Da ultradireita, Santos é o primeiro brasileiro eleito deputado português

Brasileiro Marcus Santos é eleito deputado por partido de extrema direita em Portugal

Marcus Santos diz que Lula é exemplo de mau político

Vicente Nunes
Correio Braziliense

O empresário Marcus Santos, de 45 anos, fez história e se tornou o primeiro brasileiro a vencer uma disputa para deputado em Portugal. Há 15 anos vivendo no país europeu, ele concorreu pelo Chega, partido da ultradireita que teve um impressionante crescimento nas eleições deste domingo (10/07), quadruplicando a bancada de parlamentares na Assembleia da República, de 12 para 48.

 O ex-lutador de artes marciais, que é vice-presidente do Chega, ganhou o posto de deputado pelo estado do Porto, onde mora. O partido teve 18,1% dos votos apurados e venceu no Algarve, o que não ocorria há 30 anos, quebrando uma alternância histórica entre o Partido Socialista (PS) e o Partido Social Democrata (PSD), que integra a Aliança Democrática (AD).

UM PAÍS MELHOR – Em recente entrevista, Santos disse que “será uma honra tornar-se o primeiro luso-brasileiro a ter a confiança dos portugueses para os representar na casa da democracia”. Prometeu representar não só os portugueses, mas todos os imigrantes que, como ele, encontraram em Portugal um novo lar. “Um país melhor para os portugueses será um país melhor para todos”, acrescentou.

 Segundo o empresário, apesar de ser negro e brasileiro, ele nunca sofreu qualquer discriminação dentro do Chega, ainda que uma grande ala dentro do partido seja contra a presença de estrangeiros em Portugal, estimulando a xenofobia e o racismo. O próprio Santos defende um controle maior da imigração em território luso.

“O Chega quer apenas um controle maior na entrada de imigrantes em Portugal. Devem ser permitidos apenas aquelas pessoas com habilidades que o país precisa, mão de obra qualificada. Não se trata de xenofobia, trata-se de proteger os cidadãos locais”, destacou.

MAIS VIOLÊNCIA – Santos, que é dono de uma rede de academias em Portugal, assinalou que os imigrantes que escolheram Portugal para morar e trabalhar não querem que as portas estejam escancaradas “para qualquer um”.

“Da forma como está, a imigração tem trazido a violência. Já houve piora nos sistemas públicos de saúde e de educação, que estão sobrecarregados”, frisou.

 O brasileiro ressaltou, ainda, que o trânsito livre para imigrantes facilita o tráfico de seres humanos e leva muitos deles a serem explorados quase que como escravos. “Além disso, não há casas suficientes no país para quem vem de fora. Assim, muita gente acaba se amontoando em um único imóvel. Por isso, o Chega defende o controle da imigração”, emendou.

E agora, Lula? Banco Central do Brasil foi eleito o melhor do mundo

Charge do JCaesar | VEJA

Charge do JCaesar | VEJA

Deu na IstoÉ Dinheiro

O Banco Central do Brasil foi eleito, pela revista Central Banking, como o melhor banco central do mundo. O prêmio foi anunciado nesta terça-feira, 12, no site da publicação, que reúne instituições financeiras de todos os países.

No texto de divulgação do prêmio, a revista destacou a autonomia do BC brasileiro e a manutenção da inflação do país dentro da meta. “O banco central latino-americano cumpriu o seu mandato de forma exemplar, apesar das pressões externas”, declarou a revista.

Um dos principais fatores para que o Banco Central do Brasil fosse escolhido como o melhor BC do mundo, segundo a revista, é o fato da instituição financeira ter autonomia para decidir os rumos econômicos do País.

LULA CRITICA – Nesta segunda-feira, véspera do anúncio da premiação, o presidente Lula da Silva voltou a criticar o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, por causa do ritmo de cortes da taxa de juros. A Selic atualmente está em 11,25% ao ano. A declaração de Lula foi dada em entrevista ao SBT.

Lula disse que não há nada além da “teimosia” de Campos Neto para manter os juros nesse patamar. O presidente voltou a chamar o chefe da autoridade monetária de “esse cidadão”, e disse que ele está contribuindo para o atraso do crescimento econômico do país.

O petista também disse que é possível que bancos públicos baixem as taxas de juros de seus financiamentos para forçar os demais atores do mercado a reduzir também.

RECONHECIMENTO – Campos Neto afirmou, por meio de nota encaminhada pelo BC, que a premiação é um reconhecimento da excelência do corpo técnico da instituição, cujo trabalho tem contribuído para a estabilidade do poder de compra da nossa moeda e para a solidez e a eficiência do sistema financeiro brasileiro.

Em seu agradecimento pelo prêmio, o presidente do BC brasileiro ressaltou o trabalho que o Banco Central vem realizando no combate à inflação.

“Após os grandes choques que afetaram a economia global nos últimos anos, o BC atuou de forma proativa. Essa estratégia vem gerando resultados positivos, reduzindo a inflação com menores custos em termos de atividade econômica”, disse.

INCLUSÃO DE BRASILEIROS – Campos Neto destacou, ainda, que o Banco Central tem implementado uma ampla agenda de inovação financeira, responsável pela inclusão financeira de milhões de brasileiros.

“Iniciativas como o Pix, o Open Finance, a internacionalização da moeda e o desenvolvimento do Drex, nossa CBDC, promovem a eficiência e a modernização do sistema financeiro. Também adotamos uma agenda de sustentabilidade, alinhada às demandas da sociedade”, complementou.

NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – Reportagem enviada por José Guilherme Schossland. Com a premiação do BC, Lula pode perder as estribeiras e voltar com a mania de perseguição, dizendo que o mundo inteiro agora está contra ele. (C.N.)

Decisão do governo deixou nítida uma restrição a Jean Paul Prates

Lula reuniu integrantes do Executivo e da Petrobras por mais de três horas

Pedro do Coutto

O presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, afirmou, após reunião com o presidente Lula da Silva e com ministros na última segunda-feira, que continuará no cargo e que uma possível troca não foi tratada no encontro. É evidente que o presidente Lula da Silva interveio na Petrobras na questão da distribuição de dividendos. Se não fosse para intervir na empresa, não faria sentido a inclusão de um representante do Ministério da Fazenda no Conselho da empresa.

De outro lado, destacam-se as declarações de Lula criticando o que considerou “choradeira de investidores”. É evidente o atrito entre Jean Paul Prates, presidente da Petrobras, com o ministro Alexandre Silveira. Para acrescentar, Lula anunciou a sua pressa em colocar representantes do Ministério da Fazenda, indicado portanto por Haddad, no Conselho da Estatal.

RESTRIÇÃO – A decisão do governo deixou nítida uma restrição a Jean Paul Prates na questão, embora o governo tenha acentuado que Prates permanece na presidência da Petrobras. Só o anúncio de que Prates permanecia serve para reforçar a análise sobre a sua decisão modificada pelo governo com base no controle acionário da Petrobras.

O episódio desta semana inclui-se assim em vários outros que o antecederam. O Planalto apresentou como justificativa a necessidade de que a empresa precisa de mais recursos para existir e também a necessidade de aplicação de uma parcela do lucro para setores que possuem vinculação direta com o desenvolvimento social e com a melhoria das condições de vida da população.

Entretanto, esse é apenas um aspecto, pois existem vários outros embutidos na atividade de exploração do petróleo que inclusive levou o nosso país à condição de exportador. O problema do petróleo para nós brasileiros desloca-se para o setor de refino, já que enquanto somos exportadores de óleo bruto, o que leva à participação de uma receita alinhada com os níveis de preço, somos importadores de óleo diesel, de gasolina e produtos refinados.

Lula reativa pesadelo de navios-sonda e ‘mar de oportunidades’ na Petrobras

Lula sepultou o passado e vai começar o pesadelo de novo

Elio Gaspari
O Globo/Folha

Parece a volta de um pesadelo. Depois de uma desastrada carga de cavalaria em cima da Vale, Lula avançou sobre a Petrobras e derrubou seu valor de mercado em R$ 55 bilhões. Diante das más notícias, a repórter Malu Gaspar revelou que o presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, mostra uma carta na manga: o anúncio de um “Mar de Oportunidades”, com um programa de investimentos de até R$ 80 bilhões em plataformas, navios-sonda e barcos de apoio.

