Lula vê ditador da Venezuela como herói e a opositora dele como mulher histérica

María Corina Machado, a opositora liberal que busca destronar Maduro

Lula humilhou Maria Corina de uma maneira infantil e cruel

J.R. Guzzo
Estadão

O presidente Lula, com os aplausos de si próprio, da primeira-dama e do maior cordão de bajuladores que já se formou na história da República, entrou em estado de coma moral. A coisa não é de agora – Lula, há muito tempo, vem sofrendo de falência geral dos órgãos que determinam a conduta das pessoas de bem. Mas esse processo se acelerou notavelmente depois que assumiu a presidência pela terceira vez.

Não é que ele não seja capaz de entender a diferença entre o bem e o mal. Ele entende, sim – mas escolhe sempre ficar com o mal. Ficou de novo ao lançar sua última ideia como “líder mundial”, uma das piores que já teve em catorze meses de governo.

“FICAR CHORANDO” – Foi um momento de superação. Lula conseguiu dizer que a maior vítima da ditadura da Venezuela no momento, a candidata de oposição que foi proibida pelo TSE local de disputar a próxima eleição com Nicolás Maduro, deveria parar de “ficar chorando”.

É assim, exatamente, que funcionam hoje os circuitos mentais do presidente: a luta de Maria Corina Machado em defesa da liberdade, da vontade popular e das regras mais elementares da democracia é uma “choradeira”.

Corina se propõe a derrotar nas urnas um ditador que está lá há 11 anos, apenas isso; é vista em todo o mundo civilizado como uma combatente da democracia. Para o presidente do Brasil, porém, ela está sendo apenas uma mulher histérica. O herói, para ele, é o ditador.

FRACASSO TOTAL – Lula, nas suas miragens de “líder latino-americano”, tinha conseguido até agora um fracasso em estado puro: meteu-se pateticamente na última eleição da Argentina, e o seu candidato levou uma surra. Mete-se, no momento, no que a ditadura da Venezuela chama de “eleição” – uma fraude já contratada e especialmente grotesca, em que a mera marcação de uma data para as eleições é festejada por Lula como um triunfo da democracia.

Já não havia candidata de oposição, declarada “inelegível” e ameaçada de prisão. Não havia nem a data para as pessoas votarem. Agora, a oposição continua proibida de concorrer, mas a data foi marcada. Tudo resolvido, para Lula. O ditador, a ditadura e o amor venceram – e quem acha isso errado está apenas “chorando”.

O Brasil, porém, é submetido por ele a mais uma humilhação na comunidade internacional. Deixamos de ser uma nação decente; a única certeza que a política externa brasileira oferece hoje ao mundo é que estará sempre, em qualquer circunstância, ao lado das ditaduras. Lula já foi capaz de ficar a favor dos carcereiros e contra os presos políticos que faziam greve de fome em Cuba. Hoje é capaz de tudo.

Tolher a liberdade nas redes sociais significa abolir a democracia liberal

BELA, RECATADA E ENVERGONHADA" SOBRE A CHARGE ACIMA RESPONDA: O SIGNIFICADO  DA PALAVRA DEMOCRACIA ESTÁ - brainly.com.br

Charge do Duke (O Tempo)

Mario Sabino
Metrópoles

Ah, o capitalismo: não há outro assunto entre o céu e a terra para a nossa vã filosofia. Podemos falar de Lula, podemos falar de Jair Bolsonaro, podemos falar de Israel, podemos falar da Rússia, podemos falar de democracia — e o pano de fundo será sempre o capitalismo.

Eu não conhecia um senhor que foi apresentado na Folha como “um dos mais importantes pensadores do mundo” — o que só demonstra a minha ignorância em relação ao que vai pelo século 21, em especial a suas filosofias. Ignorância até certo ponto cultivada. Resigno-me a ser um homem do século 20, tempo em que os séculos ainda eram enumerados com algarismos romanos nos jornais.

FUTURO PROMISSOR – O pensador magnífico é o camaronês Achille Mbembe, que dará hoje uma aula magna em São Paulo. De acordo com o jornalista que o entrevistou, “ele recorre à cosmogonia africana, com alegorias e imagens poéticas, para profetizar a invenção de um futuro, oposto ao tempo presente, desmantelado pelas bombas que caem a cada minuto sobre Gaza e que está ameaçado pelas mudanças climáticas e pelo uso de novas tecnologias”.

Desmantelados estamos a qualquer tempo, inclusive na construção das frases, mas o ponto que importa aqui é uma afirmação de um dos mais importantes pensadores do mundo, sempre segundo o jornalista. Perguntado sobre se o uso das redes sociais pode afetar a democracia, Achille Mbembe respondeu:

“Acho que há uma enorme tensão entre a democracia e as redes sociais. Primeiro, porque o neoliberalismo é incompatível com a democracia liberal. E ainda há outra tensão, que devemos perceber, a necessidade de democratizar esse acesso a todas as ferramentas de tecnologia.”

CAPITALISMO – Quando um sujeito fala em neoliberalismo, ele quer dizer capitalismo. Tanto é que, por ser mais palavra mais curta, o jornal usou capitalismo como sinônimo de neoliberalismo no título que destaca a fala de Achille Mbembe.

Se o capitalismo é incompatível com a democracia liberal, seria o caso de questionar o pensador sobre afirmação tão peremptória e desprovida de base histórica ao menos conhecida. Mas o jornalismo do século 21 é diferente do jornalismo do século 20, e as perguntas essenciais deixaram de sê-lo.

A menos que eu tenha aprendido errado, a democracia liberal, com todas as suas liberdades e todos os seus limites constitucionais, nasceu com o desenvolvimento do capitalismo e o acirramento das suas tensões intrínsecas. Surgiu com o fim do absolutismo na Inglaterra e a independência americana.

SERIA LAISSER-FAIRE – Alguém poderia argumentar que um dos maiores pensadores do mundo, ao falar em neoliberalismo, estava se referindo especificamente ao capitalismo do laissez-faire, da absoluta liberdade de mercado e da intervenção mínima do estado na economia e na vida do cidadão.

Esse capitalismo do laissez-faire implicaria o cancelamento dos limites impostos pela democracia liberal, na qual o direito de um acaba quando começa o do outro.

É uma quimera alimentada por gente mal-intencionada. Nos países onde ela realmente fincou raízes, a democracia liberal vem demonstrando ser forte o suficiente para fazer frente aos movimentos pendulares do modo capitalista, de mais ou de menos laissez-faire.

REDES SOCIAIS – Essa prosopopeia de que as redes sociais são uma ameaça à democracia com qualquer adjetivo é conversa encobridora de quem almeja calar as vozes discordantes — e extinguir uma das belezas da democracia liberal, que é a liberdade de expressão cujo dique deveria ser apenas o código penal. Beleza e fundamento. Ser contra a liberdade nas redes sociais é ser contra a democracia liberal.

Um dos maiores pensadores do mundo precisaria entender que, no limite, teríamos de escolher entre um capitalismo selvagem e uma selvageria total. Do capitalismo selvagem podem nascer regras no âmbito da democracia, ao passo que da selvageria total não nasce regra nenhuma. Mas sou um homem do século XX, você sabe.

Um ano e meio depois da vitória, Lula ainda continua vacilando no governo

Charge do JCaesar | VEJA

Charge do JCaesar | Veja

Merval Pereira
O Globo

Recentemente, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes disse que deveríamos reagir com cautela diante de pesquisas indicando percepções dos cidadãos que podem não corresponder à realidade. Ele se referia à percepção de que a corrupção aumentou no país nos últimos tempos, revelada pela Transparência Internacional.

Fora o fato de o ministro não gostar daquela instituição não governamental por considerá-la ligada aos procuradores de Curitiba na Operação Lava-Jato, ele também não gosta de percepções que coloquem em questionamento sua visão sobre a própria operação, de que foi um entusiasta, para depois tornar-se seu maior adversário.

REJEIÇÃO A LULA – Mas, como diz o pesquisador Felipe Nunes, da Quaest, é um perigo colocar em dúvida a percepção do eleitor, pois é com base nela que o eleitorado avalia os líderes políticos, e não na realidade tal qual vista pelos interessados na disputa. A mesma coisa acontece agora com a aprovação do governo Lula, que sofreu queda, fazendo retornar o clima de calcificação que se estabeleceu no país na eleição de 2022.

Quase um ano e meio depois de vitorioso por pequena margem, o governo Lula não conseguiu ampliar seu alcance na opinião pública. Mantém-se enclausurado num nicho eleitoral do Nordeste, onde venceu Bolsonaro por 70% a 30%, situação que se mostra inalterada. N

as demais regiões do país, o apoio ao governo ou vem se mantendo estável, sem que haja predominância da visão positiva, ou continua negativo, como no Sul e no Sudeste.

