Pedro do Coutto
Excelente a reportagem de Ricardo Ferreira, O Globo deste domingo, baseado em imagens do colecionador Rafael Cosme , mostrando as diferenças da cidade do Rio de Janeiro ao longo dos últimos 80 anos, destacando inclusive aspectos de Ipanema em períodos anteriores à existência do Maracanã, do Aterro do Flamengo, do Elevado Paulo de Frontin e da Ponte Rio-Niterói.
Ipanema era um bairro cheio de casas que foram sendo substituídas por edifícios. O mesmo processo ocorreu no Leblon. A revolução urbana na Zona Sul e no Centro começou com as obras do desmonte do Morro do Castelo e do Morro de Santo Antônio.
ATERRO DO FLAMENGO – As terras deste último, em frente ao Largo da Carioca, foram utilizadas para a construção do Aterro do Flamengo. Mas, além da comparação poética de Ipanema, Copacabana foi o marco da descentralização do comércio e de serviços, antes concentrado no Centro do Rio.
Vários serviços obrigavam a população a se deslocar de suas áreas de moradia para o Centro da cidade em busca de serviços diversos. Com Copacabana, o comércio passou a se localizar fora do eixo principal e a partir daí o crescimento de uma série de outros bairros passou a ser um impulso irreversível.
É interessante a comparação que se pode fazer a partir de imagens que, se de um lado deixam saudades, de outro apontam também o crescimento de problemas urbanos decorrentes da expansão da própria cidade.
CRESCIMENTO – Em 1950, por exemplo, a população do Rio era de 2,3 milhões de habitantes. Hoje é três vezes maior. As áreas ocupadas por favelas cresceram aceleradamente. No processo de descentralização, a partir da localização comercial dos bairros, além de Copacabana, devemos incluir a Tijuca e o Méier, na Zona Norte. A população compreendeu que não era apenas o Centro da cidade o seu grande pólo de produção.
Hoje, temos aí uma realidade que impressiona, sobretudo pelos desafios decorrentes da própria expansão quanto da descentralização. Os transportes passaram a se constituir numa etapa a ser vencida, o saneamento também. As paisagens foram mudando. Durante muito tempo, na Baía de Guanabara não constava a imagem da Ponte Rio-Niterói. Hoje, estão lá 13 quilômetros proveniente de uma obra extraordinária.
A beleza de Ipanema acentuou-se por grandes artistas como Tom Jobim e Vinícius de Moraes, além de muitos outros que acrescentam os seus nomes e as passagens de suas artes ao longo do tempo e do espaço. Uma beleza comparar-se à situação urbana de hoje com a que a antecedeu. O fenômeno e as mudanças não são só do Rio de Janeiro. Mas aqui tem-se uma expressão marcante até pela beleza natural. O progresso é assim, mas além das coleções eternizadas nas películas, estão também os problemas que todos têm pela frente. Assim, caminha o Rio de Janeiro.