Tudo isso já aconteceu. Deu na Operação Lava Jato, com roubalheiras confessas, dezenas de prisões, a deposição da presidente Dilma Rousseff e um clima de descrença que desembocou na eleição de Jair Bolsonaro em 2018.

SETE BRASIL FALIDA – Lá atrás, as coisas pareciam simples e fáceis, comprou-se uma refinaria nos Estados Unidos, criaram-se estaleiros virtuais e, no escurinho do Planalto, adotou-se uma “contabilidade criativa” depois chamada de “pedalada”. Deu no que deu. O pesadelo voltou semanas depois da falência da Sete Brasil, a joia da coroa que produziria 28 navios-sonda para a Petrobras.

O senador Rodrigo Pacheco tem sido um sereno aliado do governo. Diante dos avanços do Planalto disse uma valiosa obviedade:

“Se a União é parte interessada como acionista, em tese é legítimo ao governo se posicionar, mas deve compreender seus limites de atuação considerando a governança das empresas e a independência delas. Não digo que o governo os ultrapassou porque não conheço a situação. Digo apenas que eles precisam ser observados”.

MANTEGA NA VALE – Pacheco não falou na tentativa de empurrar o ex-ministro da Fazenda goela abaixo do conselho da Vale para presidir a empresa. Também não quis ser específico com o caso dos dividendos da Petrobras.

Lula entrou em campo com duas afirmações. Numa, repetiu que a Petrobras deve servir ao Brasil. Nada mais certo e, desde sua fundação, ela tem feito isso. A crise que a empresa viveu há dez anos foi produzida pelos larápios que dela se apropriaram.

Na outra, julgou o desempenho de seu governo, disse estava “muito aquém” do que prometeu e elaborou: “Até agora, preparamos a terra, aramos, adubamos e colocamos a semente. Cobrimos a semente. Este é o ano em que vamos começar a colher o que plantamos”.

CLIMA DE NORMALIDADE – Lula prometeu devolver um clima de normalidade à política brasileira e cumpriu. Faz mais de um ano que o presidente da República não xinga governador da oposição nem ministro do Supremo. Isso não é pouca coisa.

Todas as lombadas surgidas em seu governo saíram do Planalto. Para piorar, quase todas foram inúteis: Mantega na Vale, Hitler em Gaza e Nicolás Maduro em Caracas criaram crises sem maior propósito.

Isso num governo que conseguiu elevar em 11,7% a renda dos brasileiros. Esse resultado foi conseguido pela boa administração dos instrumentos existentes.

ALMA PENADA – É como se existisse uma alma penada no Planalto. Hoje, há 60 anos, ela disse a João Goulart para ir ao comício da Central do Brasil.

Depois, soprou a ideia do Acordo Nuclear com a Alemanha ao general Ernesto Geisel, o Plano Collor ao referido senhor e as “campeãs nacionais” a Dilma Rousseff. Lula disse que está em tempo de semeadura.

Pelo andar da carruagem, semeia a erva daninha que já destruiu sua lavoura.

“Agora, se vocês me dão licença, eu vou ver um passarinho que me chama no quintal”

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Queiroz, no traço de Valtério Sales

Paulo Peres
Poemas & Canções

O advogado, publicitário, cantor e compositor baiano Walter Pinheiro de Queiroz Júnior usa várias figuras de linguagem, tornando mais bonito o conteúdo poético da letra de “Pode Entrar”, na qual ele fala da sua casa.

Walter Queiroz gravou a música “Pode Entrar” no LP “Filho do Povo”, em 1975, pela Phonogram.

PODE ENTRAR
Walter Queiroz

A casa escancarada a lua alí
Meu cachorro nunca morde
Meu quintal tem sapotí
tem um roseiral crescendo lindo
Quem for louco ou for poeta
Pode entrar e seja bem vindo

Aqui passa o bonde da Lapinha
Passa a filha da rainha
Passa um disco voador
As vezes ele gira, para e pisca
Como quem quase se arrisca
A parar pra conversar

Mas não me sinto só
Tenho um vizinho
Que é um bêbado velhinho
Que acredita no destino
Ele mora em cima do arvoredo
Ele tem muitos brinquedos
Ele sempre foi menino

Agora se vocês me dão licença
Eu vou ver um passarinho
Que me chama no quintal
Depois vou me deitar para sonhar
E dançar com a cigana
Que eu perdi no carnaval

Maior adversário do lulopetismo é o próprio Lula, em versão piorada

Entenda o risco de maior derrota de Lula em 5 pontos - 31/05/2023 - Poder -  Folha

Com certeza, Lula está confuso e perdido em si mesmo

Elio Gaspari
O Globo/Folha

As pesquisas do Ipec e da Quaest revelaram que entre agosto e março a aprovação do desempenho de Lula caiu enquanto a reprovação cresceu. As duas linhas se aproximaram, e o resultado confirmou a pesquisa do Ipec de dezembro, que mostrava a boca do jacaré aberta: 50% dos entrevistados não confiavam nele, contra 48% que confiavam. A diferença cabia na margem de erro. Em março, não cabe mais: 51% não confiam, contra 45% que confiam.

Alguma coisa está funcionando mal no governo de Lula 3.0. Não se pode dizer que seja a economia. Anda-se de lado, mas anda-se. Também não é a política, pois, em mais de um ano de governo, aprovou-se a reforma tributária e levou-se o andor sem escândalos.

HOUVE AVANÇOS – Lula restabeleceu a relação civilizada com governadores filiados a partidos da oposição e enfrentou uma crise militar com um desempenho capaz de causar inveja ao ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e a Nelson Jobim, seu ministro da Defesa.

Para quem já teve um presidente que falava em “meu Exército” e anunciava que não compraria a vacina adquirida pelo governador paulista João Doria, isso não é pouca coisa.

Num país ainda dividido, seria razoável que algum mau juízo persistisse, mas não precisava crescer. Uma possível explicação para esse crescimento está no próprio Lula. Ele foi o motor da vitória eleitoral, mas há um ano despreza o arco democrático que o elegeu, supondo que foi uma frente de políticos.

ARCO E FRENTE – A diferença entre o arco e a frente pode ser fulanizada: o ex-ministro Pedro Malan esteve no arco, mas não está na frente.

Afora esse enguiço, Lula tem verdadeira paixão por duas cascas de banana. Uma é a falecida Operação Lava Jato, coisa de dez anos atrás. Outra são as encrencas internacionais, uma logo ali, na Venezuela, outra, a milhares de quilômetros, na Faixa de Gaza.

Sua insistência, em ambos os casos, aliena parte do eleitorado que teve ou poderá vir a ter. As bandeiras de Israel na campanha presidencial de Bolsonaro eram presepada. Já as que foram levadas para a avenida Paulista há duas semanas tinham real significado.

ROUBALHEIRAS – A República de Curitiba foi primitiva, onipotente e parcial, isso está entendido. Contudo a Lava Jato detonou roubalheiras documentadas e confessadas. Quando Lula fala dos seus defeitos e esquece o que houve de virtuoso, prega para os convertidos, sejam eles petistas ou empreiteiros, mas agride parte do eleitorado, que não aprova o que soa como uma indulgência com os corruptos.

As duas cascas de banana pouco têm a ver com o desempenho do governo. São inutilidades a serviço de uma espécie de autoglorificação presente no Lula 3.0.

Nos dois governos anteriores, Lula foi um presidente que mostrava interesse em dar certo. Afinal, como ele mesmo dizia, quando um ex-operário chegou à Presidência, não tinha o direito de errar.

SEM HUMILDADE – O terceiro Lula comporta-se de outra forma. Não mostra a humildade de quem quer acertar porque está convencido de estar certo, a respeito de seja lá o que for, da oposição venezuelana à importância do governo americano na exposição das roubalheiras ocorridas na Petrobras.

Num juízo sereno, a reprovação do governo de Lula não deveria ter crescido, pois nada ocorreu de reprovável, salvo o congelamento de expectativas que eram apenas expectativas.

Talvez Lula não tenha percebido, mas como profeta está maltratando o eleitorado.