POLARIZAÇÃO – A pesquisa Quaest divulgada quinta-feira reflete bem o equilíbrio e a polarização de forças que atualmente dominam o país. A queda na aprovação de Lula parece muito ligada ao grupo evangélico, que reage às referências dele a Israel. Ao mesmo tempo, aumentou a percepção de inflação. É um paradoxo, porque a inflação está controlada, o governo está equilibrado, não há nenhum problema.

A inflação dos alimentos aumentou muito , é verdade, e já foi ligado o alerta. A combinação de economia com disputa política faz com que mais uma vez o governo enfrente a dicotomia. Ele não consegue a maioria da população; depois de um ano, não se impôs.

Continuamos divididos e aparentemente continuaremos assim. As próximas eleições darão uma boa indicação de como estão as coisas, mas, aparentemente, o governo não consegue imprimir um programa que convença a maioria de que vai bem.

NICHO ELEITORAL – Os evangélicos são um instrumento de política de oposição. É um nicho eleitoral importante que o bolsonarismo dominou. É um fato relevante para acompanharmos. A luta contra a percepção do cidadão, que, como no caso agora da economia, parece distanciar-se da verdade oficial, trava-se sobretudo nas redes sociais, e a esquerda brasileira não está preparada para ela.

A direita tomou conta dos meios digitais e divulga sua narrativa com muito mais poder de fogo do que o sistema de comunicação do governo. Seja por uma visão retrógrada do que venha a ser o país ideal, seja por negar-se a encarar a realidade, o governo está convencido de que está no caminho certo e se recusa a uma correção de rota.

Não se trata de se curvar às fake news ou de aceitar a distorção da realidade com objetivos políticos, mas de entender os anseios de uma vasta população cooptada pela direita religiosa.

CAMINHO ERRADO – Enquanto o governo estiver convencido de que deve dar os rumos do desenvolvimento, sem levar em conta o cidadão comum das grandes periferias das cidades, estará no caminho errado.

A força dos programas sociais no Nordeste brasileiro, que ainda garante o apoio ao governo dessa massa de eleitores, não satisfaz mais a esses cidadãos que buscam a emancipação pessoal por meio do empreendedorismo. A visão governista de que os sindicatos são responsáveis pela proteção dos trabalhadores — como aconteceu agora com os motoristas por aplicativos — é bem-intencionada, mas apegada a uma visão superada do trabalhismo.

O incentivo ao trabalho pessoal, ao empreendedorismo individual — há orgulho em ser Microempreendedor Individual (MEI) — é um fenômeno moderno que precisa de mais incentivo oficial para se completar.

Tratamento inédito anticâncer salva britânico que tinha 9 meses de vida

Casal de noivos sorrindo - Metrópoles

Prestes a morrer, Ben antecipou o casamento e se salvou

Bethânia Nunes
Metrópoles

Um paciente inglês de 41 anos, com um câncer cerebral agressivo, contrariou os prognósticos médicos de 9 meses de vida após passar por um tratamento inédito. Ben Trotman, do Reino Unido, foi diagnosticado com glioblastoma em 2022.

Este é um tipo de tumor maligno e muito agressivo que atinge o sistema nervoso central, desenvolvendo-se na medula espinhal ou no cérebro.

CIRURGIA E MAIS… – O tratamento padrão para a doença consiste em cirurgia para remover o máximo possível do tumor, seguida por sessões de quimioterapia e radioterapia. De acordo com a literatura médica, o tempo médio de sobrevivência após a descoberta do glioblastoma varia entre 12 e 18 meses e apenas 5% dos pacientes sobrevivem cinco anos.

Sem saber o que esperar do futuro, Ben e a noiva, Emily, anteciparam o casamento para janeiro de 2023. Ao mesmo tempo, ele se inscreveu em um estudo experimental desenvolvido por pesquisadores do University College Hospital, de Londres.

“O tratamento padrão para o glioblastoma é cirurgia, radioterapia e quimioterapia. A doença volta, você tem cuidados paliativos e então morre. É sempre a mesma história. Precisamos fazer algo diferente”, afirmou o médico Paul Mulholland, especialista em câncer cerebral e chefe do novo estudo, em entrevista ao jornal The Times.

IMUNOTERAPIA – No ensaio, Ben passou por um tratamento de imunoterapia antes de ser submetido ao tratamento habitual. A imunoterapia busca melhorar a resposta imunológica para que o próprio corpo do paciente consiga encontrar e atacar as células cancerígenas.

Novos exames mostraram que o inglês está praticamente livre da doença, com o tumor regredindo de uma forma inédita. O paciente disse ter sofrido com fortes dores de cabeça durante o tratamento. Os médicos consideram o sintoma positivo, como um sinal de que o sistema imunológico tenha “acordado” e estivesse atacando o tumor.

Os pesquisadores consideram a recuperação de Ben notável. O chefe do estudo disse que os resultados foram tão promissores que uma cura para este tipo de câncer pode finalmente estar no horizonte.

###
NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Grande notícia. A imunoterapia ainda é uma técnica em estudo e cada vez mais usada quando o câncer ou outra doença provoca sintoma graves que interferem nas atividades do dia-a-dia ou põe em risco a vida do paciente, e os tratamentos disponíveis não são eficazes. A duração da imunoterapia depende da eficiência do medicamento e da reação de cada paciente ao uso dele. Na maioria das vezes, as aplicações podem durar entre um ou dois anos. No caso de Ben Trotman, foi um sucesso promissor. (C.N.)

Resolução autoritária de Moraes no TSE desmoraliza o Marco Civil da Internet

Moraes dá 48 horas para Facebook entregar vídeo de Bolsonaro

Moraes não quer nem saber o que o Marco Civil determina

Patrícia Campos Mello
Folha

Juristas, representantes das big techs e entidades da sociedade civil ouvidos pela Folha acreditam que a resolução sobre propaganda eleitoral publicada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) no dia 1º de março é ilegal, pois violaria o Marco Civil da Internet.

O ponto nevrálgico é o artigo 9E. Ele estabelece que as plataformas de internet serão solidariamente responsáveis “civil e administrativamente quando não promoverem a indisponibilização imediata de conteúdos e contas, durante o período eleitoral”.

TIRAR DA WEB – Precisam ser retiradas imediatamente postagens “antidemocráticas”, que violem determinadas legislações, entre elas a Lei do Estado Democrático de Direito, assim como “fatos notoriamente inverídicos ou gravemente descontextualizados” sobre o processo eleitoral, “grave ameaça, direta e imediata, de violência ou incitação à violência” contra membros do Judiciário; “comportamento ou discurso de ódio”, incluindo “racismo, homofobia, ideologias nazistas, fascistas ou odiosas”; e “conteúdo fabricado ou manipulado” por inteligência artificial sem receber os devidos rótulos como manda a resolução.

A linguagem do artigo dá a entender que as empresas podem ser responsabilizadas por conteúdo que não tenha sido denunciado por usuários ou pelo TSE e sem que haja uma determinação judicial de remoção da postagem ilícita.

Segundo advogados, esse artigo muda o regime de responsabilidade das big techs no Brasil, pois qualquer pessoa que encontrar algum conteúdo em violação nas plataformas poderá processar a empresa, além do autor do post.

DIZ A ATUAL LEI – O Marco Civil da Internet, principal lei que regula o setor no Brasil, desde 2014, estabelece que empresas só podem ser punidas civilmente por conteúdo de terceiros se não removerem após ordem judicial, a não ser nos casos de nudez não consentida ou violação de propriedade intelectual.

“Esse artigo não pode existir em um mundo onde há o Marco Civil da Internet –não existe esse excepcionalismo eleitoral, que vai contra uma lei federal”, diz Carlos Affonso Souza, professor da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) e diretor do Instituto de Tecnologia e Sociedade.

A resolução também estaria violando a Lei Eleitoral brasileira. Essa legislação estabelece que os provedores só podem ser multados após notificação judicial e que as empresas só serão responsáveis se comprovadamente tiverem “prévio conhecimento” da publicação.

###
NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Mas o que é a lei, diante dos festivos ministros do Supremo, que ainda estão se recuperando do embalo no aniversário do presidente Luís Roberto Barroso, com a participação de Daniel Mercury e tudo o mais? Para os ministros do Supremo e do TSE, a lei é como o povo de Zélia Cardoso de Mello – “apenas um detalhe”. (C.N.)

De Himmler a Netanyahu, nada mudou nos personagens de regimes totalitários

Benjamin Netanyahu: What are the corruption charges?

Sem perceber, Netanyahu está imitando o nazista Himmler

Janio de Freitas
Poder360

Muito à vontade, com o pretexto de levar apoio a candidatos às eleições deste ano, em dias recentes Jair Bolsonaro viajou por aí para disseminar o discurso de inocente perseguido. Mesmo sem citar tribunais e magistrados, na fala repetida é clara a indução de hostilidade ao Judiciário, em especial ao Supremo Tribunal Federal e seus integrantes.

