Lula jogou pela janela sua chance de liderar a luta contra barbárie política

Lula afirma que perdão a golpistas soaria como impunidade | Agência Brasil

Vaidoso, Lula alega ser um grande exemplo de democracia

José Casado
Veja

Dois janeiros separados por imagens diferentes. Ano passado, depois dos ataques às sede das instituições, a cúpula dos Três Poderes e 27 governadores uniram-se em manifestações públicas de louvor ao regime democrático.

Nesta segunda-feira, no primeiro aniversário da barbárie do 8/1, a cena foi bem diferente, marcada pela ausência deliberada de 14 governadores, da cúpula da Câmara e o protesto de dezena e meia de senadores.

FORA DA ORDEM – Não há razão para se acreditar que tantos políticos tenham atravessado as últimas 53 semanas em profunda reflexão coletiva sobre virtudes e defeitos da democracia e, agora, concluíram que é o pior de todos os regimes de governo.

Por isso, é evidente que alguma coisa ficou fora da ordem no evento montado pelo governo para a celebração democrática em em Brasília com “um eloquente NÃO ao fascismo” — expressão destacada por Lula em discurso.

O que deu errado? Entre os ausentes, a resposta mais frequente foi o uso político da solenidade no plenário da Câmara. Entre os presentes, a explicação mais constante foi “a polarização” em ano de eleições municipais.

DEMOCRACIA ABALADA – Os dois lados têm razão. E , nesse caso, significa uma sinalização ruim: a democracia segue “inabalada”, mas sem consenso mínimo sobre como poderá prover as necessidades básicas de duas centenas de milhões de pessoas, por exemplo, em renda, educação, segurança, saúde e previdência.

Lula escolheu fazer um discurso raso, metade impregnado pela fórmula sectária do “nós contra eles” e outra metade recheada de autorreferências.

Ofereceu-se à Justiça Eleitoral como garoto-propaganda: “Quando alguém colocar dúvidas sobre a democracia no Brasil, seria importante que vocês não tivessem receio de utilizar a minha história e a história do meu partido como garantia da existência inabalável da democracia nesse país.”

BOLSONARO E FILHOS – Dedicou-se ao adversário, sem nomeá-lo, que derrotou nas urnas do ano passado e que está inelegível, por condenação judicial, pelos próximos sete anos: “As pessoas que duvidam das eleições e da legalidade da urna brasileira, porque perderam as eleições, por que que não pede para o seu partido renunciar todos os deputados e senadores que foram eleitos? Os três filhos dele que foram eleitos? Por que que não renunciam em protesto à urna fraudulenta?”

Lula acabou reduzindo a celebração da democracia a uma briga de palanque. A fórmula tem se mostrado funcional para ele e Jair Bolsonaro manterem inflamados corações e mentes das respectivas torcidas. E só.

No domingo 8 de janeiro do ano passado, quando aliados de Bolsonaro começaram a invasão das sedes do governo, do Congresso e do Judiciário, o juiz Gilmar Mendes estava em Lisboa. Almoçava com Nuno Piçarra, juiz da Corte Europeia, sediada em Luxemburgo, e conversavam sobre o final pacífico da transição de governo no Brasil, com a posse de Lula uma semana antes. Surpreso com o noticiário sobre a devastação em Brasília, voltou ao Brasil e foi ao STF depredrado.

DUAS PERGUNTAS – “Diante do estrago, fiz duas perguntas” — contou Gilmar Mendes ao repórter João Almeida Moreira, do Diário de Notícias, de Portugal: ‘O que fizemos de errado para chegarmos aqui, dado o ódio, refletido nos danos, muito maior sobre o tribunal do que sobre o Congresso e o Planalto? E o que devemos fazer para evitar que se repita?’, e neste ponto entra um dever de todos que têm responsabilidade na vida pública, de tentarmos pensar em formas de fortalecermos a democracia.

Pode-se dizer que Lula jogou pela janela a chance de assumir a liderança de iniciativas para evitar que a barbárie política se repita.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Quanto ao fato de Lula citar a história de sua vida como consagração da democracia, seria melhor não tocar no assunto, porque teremos de falar no “Barba”, no “Mensalão”, no “Petrolão” e na existência oficial da segunda-dama Rosemary Noronha, que são quatro episódios picantes de nossa evolução democrática. (C.N.)

6 thoughts on “Lula jogou pela janela sua chance de liderar a luta contra barbárie política

  1. … por que que não pede para o seu partido renunciar todos os deputados e senadores que foram eleitos? Os três filhos dele que foram eleitos? Por que que não renunciam em protesto à urna fraudulenta? …

    Porque o que interessava “corrigir” era a eleição para presidente, larápio pé-de-cana ! Segue o rastro do Congresso, com maioria de oposição, Anteza. Apesar de ignorante politicamente, o povo teria que ser muito estúpido para votar em determinada pessoa para presidente e eleger um congresso hostil a esta pessoa.

    Chamem o Ciro (por enquanto) !

  2. Bom artigo do Jornalista José Casado!

    (Difícil saber qual bicho-político não tenha o ego hiperinflado. Lulla não foge à regra.

    Aliás, a cada ano que passa o cabrón se supera no gargalo da Direita.

    Direita, sim. Lulla foi o instrumento da ditadura milico-servil para se imiscuir na Esquerda e solapá-la de dentro pra fora.

    Só os ignorantes de todo, ou mal-intencionados, rotulam o guru-mor da farsa da conciliação de classes como “de esquerda” ou “comunista”.

    Enfim, com o advento do BROXAnarismo – tendo Olavo do Carrilho como referência filosófico-intelectual e o jornaleco Gazeta do Polvo como “pautador” -, haja exaltação a mentiras e violências.)

  3. “…Quando Lewandowski se aposentou, ele foi contatado pelos irmãos Batista para fazer a defesa das empresas. Ele foi para Nova York onde, segundo informações da imprensa, teria se instalado e montado todo um esquema para a defesa técnica e jurídica desse pessoal…”

    Wálter Maierovitch.

    Maierovitch: Relação com irmãos Batista emperra indicação de Lewandowski…

    https://noticias.uol.com.br/politica/ultimas-noticias/2024/01/09/maierovitch-relacao-com-irmaos-batista-emperra-indicacao-de-lewandovski.htm?cmpid=copiaecola

  4. Senhor Carlos Vicente , dizem que o voto ” vinculado ” não mais existe , mas é mentira pelo fato de que a grande maioria dos atuais parlamentares , a rigor não receberam nenhum voto , muito menos de seus cachorros , mas conseguiram uma vaga via caciques de seus partidos que os nomearam , em detrimento dos candidatos puxadores de voto , que seus dirigentes lhes tiram/roubam os votos e os vendem a terceiros , ou seja , é a história se repetindo nos dias atuais.

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