É melhor um mundo caduco do que moldado pela arrogância dos juízes

Fomos silenciadas": Cármen Lúcia discursa em homenagem ao Dia da Mulher no  STF

Cármen Lúcia repete Drummond e critica o mundo caduco

André Marsiglia
Poder 360

A ministra Cármen Lúcia gosta de uma frase de efeito – todos sabemos. Meu leitor mais atento sabe que não é a primeira vez que suas frases merecem um artigo. Desta vez, ao justificar aprovação de resoluções eleitorais que atropelaram o PL 2.630 de 2020, das fake news, e transformaram plataformas e redes sociais em polícia de conteúdo do usuário, a ministra disse não querer ser “juíza de um mundo caduco”, em alusão a verso de Drummond que dizia “não serei o poeta de um mundo caduco”.

Mas espera um pouquinho, ministra. Existe uma imensa diferença entre ser um poeta que, com seus recursos, inventa o próprio mundo, e um juiz que, com recursos do Estado, inventa leis de sua própria cabeça.

SERVIR AO MUNDO – Além de poeta, Drummond foi funcionário público e, enquanto trabalhador do Estado, não se negou a servir o mundo que havia, ainda que fosse caduco. Sabia bem que a escolha do que seria o mundo não era dele, mas da população e de seus representantes no Congresso.

A população escolhe o que seus juízes devem ser pelas leis. Se são caducas, os juízes devem viver, sim, em um mundo caduco, até o momento em que a sociedade decidir com seus legisladores modernizá-lo.

Um juiz não está capacitado, nem legitimado, a falar em nome da coletividade. Representa apenas – e com alguma sorte – a sua cabeça. Ao desejar mudar o mundo, torna-o espelho do que é e do que pensa, não daquilo que a população é e pensa. Nesse sentido, melhor um mundo caduco que um mundo moldado pela arrogância elitista da cabeça de alguns juízes.

VISÃO DOS JUÍZES – Além disso, nossos ministros das Supremas Cortes já expuseram na mídia de forma bastante clara o que entendem por ser um mundo caduco e atrasado: o pensamento conservador, a ideologia de direita – a qual alguns deles já afirmaram ser populista e perigosa – e a devoção religiosa. Em suma, boa parte da população.

Uma sociedade que optou por barrar no Congresso o PL 2.630 de 2020, que a resolução do TSE atropelou e ressuscitou. Um povo que, conforme mostrou recente pesquisa AtlasIntel, não concorda com a visão das Cortes e entende serem autoritárias suas mais recentes decisões.

Por fim, ministra, vale lembrar que o poema “Mãos dadas” de Drummond diz que o poeta não quer viver em um mundo caduco, mas, em seguida, diz “também não cantarei o mundo futuro”.

SEM IGNORAR O POVO – Nisso, reside a grandeza do intelectual – não quer o mundo caduco, mas também não se acha com a verdade nas mãos, a ponto de a impor aos outros, passando por cima de tudo e todos. 

As Cortes Supremas, ao atropelarem o Congresso, acreditando saber o que é melhor ao povo e ao país, recebem apoio de muitos tolos ingênuos e de muitos espertalhões interesseiros, que acreditam ser vantajoso aplaudir quem se diz na posse da chave do futuro.

No entanto, nada mais caduco do que ouvir bajuladores e ignorar o povo.

“Facções dominam a democracia e até a religião”, alerta Gilmar sobre o crime

Gilmar Mendes sobre crime organizado: "Facções invadindo os espaços da democracia e da religião."

Enigmático, Mendes está denunciando a derrocada do país

Carlos Newton

O Estadão saiu de seus cuidados para informar à nação que o ministro Gilmar Mendes, decano do Supremo Tribunal Federal, fez um alerta nesta terça-feira, dia 12, sobre os riscos do avanço e da “sofisticação” do crime organizado no País.

Ele postou em suas redes que “um país assume a condição de ‘Narcoestado’ quando o poder do tráfico tem domínio de suas instituições sociais e políticas”. E, em sua experiente opinião, essa realidade já está acontecendo.

SEM REPERCUSSÃO – Gilmar fez referência à uma entrevista que concedeu à GloboNews, que não teve a repercussão que ele esperava. “Mostrei que os sinais estão aí: facções invadindo os espaços da democracia e da religião, ambos sagrados para o Estado Democrático de Direito.”

Na avaliação do ministro, “somente políticas públicas de segurança pensadas e executadas de modo coordenado poderão fazer frente ao grau de sofisticação demonstrado pelo crime organizado”.

Ele sugere adoção de “políticas que se concentrem, por exemplo, na criação de instrumentos de combate ao imenso poder financeiro das facções criminosas”.

PODER PÚBLICO – O ministro do STF enfatizou que “o poder público tem o dever de proteger “desses vilipêndios” a liberdade política e a liberdade religiosa. Ao final de sua mensagem, ele advertiu. “Estamos diante de um momento decisivo para a manutenção do Brasil na pauta civilizatória”.

Caramba! O que é isso, minha gente? A que situação o ilustre ministro está se referindo? Será que dei uma cochilada e perdi essa parte do filme?

Estará ele se referindo ao governo federal, de cuja prisão de segurança máxima em Mossoró (RN) dois chefes de facção fugiram como se estivessem pulando o muro do colégio interno? Ou estará se referindo ao Rio de Janeiro, onde as facções e milícias controlam bairros inteiros, constroem livremente prédios de dez andares e vendem apartamentos aos cidadãos, sem registro de escritura pública?

APOCALYPSE NOW – O que realmente Gilmar Mendes está denunciando, neste filme “Apocalypse Now” que somente ele está assistindo?

Por sua máxima importância, esta denúncia tem de ser esmiuçada. Que o ilustre ministro do Supremo então seja imediatamente chamado ao Conselho de Defesa e ao Conselho da República para fazer uma tradução simultânea de suas palavras e dizer ao povo brasileiro o que realmente está acontecendo.

Caso não haja interesse, que o Congresso o convoque para esclarecimentos.

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P.S. – Queremos saber a verdade. Ou, então, que o ministro aja como seu antecessor Adaucto Lucio Cardoso e se desfaça de sua toga, diante do plenário, numa desesperada tentativa de despertar o país, caso sua gravíssima denúncia institucional não desperte interesse nas autoridades da República.  (C.N.)

Lula agora governa em causa própria e por isso está caindo nas pesquisas

Lula diz que militares 'sempre quiseram ter interferência na política  brasileira'

Lula não tem dado importância às preocupações do povo

Vera Magalhães
O Globo

Uma das piores coisas que podem acontecer a um governo é um presidente experimentado, que passou a vida sendo louvado pelo tino político e pela forma intuitiva como governa, se ver defendendo pautas e prioridades completamente desconectadas daquelas que a população considera mais importantes.

É o que parece estar acontecendo com Lula, sobretudo neste início de ano. Outro fator que agrava a situação e atrapalha a possibilidade de o governo corrigir a rota é haver poucos expoentes do entorno próximo do presidente com senioridade e coragem para dizer a ele que está errando e deveria rever o rumo.

No primeiro mandato, o círculo próximo ao petista era composto de pessoas que tinham intimidade com ele e autoridade política para confrontar algumas de suas decisões. Independentemente do que aconteceu com eles em investigações posteriores, Luiz Gushiken, José Dirceu e Antonio Palocci, entre outros, tinham cacife para confrontar as certezas sempre veementes que fizeram Lula chegar aonde chegou na política, mas nem sempre são o melhor caminho no exercício da Presidência.

SEM PESO – O mesmo não se pode dizer do atual grupo de ministros. O único que teria peso suficiente para dizer a Lula que as coisas não vão bem seria Fernando Haddad, mas nem sempre os planos do ministro da Fazenda parecem convergir com os do presidente.

Tanto é verdade que bastou a arrecadação de janeiro e fevereiro crescer — fruto de fatores que podem ser sazonais, em razão de medidas adotadas pela Fazenda no ano passado, como a taxação de offshores e fundos exclusivos — para o presidente esfregar as mãos e sair defendendo mais gastos, como se o problema da percepção não tão positiva da população em relação a seu governo decorresse da falta de obras, entregas de casas ou outros projetos tradicionalmente defendidos por ele.

As pesquisas divulgadas nesta semana pelos institutos Quaest e Atlas, se forem analisadas detalhadamente e sem negacionismo pelo governo, mostram que a população não percebe o bom momento da economia e vê a corrupção e a segurança pública como os principais problemas do Brasil.