Dito em rede de internet, o teor da pregação seria visto como fake news passível de retirada compulsória e, ainda, de processo criminal para o autor da falsidade. Dito ao vivo, é como se não dissesse: nenhum dos setores incumbidos da segurança institucional incomoda Bolsonaro.

CARÊNCIAS E SENTIMENTOS – As falas atuais e a complacência que as estimulam são a continuidade da conspiração de mentiras que chegou ao limite do golpe. As plateias de hoje, as mesmas também, não ficaram menos fanáticas, nem menos sugestionáveis, sob a voz utilitária dos seus pastores.

Segue o programa. É possível ter uma ideia das carências e sentimentos que embasam as massas bolsonaristas: são as mesmas que sensibilizam as massas lulistas.

Juntas, formam os cento e tal milhões que passam por sofrimentos por uma vida penosa entre a miséria faminta e os primeiros patamares da classe média baixa. Dividiram-se em forças opostas por intuições insondáveis.

CONTRA A DEMOCRACIA – A complacência, nos melhores casos, chega a uma mobilização retardatária e duvidosa contra os ataques a regimes democratizantes.

Os italianos democratas estão lamentando, ainda um tanto aturdidos, a tolerância que resultou em um governo neofascista. Os húngaros democratas culpam-se pela falta de combatividade quando se delineou a atual e mal disfarçada ditadura.

Casos assim se reproduzem por toda parte. Um deles é mais escandaloso. Celebrado por sua celeridade, o Judiciário norte-americano teve quatro anos para fazer o seu papel, complementar ao do Congresso, e definir a situação legal de Donald Trump. Não o fez e não foi cobrado para fazê-lo.

TRUMP IMBATÍVEL – Com 91 pendências, como noticiado, no quarto ano à vontade para atividades eleitoreiras Trump é visto como imbatível, para um mandato ainda mais perturbador. A única alternativa democrata, a vice Kamala Harris, alheia-se da trama política.

As apurações da ação golpista de Bolsonaro e demais conspiradores seguem firmes, mas nada impede a continuidade de parte da mesma ação ilegal. Eduardo Bolsonaro não foi visto no comício paulista.

Estava nos Estados Unidos. De onde vêm as estratégias de direita extremada usadas por Jair Bolsonaro.

COMPARAÇÃO, SIM – A cidade de Lídice foi entregue às tropas da SS, na ocupação nazista da Tchecoslováquia. Quando a resistência assassinou um ocupante graduado, Heinrich Himmler, comandante das SS, emitiu uma resposta sucinta: xis horas para o resistente se apresentar ou ser denunciado, do contrário fuzilando-se homens da cidade, diariamente, até a prisão do culpado.

Na divisa Rio-São Paulo, ao alto da bela serra da Bocaina, está a cidade de Lídice, em homenagem à homônima checa. Ninguém se entregou, ninguém denunciou, por acordo da população. Os homens de Lídice morreram.

O argumento de Himmler: o assassino está entre os homens, se fuzilarmos todos, ele será um dos fuzilados. O argumento de Benjamin Netanyahu e outros, lá e cá, para o massacre da Faixa de Gaza: “O Hamas está entre a população, usa a população como escudo para se proteger”. Nada mudou.

Não existe lei que proíba Rosângela Moro de mudar o domicílio eleitoral

Ministério Público Eleitoral é acionado contra Rosangela Moro por  infidelidade domiciliar – Mais Top News

Rosângela afirma que está apenas exercendo um direito

Weslley Galzo

A deputada federal Rosângela Moro (União Brasil-PR), eleita por São Paulo com mais de 217 mil votos, transferiu o seu titulo de eleitor para o Paraná, mesmo domicílio eleitoral do marido, o senador Sérgio Moro (União-PR). Em menos de um mês, o parlamentar será julgado pelo Tribunal Regional Eleitoral daquele Estado (TRE-PR) por abuso de poder econômico e caixa dois. O desfecho da votação pode cassar o mandato do parlamentar.

Em reação ao movimento de Rosângela, os diretórios do Partido dos Trabalhadores (PT) no Paraná e em São Paulo apresentaram uma ação judicial para barrar a troca de domicílio eleitoral. Os petistas argumentam que a deputada está vinculada ao Estado pelo qual foi eleita e que, portanto, não poderia alterá-lo durante o exercício do mandato.

VAGA DE MORO – Tanto a mudança de Rosângela quanto a ação do PT ocorrem diante de uma disputa pela eventual vaga do ex-juiz Sérgio Moro, alvo de um julgamento que pode cassar seu mandato e abrir o caminho para uma eleição suplementar ao cargo.

O Estadão ouviu especialistas sobre a mudança de domicílio eleitoral de Rosângela e os argumentos apresentados pelo PT para pedir a sua invalidação. É consenso entre advogados eleitoralistas que a legislação temática não apresenta vedações, tampouco punições, para a troca do local do título eleitoral durante o exercício de mandato.

Mas alguns deles ponderam que o fato de a lei ser vaga sobre essa questão abre espaço para que os advogados petistas tentem emplacar a sua versão no tribunal.

SEM OBRIGAÇÃO – A advogada e cientista política Carol Clève, presidente do Instituto Paranaense de Direito Eleitoral, explica que as leis eleitorais sobre o assunto se restringem ao período de campanha. Portanto, é preciso ter domicílio eleitoral no Estado ou no município em que se pretende concorrer ao cargo público.

Passada a eleição, cai essa obrigação. Ela avalia, contudo, que o caso específico da deputada Rosângela Moro abre espaço para discussões no meio eleitoral que podem ser exploradas pelo PT.

“Embora seja uma condição de elegibilidade, não é exatamente uma condição para o exercício do mandato. Não há nada que proíba, nenhuma regra que diga que isso não é possível de fazer. Mas causa estranheza porque, ao assim admitir, acaba tendo uma quebra do pacto federativo porque, afinal de contas, você continua num mandato por determinada circunscrição só que o seu vínculo é com outra”, afirmou Clève.

SÓ PARA VEREADOR – O advogado Alberto Rollo, professor de Direito Eleitoral da Escola Paulista de Direito, enfatiza que não há obrigação de que o indivíduo mantenha o domicílio eleitoral no mesmo Estado em que foi eleito. Essa exigência existe apenas para vereadores, afirmou o professor.

“Apesar de demonstrar falta de compromisso com o eleitor de São Paulo, não há fundamento jurídico para uma consequência como a cassação do mandato, por exemplo”, disse Rollo. Segundo ele, caberá ao juiz designado para o caso definir se vai acolher a representação e, então, abrir um precedente jurídico.

A Justiça Eleitoral examina as condições de elegibilidade, como o domicílio eleitoral, no momento do registro de candidatura. O professor de direito eleitoral Eduardo Damian, da Escola da Magistratura do Rio de Janeiro, avalia que, por este motivo, não deve haver nenhuma consequência imediata para Rosângela por ter feito a mudança.

ALGUM VÍNCULO – “Domicílio eleitoral pode ser onde você mora, onde trabalha, lugar onde você tenha algum vínculo social, patrimonial. Apesar de parecer estranho, uma deputada eleita em São Paulo pode mudar o título de eleitor para outro Estado”, disse Damian.

Mas a advogada eleitoral Ezikelly Barros diverge dos demais especialistas e avalia que a mudança do domicílio eleitoral de Rosângela fere princípios eleitorais.

“A transferência de domicílio no curso do mandato eletivo deve ser restrita à circunscrição eleitoral ao qual foi eleito, ou seja, ao espaço territorial no qual foi realizada a eleição do mandatário. No caso da deputada federal Rosângela Moro, por exemplo, essa mudança está restrita a qualquer município dentro do Estado de São Paulo. A transferência do seu domicílio para o Paraná viola a soberania popular e a fidedignidade da representação do eleitorado de São Paulo na Câmara Federal”, afirmou.

DIZ ROSÂNGELA – Com a mudança de seu domicílio eleitoral de São Paulo para o Paraná, Rosângela fica habilitada a concorrer à vaga do marido numa eventual cassação.

A deputada teria a possibilidade de recorrer ao capital político de Moro no Paraná, onde foi eleito com 1,9 milhão de votos.

Em nota enviada ao Estadão, Rosângela diz que “transferência do domicílio eleitoral é um direito de todo cidadão brasileiro” e afirma que “continuará a representar o Estado de São Paulo e sua população, mantendo, inclusive, seu escritório de representação aberto na capital paulista e a agenda nas demais cidades do Estado”.

Advogado de Mauro Cid garante que tudo o que ele souber, “ele vai falar”

Novo advogado de Mauro Cid diz que pode usar delação premiada

Advogado sabe que Cid pode perder a delação premiada

Daniela Lima
g1 Brasília

Mauro Cid esteve nesta sexta-feira (8) no escritório de seu advogado, o criminalista Cezar Bitencourt, para alinhar as expectativas sobre o depoimento que ele vai prestar à Polícia Federal na segunda-feira (11) a respeito da trama golpista que cerca o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e seus principais aliados, inclusive nas Forças Armadas.

