É claro que Israel ainda não age como Hitler, porém está quase chegando lá

O Cristianismo de Adolf Hitler | Estratégias Em Um Novo Paradigma  GlobalizadoCarlos Newton

Dorrit Harazim é a maior jornalista brasileira, sem a menor dúvida. É uma espécie de Otto Maria Carpeaux em versão feminina. Nascida na Croácia, tornou-se jornalista na França e depois veio para o Brasil, convidada para trabalhar na criação da Veja. Logo dominou o idioma e há décadas faz sucesso e foi a única mulher a se tornar redatora-chefe da revista. Já deveria estar na Academia Brasileira de Letras há tempos, e acredito que em breve o presidente Merval Pereira vá preencher essa lacuna.

Na semana passada, o artigo de Dorrit Harazim relatava o testemunho de uma médica americana, a pediatra Seema Jilani, assessora sênior do Comitê Internacional de Resgate, que passou duas semanas no Hospital Al-Aqsa, na Faixa de Gaza. Em longa entrevista a Isaac Chotiner, da New Yorker, ela relatou como foram suas primeiras horas de plantão ali.

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RELATO DA MÉDICA AMERICANA
– “Ela chegara acompanhada de alguns cirurgiões, um obstetra, um anestesista e um intensivista vindos do Cairo. Já trabalhara em emergências no Afeganistão, no Iraque, no Líbano, no Egito, na Turquia, na Líbia, no Paquistão e há 19 anos fazia pit stops na Cisjordânia e em Gaza. Ainda assim, nada a preparara para o horror que viu no enclave desta vez. A ausência de dignidade ali possível lhe pareceu abissal.

A primeira criança a cair sob seus cuidados foi um menino de 12 meses:

— Ele tinha o braço e a perna direita arrancados por uma bomba. A fralda estava ensanguentada e se mantinha no lugar, apesar de não haver mais perna. Eu o tratei primeiro no chão, pois não havia macas disponíveis (…). A seu lado havia um homem emitindo os últimos respiros. Estava ativamente morrendo havia 24 horas, com moscas por cima (…) O bebê de 1 ano sangrava profusamente no tórax… Não havia nem respirador, nem morfina, nem medidor de pressão em meio ao caos. (…) Um cirurgião ortopédico envolveu com gaze os tocos da criança e comunicou que não a levaria de imediato para o centro cirúrgico porque havia casos mais urgentes — contou com crueza a dra. Jilani.

E concluiu, com empatia, que não conseguia imaginar o que poderia haver de mais emergencial que um bebê de 1 ano sem mão nem perna, sufocando no próprio sangue. A resposta, é claro, todos sabemos, a pediatra também: algum outro estropiado da guerra, com pelo menos uma ínfima chance de ser salvo.

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ERRO DE LULA –
Ao ler o relato da médica, percebe-se que Lula atirou no que viu e acertou no que não viu. Como presidente de uma nação amiga, jamais poderia acusar Israel de estar agindo como Hitler. Já explicamos na Tribuna que o grande erro é não saber se comunicar.

Se tivesse afirmado que Israel, se continuar agindo assim, acabará sendo comparado a Hitler, seria uma declaração dura, porém verdadeira, que consagraria a liderança mundial de Lula.

Outra coisa, muito diferente, foi dizer que Israel atua igual a Hitler, por manter os ataques. Para Israel, essa acusação requer um rompimento de relações, por se tratar da maior ofensa, possível e imaginável, que possa ser feita ao povo judeu.

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P.S
. – Com sua mal dosada declaração, Lula deu força para que o Hamás continue mantendo os reféns, circunstância que obrigará Israel a seguir os ataques, numa guerra sem fim, que está destruindo a economia israelense. Nem mesmo Hitler poderia imaginar uma forma tão ardilosa de destruir os judeus, pois os países ocidentais não pretendem bancar essa briga, que Israel não tem condições de sustentar sozinho.  (C.N.)

Ganhos de produtividade favorecem exportar comida, petróleo e minério

Charges: julho 2021

Charge do Genildo (Arquivo Google)

Carlos Alberto Sardenberg
O Globo

O ano passado não foi propriamente amistoso para a exportação brasileira. Os preços dos produtos agropecuários sofreram queda de 10% nos mercados mundiais, em comparação com 2022. Na indústria extrativa, a queda foi maior, 12%, na mesma base de comparação. Entretanto as exportações brasileiras bateram um recorde histórico, alcançando a expressiva marca de US$ 344 bilhões. Qual o segredo? Ganhos de produtividade, permitindo maior quantidade embarcada.

Na soja, principal exportação nacional, o volume enviado ao exterior subiu quase 30%. No petróleo, alta de 18,5%, tudo compensando a queda de preços. Para este ano, as condições são parecidas: redução de preços, mais acentuada na agropecuária que no petróleo. Porém, espera-se novo ganho de produtividade na agropecuária e maior volume na produção de óleo.

VEJA AS PREVISÕES – Tudo somado e subtraído, a exportação de soja deverá render US$ 45 bilhões (ante US$ 53 bi no ano passado). A venda de petróleo poderá alcançar US$ 48 bi (mais que os US$ 44 bi obtidos em 2022). O terceiro maior item na pauta de exportação é o minério de ferro, que deverá trazer US$ 31 bilhões, quase o mesmo resultado de 2023.

O pessoal do agronegócio tem queixas. Querem mais apoio financeiro para compensar a quebra da safra, em consequência das condições climáticas. Mas há um rolo político mais complicado. O agro tem forte bancada no Congresso, bastante conservadora.

Em tese, não gosta do governo Lula, mas tem lá o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, senador eleito pelo PSD, partido de Gilberto Kassab, que é secretário de Governo na administração do governador bolsonarista Tarcísio de Freitas. É como estar no governo e na oposição ao mesmo tempo. Não sem conflitos.

CONTROVÉRSIAS – O PT e seus aliados mais ideológicos são contra o marco temporal para demarcação das terras indígenas. O Congresso, conservador, puxado pelo agro, tem maioria a favor do marco temporal, entretanto declarado inconstitucional pelo STF. Um conflito não resolvido, portanto.

A mineração sofre constante ataque dos ambientalistas, assim como a exploração de petróleo. A produção de óleo deve ter forte aumento neste ano, mas a Petrobras manifesta preocupação com a reposição das reservas.

O pré-sal está próximo de entrar em declínio, de modo que é preciso descobrir novos poços. Por exemplo na Margem Equatorial, faixa litorânea que vai do Amapá ao Rio Grande do Norte. Ali mesmo onde a Petrobras batalha por uma licença ambiental, negada pelo Ibama.

BRIGA FEIA – O conflito envolve ambientalistas, instalados no governo Lula, mas atravessa todo o espectro político. Resumindo: parlamentares, governadores e prefeitos da Região Norte, não importa o partido ou ideologia, apoiam a exploração do petróleo, de olho nos royalties. A disputa aqui está dentro do governo e no Congresso.

Pode-se dizer que a área da economia brasileira mais bem posicionada está nas contas externas. Um baita superávit comercial de US$ 80 bilhões no ano passado, embora baseado em produtos ambientalmente contestados: soja, petróleo e minério.