TUDO AO CONTRÁRIO – Além disso, as recentes incursões de Lula em temas de política externa se mostraram completamente dissociadas das prioridades internas e mesmo da percepção que a maioria da população tem a respeito dos temas que ele aborda de improviso segundo um viés ideológico próprio, não submetido a crivos técnicos do Itamaraty, que parece ter virado um apêndice da influência do assessor especial Celso Amorim.

O levantamento do Atlas aponta, com larga margem de diferença para os demais, corrupção e segurança pública como temas que mais preocupam os brasileiros. Eis uma pista que deveria ser seguida para entender o mau momento da avaliação de Lula. São dois assuntos a que o petista não tem se dedicado em discursos e agendas e sobre os quais sua administração não tem nada a apresentar.

Pelo contrário: os dois debates são travados do ponto de vista ideológico e, no que concerne à corrupção, o desmonte do arcabouço de transparência, como os acordos de leniência, e a reversão de decisões judiciais a granel pela Justiça estão associados, no debate público, a uma ação coordenada com a esquerda e o governo.

FORA DA REALIDADE – Simplesmente ignorar essa percepção e achar que é disseminado no conjunto da sociedade o entendimento de que todas as condenações da última década eram perseguição e uma tentativa de “criminalizar” a política é querer provar a quadratura do círculo e moldar a realidade às próprias crenças.

O mesmo que Lula faz, aliás, ao propagar aos quatro ventos a veia democrática de Nicolás Maduro e declarar uma crença, que soa infantil para alguém tão experimentado, na realização de eleições limpas no país vizinho.

Neste ano, o presidente resolveu falar a seus convertidos mais à esquerda e, aparentemente, a mais ninguém.

Na vida, ninguém ensina a encontrar a si mesmo, sem verdades absolutas

Charge do Shovel (Arquivo Google)

Dorrit Harazim
O Globo

Entre os feitos do britânico C.S. Lewis estão ter sobrevivido às trincheiras da Primeira Guerra Mundial e ser o autor das “Crônicas de Nárnia”, cujos sete volumes venderam mais de 100 milhões de exemplares e foram adaptados para TV, cinema, teatro, videogame. Em 1939, portanto às vésperas do conflito mundial seguinte, ele deu uma palestra na Universidade de Oxford. O tema era uma indagação: “O belo importa quando bombas começam a cair?”.

Como não? — respondeu ele.

A condição humana sempre foi feita de contendas, caos e dor. Vivemos inexoravelmente à beira do precipício, mas a cultura também emerge, sempre. Se adiássemos a busca do conhecimento e a procura do belo até haver alguma paz, nem sequer as pinturas rupestres existiriam.

NOSSA NATUREZA — “O ser humano propõe teoremas matemáticos em cidades sitiadas, conduz argumentos metafísicos em calabouços, faz piadas em cadafalsos e penteia o cabelo em trincheiras. Isso não é panache; é nossa natureza” — argumentou.

A matemática lhe dá razão. Historiadores já calcularam que, ao longo de toda a trajetória humana, tivemos até hoje míseros 29 anos sem que alguma guerra estivesse em curso em algum ou em vários pontos do planeta.

Atualmente, o portal Rule of Law in Armed Conflicts Online (Rulac), da Universidade de Genebra, monitora mais de 110 conflitos armados a espalhar desgraças. Ucrânia e Gaza são apenas os mais visíveis.

DIA DA MULHER – É neste mundaréu atritado que se comemorou, na semana passada, mais um Dia Internacional da Mulher. Haja fôlego para ainda precisarmos tanto desse reconhecimento com efeméride, apesar das distâncias já caminhadas. Boa oportunidade para querer ir além, alcançar o mais difícil para qualquer bípede: encontrar a si mesmo.

O poeta e.e. cummings (em minúsculas, como ele gostava) sabia das coisas quando escreveu que “para sermos aquilo que somos — num mundo que se dedica, dia e noite, a fazer com que sejamos como os outros —, é preciso embrenhar-se na luta mais árdua de nossas vidas”.

Tinha razão o poeta, visto que, para alcançar algum grau de autoconfiança, cabe a cada um construir sua ponte individual sobre o rio da vida.

APRENDER A SENTIR – Como já se escreveu aqui, quase todo ser humano é capaz de aprender a pensar, a fazer, a saber; mas nenhum ser humano consegue ser ensinado a sentir. O motivo? Porque, em qualquer atividade outra que não a sensorial, somos sempre a soma de outras pessoas, enquanto no sentir somos únicos — somos só nós mesmos, verdadeiros.

E é apenas a partir desse “eu” raiz, secreto e íntimo, que adquirimos coragens, selecionamos lutas, armazenamos confiança, arriscamos mudanças.

De volta à necessidade do belo enquanto bombas explodem à nossa volta, o mesmo e.e. cummings soube como poucos, por meio da arte, ser ninguém outro que ele mesmo. Deu um conselho sobre a busca pela palavra certa para jovens candidatos a poetas: se, ao final de dez ou 15 anos de tentativas, eles percebessem ter conseguido compor uma única linha de um só poema, poderiam considerar-se sortudos.

EXPLODIR O MUNDO — “Daí meu conselho para quem deseja dedicar-se à poesia: a menos que você esteja disposto a lutar até morrer em nome de cada palavra, é melhor fazer algo mais simples como aprender a explodir o mundo. Isso soa sombrio? Não é. Essa é a vida mais esplendorosa do mundo” — concluiu.

Estava com 53 anos e morreu em nome de cada palavra arrancada de si. Coisa para poucos.

A nós, como sociedade, que na definição do francês Frédéric Gros “não sabemos mais viver, apenas ocupamos o mundo e consumimos”, sempre resta a oportunidade de dar um restart. Coisa difícil e tortuosa, pois nenhuma travessia expõe tanto nossa vulnerabilidade e nossa força como começar algo novo.

RISCOS E CONFIANÇA – Mergulhar no extraordinário e assustador desconhecido do possível embute riscos e exige confiança.

Receitas não faltam, tanto por parte de pensadores universais como em livros de autoajuda: expandir ao máximo os campos de interesse; cultivar a dúvida que permite erros e correções; desconfiar de certezas absolutas; repelir o discurso mecânico, qualquer que seja a nobre causa; saber que o desprezo pelo que não é compreendido nunca é um sentimento democrático.

Mulher combina com democracia. Não dá rima, mas dá alegria. É uma delícia poder gostar de ser mulher.

Brasília, temos um problema! A falta de resultados compromete o governo Lula

Charge do JCaesar | VEJA

Charge do JCaesar | VEJA

Thomas Traumann
Veja

Duas pesquisas divulgadas na semana passada mostram que a aprovação do governo Lula caiu, a reprovação aumentou e o brasileiro está menos otimista com o futuro. Vamos começar com os números:

Na pesquisa Genial/Quaest, a aprovação caiu de 54% para 51% e a reprovação subiu de 43% para 46%. No Ipec, a aprovação à forma de Lula governar oscilou de 51% para 49% e a desaprovação de 43% para 45%. Nas duas Nas duas pesquisas, é o pior resultado do governo desde o início do mandato.

EVANGÉLICOS – No caso da Quaest, a queda está relacionada ao movimento dos eleitores evangélicos. A rejeição a Lula no segmento foi de 46% em agosto para 56% em dezembro e 62% nesta pesquisa de março. Historicamente resistentes a Lula e ao PT, os evangélicos pioraram suas opiniões sobre o governo depois das declarações de Lula contra Israel. 60% dos brasileiros consideram “exagerada” a comparação feita por Lula de Israel com Hitler. Entre os evangélicos, 69% criticaram a declaração.

A Quaest identificou ainda um mau humor com a economia, já detectada na pesquisa do Ipespe para a Febraban, divulgada depois do Carnaval. No último mês, 41% sentiram aumento nos combustíveis, 63% acharam que as contas subiram e 73% reclamaram da alta de preços nos alimentos.

Pela primeira vez neste mandato, a maioria dos brasileiros (38%) acha que a economia piorou nos últimos 12 meses, enquanto só 26% acham que melhorou.

BOTÃO DO PÂNICO – Olhando por partes, é possível ao governo Lula não apertar o botão de pânico. A derrocada na popularidade foi detectada em segmentos que tradicionalmente não são petistas e os índices gerais são sólidos.