O depoimento é alvo de forte expectativa porque acontecerá após o ex-comandante do Exército, Freire Gomes, ter falado à PF por mais de oito horas e implicado, segundo apurou Míriam Leitão, Bolsonaro diretamente na cena golpista que culminou com o 8 de janeiro de 2023.

QUEBRA-CABEÇAS – Segundo o blog apurou, investigadores acreditam que, com um volume considerável já de provas em mãos e os apontamentos de Freire Gomes, Cid pode ajudar a fechar um complexo quebra-cabeças golpista.

“O delegado que conduz o caso é quem sabe as perguntas que vai fazer. De minha parte, o que posso garantir é que tudo o que o Cid souber, tudo o que ele tiver conhecimento, o que conseguir explicar, ele vai fazer. Ele vai falar”, garante Cezar Bitencourt.

Cid, que voltou a ser alvo de ataques por bolsonaristas radicais, acusado de traição, foi orientado a ficar longe das redes sociais. “O trabalho é técnico. O foco é no trabalho e no que diz o Direito”, finaliza o advogado, sem maiores detalhes.

###
NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
O advogado tenta dourar a pílula, como se dizia antigamente. Mauro Cid é um tremendo mau caráter, enriquecido nos Estados Unidos ninguém sabe como, e está arranjando um jeito de não pegar cadeia. Seu primeiro depoimento já foi desmentido pelo general Estevam Theóphilo, que era membro do Estado Maior do Exército e afirmou que jamais defendeu o golpe. Theóphilo explicou também que foi ao Palácio da Alvorada encontrar o então presidente Bolsonaro a pedido do comandante do Exército, Freire Gomes. Agora, Cid terá de explicar essas contradições. O pior é que a Veja diz que ele mudará a versão e dirá que jamais se referiu a um golpe de estado. Se continuar nessas contradições,  pode perder a delação premiada e ficar aguardando a hora de voltar à cadeia. (C.N.)

Forças Armadas contestam Barroso sobre suposto papelão militar no TSE

Luís Roberto Barroso, ministro do STF e ex-presidente do TSE

Barroso perdeu mais uma boa chance para ficar calado

Rafael Moraes Moura
O Globo

As declarações do presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Luís Roberto Barroso, sobre as Forças Armadas, a quem acusou de terem feito um “papelão” no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) ao longo da campanha política de 2022, não caíram bem no Exército.

Em palestra na PUC-SP no último dia 4, Barroso também disse que os militares foram “manipulados” e “arremessados na política por más lideranças”, ao fazer referência a uma comissão de transparência do TSE que contou com a participação de oficiais das Forças Armadas durante a última eleição presidencial.

CULPA DE BARROSO – Na cúpula do Exército, que já anda tensa com os desdobramentos da investigação da Polícia Federal sobre a trama golpista para impedir a posse de Lula, oficiais dizem a quem pergunta – e a quem não pergunta também – que quem “mandou mal” na história foi o próprio Barroso, ao chamar os militares para compor a comissão. “Ele se esquece de quem botou a gente nessa história foi ele”, disse reservadamente à equipe da coluna um general.

Barroso presidiu o TSE de maio de 2020 a fevereiro de 2022, período no qual a Corte Eleitoral passou a contar com as Forças Armadas em uma comissão de transparência, criada para ampliar a fiscalização de todas as etapas do processo eleitoral. O grupo foi instituído em setembro de 2021, e os militares de fato foram convidados a fazer parte por Barroso.

Além dos militares, havia também representantes da OAB, Polícia Federal, Congresso Nacional, especialistas de entidades da sociedade civil.

DISCUSSÃO ETERNA – Desde então, a discussão sobre a conveniência de colocar os militares para discutir transparência e confiabilidade das urnas vai e volta, com argumentos pró e contra, e uma ala de críticos afirma que Barroso nunca deveria ter convidado oficiais para a tarefa.

Em sua defesa, Barroso costuma repetir que a decisão foi tomada ainda em 2019 durante a presidência de Rosa Weber, quando uma resolução foi aprovada por unanimidade prevendo a participação das Forças Armadas no processo de fiscalização e auditoria do processo eleitoral.

Conforme a eleição foi se aproximando, porém, a comissão se tornou o epicentro de uma crise que opôs o governo Bolsonaro e os militares de um lado, e Barroso, o TSE e o Supremo Tribunal Federal (STF) de outro.

PERGUNTAS E SUSPEITAS – Desde o início dos trabalhos, os militares fustigaram o TSE com perguntas e suspeitas. Na opinião dos próprios ministros da Corte, a comissão acabou sendo usada pelo governo Bolsonaro como mais uma trincheira da guerra contra as urnas eletrônicas.

O general Heber Garcia Portella, representante das Forças Armadas na comissão, enviou ao TSE uma enxurrada de questionamentos sobre questões técnicas e operacionais das urnas.

Na época em que a presença dos militares foi vista como um “tiro no pé” do tribunal, Barroso costumava dizer que partiu da presunção de que Portella e os demais integrantes do grupo agiriam de boa-fé.

BARROSO SE DEFENDE – Se algum dos membros da comissão se comportou mal, ele costuma dizer, a culpa não é de quem nomeou – e sim de quem não cumpriu a sua missão.

Para Barroso, era natural chamar as Forças Armadas para colaborar nos trabalhos da comissão, já que elas auxiliaram o tribunal na concepção da urna e ajudam a cada dois anos na distribuição logística dos aparelhos.

Dado o trauma com a experiência, porém, o TSE excluiu as Forças Armadas do rol de entidades fiscalizadoras em setembro do ano passado, já sob o comando de Alexandre de Moraes. “Não se mostrou necessário, razoável e eficiente a participação das Forças Armadas no rol de entidades fiscalizadoras do sistema eletrônico de votação e na comissão de transparência eleitoral”, disse Moraes na ocasião, usando termos mais diplomáticos que os de Barroso.

###
NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
– Já comentamos aqui na Tribuna que Barroso segue a linha do genial  Cazuza e mostra ser um tanto “exagerado”. O papel da Comissão da Transparência era justamente levantar dúvidas e suspeitas, para que o TSE então pudesse dirimi-las e afastá-las. Da forma como Barroso fala, ele convidou os militares apenas para manter as aparências. Sinceramente, sua denúncia é infantil e despropositada. Perdeu uma ótima oportunidade de ficar calado. (C.N.)  

Renda do trabalho dos brasileiros tem a maior alta dos últimos anos

Lula retomou o aumento para o salário mínimo acima da inflação

Pedro do Coutto

A pesquisa do Ipea, objeto de reportagem de Fernando Canzian, Folha de S.Paulo, apontou um crescimento expressivo na renda do trabalho em 2023 na escala de 11,7%, o maior salto desde o Plano Real, quando a queda abrupta da inflação, a partir da metade de 1994 e em 1995, promoveu forte aumento do poder de compra no país.

Entretanto, os componentes considerados para esse patamar, que é francamente positivo, encontram-se nos programas sociais, a exemplo do Bolsa Família e do Auxílio Brasil, que repassam recursos para os grupos de renda menor. O importante, no caso, não é apenas assinalar o progresso do rendimento, mas se os mesmos refletem o pagamento de salários que incluem também os programas de apoio social com a transferência de recursos estatais para os grupos mais desfavorecidos da população.  

NÍVEL DE EMPREGO – De qualquer forma, o aumento verificado na renda do trabalho deve incluir a melhoria do nível de emprego que realmente significa um avanço positivo. Inevitavelmente, a confirmação da ascensão do produto do trabalho tem que ser observado no nível de consumo da população, o que representa sem dúvida a retomada de um processo de desenvolvimento social.

É preciso analisar quais os setores de consumo foram os mais atingidos, a começar pelo setor da alimentação. De outro lado, o crescimento de 11,7% resulta de uma comparação com o exercício de 2020, quando a remuneração do trabalho estava oprimida com a política do ministro Paulo Guedes durante o governo de Jair Bolsonaro. Analistas destacam inclusive a necessidade de se examinar um reflexo causado por um processo de alavancagem com base principalmente no salário mínimo.

CRESCIMENTO  – De fato, o salário mínimo avançou acima da inflação, mas os demais salários, que são múltiplos do piso, não apresentam o mesmo crescimento. Curioso também é comparar a pesquisa do Ipea com a pesquisa do Ipec que apontou no sábado uma perda de popularidade do presidente Lula exatamente nessa área que no país é relativamente majoritária.

Se o salário aumentou acima da inflação, tal processo há de refletir no poder de compra. Enfim, o resultado não deixa de ser positivo para o governo e para os trabalhadores. Entretanto, é necessário analisar-se as consequências no processo de justiça social, conforme acentuei.