De outro lado, os setores produtores têm obtido fortes e constantes ganhos de produtividade, especialmente a agropecuária, de classe mundial. Então o país quer mesmo especializar-se em entregar ao mundo comida, petróleo e minério de ferro?

QUESTÃO MAL COLOCADA – Não é necessário sacrificar setores de bom desempenho para desenvolver a indústria do futuro, da tecnologia, da Inteligência Artificial e verde. Aliás, a agropecuária é usuária intensa dessas novas tecnologias.

Não há política de médio e longo prazo para o país. As escolhas têm sido feitas no dia a dia, no improviso. Ou não há escolha nenhuma, com cada setor, estatal ou privado, se virando por conta.

Discute-se muito sobre incentivos. E, de fato, há muitos setores incentivados no país, alguns funcionando, outros não. Mas prevalecem os interesses de grupos de pressão.

A cada dia, Lula fica mais descontrolado e precisa de um amigo que lhe aconselhe

O PT tem defeito, não presta em algumas coisas”, afirma Lula | Rádio Difusão

Lula se considera o maior estadista do mundo. E agora?

Ricardo Rangel
Veja

Em um par de horas, Lula… defendeu um assassino serial, Vladimir Putin; insultou a memória e a família da vítima; comparou os judeus a Hitler; solidarizou-se com um grupo terrorista, o Hamas, autor do maior pogrom do pós-guerra; deu um tapa na cara de milhões de judeus, incluindo os 120 mil judeus brasileiros; provocou gravíssimo incidente diplomático com um país importante, Israel, sendo declarado persona non grata no país;

Ao mesmo tempo, passou o vexame de levar lição de moral de um homem completamente amoral, Benjamin Netanyahu; passou pelo constrangimento de receber uma nota de agradecimentos dos terroristas; mostrou ao mundo, mais uma vez, que não é um líder nacional sério; atraiu a fúria de enorme quantidade de eleitores; entregou de bandeja argumentos e votos ao bolsonarismo; de quebra, desmereceu quem tem pressa em saber quem mandou matar Marielle Franco.

UM PRODÍGIO – Reconheça-se, é um prodígio. Nunca antes na história deste país um político errou tanto, com tantos e em tão pouco tempo.

Netanyahu é desumano e denunciar o absurdo massacre que ele está promovendo em Gaza é obrigação de qualquer pessoa bem-intencionada. Comparar judeus ao monstro que matou seis milhões de judeus é um ato antissemita inequívoco, covarde e imperdoável. Uma vergonha que mancha a imagem do Brasil de forma indelével.

Duas coisas são impressionantes na declaração de Lula. A primeira é a declaração em si. O antissemitismo de Lula (e da esquerda brasileira em geral) não é novidade, mas ninguém imaginava que pudesse chegar tão longe. A segunda é que um político experimentado e (que parecia) inteligente como Lula acredite que possa dizer uma atrocidade como essa impunemente.

ARROGÂNCIA TOTAL – Talvez, por ter ficado na cadeia quase dois anos, ache que já pagou por todos os pecados, passados e futuros. Talvez, por ter passado por tanta coisa e continuar tendo a importância que tem, acredite sua intuição está sempre certa, que qualquer coisa que diga ou faça está certa por definição. Talvez, por ter sido eleito três vezes, se considere acima do bem e do mal.

O fato é que Lula se comporta com enorme arrogância, como se nada de mau pudesse lhe acontecer. O nome técnico é “húbris”. Na tragédia grega, o herói, no auge do poder e do sucesso, perde a noção de seu próprio tamanho, adquire uma confiança desmesurada e comete a húbris, a empáfia que desafia o destino. É aí que ele ouve a gargalhada dos deuses — e é destruído.

Na Roma Antiga, o general vitorioso desfilava, diante da multidão em delírio, até o Senado, onde recebia as devidas honrarias. Atrás dele ia um centurião, que repetia de vez em quando: “Lembra-te de que és mortal”.

FALTA UM AMIGO – Montaigne, no século XVI, ensinou que só se pode julgar se uma vida foi bem-sucedida no momento exato em que ela chega ao fim. Até lá, nunca se sabe.

Algum amigo de Lula — se é que ele ainda tem algum — deve dar ao presidente três conselhos: 1) Presidente, o senhor está enganado. Muita coisa ainda pode dar errado. E, do jeito que vai, vai dar; 2) Vale a pena se interessar pelos clássicos, presidente. Eles têm coisas a ensinar. Até a alguém infalível como o senhor; 3) Presidente, faça o possível para manter a boca fechada.

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P. S.
Após a publicação deste post, o assessor especial para assuntos internacionais de Lula, Celso Amorim, classificou como absurda a decisão de Israel de declarar Lula “persona non grata”.  O governo Lula recusa-se a entender a gravidade dessa declaração. Se insistir nessa posição, Israel pode cortar relações diplomáticas conosco. É preciso recuar. Rápido. (R.R.)

É preciso punir os oficiais golpistas, para enfim “desprivatizar” as Forças Armadas

Charge do JCaesar | VEJA

Charge do JCaesar | VEJA

Bruno Boghossian
Folha

Assim que Jair Bolsonaro deixou o poder, militares envolvidos na armação de um golpe já sonhavam com uma anistia. Era 2 de janeiro de 2023 quando o tenente-coronel Mauro Cid escreveu que temia ser preso. O general Estevam Theophilo respondeu que o colega deveria ficar tranquilo: “Vou conversar com o Arruda hoje. Nada lhe acontecerá”.

Não havia soldado raso na história. Mesmo após a mudança de governo, Cid continuava na fila para assumir um batalhão de Operações Especiais. Theophilo, que semanas antes havia declarado apoio aos planos golpistas, integrava o Alto Comando. O general Júlio Cesar de Arruda era o comandante do Exército —seria demitido por Lula semanas depois.

FEUDO MILITAR – A expectativa de blindagem reflete um processo amplo de uso das Forças Armadas como um feudo de corporativismo, ambições políticas e interesses privados de seus integrantes. Alguns deles exploraram a autoridade e a máquina militar tanto para elaborar a tentativa de ruptura como para proteger os golpistas.

Oficiais notoriamente enrolados na teia permaneceram em postos importantes depois da troca de governo, enquanto comandantes barravam qualquer possibilidade de uma faxina.

Arruda foi demitido porque insistiu na promoção de Cid e fez corpo mole diante dos acampamentos golpistas. Theophilo continuou no Alto Comando até novembro.

MISSÃO DE MOURÃO – A missão de varrer o escândalo do golpe para baixo do tapete foi resumida de maneira desinibida pelo senador Hamilton Mourão. Depois que a PF encontrou provas em abundância sobre a participação de militares na conspiração, o general da reserva falou em perseguição e cobrou uma reação dos comandantes.

O vício precede o governo Bolsonaro. Trata-se de uma herança da suave transição que os militares enfrentaram após a ditadura, mas o oba-oba dos anos do capitão deu um conforto adicional à turma.

Além de punir com rigor aqueles que participaram ou se omitiram diante da insurreição, há um longo caminho para “desprivatizar” as Forças Armadas.