Em tempo de polarização extrema, existem raros governos no mundo com maioria de aprovação. Como os preços de alimentos vão cair a partir deste mês com o início da colheita, um rearranjo na comunicação do presidente seria suficiente para estancar a queda.

A política brasileira, no entanto, não permite soluções simples, nem ingênuas. O problema do governo Lula é mais grave que uma alta sazonal de preços ou uma declaração estapafúrdia. Para muitos brasileiros, o governo efetivamente não parece ser bom o suficiente.

FUTURO INCERTO – Segundo a Quest, 34% dos brasileiros acham que o governo Lula é pior do que esperavam e somente 27% dizem que superou as expectativas.

O futuro também não parece animador. No Ipec, 43% acham que o governo está no caminho certo e 50% que está no caminho errado. 51% dizem que desconfiam de Lula e só 45% confiam no presidente.

A solução simples e ingênua seria culpar a comunicação. A complexa é entender que a oposição se reorganizou a partir do ato de Jair Bolsonaro em fevereiro em São Paulo e que o governo Lula precisa de uma agenda mais forte.

A manifestação bolsonarista mostrou que o poder de mobilização do ex-presidente segue intacto, apesar da possibilidade real de uma prisão. Mais importante: como Bolsonaro está fora da disputa de 2026, o ato deu partida à preparação de uma campanha que reúna as grandes forças antipetistas (evangélicos, agro, empresários, extrema direita) através de um nome que não tenha a mesma rejeição que Bolsonaro.

Se mantiver a base hard core bolsonarista sem a rejeição pessoal do ex-presidente, a candidatura da direita em 2026 fica extremamente viável.

Por último, mas não menos importante, há a própria responsabilidade de Lula. A sua lógica “não quero ministros com ideias novas” foi positiva para impedir a multiplicação de iniciativas estrambólicas, mas tornou o governo uma reedição de programas antigos. Em 15 meses, as únicas novidades foram as renegociações de dívidas (o programa Desenrola) e a poupança para estudantes de ensino médio (o programa pé-de-meia). É muito pouco.

SEM CONJUNTO – O ministério deste terceiro mandato não apenas é pouco criativo. Ele não tem unidade. Cada ministro trabalha para a sua base política ou seu partido. Não existe uma estratégia unificadora a não ser o interesse de todos de permanecer nos seus cargos.

A preferência de Lula pela agenda externa pode lhe dar satisfação pessoal, mas é um desastre na política doméstica. É humano ao cidadão Luiz Inácio Lula da Silva se compadecer com a matança em Gaza, mas o presidente precisa mostrar a mesma comiseração com os flagelados do Acre (sem comparar as duas situações de gravidades distintas).

Lula é o único grande político brasileiro que pode falar da miséria e suas tragédias a partir da experiência pessoal. Sua solidariedade nesses momentos não é falsa, é de quem já esteve na mesma situação da vítima. Afastar a agenda de Lula dos brasileiros mais pobres tem um custo até na expectativa que os eleitores fazem do seu governo. E é esta comparação entre expectativa e realidade que pode decidir a eleição de 2026.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
De repente, Lula entrou na berlinda. Enganou muito no primeiro ano, mas agora está mais difícil continuar enganando. (C.N.)

“Mulher que trabalha pode comprar batom e calcinha”, argumenta Lula

Lula

Mulher não deve aturar homem que não gosta dela, diz Lula

Deu no Poder 360

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse nesta terça-feira, dia 12, que, quando uma mulher tem uma profissão, ela não depende do pai ou de algum homem para ter dinheiro para comprar batom ou calcinha. Ele deu a declaração no Palácio do Planalto ao discursar no evento que marcou a abertura de 100 novos Institutos Federais de Educação.

“Quando a mulher tem uma profissão, ela tem um salário, pode custear a vida dela. Não vai viver, comer, com um homem que não goste dela. Não vai viver por necessidade, por dependência, vai viver a vida dela e vai morar com alguém se ela gostar de alguém. Vai ter a opção dela, ela vai escolher. Ela não vai ficar dependente. Não vai ficar ‘eu preciso do meu pai me dar R$ 5 para comprar um batom, eu preciso do meu pai me dar R$ 10 para comprar uma calcinha’”, declarou Lula.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG –
Temos registrado aqui na Tribuna da Internet que o presidente Lula da Silva não está bem. Não diz mais coisa com coisa. Pode ser resultado dos remedinhos que dona Janja prescreve para remoçar o marido, mas o efeito está sendo o contrário, porque ele parece estar mergulhando na segunda infância. Aliás, esse negócio de calcinha não pode dar certo. Outro dia, a modelo Carolina Oliveira, de 25 anos, foi fotografada em uma casa noturna de São Paulo, usando uma calcinha com uma caricatura do presidente Lula. Com um microvestido de oncinha, a jovem não se preocupou em cruzar as pernas enquanto era clicada e conversava com uma amiga. Atualmente, a modelo, que já foi capa da revista Sexy Premium, atua como figurante do humorístico “Zorra Total”, da TV Globo. Vai fazer carreira igual à da carnavalesca Lilian Ramos, fotografada com o então presidente Itamar Franco sem calcinhas… (C.N.)

Reeleição do presidente fortalece Executivo em relação ao Legislativo

Charge do JCaesar | VEJA

Charge do JCaesar | VEJA

Marcus André Melo
Folha

“Não tem nenhum país importante do planeta que não tenha reeleição”, disparou o presidente Lula numa roda de senadores no Palácio da Alvorada. Lula está errado. Já discuti aqui esta questão. Na região do mundo que concentra a vasta maioria das democracias presidencialistas do planeta —a América Latina— os países que ocupam o topo nos rankings de democracia —Uruguai, Costa Rica e Chile— não permitem a reeleição imediata de presidentes. Tampouco o México, cuja importância não precisa ser enfatizada.

Fora das Américas não há democracias presidencialistas puras. Nos regimes semipresidenciais da África, Ásia e da Europa do leste, os presidentes são criaturas institucionais radicalmente distintas. E obviamente, nas autocracias a questão perde totalmente o sentido, como assistimos agora com a farsa da reeleição de Putin e de Maduro.

PARLAMENTARISMO – A Europa é fundamentalmente parlamentarista, e aqui não há mandato fixo para o primeiro-ministro — ele pode ser de alguns meses ou anos. No semipresidencialismo francês e português, só é possível uma única reeleição do presidente.

Mas na França, a coabitação leva o presidente a se resignar a conviver com um primeiro-ministro adversário nomeado pelo Parlamento que assume o poder Executivo. Os limites aos mandatos assumem outro sentido à luz dessa dinâmica.

Vale destacar um aspecto absolutamente singular do caso brasileiro. A dinâmica política da discussão entre nós não envolve apenas presidentes, mas também governadores e prefeitos, sobretudo os primeiros.

OUTROS EXEMPLOS – Nos EUA e Argentina, o problema não se coloca pela diversidade de arranjos institucionais, sobretudo nesta última, onde as constituições provinciais variam quanto à possibilidade de reeleição, à existência de bicameralismo (várias delas têm Senado), regras eleitorais, regimes municipais etc.

A emenda da reeleição (PEC 16/1997) em nosso país teve apoio massivo dos governadores e prefeitos que eram titulares do cargo.

Seu efeito institucional mais amplo foi ter fortalecido o poder Executivo vis-à-vis o Legislativo, como mostrei em “Reformas constitucionais no Brasil: instituições políticas e processo decisório” (Revan, 2002).

EFEITO PATO MANCO – O efeito esperado da vedação da reeleição ora proposta no Brasil é o oposto: reduzir o poder de fato do Executivo pelo efeito pato manco.

O cálculo individual do apoio no caso atual passa mais uma vez pelos governadores, com base nos possíveis cenários para a eleição de 2026, mesmo que a proposta de mudança preveja a vedação só a partir de 2030.

A proposta de vedar a reeleição consecutiva do poder Executivo no país está atrelada à simultânea sincronização das eleições legislativas, de difícil viabilização, mas poderá caminhar sozinha.