A análise política dos fatos deve estar voltada para um processo que exige uma sequência que, ao que tudo indica, terá que seguir em frente, pois qualquer impulso menos intenso na área salarial representará um desastre. O governo Lula deve estar comemorando o avanço que resulta também da área da Fazenda.

Na verdade, poetas são estrelas que vivem como se fossem pessoas comuns

Lisie Silva: DE TUDO, UM POUCO...

Lisiê SIlva, poeta de bem com a vida

Paulo Peres
Poemas & Canções

A poeta amazonense Lisiê Silva faz uma homenagem especial a quem transforma sentimentos em poemas espalhados pelo mundo. E tem toda razão ao dizer que os poetas são estrelas que vivem como se fossem pessoas comuns.

POETAS SÃO ESTRELAS
Lisiê Silva
 

Os poetas são estrelas…
Vivas, brilhantes, ascendentes…
Que vivem como pessoas comuns.
Se revelam ao mundo
através de suas palavras: a Poesia.

São os sábios dos sentimentos.
Doutores nos segredos da alma.
Escultores da grandeza do espírito.
São os mágicos da vida:
Transformam a alegria,
a dor e a tristeza
em arte de rara beleza.

São pensadores que entendem
a maior de todas as ciências:
A do coração!
São loucos de amor,
passivos no seu mundo interior.
Amantes criativos,
Sonhadores perdidos.

São apaixonados evoluídos.
Astros viajantes do tempo.
Estrelas vivas que acendem
o universo da paixão.

Processo de Lula para devolução de “presentes” está parado há quatro anos no TRF3

Tribuna da Internet | Piada do Ano! Bolsonaro jamais pensou que as joias pudessem ser suas, como bens personalíssimos

Lula teve de devolver esta adaga de altíssimo valor

Afanasio Jazadji

Desde janeiro de 2020, tramita no Tribunal Regional Federal da 3ª Região (São Paulo e Mato Grosso) apelação interposta pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva contra sentença da Justiça Federal de São Bernardo do Campo, que lhe negou o direito de ficar com muitos presentes, não personalíssimos, que recebeu de governos estrangeiros em seus dois mandatos anteriores (2003 a 2010).

Nesse recurso distribuído ao desembargador Nery Júnior, da 4ª Turma do TRF3, no início de 2020, Lula critica também decisão contrária do Tribunal de Contas da União.

MULHER DE ZANIN – Como advogado de Lula, até julho de 2023, atuou Cristiano Zanin, hoje ministro do Supremo Tribunal Federal, substituído na causa pelo escritório de advocacia de sua esposa, Valeska Martins.

De acordo com o inciso LXXVIII do artigo 5º, da Constituição Federal, “a todos, no âmbito judicial e administrativo, são assegurados a razoável duração do processo e os meios que garantam a celeridade de sua tramitação”.

Pergunta-se: se um processo do interesse do próprio presidente da República não é julgado em prazo razoável, o que não esperar da duração de ações de cidadãos comuns, em busca de direitos previdenciários ou pagamentos indenizatórios a serem honrados pela União, Estados e Municípios?

ENTRA E SAI – Estranhamente, esse recurso presidencial foi incluído em pauta para julgamento na sessão de 25 de abril de 2023, e depois retirado sem explicações.

Quem pediu para que esse recurso simples não fosse julgado e devolvido à Secretaria da mesma 4ª Turma? Não seria mais do interesse do presidente recorrente que esse tema controvertido fosse julgado de vez?

Ou então, por que não deixar que a decisão de primeira instância transite em julgado, desobrigando a União e a Advocacia Geral de União de estarem contestando esses supostos direitos que Lula acredita ter?

JUSTIÇA LENTA – A propósito, a conceituada Revista “Exame Hoje” publicou, há bom tempo, artigo sob o título “Por que a Justiça brasileira é lenta?” Para o autor da matéria, Álvaro Bordas, a justiça brasileira tarda demais.

“Por aqui, entre o início de uma ação e a sentença podem se passar vários anos ou mesmo décadas. Pior, o crime pode prescrever. Números do Conselho Nacional de Justiça confirmam a percepção de que o Judiciário anda a passos de tartaruga”.

Assim, o não julgamento do recurso do presidente Lula em quatro anos demonstra essa lentidão e depõe contra o relator do processo, desembargador federal Nery Júnior, e contra a Corregedoria do Conselho Nacional de Justiça.

###
NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Segundo a CNN, Lula se apossou de 568 presentes recebidos de governos estrangeiros. Foi obrigado a devolver 559 presentes pelo Tribunal de Contas da União e pagou por itens desaparecidos. Alguns deles são valiosíssimos, como a adaga marroquina, feita de ouro e marfim, com adornos de esmeraldas e brilhantes. Lula pensa (?) que pertence a ele…  (C.N.)

Mauro Cid age como um mentiroso vulgar e pode perder a delação premiada

O que Mauro Cid ainda guarda de mais precioso | Metrópoles

Mauro Cid sempre mente com uma tremenda convicção

Carlos Newton

Fez sucesso no final de semana a reportagem de Marcella Mattos na revista Veja, revelando que o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, vai retificar seus depoimentos anteriores, para dizer que nunca se referiu a um efetivo golpe de estado, demonstrando até contrariedade com o que chama de “interpretação” de seu relado no âmbito do acordo de colaboração firmado com a Polícia Federal.

Fica difícil acreditar numa maluquice dessas, especialmente porque a reportagem detalha que o tenente-coronel, em seu depoimento nesta segunda-feira, dia 11, pretenderia minimizar as propostas de teor golpista e dizer aos investigadores que jamais viu uma “minuta de golpe” sendo apresentada aos comandantes militares.

“CONSIDERANDOS” – Por essa versão, que carece de comprovação, segundo a repórter Marcela Mattos, em depoimentos anteriores o tenente-coronel relatou ter presenciado apenas a apresentação de “considerandos” aos comandantes, nos quais constavam decisões contrárias perpetradas pelo Supremo Tribunal Federal e pela Tribunal Superior Eleitoral contra Bolsonaro e tratadas pelo então presidente como “persecutórias”.

 A declaração mostra que Mauro Cid, além de mentiroso, é ignorante. Desconhece que são chamadas de “considerandos” as justificativas a serem feitas a decretos presidenciais.

Assim, antes do texto de qualquer o decreto (no caso, um decreto de Estado de Defesa), vem escrito que “considerando” isso, “considerando” aquilo, “considerando” o que diz a Constituição e “considerando” mais isso ou aquilo, “o presidente da República decreta”…

PRIMEIRO LUGAR – É inacreditável que Mauro Cid, primeiro colocado nos cursos de aperfeiçoamento militar, tenha presenciado o debate dos “considerandos” e não tenha visto ser discutida a minuta. Ora, os “considerandos” são a parte fundamental do decreto e a verdadeira essência do golpe, porque justificariam o Estado de Defesa, com fechamento temporário do Supremo, do TSE e do Congresso, novas eleições etc.

O tenente-coronel pode até dizer que na conspiração não se usava o termo “golpe”, porque o que se discutia eram saídas legais para uma crise que o próprio Executivo e as Forças Armadas fomentavam, pois onde já se viu militar permitir acampamentos na frente dos quartéis?

Mas tudo dele transpira mentira, trama, enganação. É a antítese do militar de verdade.

NOTA DA REDAÇÃO DO BLOGCid dará nesta segunda-feira um novo depoimento aos investigadores. Será que desta vez vão perguntar como ficou rico nos EUA, em sociedade com o pai, Lorena Cid, e o irmão mais novo, Daniel Cid? Bem, se continuar mentindo e ficar embromando novamente, pode ser preso outra vez. (C.N.)

Lula chega atrasado ao cancelar atos sobre 60 anos do golpe militar de 64

Lula não quer criar novas arestas com os militares e esse é um assunto ainda caro na caserna, mesmo sendo a atual geração das Forças Armadas outra em relação a daquele período -  (crédito:  Ed Alves/CB/DA.Press)

Lula não quer criar problemas com as Forças Armadas

Evandro Éboli
Correio Braziliense

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva determinou e orientou seus ministros e a todo seu governo que não realizem quaisquer atos, solenidades, discursos ou produzam material em memória dos 60 anos do golpe militar. Lula não quer criar novas arestas com os militares e esse é um assunto ainda caro na caserna, mesmo sendo a atual geração das Forças Armadas outra em relação a daquele período. E ainda que parte dos oficiais tenha embarcado numa tentativa de impedir a posse do petista, numa ação comandada por Jair Bolsonaro.

Lula está envolvido diretamente nessa iniciativa para impedir manifestações no governo em alusão ao golpe de 1964. O Correio Braziliense apurou que, na tarde da última quinta-feira (7/3), o presidente tratou desse assunto em conversa com o ministro dos Direitos Humanos e Cidadania, Silvio Almeida, no Palácio do Planalto.

