dessa reforma (que Haddad já descarta para 2024) e vai por aí afora. Se o governo vai bem, o PT também vai. Se não…
Chefe da Casa Civil do “desgoverno” da “Anta”.
Participou e parece que ‘aprendeu’ muito de como destruir um país.
Não há a minima condição de se avaliar a qualificação de Fernando Haddad com a tresloucada Gleisi Hoffman.
Para encurtar conversa avalie uma disputa de Gleisi como candidata ao governo do Paraná(que ele naturalmente não tem a minima condição de ganhar, aliás sequer se elege senadora no seu estado) com o desempenho de Fernando Haddad na disputa pelo governo de São Paulo.
Perdeu, é verdade, mas foi muito competitivo, perdeu por causa do interior aonde o PT nunca venceu qualquer eleição, seja para presidnete seja para governador. Na capital, aonde foi prefeito, o Haddad teve mais votos que o Tarcisio.
Gleisi só sabe fazer barulho, mal consegue apresentar um argumento mais estruturado.
Se num futuro o PT preferir a Gleisi ao Haddad é simplesmente de se lamentar, aliás a extrema direita e os reacionários achariam isso ótimo.
Numa hipotese dessa louca chegar a Presidencia, seria muito provavelmente a repetição do filme passado com a Dilma , candidata certa a sofrer um impeachment ou até mesmo um golpe. Deus nos livre disso.