Na cidade de São Paulo, reprovação de Lula sobe 9% e aprovação cai 7% 

Charge da Semana - O (des)condenado e o espelho das pesquisas

Charge do Jindelt (Arquivo Google)

Ana Luiza Albuquerque e Angela Pinho
Folha

A reprovação ao governo Lula (PT) na cidade de São Paulo cresceu 9% em um intervalo de pouco mais de seis meses, e sua aprovação caiu 7%, segundo nova pesquisa Datafolha.

No total, dizem considerar a gestão do petista ótima ou boa 38% dos entrevistados. Outros 28% a avaliam como regular, e 34% como péssima. Não soube responder 1% da amostra.

No levantamento anterior, realizado em agosto de 2023, a gestão Lula era aprovada por 45% dos eleitores da capital paulista. Seu governo era considerado regular para outros 29%, enquanto 25% o consideravam ruim ou péssimo. A atual pesquisa foi realizada na cidade de São Paulo nos dias 7 e 8 de março, com 1.090 entrevistas com pessoas de 16 anos ou mais. A margem de erro é de 3 pontos para mais ou para menos.

BOULOS E NUNES – O levantamento também revelou a intenção de voto na corrida municipal de 2024, com Guilherme Boulos (PSOL), apoiado por Lula, e Ricardo Nunes (MDB), apoiado por Jair Bolsonaro (PL), liderando tecnicamente empatados.

Na capital paulista, Lula tem índices melhores de aprovação entre eleitores com 60 anos ou mais (45%, compõem 23% da amostra) e que cursaram até ensino fundamental (47%, são 21% da amostra).

Já sua reprovação é mais alta entre os evangélicos (25% da amostra). Nesse segmento, de forte ligação com o bolsonarismo, o índice de ruim/péssimo da gestão petista chega ao patamar de 49%, uma alta de 12 pontos em relação a agosto. A aprovação nesse estrato, por sua vez, caiu 16 pontos.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Interessante destacar que a gestão do governador Tarcísio de Freitas é aprovada por 33%, para 37% seu desempenho é regular e tem reprovação de 26% na cidade de São Paulo. Como diz o economista Edmar Bacha, o governador Tarcísio é forte candidato à Presidência em 2026. Com toda a certeza. (C.N.)

Por acreditar no livre-arbítrio, liberais modernos têm um orgulho político desmedido

Ilustração reproduzida do Arquivo Google

Luiz Felipe Pondé
Folha

O princípio da vontade livre do indivíduo penetrou profundamente no imaginário do mundo moderno

O pensamento liberal identificado por figuras importantes como John Locke comete um erro crasso: aposta as fichas na ideia de que o nascimento da sociedade se deu por escolha livre das pessoas a fim de proteger suas vidas, seus negócios e suas propriedades. É possível duvidar dessa premissa?

Não precisamos ser descendentes de J.J. Rousseau para discordar dessa premissa. Colocar a discordância na ideia de que defender propriedades privadas é um equívoco de princípio, porque seria um pressuposto tipicamente da burguesia britânica, e desde então não é o coração do problema.

CONTRATO SOCIAL – Rousseau também participa da ideia da escolha autônoma dos sujeitos como princípio do chamado contrato social, ainda que reconheça a corrupção da vontade livre dos sujeitos uma vez que o homem natural foi perdido. No entanto, ele acreditava na capacidade da vontade livre e geral de refazer a sociedade a partir de um contrato social mais justo.

Mesmo Thomas Hobbes, conhecido por ser defensor do absolutismo – um equívoco acerca do seu pensamento –, nunca defendeu a teoria do corpo “místico do Rei” – o rei é rei porque Deus quer que seja – mas, sim, que o Estado era fruto de um contrato livre entre as pessoas a fim de garantir a organização da violência e, assim, diminuir a condição da vida como breve, bruta, infeliz.

Essa escolha racional, digamos, levaria a famosa concepção de que o Estado detém o monopólio legítimo da violência.

VIDA EM SOCIEDADE – Todos os três acima citados se encontram na noção de que haveria um contrato social mítico, digo eu, como fundamento da vida em sociedade e da atribuição do poder político.

Esse mito está sustentado na ideia vaga de que os seres humanos são os fundadores livres da ordem social e política e, portanto, podem mudá-la, melhorá-la, rompê-la, na sua totalidade ou em parte, na medida de suas decisões individuais ou coletivas.

Portanto, o princípio da vontade livre do indivíduo como átomo social está presente em todos. Esse princípio penetrou profundamente no imaginário moral, político e econômico do mundo moderno tal como conhecemos. Capitalistas ou comunistas, todos creem nessa mítica da decisão livre.

LIVRE-ARBÍTRIO – Não se trata de ir até Santo Agostinho para negar a existência do livre arbítrio, podemos ficar nos limites da discussão política moderna e, ainda assim, pôr em dúvida esse princípio liberal da vontade livre como fundamento da sociedade.

Posso aceitar que, por exemplo, o sexo deva ser consensual, na medida em que pessoas adultas “decidem” se querem transar uma com a outra ou outras. Em casos como esse, é óbvio a validade do princípio da escolha livre. No entanto, há toda uma gama de temas que põem em dúvida a escolha livre e racional: o inconsciente, limites econômicos, saúde, emoções e afins.

Mas, com relação a fundação da vida em sociedade, suspeito que esse indivíduo livre do mito do contrato social não existe. Nunca existiu e continua não existindo como fundamento da vida social.

A TESE DE BURKE – Concordo mais com Edmund Burke, para quem a sociedade evoluiu de pequenos grupos imersos em hábitos imemoriais, crenças religiosas, laços de bando e clã, e que lida com formas grandes de sofrimentos, o “pelotãozinhos”, “little platoons”, como ele costumava dizer.

O próprio crescimento da sociedade impõe problemas para a operação humana no cotidiano. Como decidir, como escolher, até que ponto sei exatamente o que quero, quando digo que quero?

A simples ideia de que nascemos livres, bons ou maus, já é pura especulação.

NA MESMA LINHA – O problema com posições como a de Burke é que ela parece pôr limites a ação racional e consciente do ser humano que fere o orgulho político desmedido dos modernos.

O autor israelense contemporâneo Yoram Hazony vai na mesma linha do Burke.

Concorde ou não com sua defesa da ideia de nação contra a ideia de conglomerados imperiais, como a comunidade europeia, sua defesa de que a sociedade evoluiu organicamente e aos trancos e barrancos de grupos menores até hoje me parece bem mais real do que esse sujeito liberal que só se move bem no shopping.

Brasil podia deslanchar, mas Lula põe empresários na defensiva, diz Bacha

Economista Edmar Bacha é entrevistado pelo Memória & Poder - Assembleia  Legislativa de Minas Gerais

Bacha votou em Lula, mas não quer fazer isso de novo

Cristiano Romero
Brazil Journal

Eleitor de Lula no pleito de 2022, o economista Edmar Bacha diz que o Brasil tem oportunidades “extraordinárias,” mas não as está aproveitando por falta de confiança de empresários e investidores na economia. E todo mundo sabe o que está gerando este clima: o próprio comportamento e as decisões do Presidente.

Como o senhor avalia a gestão do governo Lula?
Acho que o Haddad está conseguindo segurar as pontas. Basicamente, é disso que se trata, enfrentar o “fogo amigo” dentro do governo e o “fogo inimigo” no Congresso. Bolsonaro realmente deixou esse horrível legado. Outro dia vi o gráfico da proporção das emendas dos parlamentares no Orçamento Geral da União, com R$37,6 bilhões, metade do total previsto para investimento em 2024.

Foi boa ideia acabar com o teto de gastos?
Não foi bom acabar com o teto, mas, tendo visto todos os furos de que o teto foi vítima, era preciso conceber alguma coisa nova. O Haddad conseguiu, dentro das circunstâncias, conceber algo aceitável para Lula e o PT. A gente não pode esquecer que este é um governo do Lula e do PT. Dentro desse constrangimento, acho que ele fez o melhor possível. O governo tem diversas dimensões. A política externa, por exemplo, é um absurdo.

Por quê?
Porque é um absurdo que Celso Amorim, que é antiamericano radical desde sempre, esteja no comando da política externa. Estamos apoiando Vladimir Putin, Nicolás Maduro e Xi Jinping, e fazendo coisas unilaterais no Oriente Médio, quando deveríamos tentar fazer o meio de campo.