Golpe jamais daria certo sem apoio parlamentar, empresarial e mundial

Charge do Frank Maia (Arquivo Google)

Diogo Schelp
Estadão

À medida que vêm a público novos detalhes das investigações a respeito de um plano de Jair Bolsonaro e de seu entorno de promover um golpe de Estado, fica mais e mais evidente que suas chances de sucesso eram reduzidas. Ainda que o então presidente e seus assessores mais próximos conseguissem convencer toda a cúpula das Forças Armadas a aderir à aventura golpista, estariam faltando outros elementos essenciais para que ele pudesse permanecer no poder à revelia do resultado das urnas.

Bolsonaro acreditava, segundo o roteiro do suposto golpe revelado até agora, que bastava apoio popular e militar para impedir a posse de Lula.

POVO E EXÉRCITO – O “meu povo” nas ruas ele já tinha, de fato. Faltava o “meu exército” sair da inércia e tomar uma atitude. Era certamente uma fórmula para criar o caos momentâneo, com mortos e feridos inclusive, mas não para “virar a mesa” de maneira duradoura.

Em agosto de 2021, depois de um dos tantos episódios em que Bolsonaro deu a entender que não respeitaria o resultado das eleições, este colunista consultou cinco cientistas políticos e historiadores, dois deles estrangeiros, para analisar as chances de o Brasil sofrer uma ruptura institucional caso ele cumprisse sua ameaça. É interessante perceber, em retrospecto, que todos acertaram em suas análises.

Em resumo, eles previram que Bolsonaro poderia se ver tentado a incitar o caos social, principalmente por meio da mobilização de tropas sob o comando de altos oficiais, de policiais amotinados e de populares dispostos a partir para a violência. Mas para ele despontar como o único capaz de restaurar a ordem, precisaria do respaldo inequívoco das elites políticas e econômicas do país, além de um rápido reconhecimento internacional.

FORA DE COGITAÇÃO – O apoio externo a uma ruptura democrática no Brasil estava fora de cogitação. O governo de Joe Biden, dos Estados Unidos, deu sinais de sobra de que se oporia a um golpe. Tampouco haveria a concordância dos vizinhos sul-americanos. Bolsonaro ficaria isolado. Apoio partidário também não existia.

Com exceção de um ou outro parlamentar bolsonarista, o centrão e as lideranças do Senado e da Câmara dos Deputados teriam muito a perder com a mudança do status quo. Todos sabem que qualquer ditador não perde uma chance de fechar o Congresso.

A adesão do empresariado a uma ruptura institucional estaria, quando muito, restrita a alguns poucos desmiolados, como os que teriam sido citados em áudio de Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, revelado nos últimos dias.

SERIA PÉSSIMO – Aceitar que o Brasil resvalasse para uma ditadura seria péssimo para os grandes negócios em um mundo globalizado, com investidores ultrassensíveis à percepção de risco e à instabilidade.

Antes mesmo do primeiro turno da eleição presidencial, a carta em defesa da democracia e do sistema de votação promovida pela Faculdade de Direito da USP e que contou com a assinatura de grandes banqueiros e industriais já deixava claro que os donos do PIB brasileiro não dariam seu endosso a aventuras golpistas.

Se de fato houve uma tentativa de golpe por parte de Bolsonaro e seus aliados, foi extremamente mal calculada, ancorada em uma concepção delirante de como seria recebida pelos principais setores da sociedade. Mas o fracasso da investida não a torna menos grave.

Se não devolver os reféns, o Hamás causará destruição da Faixa de Gaza

Damares Alves on X: "O Hamas quer a destruição do Estado de Israel e de todos os judeus. E pelo jeito é este tipo de gente que o Partido das Trevas quer

Imprensa deu destaque à afirmação catastrófica de Lula

Duarte Bertolini

Pois é. Têm absoluta razão estes “robosionistas” do quarto milênio, os arautos da novíssima ordem mundial. Na visão quadrada desses robôs, quem revida a um covarde, criminoso, inconcebível ataque é igualado a quem durante anos programou, executou e quase concluiu o extermínio de uma raça inteira, pacífica e desarmada.

Os robôs agora são chamados de Inteligência Artificial. Portanto, talvez possam nos mostrar os ataques horríveis (similares aos do Hamas em outubro) que no século passado foram perpetrados por judeus contra os alemães, justificando assim o holocausto.

TAMBÉM ESPERAMOS – Assim como os israelenses, também esperamos pela ansiada manifestação do Hamas. Desesperado pelo genocídio de sua gente, que Israel prosseguirá enquanto não forem libertados os reféns, o Hamas já deveria ter cedido e se mostrado disposto a liberá-los, pois é o gesto que falta para haver o cessar-fogo.

Ao que parece, isso não acontecerá. O Hamás continuará assistindo ao massacre dos palestinos, pois robô só obedece à ordem de seu dono, sua Inteligência Artificial é mais do que relativa, e os psicopatas diplomáticos que comandam o Hamás têm uma concepção absolutamente torta do que significa o conceito de humanidade.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Este pequeno texto de Duarte Bertolini é como uma lâmina afiada, ao aparar as sobras que ocultam a verdade, porque nem sempre Lula está errado. A volta ao poder lhe fez mal, e ele se considera o maior estadista da História da Humanidade e fica se exibindo para dona Janja. No caso da Faixa de Gaza, Lula tem boa intenção, mas confunde as coisas, se embaralha, e o resultado acaba sendo altamente negativo. A diplomacia significa saber dizer as verdades, sem provocar revides. Uma coisa é afirmar que, se Israel não parar os ataques, acabará sendo comparado a Hitler. Outra coisa, muito diferente, é dizer que Israel age igual a Hitler. Ser aplaudido pelo Hamás é um vexame histórico. Aliás, como recomenda Duarte Bertolini, já é tempo de o Hamás devolver os reféns. (C.N.)

Mangabeira Unger desiste de impetrar habeas corpus em favor de Bolsonaro

mangabeira unger

Unger alega que a jurisprudência impedia o recurso

Ricardo Ferraz
Veja

O filósofo e professor da prestigiada Universidade Harvard, nos Estados Unidos, Roberto Mangabeira Unger, manteve conversas com o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) no mesmo período em que vieram à tona revelações que apontam para uma participação do mandatário em um golpe de Estado, tramado por integrantes de seu governo, em um inquérito da Polícia Federal.

Em uma dessas reuniões virtuais, o intelectual chegou a defender um habeas corpus preventivo, para impedir que Bolsonaro viesse a ser preso. A posição surpreendeu integrantes da esquerda, já que Unger ocupou o cargo de ministro de Assuntos Estratégicos, em duas ocasiões, em governos de Luiz Inácio Lula da Silva.

Nessa entrevista, ele conta o que o motivou a procurar o ex-presidente.

Como foram os encontros com Jair Bolsonaro?
Tivemos duas conversas virtuais, há cerca de duas ou três semanas; o procurei, porque acredito que os representantes das diferentes correntes de opinião brasileira precisam conversar, sem diálogo não há solução possível para o país. Meu avô Otávio Mangabeira dizia que política é conversa.