Essa pasta tinha uma programação extensa prevista para lembrar a data, e que foi tema de reportagem do Correio em janeiro deste ano, mas que já está sendo toda revista diante do posicionamento do presidente.

SEM COMENTÁRIOS – O Palácio do Planalto informou que não iria comentar o assunto. A assessoria do Ministério dos Direitos Humanos, por sua vez, negou que o encontro entre Almeida e Lula tenha ocorrido.

O Ministério da Justiça chegou a anunciar ano passado, na gestão do então ministro da Justiça Flávio Dino, a criação de um Museu da Memória e da Verdade, a ser inaugurado nesse 31 de março, obra que seria financiada com recursos dessa pasta, mas o projeto, até segunda ordem, não vai sair do papel.

Esse anúncio foi feito no Chile, na lembrança dos 50 anos do golpe dado pelos militares que derrubou Salvador Allende. Em Santiago, as autoridades brasileiras — como Dino e Silvio Almeida — discursaram. Mas a ordem aqui é evitar o assunto 1964.

ORDEM EXPRESSA – Dentro do governo essa orientação do presidente está sendo tratada como uma “ordem expressa” de Lula”. O posicionamento do presidente está sendo entendido também dentro do Planalto como a “outra face” da história: se os militares, via declaração do ministro da Defesa, José Múcio, não irão divulgar nota com a chamada “ordem do dia” lembrando o 31 de março, do lado dos civis o proceder será igual, ainda que essa orientação do governo venha a enfrentar críticas de familiares e de vítimas da ditadura, que já ficaram contrariados com suas declarações recentes sobre aquele período.

Em recente entrevista ao jornalista Kennedy Alencar, da RedeTV, Lula afirmou que não quer ficar “remoendo” esse passado e que é preciso “tocar o país para a frente”. E se disse mais preocupado com a tentativa de golpe no 8 de janeiro de 2023.

“O que eu não posso é não saber tocar a história para frente, ficar remoendo sempre, remoendo sempre, ou seja, é uma parte da história do Brasil que a gente ainda não tem todas as informações, porque tem gente desaparecida ainda, porque tem gente que pode se apurar. Mas eu, sinceramente, eu não vou ficar remoendo e eu vou tentar tocar esse país para frente”, completou.

VÁRIAS AGENDAS – A decisão de Lula em evitar alarde e alusões aos 60 anos do golpe atinge várias agendas que já vinham sendo montadas em setores do governo.

A Comissão de Anistia, por exemplo, previa uma pauta de julgamento de casos emblemáticos, num evento que seria batizado de “Semana do Nunca Mais”, algo que, ao menos com esse nome será engavetado.

A postura adotada por Lula, nesse momento é a sinalização que dificilmente a Comissão de Mortos e Desaparecidos Políticos, extinta no final do governo de Jair Bolsonaro, será recriada. Um decreto com essa previsão já está pronto e na mesa do presidente, há quase um ano, aguardando apenas sua assinatura.

###
NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Como os militares já haviam decidido não comemorar a data, a ordem de Lula chega com atraso e se dirige mais aos ministérios civis, para evitar problemas com as Forças Armadas. Quanto à ordem-do-dia dos comandantes, dificilmente eles deixarão de fazer uma respeitosa alusão à data, como sempre foi feita nos governos anteriores de Lula e Dilma Rousseff. (C.N.)

Reforma tributária não termina em 2024 por culpa do governo e do Congresso

Charge: Câmara e a reforma tributária - Blog do AFTM

Charge do Cazo (Blog do AFTM)

Eliane Cantanhêde
Estadão

Assim como o governo prometeu e dificilmente entregará o déficit zero em 2024, vai ficando cada vez mais difícil, deslizando para o improvável, a votação e aprovação de projetos de regulamentação da reforma tributária. Tão louvada no governo e em boa parte do setor privado, a reforma pode chegar manca a 2025. E, desta vez, a culpa é tanto do governo quanto do Congresso, que insiste em guerrear também contra o Supremo e contra a própria imagem junto à opinião pública.

O governo tem culpa por ter perdido o bonde, ou o timing. Fernando Haddad, da Fazenda, ficou dando murro em ponta de faca ao confrontar o Congresso. Enviou no fim de 2023 a MP que reonerava a folha de pagamentos de 17 setores da economia e acabava com a renúncia fiscal para o setor de eventos. Conseguiu três derrotas: recuo na reoneração da folha e, depois, também para eventos e atraso perigoso tanto na regulamentação da reforma tributária quanto no próximo passo dela – o do Imposto de Renda.

REGULAMENTAÇÃO – Agora, Haddad promete enviar os projetos de regulamentação da reforma até o final de março, mas as cúpulas e lideranças do Congresso não se comprometem com a aprovação ainda neste ano, usando como pretexto a falta de tempo e escamoteando um outro dado da realidade: a guerra com o Planalto pela perda de R$ 5,7 bilhões em emendas de comissões.

O cronograma é realmente bem complicado. Veio a abertura do ano legislativo em fevereiro, depois Carnaval, agora Semana Santa, em seguida a janela partidária (que permite troca-troca de partidos sem punição) e as desincompatibilizações de prefeitos e ministros que pretendem se candidatar às eleições de outubro.

Tudo isso mobiliza muito os deputados e senadores, mas tem mais: festas de São João em junho em julho, atraindo bancadas inteiras, principalmente do Nordeste. E daí? Daí começa o recesso de julho.

QUANDO VOTAR? – O primeiro semestre, portanto, está praticamente lotado. Quando construir consensos? E quando votar? E, se não for agora, no segundo semestre vai ficar tão ou mais difícil, justamente por causa das eleições municipais, que mexem com interesses e ambições de todos os políticos, estejam na Câmara, no Senado ou no próprio governo.

Ou seja, se abrir alguma janela de oportunidade para avançar na reforma será já no fim do ano, entre o segundo turno e o Natal. Isso, claro, se houver boa vontade dos presidentes da Câmara, Arthur Lira, do Senado, Rodrigo Pacheco, e dos líderes.

Ok, o governo errou com a demora, mas o Congresso não é nenhum paraíso e os parlamentares estão longe de serem santos e, por exemplo, acabam de indicar e aprovar a deputada considerada mais radical da oposição, Caroline de Toni (SC), para a presidência da “mãe das comissões”, a de Constituição e Justiça (CCJ), e o deputado, “influencer” e chocante Nikolas Ferreira (MG) para a de Educação.

LAVANDO AS MÃOS – Ambos foram escolhidos pelo PL, engolidos por Lira e votados pela maioria, para indignação de quem acompanha a política, a justiça e a educação, já tão sofrida, depois da lista de ministros do setor, absurdos, no governo anterior.

É um exemplo de como Arthur Lira lavou as mãos, usando uma comparação que ele, aliás, já deu para Lula na última conversa olho no olho: a de que é como um presidente de sindicato, o que Lula conhece bem, e tenta convencer os “sindicalizados”, mas é obrigado a acatar as votações e decisões. E acrescenta a regra: o PL tem o maior número de deputados, logo, direito a escolher as comissões e indicar os nomes.

Objetivamente, sim, mas todo mundo sabe que, quando quer, o presidente da Câmara é muito convincente e soube atrair o Centrão, por exemplo, para a aprovação da pauta econômica do governo no ano passado, inclusive o corpo da reforma tributária.

FAZER O SUCESSOR – Como ele vai sair da presidência em 2025 e não abre mão de fazer o sucessor, agora está mais preocupado em atrair o apoio do PL e de todo o Centrão (inclusive com a liberação das emendas vetadas por Lula) para os seus próprios projetos pessoais e políticos do que para a pauta do governo.

Conclusão do imbróglio: o Congresso virou um caldeirão fervendo, com a Câmara apresentando à sociedade nomes absurdos para-postos chaves e botando a faca no pescoço de Lula.

E o Senado confrontando o Supremo pelo marco temporal das terras indígenas e agora também pela distinção entre porte e tráfico de maconha. Enfim, pondo a pauta econômica em risco. E a vítima não é Haddad, nem Lula nem o governo, é o País.

Pode não haver solução para guerra entre os israelenses e os palestinos

Família de palestinos sentados sobre os escombros de um dos prédios destruídos em ataque aéreo de Israel em Rafah, na Faixa de Gaza, em 12 de outubro de 2023.

Faixa de Gaza é destruída num guerra que não tem fim

João Pereira Coutinho
Folha

A fúria que o conflito israelense-palestino desperta é inversamente proporcional ao conhecimento sobre o tema. Direi mais: quanto menos se sabe, mais fanático se é —e isso vale para os dois lados. Haverá solução?

Sempre há: lendo. E, na vasta bibliografia sobre a tragédia, há um livro de Ian Black que tem se destacado nos últimos anos: “Enemies and Neighbors: Arabs and Jews in Palestine and Israel, 1917 – 2017″ (inimigos e vizinhos: árabes e judeus na Palestina e Israel, 1917-2017).