Que papel o Brasil poderia ter no conflito entre Israel e Palestina?
Temos condições internas para fazer o meio de campo no Oriente Médio porque essas questões estão razoavelmente pacificadas no Brasil. A lei antirracismo, por exemplo, foi proposta por Afonso Arinos e aprovada em 1951. Somos uma sociedade misturada e temos honra de sermos assim. Obviamente, há um problema terrível de distribuição de renda que a gente precisa enfrentar, mas que está sendo trabalhado. Lula faz um bom trabalho nessa área. Imagine ter a Nísia Trindade Lima no Ministério da Saúde. Isso é uma verdadeira prenda! Então, há coisas boas no governo.

O que o preocupa além da política externa?
Lula ainda tem na cabeça que o Estado deve forçar o investimento das empresas e usar seus instrumentos para fazer com que isso aconteça. Ele não tem mais as estatais na mão porque elas foram privatizadas.

Como o senhor avalia a política industrial lançada pelo governo?
A esta altura da partitura, aumentar a tarifa sobre importação, os requisitos de conteúdo local e a preferência para compras governamentais são decisões contrárias ao aumento da produtividade da economia. Está tudo errado na área econômica, com exceção da parte fiscal. A reforma tributária passou muito bem no Congresso, mas eu me pergunto: se o Lula estivesse realmente interessado e não tivesse delegado o assunto totalmente para o pobre do Bernard Appy [secretário especial da Reforma Tributária], que teve que resolver tudo com o Congresso sem nenhum poder político, teriam aparecido tantos jabutis quanto apareceram? E agora, há o risco de termos ainda mais jabutis na regulamentação.

O PIB cresceu 2,9% no ano passado, mas a taxa de investimento recuou 3%. Falta confiança aos empresários?
Não há confiança. O que me irrita no Lula é que o país poderia estar deslanchando se houvesse confiança. Há oportunidades extraordinárias, mas é preciso ficar na defensiva com o Lula o tempo todo. Sabe-se lá como ele vai intervir na economia. E uma economia que joga na defesa não vai para frente.

O senhor defende há muitos anos a abertura da economia como medida necessária para o aumento da produtividade. Vê alguma chance para essa agenda?
Os “Mercadantes” estão muito exultantes com o fato de que, agora, os EUA começaram a praticar a política industrial. Mas é uma política voltada para a sua luta contra a China. E, aí, o pessoal do governo do PT diz: “Se eles fazem, a gente pode fazer também”. O Alckmin fala: “Olha quanto eles [os americanos] estão gastando”. Quando o mundo estava se globalizando, o Brasil não se globalizou. Agora, o mundo está se desglobalizando.

Por que o Lula ganhou a eleição?
Porque, na última hora, muita gente, inclusive eu e os pais do Real, declarou voto nele. Foi isso, até mais do que os votos da Simone Tebet, que garantiu a vitória. Mas o Lula não entendeu isso até hoje.

O quê, exatamente?
Lula não entendeu que o mandato dele é muito restrito. Se o bolsonarismo for minimamente competente e apresentar um candidato razoável, por exemplo, o Tarcísio de Freitas [governador de São Paulo], o Lula vai ter que ralar para ser reeleito.

O senhor vê riscos à democracia brasileira?
Com Trump, sim. Da vez que o Bolsonaro tentou, eu estava tranquilo porque, pensei, se ele quiser fazer alguma coisa, os americanos não deixam. No cenário externo, que riscos o senhor vê adiante? O maior é a eleição de Donald Trump. É complicada a situação. Os americanos se acostumaram a ter uma taxa de juros muito baixa por muito tempo. A dívida pública não importava muito porque qualquer crescimento do PIB compensava a elevação da dívida. Agora, com os juros a 5,5% ao ano, não mais. O mundo é muito sensível aos juros americanos. O problema do Trump é seu discurso super radical, dizendo, por exemplo, que quer classificar imigrantes como terroristas. É inacreditável!

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Excelente entrevista, enviada pelo Mário Assis Causanilhas. O economista Edmar Bacha, da Academia Brasileira de Letras, é um dos melhores pensadores da direita. Defende teses que fazem sentido e merecem reflexão. (C.N.)

Datafolha: Boulos e Nunes empatam na corrida eleitoral de São Paulo

Empate técnico reflete a continuidade da polarização no país

Pedro do Coutto

A pesquisa do Datafolha revelou que Guilherme Boulos e Ricardo Nunes lideram tecnicamente empatados a corrida eleitoral de 2024 para a Prefeitura de São Paulo, acentuando um equilíbrio entre Guilherme Boulos e Ricardo Nunes. Boulos marca 30% e Nunes tem 29% — estão isolados do segundo pelotão de pré-candidatos.

A deputada Tábata Amaral aparece em terceiro lugar com oito pontos. O embate que evidentemente mantém a polarização atual, traça perspectivas não só em 2024 na luta pelas prefeituras, mas também, reflete uma projeção mais longa para 2026. A eleição da cidade de São Paulo deverá ir para o segundo turno, mas o desempenho de Nunes demonstrou uma surpresa, principalmente em relação às pesquisas anteriores.

CONFRONTO – O equilíbrio na cidade de São Paulo é um fato positivo para o bolsonarismo, uma vez que a capital do estado sempre registrou vantagem para o PT nos confrontos ocorridos. Nas eleições para a Presidência da República em 2022, Bolsonaro obteve grande vantagem no estado, mas perdeu para Lula na capital. Lula, sob outro prisma, obtém uma vantagem para Boulos, mas é preciso considerar que ele possui os instrumentos da máquina na mão. O confronto político, portanto, esquentou novamente.

Outras capitais, como o Rio de Janeiro, têm grande importância no xadrez político, mas nenhuma com peso maior do que a cidade de São Paulo, palco de embate entre lulistas e bolsonaristas. O sinal de alarme disparou no convés do poder quando a aprovação de Lula caiu na última pesquisa. Interessante verificar o roteiro dos índices dentro da área municipal, uma vez que a aprovação e a desaprovação evidentemente estão mais refletidos no combate na cidade de São Paulo.

De qualquer forma, Nunes teve um avanço considerável, enquanto Boulos ficou praticamente estacionado. As posições assim precisam ser reavaliadas, até porque o aspecto da cidade de São Paulo tem grande importância para o país.

Um mensageiro traz o encantamento da poesia em dose dupla

Livros de Luiz otavio oliani | Estante Virtual

Oliani publica poesias coletivas

Paulo Peres
Poemas & Canções

O Bacharel em Letras e Direito e poeta carioca Luiz Otávio Oliani teve a ideia de reunir diálogos com poetas brasileiros contemporâneos, divulgando-os nas redes sociais.

Esses poemas foram inicialmente publicados no seu mural do Facebook e depois migraram para o livro impresso “Entre-textos”, lançado pela Editora Vidráguas, de Porto Alegre, em 2013, uma publicação de 41 diálogos, ou seja, para cada poema Luiz Otávio responde com outro poema, um desafio chamado: o avesso do verso (reverso).

Por exemplo, Luiz Otávio Oliani, através o poema “Encantamento” responde ao “Mensageiro”, da escritora, contista, romancista, dramaturga e poeta carioca Carmen Moreno.

MENSAGEIRO
Carmen Moreno

O dom vem de Deus.
Dádiva, desce da luz, bruto.
Estende tua mão,
Trabalha tua mensagem,
Afia tua pena, talha tua palavra até o sangue!
Deus descerá um pouco, a cada verso,
Disfarçado sob teus signos.

ENCANTAMENTO
Luiz Otávio Oliani

no balde de juçaras
o homem busca
a água de que precisa

no terreno seco
procura o vento

encontra Deus
disfarçado de sabiá

Lula fala que não deve, cala sobre o que deve e despenca nas pesquisas

Lula está em seu terceiro mandato à frente da Presidência

Lula se meteu num buraco e agora está muito difícil sair dele

Eliane Cantanhêde
Estadão

O presidente Lula parece, ou finge não ver, mas as coisas estão desandando e as pesquisas apontam para desaprovação maior do que aprovação já nas próximas rodadas, com queda de popularidade nos diferentes segmentos. Fazer mea culpa não é e nunca foi seu forte, mas cadê o decantado faro político, a perspicácia e o carisma de Lula? Está sempre sério, mal-humorado, com declarações recheadas de erros, não só de comunicação, mas de informação e compreensão do mundo.