Mesmo com o ex-presidente sendo investigado por uma tentativa de golpe de Estado?
Só o que sei desse caso são as notícias que saíram na imprensa. Não posso seriamente avaliar se é ou não culpado, tampouco essa é minha tarefa. Não sou eu quem escolho quem são os líderes da direita no Brasil, mas é com eles que eu tenho de conversar.

O senhor pretende entrar com um pedido de habeas corpus preventivo no STF para proteger Jair Bolsonaro de uma eventual prisão?
Eu acho que eu me referi a essa ideia com uma possibilidade na primeira conversa, e eles não levaram a sério. Tanto assim que, no segundo encontro que tivemos, o ex-presidente nem falou mais nela. Eu o faria por razões essencialmente morais. Rui Barbosa impetrou habeas corpus preventivos em favor de seus adversários, alguns deles autoritários. Seria um exemplo bonito para o Brasil dar demonstrações práticas dessa magnanimidade. Mas infelizmente é impossível, por razões técnicas e pela jurisprudência recente do STF. Conversando com amigos, verifiquei que não há viabilidade e logo abandonei esse caminho.

Qual o objetivo desse diálogo, afinal?
Defendo a criação de uma alternativa nacionalista e produtivista, com o que chamo de  vanguarda no Brasil. De um lado, estão os pequenos empreendedores que abraçaram uma cultura de autoajuda e que, por falta de outras opções, buscam satisfazer sua ambição de maneira isolada. São os emergentes. De outro, estão os batalhadores, a massa trabalhadora que também abraça essa ideia de iniciativa própria. Ambos estão colocados à direita atualmente.

É possível conciliar os dois lados, em um cenário tão polarizado? Não defendo uma grande conciliação nacional. A ideia é organizar uma alternativa que conte com o apoio de uma maioria nacionalista. Essa maioria não pode sair apenas dos quadros de uma facção descontente da esquerda.  O PT representa o que chamo de pseudoesquerda, que faz uma combinação do rentismo financeiro associada ao distributivismo social. É uma espécie de rentismo social. Vai 90% da riqueza para os financistas e 10% para os pobres. Esse descalabro só é possível porque a mineração e a agricultura pagam a conta. É muito próximo da política de Bolsonaro.

Pretende continuar com essa iniciativa?
Tive agora nesses dias uma pequena prova do preço a pagar, né? Porque há uma grande intolerância para a conversa, a ideia de que certas lideranças são objeto de uma anátema e ninguém pode dialogar com elas. Eu não aceito isso.

O seu amigo Ciro Gomes concorda com o senhor sobre esse caminho?
Não o consultei sobre isso. É uma iniciativa minha, sob minha responsabilidade apenas.

Bolsonaro concordou com as ideias do senhor?
Ele compreendeu, mas não se manifestou de forma muito clara sobre elas. Considero que o mero fato de ele aceitar conversar comigo já indica uma disposição em discutir o país amplamente fora do seu curral.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOGUnger deu uma de mau caráter. A jornalista Mônica Bergamo publicou a notícia sobre o habeas corpus e ele desmentiu, chamando de fake news. Agora, se vê que a notícia era verdadeira. Deveria pedir desculpas à jornalista, mas falta-lhe caráter para tanto. (C.N.)

Diplomacia em frangalhos, após Lula afirmar que Israel age igual a Hitler

Na Etiópia, Lula critica extrema-direita e fala em 'dívida histórica' com a  África – Política – CartaCapital

Quando lê o discurso, tudo bem; no improviso, uma tragédia

Hélio Schwartsman
Folha

Ah, Luiz Inácio Lula da Silva… Quando ele segue o roteiro preparado pelo Itamaraty, ainda é possível enxergar uma posição minimamente coerente com a tradição diplomática brasileira. Foi o caso do discurso que ele fez no sábado (17) na abertura da cúpula da União Africana em Adis Abeba. Ali, sem deixar de criticar Israel, também condenou os ataques do Hamas e pediu a libertação imediata de todos os reféns.

Basta, porém, que Lula comece a falar de improviso para comportar-se não como presidente da República, mas como diretor de grêmio estudantil, desfiando os mais ignorantes chavões da esquerda.

COMPARAÇÃO INFELIZ – Foi o que ele fez no domingo (18), ao equiparar as operações de Israel em Gaza ao Holocausto nazista. É difícil até listar o número de instâncias em que a comparação é errada.

Hitler, com base numa concepção essencialista de hierarquias raciais, se pôs a eliminar todos os judeus da Europa. Israel reage, ainda que desproporcionalmente, a um ataque terrorista.

Não estou sugerindo que Israel seja inimputável. Eu mesmo critico quase que semanalmente a mão pesada do governo Netanyahu. Penso que imperativos morais e legais exigiriam que as ações militares fossem muito mais cuidadosas, mesmo que isso implique retardar o objetivo legítimo de reduzir a capacidade do Hamas de atacar Israel.

CONTRADIÇÃO – Lula, ao dizer que Tel Aviv repete Hitler, desfere contra os israelenses um golpe baixo da cintura. É algo que contradiz o argumento que o próprio presidente sempre invoca para justificar a mansidão com que trata violações cometidas por aliados seus, como Maduro e Putin: não se pode ser muito veemente nas declarações para não perder o poder de influenciar.

Na administração Bolsonaro padecíamos do problema oposto, que era a adesão automática às mais extremas posições do governo Netanyahu. Para quem olha de fora esse zigue-zague, a conclusão inescapável é que o Brasil não mantém uma política externa séria.

Com as desonerações, gastos com Previdência já vão a quase R$ 1 trilhão

A despesa já consome cerca de 40% do Orçamento público

Pedro do Coutto

Setores do governo, reportagem de Renan Monteiro, O Globo de ontem, manifestaram preocupação com o crescimento das despesas com pagamento de aposentados e pensionistas, que dentro de pouco tempo pode atingir R$ 1 trilhão a cada 12 meses. É o tema de sempre.

A Previdência Social se preocupa com as despesas, mas não com as receitas. Agora, inclusive, se a retomada do emprego está ocorrendo com carteira assinada, evidentemente, terá que haver reflexo na arrecadação. A aposentadoria e a pensão representam, na realidade, seguros sociais que vencem com a média de 30 anos de trabalho, 35 anos para homens e 32 anos para as mulheres.

RECEITA – Eles descontam sobre os seus salários e os empregadores com 20% sobre as folhas, com exceção de dezessete categorias de empresas que podem optar pelo desconto sobre a receita bruta. Seja como for, incidem as contribuições empresariais sobre compromissos legais. Assim, quanto maior for o número de empregados, maior será a receita previdenciária.

É necessário, como digo sempre, uma preocupação maior sobre as contribuições patronais, pois descontadas na fonte, pelas próprias empresas que marcam o volume de recursos a recolher dos empregados, uma visão mais ampla da questão. Falar em R$ 1 trilhão, assusta. Mas é preciso paralelamente falar-se na receita.

O problema da seguridade social é marcado por uma média de vida cada vez maior dos empregados. Mas, em contrapartida, também sobe o número dos que recolhem na fonte para o INSS através das próprias empresas nas quais trabalham.