COMPLEXIDADE – Li a obra a conselho de amigos e pasmei com a erudição de Black: o historiador leu tudo —textos canônicos, obras de referência, jornais, diários, cartas privadas— e apresenta o conflito em toda sua complexidade histórica.

Onde outros veem apenas imperialistas ou terroristas, consoante o gosto, Black vai revelando seres humanos de carne e osso que a história contemporânea foi empurrando para a Palestina otomana: judeus que fogem dos pogroms russos; trabalhadores palestinos que se sentem ameaçados, e depois economicamente excluídos, pela imigração judaica.

Mas também nacionalistas judeus contra nacionalistas árabes, ambos brutais e irreconciliáveis, disputando a totalidade do território entre o famoso rio e o famoso mar.

CRÍTICAS AOS DOIS LADOS – A juntar a isso, Black é primoroso na reconstituição da duplicidade das grandes potências, sobretudo a Inglaterra, que nos anos da Primeira Guerra Mundial foram fazendo promessas contraditórias aos dois lados.

Aos judeus, a promessa de que teriam o seu Estado na Palestina; aos árabes, de que teriam o seu Estado também. Era preciso não alienar apoios na luta crucial contra os otomanos.

Quando as armas se calaram, em 1918, havia um rastro de ilusões que tinham sido semeadas e que agora exigiam a sua colheita. O Plano de Participação das Nações Unidas (1947) tentou, no fundo, resolver o que já era irresolúvel.

DOIS ESTADOS – Ian Black critica, com razão, as lideranças árabes que atraiçoaram as aspirações dos palestinos ao não aceitarem a solução dos dois Estados —a única possível mediante as circunstâncias.

Mas também não perdoa a obsessão judaica, depois da Guerra dos Seis Dias, em 1967, de povoar a Cisjordânia (e, em menor grau, Gaza) com assentamentos israelenses, que inviabilizam qualquer Estado palestino.

Hoje, olhando para o conflito, há quem diga que a destruição do Hamas em Gaza é condição “sine qua non” para que um dia seja possível retomar o caminho dos dois Estados.

REJEIÇÃO MÚTUA – Parcialmente, isso é verdade: o Hamas rejeita a existência de Israel e, desde os Acordos de Oslo, esteve sempre na vanguarda da destruição do “processo de paz”. Mas, lendo Ian Black, não é preciso citar os radicais para explicar o fracasso de Oslo.

Os líderes “moderados” de Israel e da Autoridade Palestina fizeram um bom trabalho nesse capítulo: a incapacidade para fazerem sacrifícios dolorosos na busca da paz —Israel com os assentamentos, por exemplo, e a Autoridade Palestina com a exigência irreal do retorno dos refugiados palestinos a Israel— cavou um fosso provavelmente intransponível.

Ian Black não oferece nenhuma solução para o conflito, talvez por suspeitar que não exista solução. Muito menos agora, com as matanças infernais em Gaza. Mas já é um feito conseguir escrever 600 páginas de história sem desculpar nenhuma das partes em confronto. O realismo sempre foi incômodo para os fanáticos.

###
NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Há solução. Criar os dois Estados. Mas Israel teria de ceder a Faixa de Gaza e as áreas ocupadas na Cisjordânia. E não fará isso nunca. E os semitas continuarão se matando, per secula seculorum. (C.N.)

O crime compensou para a Odebrecht, diz The Economist, exibindo números

O crime compensou para a Odebrecht, mostra The Economist

PF perdeu tempo e dinheiro tentando combater a corrupção

Deu em O Antagonista

A revista The Economist publicou em sua última edição uma reportagem sobre o aumento da corrupção na América Latina. A matéria chama atenção para a reação do mundo político — ou o “antigo regime” — à Operação Lava Jato no Brasil, destacada pela suspensão de pagamentos de acordos firmados por Novonor (antiga Odebrecht) e J&F, ambas pelas mãos do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Antonio Dias Toffoli.

Além de descrever a queda da Lava Jato, destacada entre os problemas que ocorrem em países como Peru, Haiti, México e Guatemala, a revista britânica aponta para um dado curioso: as multas impostas à Odebrecht, que mudou de nome para tentar se livrar do passado, foram menores do que os lucros provenientes das propinas desembolsadas.

CORRUPÇÃO LUCRATIVA – Nas contas expostas pela Economist, foram impostos um total de 2,6 bilhões de dólares em multas à empreiteira em Brasil, Estados Unidos e Suíça, mas, de 2001 a 2016, a empresa lucrou 3,33 bilhões de dólares como fruto das propinas pagas em países como Colômbia, Peru, República Dominicana e Moçambique, além do Brasil, entre outros, calculadas em 788 milhões de dólares.

A fonte é o estudo “The Ways of Corruption in Infrastructure: Lessons from the Odebrecht Case”. A comparação com os casos da Siemens e da Société Générale and Legg Mason só vai deixar o brasileiro ainda mais indignado.

De 1996 a 2007, a Siemens foi pega pagando 1,4 bilhão de dólares em propinas, em países como Argentina, Bangladesh e Venezuela, entre outros. Lucrou, por conta disso, no mesmo período, 1,1 bilhão de dólares, e foi multada na Alemanha e nos EUA em 1,6 bilhão de dólares.

OUTRO EXEMPLO – Já a Société Générale and Legg Mason pagou 91 milhões de dólares em propinas na Líbia de 2004 a 2011, lucrou 523 milhões de dólares por conta disso e teve de arcar com um total de 860 milhões de dólares em multas na França e nos EUA como consequência da descoberta.

Além da disparidade entre os valores, parte do pagamento devido pela Odebrecht (no Brasil) foi suspenso sob alegações de coação não comprovada, e negada pelas próprias empresas envolvidas, em audiência de conciliação com o ministro do STF André Mendonça.

Além da suspensão, a Novonor terá a oportunidade de renegociar o pagamento.

###
NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
A reportagem enviada por José Guilherme Schossland é um tapa no rosto das pessoas honestas no Brasil. Como dizia Tom Jobim, é a lama, é a lama, é a lama, que emporcalha os três Poderes no Brasil de hoje, depois daquela rápida lavada que ocorreu na Operação Lava Jato, que nem chegou a enxaguar… (C.N.)

Ao apoiar ditador venezuelano, Lula está exibindo uma diplomacia imoral 

Política externa: Dura reação social à homenagem de Lula ao ditador Maduro  | VEJA

Lula só falta se ajoelhar diante do ditador venezuelano

Deu no Estadão

O presidente Lula da Silva está mesmo empenhado em se credenciar como o guia genial do tal “Sul Global” contra os “imperialistas” americanos. Para antagonizar os Estados Unidos, fustigar o Ocidente e proclamar sua vocação de salvador dos pobres e oprimidos na geopolítica internacional, Lula manda às favas o histórico da diplomacia brasileira de prudência, neutralidade e respeito à democracia, e arrasta consigo o Brasil e sua política externa.

Combina a habitual fala sem filtros em temas espinhosos dos quais nada entende com a defesa obscena de ditaduras e ditadores. A Lula pouco importa o que autocratas fazem contra a democracia e os direitos humanos – basta que se insurjam contra os Estados Unidos.

ELEIÇÃO FRAUDADA – A recente declaração de Lula sobre a Venezuela é só mais um exemplo desse pensamento deletério. Lula se disse “feliz” com a definição da data para a eleição presidencial venezuelana – a eleição que Nicolás Maduro controla com mão de ferro, pelo domínio que tem sobre a Justiça e sobre as regras do sistema eleitoral do país, o que tem lhe garantido sufocar a oposição, atentar contra a imprensa independente e perpetuar a ditadura chavista.

Questionado se acreditava que a eleição seria justa, Lula alegou ter recebido informações do próprio companheiro Maduro, ora vejam, de que observadores internacionais serão convidados a monitorar o pleito.

E, num misto de grosseria e misoginia, sugeriu à oposição da Venezuela “não ficar chorando”, referência clara ao fato de que a mais forte candidata oposicionista, María Corina Machado, foi impedida pela Suprema Corte chavista de disputar as eleições.

OUTRO CANDIDATO… – Para Lula, bastaria à oposição escolher outro candidato – como se María Corina não tivesse sido vítima de flagrante perseguição e como se qualquer outro candidato pudesse concorrer livremente num ambiente totalmente controlado por Maduro.

Não foi uma gafe ou um escorregão retórico movido pelo improviso. Trata-se de um padrão e, como tal, um atestado de suas convicções. É longa a sua coleção de declarações em favor de ditaduras, a começar pela própria Venezuela, um país “democrático” até demais, segundo Lula, por realizar “mais eleições que o Brasil”.

Amenizando as barbaridades promovidas por Maduro, o presidente brasileiro afirmou que o “conceito de democracia é relativo”. Para Lula, democracia não é a soberania popular, a garantia das liberdades de expressão e de imprensa, a intransigência com qualquer forma de arbítrio de tiranos.