O que Lula e o Brasil ganham com sua teimosia em negar o óbvio, que Nicolás Maduro é ditador, a Venezuela está em frangalhos e os venezuelanos vivem no pior dos mundos?

AVALISTA DE MADURO – A líder oposicionista Maria Corina, impedida de disputar as eleições de julho por instituições viciadas, cobrou duramente a posição dele. Lula deu de ombros: “Eu não fiquei chorando quando não pude concorrer”. E, depois de relativizar o conceito de democracia, agora avaliza a lisura das eleições convocadas por Maduro, sem que se saiba com base em quê.

Estamos bem. Jair Bolsonaro, presidente golpista, reclamava de quem reagia à covid-19 “com mimimi” ou “como maricas”. E Lula, o presidente democrata, manda a perseguida pela ditadura parar de chorar e cala sobre Alexei Navalny, morto pelo autocrata russo Vladimir Putin, sob indignação e raiva de, literalmente, todo o mundo.

Também não se ouviu uma palavra de Lula sobre a dengue, por exemplo, nem que fosse para explicar que não há produção suficiente de vacinas e estimular medidas básicas de prevenção. Tudo ficou nas costas da ministra Nísia Trindade, mas epidemia não é problema exclusivo da Saúde, mas do País. O líder precisa mostrar presença.

VELHO POPULISMO – Na economia, Lula também insiste em desdenhar do bom senso e da política econômica de Fernando Haddad, exercitando seu velho populismo e defendendo mais gastos, quando o principal problema é exatamente o equilíbrio fiscal.

Haddad se esfalfa pela arrecadação, Lula só quer gastar. Sua base petista acha lindo, mas a realidade grita. Isso não vai melhorar sua popularidade.

As intervenções políticas e voluntariosas na Petrobras e na Vale custam caro e Lula tem de engolir que, no seu primeiro ano de governo, o lucro das duas principais empresas do País despencou em relação ao do último ano de Jair Bolsonaro. As ações seguiram o mesmo caminho. Além de péssima notícia para o Brasil, é um prato feito para a oposição.

PETROBRAS E VALE – Na sexta-feira, 8, as ações da Petrobras chegaram a cair 13% e a empresa perdeu R$ 55 bilhões em valor de mercado. O motivo imediato foi a decisão da cúpula petista da companhia sobre distribuição de dividendos, mas o que mais pesa é a intervenção política de Lula, na Petrobras e na Vale. Como o setor de energia, os investidores, o Brasil e o mundo veem isso?

A pauta econômica e ambiental do governo está parada, com o Congresso digladiando com o Executivo por emendas e com o Judiciário em temas de costume.

É ano eleitoral e o tempo corre sem perspectiva de regulamentação da reforma tributária, sem nem sequer início da discussão sobre tributação da renda e sem avanço em questões essenciais para recepcionar a COP 28 em 2025. E a articulação política do governo?

CULPA DO LULA – Não adianta Lula reclamar de “má vontade” da mídia, porque quem derruba as manchetes que seriam positivas por negativas é ele próprio. Um exemplo é o massacre de palestinos, que só piora e cada vez dá mais razão à dura condenação que Lula faz a Israel.

Até os EUA calibram sua posição: dá armas para Israel, mas começou a jogar comida de aviões para os famintos de Gaza. Lula poderia ganhar manchetes com suas duras cobranças, mas atraiu críticas mundo afora com a comparação, errada sob vários ângulos, da ação israelense com Hitler e nazismo, logo, com o Holocausto.

Em vez de “Lula condena massacre”, as manchetes foram, acertadamente, “Lula compara ação de Israel a Holocausto”. Em vez de “Lula lidera pressão por democracia na Venezuela”, “Lula relativiza democracia”, ou “Lula avaliza ditadura de Maduro”. Em vez de “Lucro e ações da Petrobras e da Vale disparam”, “Lucro da Petrobras cai 33% e valor da companhia cai R$ 55 bilhões num dia”. Em vez de “Lula cobra controle das contas públicas”, “Lula exige mais gastos, ignorando equilíbrio fiscal”.

APLAUSOS VAZIOS – Seus seguidores aplaudem, como aplaudiriam qualquer coisa. E o resto do País, inclusive o que votou nele em 2022, sem ser petista? A resposta pode estar nas pesquisas Quaest e Ipec.

A popularidade dele caiu entre os que já eram contra, como os evangélicos, e entre os que eram a favor, como as mulheres.

Logo, logo, as curvas acabam cruzando, com aprovação menor do que desaprovação. Lula vai finalmente compreender que as coisas estão desandando?

Especialistas consideram o Brasil uma “democracia imperfeita”, em retrocesso

Charge O Tempo 02/11/2019 | O TEMPO

Charge do Duke (O Tempo)

Carlos Newton

A evolução da ciência política já sepultou o antigo conceito de que o mundo é dividido simplesmente em democracias e ditaduras. Na verdade, entre os 193 países-membros da Organização das Nações Unidas, existem regimes de diferentes nuances e o autoritarismo é como uma praga que resiste a tudo e se mostra impossível de erradicar.

Aqui no Brasil, qualquer ministro do Supremo se orgulha de ter salvo a democracia, mas no dia seguinte pode baixar uma norma que descumpre as leis, como acaba de ocorrer com Alexandre de Moraes, ao criar uma regra eleitoral que desmoraliza o Marco Civil da Internet, que parece ter se tornado uma lei tipo vacina, que não pegou…

Foi diante desses fatos controversos que a revista britânica The Economist criou uma divisão de pesquisa que acompanha a evolução política em 165 países e dois territórios, desprezando 28 membros da ONU onde não há vestígio de democracia.

EM RETROCESSO – A divisão de pesquisa Economist Intelligence Unit tem alertado para a regressão da democracia no mundo. No mais recente estudo, divulgado em 15 de fevereiro, os especialistas revelaram que em 2023 o chamado Índice de Democracia atingiu o nível mais baixo desde 2006, quando a análise começou a ser desenvolvida.

Segundo os dados referentes ao ano passado, a pontuação média global ficou em 5,23 – uma queda de 0,06 ponto percentual em relação a 2022, quando o índice estava em 5,29.

O declínio da pontuação média começou em 2016 e foi agravado pela redução das liberdades civis durante a pandemia de Covid.

TENDÊNCIA NEGATIVA – A pesquisa britânica confirma que há uma tendência de regressão e estagnação da democracia mundial, agravada no ano passado pelas guerras na Ucrânia, no Sudão e na faixa de Gaza.

A análise afirma que, no ano passado, guerras e conflitos prejudicaram “ainda mais” a democracia no mundo. “A guerra na Ucrânia está enfraquecendo suas já frágeis instituições democráticas (embora continue sendo muito mais democrática do que a Rússia, o país que a invadiu em 2022)”, adverte o estudo, acrescentando: “A guerra civil no Sudão e a guerra de Israel com o Hamas também ameaçam a segurança e a democracia na região”.

DEMOCRACIAS IMPERFEITAS – O Brasil ficou estacionado na 51ª posição da lista, mesmo patamar registrado em 2022. Mas caiu em relação a 2021, quando estava em 47º lugar. No ano passado, o país teve uma pontuação geral de 6,68 e foi classificado como uma “democracia imperfeita”.

No importantíssimo ranking, a Noruega permanece como o país mais democrático do mundo. A nação ocupa a posição há 14 anos e teve pontuação de 9,81 em 2023. É seguida pela Nova Zelândia (9,61), Islândia (9,45), Suécia (9,39), Finlândia (9,30) e Dinamarca (9,28).

Já Afeganistão (0,26), Mianmar (0,85) e Coreia do Norte (1,08) ocupam as três últimas posições. Quer dizer, são piores do que Rússia, Nicarágua, Cuba e Venezuela.  

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P.S. –
Os principais critérios para um país ser avaliado são as leis que existem, se são aplicadas ou não, se há eleições livres,se os direitos humanos são respeitados, se há distribuição ou concentração de renda, se existe justiça social, enfim. Diante desses critérios, é um milagre que o Brasil, como paraíso da impunidade e único país de ONU que não prende criminoso após condenação em segunda instância, consiga estar na 51ª colocação. (C.N.)