LEGISLAÇÕES – O ritmo das aposentadorias permanecerá alto, pois será resultado, ao meu ver, em função do número dos que se aposentam, inclusive para escapar das legislações que se sucedem restritivas à força do trabalho.

A Previdência Social, antes de mais nada, precisa fazer um levantamento completo e torná-lo público, apontando inclusive tanto os eternos, quanto os novos devedores que praticam a sonegação. Essa conta não é difícil de ser feita, mas a cobrança de valores devidos é um desafio.

Os empregados não podem sonegar, pois são descontados na fonte. Portanto, a ocorrência dos débitos que se acumulam somente pode partir das empresas e dos empresários, que ainda ganham desonerações.

Coletivo de judeus defende Lula por causar uma crise moral sobre Israel

Articulação Judaica de Esquerda on X: "Nota do Vozes Judaicas por Libertação (SP) "Dando um passo além nas contínuas denúncias dos crimes cometidos por Israel contra os palestinos, o presidente Lula causou

Manifesto a favor de Lula já está nas redes sociais

Mônica Bergamo
Folha

O coletivo Vozes Judaicas por Libertação elaborou uma nota em defesa do presidente Lula (PT) por ter comparado o que ocorre na Faixa de Gaza ao Holocausto. As falas do petista abriram uma crise diplomática com o governo israelense. “A contradição do povo judaico ser ora vítima e agora algoz é palpável, tenebrosa e desalentadora. Lula externou o que está no imaginário de muitos de nós”, afirma o texto.

E segue: “Apoiamos as colocações do presidente Lula e cobramos que a radicalidade de suas palavras seja colocada em prática”.

COMPARAÇÃO – O coletivo diz que “a comparação entre genocídios é sempre complicada” e que “não há como estabelecer qualquer hierarquia”, mas afirma que as falas do chefe do Executivo “são de grande importância”.

“Se a criação e fundação de um Estado judaico foi uma medida de sobrevivência num mundo sitiado, ela logo se tornou um pesadelo. O Estado de Israel não trouxe emancipação verdadeira aos judeus pois a sua existência é mantida às custas da negação da autodeterminação dos palestinos”, afirma ainda o grupo.

“As palavras têm poder. Se a forma como Lula se expressou na ocasião foi pouco cuidadosa —tropeçando justamente neste ninho de comparações forçadas— sua fala tem o objetivo de atingir a imaginação e provocar uma crise moral sobre Israel.

DISSIDENTES – Entre os membros do Vozes Judaicas por Libertação estão o professor da PUC-SP Bruno Huberman,a pesquisadora Beatriz Kalichman, a historiadora Branca Zilberleib e o ativista Yuri Haasz.

O grupo vai na contramão de outras entidades da comunidade judaica brasileira, que criticaram o petista.

A Conib (Confederação Israelita do Brasil) disse que o governo Lula “abandona a tradição de equilíbrio e a busca de diálogo da política externa brasileira”. A Federação Israelita do Estado de São Paulo também lamentou a fala do presidente.

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APOIO INCONDICIONAL A LULA

A nota do coletivo Vozes Judaicas por Libertação é do seguinte teor, na íntegra:

“Dando um passo além nas contínuas denúncias dos crimes cometidos por Israel contra os palestinos, o presidente Lula causou furor ao fazer uma comparação entre o que ocorre hoje em Gaza e o que Hitler fez com os judeus durante o nazismo.

A comparação entre genocídios é sempre delicada pois a experiência vivenciada por cada povo afetado é inigualável. Cada um representa uma narrativa singular e dolorosa na história das comunidades vitimadas. Logo, não há como estabelecer qualquer hierarquia entre genocídios. É impossível estabelecer uma métrica objetiva para determinar o ‘pior’ genocídio da história. Categorizar historicamente vítimas maiores ou menores é uma perigosa armadilha de reprodução de racismo.

A contradição do povo judaico ser ora vítima e agora algoz é palpável, tenebrosa e desalentadora. Lula externou o que está no imaginário de muitos de nós. Uma comparação que causa muita dor a judias e judeus de todo mundo, que tiveram as suas vidas cindidas pelo genocídio dos judeus na Europa, e agora veem um crime similar sendo cometido, supostamente em seu nome. Enquanto coletivo de judias e judeus, temos antepassados que foram vítimas do Holocausto nazista, e entendemos que nosso imperativo ético é nos posicionarmos contra o genocídio do povo palestino e contra a utilização da nossa defesa como justificativa.

Se a criação e fundação de um Estado judaico foi uma medida de sobrevivência num mundo sitiado, ela logo se tornou um pesadelo. O Estado de Israel não trouxe emancipação verdadeira aos judeus pois a sua existência é mantida às custas da negação da autodeterminação dos palestinos. As lideranças israelenses seguem promovendo um massacre contra palestinos e ainda ameaçam a vida de judeus e judias em todo o mundo. Israel representa hoje a maior fonte de insegurança para todos os judeus do planeta ao usar nossa identidade como fachada e justificativa para sua campanha de terror.

Por isso, defendemos e acreditamos que as palavras de Lula são de grande importância pois levantam questões relacionadas à urgência da ação, como um chamado definitivo dirigido a todos para agir diante do que ocorre em Gaza neste momento. Frente à incapacidade da ONU e de várias organizações internacionais em conter a violência perpetrada por Israel em Gaza, destaca-se a importância vital da postura demonstrada por líderes internacionais como Lula, que levantam suas vozes contra o que é já considerado por incontáveis especialistas como um genocídio contra o povo palestino.

As palavras têm poder. Se a forma como Lula se expressou na ocasião foi pouco cuidadosa – tropeçando justamente neste ninho de comparações forçadas – sua fala tem o objetivo de atingir a imaginação e provocar uma crise moral sobre Israel. O pedido de impeachment protocolado pelos deputados bolsonaristas é uma medida descabida, assim como as acusações de antissemitismo – cujo real objetivo é deslegitimar o governo e a diplomacia brasileira. Não acreditamos que judeus brasileiros estão em risco por causa de sua declaração.

Apoiamos as colocações do presidente Lula e cobramos que a radicalidade de suas palavras seja colocada em prática. Seria um gesto diplomático de relevância gigantesca romper todas as relações entre o estado brasileiro e Israel, em especial as relações militares que também fortalecem a barbárie em terras brasileiras, com a compra de armas e tecnologias de controle social que são usadas para atingir a vida do povo negro nas favelas. Convocar o embaixador brasileiro em Tel Aviv foi um passo ainda insuficiente nessa direção.

Por fim, convidamos a todas e todos, mas principalmente ao governo brasileiro a atender as demandas do movimento internacional de Boicote, Desinvestimento e Sanções (BDS), liderado pelas bases da sociedade civil palestina. O povo palestino tem pressa e nossas ações têm poder.”

Bom de briga, o poema de Limongi vai em busca do afago do infinito 

Tribuna da Internet | “Quando o sonho do poeta desaparece e já não alcança a porta da alma…”

Vicente Limongi, jornalista e poeta

Paulo Peres
Poemas & Canções

Para o jornalista e poeta amazonense Vicente Limongi Netto, radicado há anos em Brasília, finalizar um poema é semelhante às “Dores do Parto”.