ASPIRAÇÕES DO POVO – Em seu relativismo, os ditadores companheiros são “democratas” porque se julgam intérpretes das aspirações do “povo”.

Lula é cruel com aqueles que ousam enfrentar os ditadores companheiros. Em 2010, por exemplo, ele defendeu a “Justiça” cubana e criticou presos políticos que ali faziam greve de fome contra o regime dos irmãos Castro. Na sua diplomacia da imoralidade, equiparou os valentes dissidentes cubanos aos presos comuns no Brasil.

Há muitos outros casos em que a indecência lulopetista se manifestou dessa maneira. Recorde-se que Lula defendeu o ditador Daniel Ortega inúmeras vezes, a despeito das escancaradas violações de direitos humanos cometidas pelo nicaraguense – e, numa reunião do Conselho de Direitos Humanos da ONU em março do ano passado, o Brasil se recusou a acompanhar os mais de 50 países que denunciaram a prática de crimes contra a humanidade pela tirania de Ortega.

RETROCESSO BRUTAL – Lula saltou do abismo moral para se alinhar ao que há de mais retrógrado e autoritário. Ao fazê-lo, descredencia-se como líder global digno de respeito internacional e debilita a política externa brasileira, obliterando suas oportunidades de integração econômica e de cooperação para a paz, a democracia e as liberdades fundamentais.

Sua política externa está ancorada num princípio absoluto e maniqueísta: a hostilidade ao Ocidente e o alinhamento automático a tudo o que é antagônico aos valores ocidentais.

Quando esse sectarismo ideológico substitui a visão de Estado, o voluntarismo ignora a decência e a diplomacia é feita com cacoetes de esquerdismo infantil, não há jeito. Não há mais o que esperar de Lula senão essa imoralidade sem limites.

(Artigo enviado por José Carlos Werneck)

Cid mudará versão e negará que Bolsonaro tenha tramado golpe, diz a Veja 

Brasília (DF), 24/08/2023, O tenente-coronel, Mauro Cid, depoe na CPI da Câmara Legislativa do Distrito Federal. Foto: Antônio Cruz/Agência Brasil

Se mudar a versão, Mauro Cid poderá até ser preso de novo

Marcella Mattos
Veja

O tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, vem demonstrando contrariedade com o que chama de “interpretação” ao que ele próprio teria relatado no âmbito de seu acordo de colaboração firmado com a Polícia Federal.

Após ficar quatro meses preso em uma unidade do Exército, o militar decidiu contar aos investigadores sobre o que viu e ouviu durante o período em que assessorou o então presidente. Depois disso, foi solto.

PEÇA-CHAVE – As declarações do tenente-coronel são peça-chave na investigação que apura se Bolsonaro, militares e assessores palacianos tramaram saídas golpistas com o objetivo de impedir a posse de Lula e de levar os militares à rua, mas não entregou nenhuma prova.

Apesar disso, mensagens e documentos encontrados no celular e no computador dele evidenciam as tratativas sobre reverter o resultado eleitoral de 2022 – as conversas envolviam inclusive a participação de militares e do uso das Forças Armadas.

A íntegra do depoimento de Cid é mantida sob sigilo. No entanto, alguns trechos vieram à tona. Como mostra reportagem de Veja desta edição, o militar contou aos investigadores, conforme consta em documentos oficiais da PF, que Bolsonaro “queria pressionar as Forças Armadas para saber o que estavam achando da conjuntura” e que soube que o então comandante da Marinha, Almir Garnier, “anuiu com o golpe de Estado, colocando suas tropas à disposição do presidente”, durante uma reunião no Palácio da Alvorada.

OUTRA NARRATIVA – Apesar da gravidade do que está registrado, o tenente-coronel tem desabafado a pessoas próximas que trechos do seu depoimento foram encaixados em “narrativas” que os investigadores fazem para compor a versão de que houve uma tentativa de golpe no país.

“Não sou traidor, nunca disse que o presidente tramou um golpe. O que havia eram propostas sobre o que fazer caso se comprovasse a fraude eleitoral, o que não se comprovou e nada foi feito”, disse recentemente a um interlocutor.

Na versão de Cid, ele mal foi questionado sobre o papel dos militares, “porque sabiam que eu não ia contar o que eles queriam ouvir”.

“CONSIDERANDOS” -Além disso, ele teria minimizado as propostas de teor golpista e dito aos investigadores que jamais viu uma “minuta de golpe” sendo apresentada aos comandantes – e, aliás, ele sequer teria usado o termo “golpe” para detalhar os encontros que presenciou enquanto esteve ao lado do ex-presidente.

Por essa versão, que carece de comprovação, o tenente-coronel relatou ter presenciado apenas a apresentação de “considerandos” aos comandantes, nos quais constavam decisões contrárias perpetradas pelo STF e pela Justiça Eleitoral contra Bolsonaro e tratadas pelo então presidente como persecutórias.

Ainda segundo Cid, Bolsonaro estava em “luto profundo” após ter sido derrotado nas urnas e se dizia alvo do Judiciário, que teria atrapalhado sua campanha. É nesse contexto que surgiam as mais diversas ideias vindas de assessores e militares.

NADA FOI FEITO – As propostas passavam por Bolsonaro, como reconhecer o resultado e dar fim à celeuma, fazer uma contagem paralela por meio de sites ou até botar as tropas nas ruas. Ao fim e ao cabo, ressalta Cid, nada disso foi feito.

O posicionamento, diga-se, é no mínimo controverso e esbarra em mensagens obtidas pela Polícia Federal, como a que o próprio tenente-coronel enviou a Freire Gomes relatando que Bolsonaro era pressionado a tomar uma medida “mais pesada” e, “obviamente, utilizando as forças”.

Apesar de Cid tentar minimizar as tratativas no Alvorada e garantir que Bolsonaro jamais daria um golpe, alegando que não havia estrutura ou apoio para isso, a Polícia Federal vê elementos contundentes para indiciar o ex-presidente e seu entorno por uma intentona contra o Estado democrático de direito.

###
NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Cid dará nesta segunda-feira um novo depoimento aos investigadores, Se mentir e ficar embromando novamente, pode ser preso outra vez. (C.N.)

Chuva de dólar na Argentina faz os bancos recuperarem US$ 2,3 bilhões em depósitos

Argentina X Dólar país enfrenta escassez de reservas

Fotomontagem do Seu Dinheiro

Deu no Seu Dinheiro

De outubro a março acontecem os temporais na Argentina. Desta vez, o período das águas também está sendo caracterizado pela chuva de dólares nos bancos do país vizinho. Os hermanos voltaram a levar mais de US$ 2,3 bilhões (R$ 11,4 bilhões) aos bancos desde que Javier Milei assumiu a presidência, em 10 de dezembro.

O salto de quase 17%, para US$ 16,4 bilhões (R$ 81,5 bilhões), significa que os depósitos em dólares nos primeiros três meses do novo governo recuperaram completamente as perdas do ano passado, segundo dados do Banco Central da Argentina.

PESO OU DÓLAR – Na Argentina, as contas correntes são denominadas em pesos, enquanto as contas-poupança podem ser denominadas em dólares.

Porém, devido às restrições, apenas alguns poupadores podem comprar US$ 200 por mês e com impostos. Por isso, em geral as pessoas tendem a comprar o dólar MEP ou Bolsa, que é mais barato que o dólar-poupança e, ao contrário do dólar blue, é legal.

O que explica a chuva de dólares na Argentina? De acordo com especialistas consultados pela Bloomberg, o aumento dos depósitos nos bancos argentinos é um reflexo direto do otimismo da população com o governo de Milei. 

RESERVAS NEGATIVAS – Se a tendência continuar, seria uma boa notícia para o Banco Central, uma vez que parte dos depósitos em dólares dos poupadores está contabilizada nas reservas internacionais que, apesar das compras de dólares pela autoridade monetária, ainda permanecem negativas.

Os dólares que os argentinos mantêm no sistema financeiro são um termômetro informal de risco político, uma vez que as pessoas tendem a guardar dinheiro durante períodos de volatilidade e a depositar nos bancos em tempos mais estáveis.

Em outubro e novembro do ano passado, meses de eleição da Argentina, os depósitos caíram acentuadamente: saíram de US$ 15,2 bilhões para US$ 14,6 bilhões de um mês para outro. Os depósitos em dólares também caíram de um pico de cerca de US$ 32,5 bilhões em 2019, depois que o antecessor de Milei, Alberto Fernández, venceu as eleições primárias daquele ano.

###
NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
São boas notícias, enviadas por José Guilherme Schossland. Significam que os argentinos estão confiando no novo presidente, apesar de suas excentricidades, digamos assim.  Mas ainda falta muito para a economia argentina voltar a respirar sem aparelhos. Vamos torcer por eles, que são nossos hermanos e  importantes parceiros comerciais do Brasil. (C.N.)