DORES DO PARTO
Vicente Limongi Netto

Poema bom demora a ficar pronto
trava momentos
ilude palavras
trapaceia o raciocínio
não existe aceno mágico
para alcançar o poema perfeito
é preciso serenar o tempo
ninguém é algoz de lembranças
o belo avança sem avisar
nasce indignado
filho amado e encantado
repele impurezas
tem asas amorosas
explode sentimentos
bom de briga
vai em busca do afago do infinito

Cid se ofereceu para ser agente duplo ou foi cooptado pelo comando do Exército?

Charge do JCaesar | VEJACarlos Newton

A revelação mais espantosa dos últimos tempos foi a notícia de que o tenente-coronel Mauro Cid, personagem principal da novela do golpe que não houve, operava como agente duplo, fornecendo informações também ao comandante do Exército no último ano do governo de Jair Bolsonaro, general Marco Antonio Freire Gomes.

A informação não constava das investigações que vêm sendo feitas pela Polícia Federal desde janeiro de 2023 e foi omitida intencionalmente pelo tenente-coronel Mauro Cid em seus longos depoimentos na delação premiada.

QUASE POR ACASO – A força-tarefa que trabalha no Supremo para o ministro Alexandre de Moraes descobriu quase por acaso essa atividade secreta do ajudante de ordens do então presidente.

No relatório que embasou a operação Tempus Veritatis, deflagrada no último dia 8 com autorização de Moraes, a PF cita cinco áudios encaminhados por Mauro Cid a um contato que, pela “análise dos dados e a contextualização” a partir das demais evidências colhidas pelos policiais, “indicam que as mensagens tinham como destinatário o então comandante do Exército, general Freire Gomes”.

Entre 8 de novembro e 9 de dezembro de 2022, na fase crucial do preparativo do golpe, Mauro Cid, oficial da ativa, relatou ao general detalhes das tratativas golpistas discutidas a portas fechadas, entre eles a decisão de Bolsonaro de “enxugar” a minuta do golpe e manter apenas a determinação da prisão do ministro Alexandre de Moraes, excluindo outras autoridades da lista.

MENSAGEM AO COMANDANTE – “Hoje o que ele [Bolsonaro] fez de manhã? Ele enxugou o decreto, né? Aqueles considerandos que o senhor viu, e enxugou o decreto, fez um decreto muito mais, é… resumido, não é?”, disse Mauro Cid no áudio enviado ao celular que a PF diz ser de Freire Gomes às 12h33m do dia 9 de dezembro.

Dois dias antes, de acordo com o que a PF constatou nos registros da portaria, estiveram no Palácio da Alvorada, o próprio general Freire Gomes e o comandante da Marinha, almirante Almir Garnier Santos, além do ministro da Defesa, general Paulo Sérgio Nogueira.

Detalhe importantíssimo: o ministro Paulo Sérgio e o comandante Almir Garnier eram defensores entusiastas do golpe, enquanto o general Freire Gomes tornara-se reticente, conforme outros relatos feitos por Mauro Cid.

BOLSONARO SE ENGANOU – Quando nomeou Freire Gomes para comandar o Exército, Bolsonaro sabia que o general era absolutamente antilulista e pensou (?) que ele seria facilmente cooptado para convencer o Alto Comando do Exército a aceitar o golpe.

Foi um grave erro de avaliação de Bolsonaro. A quase totalidade de membros do Alto Comando realmente era adversária de Lula, mal o suportam, a contragosto batem continência. Mas isso não significa que iriam aderir a um golpe de estado para derrubar o petista.

Entre os 16 generais do Alto Comando, apenas um, Estevam Cals, deixava clara essa adesão ao golpe. E o comandante Freire Gomes foi enrolando Bolsonaro, até dizer-lhe claramente que não aceitava a conspiração, segundo relato de Mauro Cid.

AGENTE DUPLO – O que ainda não se sabe é se Freire Gomes exigiu que Mauro Cid atuasse como agente duplo, informando as ações de Bolsonaro, dia após dia, ou se o próprio ajudante de ordens se ofereceu para fazê-lo, pressentindo que o golpe não daria certo.

Outra dúvida é saber o motivo que levou Mauro Cid a esconder na delação os serviços prestados a Freire Gomes, agindo infantilmente, pois essa informação acabaria sendo revelada, de uma forma ou outra.

Por fim, há dúvidas se será levada em conta essa metamorfose de Mauro Cid, que traiu Bolsonaro na reta de chegada. Poderia ser uma circunstância atenuante, por certo.

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P.S.
No meio dessa confusão, é sempre bom lembrar que Mauro Cid agiu exatamente como Lula da Silva fazia durante o regime militar, quando era informante do superintendente da Polícia Federal em São Paulo, delegado Romeu Tuma, conforme relatos de seu filho Romeu Tuma Júnior, também delegado federal, em sua obra “Assassinato de Reputações”, publicada em dois volumes. É verdade que Lula também traiu os companheiros sindicalistas, mas os petistas se recusam a acreditar, porque ele não é mais um líder político como os outros. “Sou uma entidade”, diz Lula, que já se “proclamou a alma mais honesta deste mundo”. (C.N.)

‘Quem deve desculpas à humanidade é Israel, e não o Brasil”, afirma Amorim

O assessor especial da Presidência, Celso Amorim

Amorim é um bajulador e concorda com Lula em tudo

Bela Megale
O Globo

O assessor para assuntos internacionais do Palácio do Planalto, Celso Amorim, defendeu a conduta do presidente Lula na crise diplomática com Israel. “Quem tem que pedir desculpas é Israel, e não é ao Brasil, mas à humanidade” — disse à coluna o ex-chanceler e assessor do presidente. Ele destacou também que “não há hipótese de pedido de desculpas” por parte de Lula.

Amorim foi um dos presentes na reunião realizada nesta manhã com Lula, no Palácio da Alvorada, para debater a reação do governo israelense à fala do presidente brasileiro, que comparou as mortes da palestinos em Gaza ao holocausto promovido pelo nazista Adolf Hitler.

ISRAEL ISOLADO — “Lula não tem por que estar chateado. Obviamente, o Brasil não vai festejar qualquer afastamento nas relações diplomáticas. Quem tem que estar preocupado é Israel, que está cada vez mais isolado internacionalmente” — afirmou.

Segundo o assessor presidencial, houve “uma concordância geral” sobre a decisão de chamar o embaixador brasileiro em Israel, Frederico Meyer, de volta ao Brasil. Meyer foi convocado por autoridades israelenses, nesta segunda-feira, para dar explicações sobre a declaração de Lula no Museu do Holocausto.

Amorim também destacou que as críticas não são dirigidas ao povo judeu.

“Isso não tem nada a ver com o povo judeu. Temos o maior apreço ao povo judeu, que deu inúmeras contribuições ao Brasil e ao mundo” — disse.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Celso Amorim funciona mais como bajulador do que como assessor. Não adianta ele dizer A ou B, porque Lula não ouve ninguém. O presidente petista tinha uma grande chance de encerrar sua carreira como um grande líder mundial, mas a vaidade é tamanha que Lula não cabe em si e acaba se prejudicando. (C.N.)

OAB pede que STF puna delegado que expôs o sigilo entre advogado e cliente

Alexandre de Moraes pode ser alvo e juiz ao mesmo tempo na investigação  sobre Bolsonaro e aliados? - BBC News Brasil

Delegado que trabalha com Moraes deu tremenda mancada

Guilherme Amado
Metrópoles

A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) apresentou ao Supremo Tribunal Federal (STF) e à Procuradoria-Geral da República (PGR), neste domingo (18/2), um pedido de punição criminal para o delegado Hiroshi de Araújo Sakaki, da Polícia Federal, que expôs, segundo a OAB, de forma indevida, conversas entre o advogado Ralph Tórtima e seu cliente, que é o empresário acusado de agredir o filho do ministro Alexandre de Moraes no aeroporto de Roma.

As petições da OAB são assinadas pelo presidente nacional da OAB, Beto Simonetti, pelos diretores nacionais e pelos 27 presidentes estaduais da entidade.

TIRAR TOFFOLI – Simonetti e os presidentes estaduais das OABs também querem que o relator do caso, Dias Toffoli, retire do processo e declare nulos para fins processuais os trechos em que o delegado transcreve e exibe prints de conversas entre o advogado e clientes.

“O episódio contém ofensa grave às prerrogativas dos advogados. Por isso, solicitamos ao STF e à PGR providências para assegurar o sigilo das comunicações profissionais, que é protegido pela Constituição”, afirma Simonetti.

Nas petições enviadas ao Supremo e à PGR, a OAB afirma que o delegado encaminhou ao relator do inquérito, ministro Dias Toffoli, peças em que constam “transcrições de diálogos, prints de imagens e de documentos concernentes às comunicações entre o cliente e o seu advogado”.

PROTEGER OS DIREITOS – Simonetti explica que “as prerrogativas da advocacia existem para proteger os direitos e garantias dos cidadãos representados pelos advogados”. Ele diz que “é inaceitável regredir à época em que não havia direitos e liberdades fundamentais. Defender a democracia envolve proteger seus pilares, inclusive as prerrogativas da advocacia”.

Simonetti explica ainda que a solicitação da OAB é para que tanto o STF quanto a PGR apurem o caso para buscar a responsabilização e punição dos responsáveis pelo cometimento do abuso.

Após manifestação da PGR, caberá ao STF definir quais atos e diligências deverão ser tomados.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG –
Esse pessoal que trabalha na força-tarefa de Alexandre de Moraes é igual ao chefe e acha (?) que pode fazer tudo o que bem entender. Quando descobrem a realidade, é tarde de mais e já estão desmoralizados. (C.N.)

Bolsonaro se refugia num comício que não vai atenuar seus embaraços legais

Ciro Nogueira aceita convite de Bolsonaro para assumir Casa Civil

Senador Ciro Nogueira comparece com  toda a sua família

Dora Kramer
Folha

Maior ou menor, qualquer que seja o tamanho da adesão ao ato convocado para o próximo dia 25 por Jair Bolsonaro, a foto estará garantida. Basta que se reduza ou se amplie o foco da lente, lá será visto um amontoado de pessoas prestando apoio ao ex-presidente.

Perfeito para efeito de postagens e reportagens. Mas e daí? É a pergunta que se impõe. Isso partindo-se do pressuposto de que a manifestação será mantida, se daqui até lá os fatos e/ou as contas de chegar sobre custos e benefícios não aconselharem a um recuo.

ALÍVIO PARA MUITOS – Um recuo seria um alívio para políticos que já confirmaram presença apenas porque não poderiam recusar de pronto o convite sem sinalizar oneroso rompimento. Caso do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), quando lhe apresentaram a saia justa para vestir e de outros que ainda hesitam em aderir.

Se confirmado o ato, voltamos à questão da fotografia e sua serventia ante a grave materialidade dos enroscos legais enfrentados por Bolsonaro.

Ele constrangerá meia dúzia de aliados de projeção, reunirá sabe-se lá quantos apoiadores (vamos que sejam milhares) na avenida Paulista, dormirá feliz naquele domingo, mas na segunda-feira acordará ainda enredado na teia de investigações.

CORAGEM DESPERDIÇADA – Valente quando no exercício da Presidência, na posse da estrutura e da imunidade temporária inerentes ao cargo, subia em carros de som para distribuir ofensas a pessoas e pregar contra as instituições. Agora acuado, pede que não se fale mal de ninguém, que não se faça nada além de lhe prestar solidariedade e reverência.

É o último refúgio. Nem diria recurso, porque não é crível que o ministro Alexandre de Moraes e a Polícia Federal se deixem emocionar ou intimidar, seja qual for a quantidade de gente disposta a protestar contra uma alegada “perseguição política”.

O único efeito concreto que o ex-presidente pode obter é piorar sua situação se não resistir à tentação de dar tiros no pé.

É totalmente indefensável e equivocado fazer comparação entre Israel a Hitler

Lula compara massacre em Gaza a genocídio de judeus | Internacional

Lula deu uma da maiores mancadas de sua vida pública

Dora Kramer
Folha

Não podem mais ser vistas como dúbias ou meramente polêmicas as declarações do presidente Luiz Inácio da Silva sobre a guerra entre Israel e o Hamas. A comparação da ação militar israelense em Gaza (sem dúvida exorbitante) ao extermínio de judeus na Segunda Guerra Mundial posiciona o mandatário brasileiro muitos degraus acima na escala da temeridade diplomática.

Assumiu um lado, e da pior maneira na cena mundial, ao receber elogios e agradecimentos do grupo terrorista. Não bastassem a condescendência com ditadores e a concessão do benefício da dúvida a Vladimir Putin na morte de Alexei Navalni, agora mais essa.

FORA DA DIPLOMACIA – É humanamente indefensável e historicamente equivocada a declaração de Lula dizendo o que realmente pensa na Etiópia, sem a moldura de contenção ambígua das falas oficiais preparadas pelo Itamaraty:

“O que está acontecendo na Faixa de Gaza com o povo palestino não existe em nenhum outro momento histórico. Aliás, existiu quando Hitler resolveu matar os judeus”.

Beira a ligeireza o modo como o presidente trata o Holocausto. Hitler não “resolveu” matar judeus e sim executou um projeto de genocídio que dizimou 6 milhões de vidas e traumatizou o mundo em geral, a Alemanha em particular.

IGNORÂNCIA E DESORIENTAÇÃO – Não tendo sido crueldade a motivação, resta a ignorância e a desorientação para explicar o desatino presidencial.

Os danos no plano internacional ainda estão para ser medidos. Com Israel, o tamanho do estrago teve como sinal a anunciada reprimenda ao embaixador brasileiro em Tel Aviv e a firme resposta do chanceler israelense.

No âmbito interno, Lula, que já enfrenta rejeição entre os evangélicos, certamente terá problemas eleitorais com outro importante e influente estrato religioso: a comunidade judaica. A série de manifestações antissemitas do campo aliado ao presidente já vinha sinalizando indisposição para com candidatos de esquerda, seja na eleição municipal de 2024 ou na forma de troco maior na disputa pela reeleição em 2026.

Chico Alencar tenta derrubar decisão do Supremo sobre suspeição de juízes

Injustiça Brasileira: Charges sobre a Justiça Brasileira

Charge do Nani (nanihumor.com)

Gustavo Zucchi
Metrópoles

O deputado Chico Alencar (PSol-RJ) protocolou na sexta-feira (16/2), na Câmara, um projeto de lei para mudar o entendimento do STF sobre a suspeição de juízes em casos que envolvam escritórios de advocacia de cônjuges e parentes de até terceiro grau dos magistrados.

Uma das principais lideranças do PSol, o parlamentar fluminense propõe mudar o Código de Processo Civil para, na prática, proibir juízes de julgarem casos que envolvam clientes de seus parentes, mesmo que esses parentes não sejam os advogados nos processos em análise.

DESPRESTÍGIO – “Esse tipo de acesso privilegiado, que pode ser valiosíssimo em tribunais nos quais tramitam milhares de processos todos os anos, representa um desprestígio à Justiça brasileira, capaz de pôr em xeque a legitimidade de suas decisões”, argumenta Alencar na proposta.

Em outras palavras, o objetivo do projeto é evitar uma espécie de “influência cruzada” de advogados que são parentes de juízes em processos de seus clientes tocados por outros escritórios. A proposta do deputado prevê que a proibição se estenda a parentes de magistrados de até segundo grau.

O projeto protocolado por Alencar contraria a decisão do Supremo Tribunal Federal de agosto de 2023, quando, por 7 votos a 4, a Corte liberou magistrados de todo o Brasil para julgarem processos de clientes de seus parentes comandados por outros escritórios de advocacia.

DECISÃO INDECOROSA – A decisão do STF atendeu pedido da Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB). Votaram a favor da ação da AMB os ministros Gilmar Mendes, Luiz Fux, Kassio Nunes Marques, André Mendonça, Dias Toffoli, Alexandre de Moraes e Cristiano Zanin.

Pelo entendimento ainda vigente da maioria do STF, os juízes estão impedidos de atuar apenas nos casos em que seus cônjuges e parentes de até terceiro grau atuam diretamente como advogados. Nas demais situações, os magistrados não precisam se declarar como suspeitos.

Dos atuais 10 ministros do STF, ao menos seis têm cônjuges ou parentes de até terceiro grau que trabalham em escritórios de advocacia. São eles: Luís Roberto Barroso, Gilmar Mendes, Dias Toffoli, Alexandre de Moraes, Cristiano Zanin e Edson Fachin.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Age acertadamente o deputado Chico Alencar, um político honrado que pretende ver o Brasil evoluindo para melhor, ao invés de continuar involuindo, como está ocorrendo com o Supremo, seus excessos e exotismos. (C.N.)

Lula sepulta possibilidade de o Brasil se tornar uma liderança internacional

Pedido de impeachment de Lula ultrapassa 90 assinaturas na Câmara |  Metrópoles

Lula já foi declarado persona non grata pelos israelenses

Sandra Cohen
g1 Brasília

O presidente Luiz Inácio da Silva enterrou o lugar do Brasil no papel de mediador do conflito no Oriente Médio, que busca com tanta insistência, ao comparar a guerra de Israel contra o Hamas em Gaza com o Holocausto. No Memorial do Holocausto, em Israel, diante de repórteres e ao lado do embaixador brasileiro, Frederico Meyer, o chanceler Israel Katz repreendeu o presidente brasileiro, assegurando que ele não é bem-vindo a Jerusalém.

“Não esqueceremos nem perdoaremos. É um ataque antissemita grave. Em meu nome e em nome dos cidadãos, diga ao presidente Lula que ele é persona non grata em Israel até que se retrate”, disse Katz.

AULA DE HISTÓRIA – A escolha do Memorial Yad Vashem pareceu emblemática para dar uma aula de história ao presidente brasileiro sobre antissemitismo, porque a condenação do Brasil ao uso desproporcional da força por Israel contra a população de Gaza perde a legitimidade na comparação de Netanyahu com as ações de Hitler durante a Segunda Guerra.

As palavras de Lula ressoam a distorção histórica e tiveram um efeito desastroso para a diplomacia brasileira, mas é pouco provável que o presidente Lula não tenha medido o seu efeito.

Ministro israelense diz que palavras de Lula ‘são uma vergonha e uma desgraça’

HAMAS FESTEJA – Estas declarações não ajudam na solução do conflito e só ecoaram positivamente apenas junto ao Hamas. No Telegram, o grupo terrorista classificou as palavras de Lula como uma descrição precisa “do crime sionista, com apoio do governo norte-americano”.

Em dezembro, o presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, foi pelo mesmo caminho. Disse que Benjamin Netanyahu não era diferente de Hitler e comparou os ataques de Israel a Gaza ao tratamento dispensado ao povo judeu pelos nazistas.

“Eles costumavam falar mal de Hitler. Que diferença você tem de Hitler? Eles vão nos fazer sentir falta de Hitler. O que esse Netanyahu está fazendo é menos do que o que Hitler fez? Não é”, afirmou Erdogan, que, no mês anterior já havia classificado a operação de Israel em Gaza como genocídio.

O presidente Lula durante declaração à imprensa em Adis Abeba, na Etiópia — Foto: Reprodução/Canal Gov

OUTRO GENOCIDA – O premiê israelense protestou, lembrando que o presidente turco era a última pessoa que poderia dar uma lição de moralidade a Israel: “Erdogan comete genocídio contra os curdos e detém um recorde mundial de prisão de jornalistas que se opõem ao seu governo.”

A troca de insultos entre Erdogan e Netanyahu afastou os dois países. O Brasil, contudo, não tem, para Israel, o mesmo peso da Turquia. Apesar do esfriamento, Tel Aviv e Ancara ainda mantêm relações, calcadas numa ampla cooperação bilateral em setores de energia, comércio, turismo e segurança.

Mas Erdogan, assim como Lula, foi banido por Israel da posição de interlocutor.

Bolsonaro intimado a depor nesta quinta, dia 22, sobre tentativa de dar um golpe

Humor Político on X: "#ampulheta #bolsonaro #bolsonaropresoamanha #Brasil  #Charge #eleições2022 #JairBolsonaro #nacadeiaem2023 #Tempo  https://t.co/NC6W4w48PH https://t.co/3FBN9lDJ5A" / X

Charge do Lattuff (Brasil 247)

Andréia Sadi e Fábio Santos
g1 Brasília

A Polícia Federal intimou o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) a prestar depoimento no âmbito da investigação que apura tramas golpistas envolvendo membros do governo e militares. Conforme o blog apurou, a previsão é para que o depoimento ocorra na próxima quinta-feira (22).

O advogado Paulo Cunha Bueno, que representa Bolsonaro, confirmou a informação ao blog. A Polícia Federal descobriu, entre outros elementos, vídeo de reunião em que Bolsonaro diz a ministros que não podem esperar o resultado da eleição para agir. Defesa, no entanto, diz que ex-presidente nunca pensou em golpe.

OUTRAS PROVAS – Além da gravação, apreendida no computador de Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, a PF colheu outros elementos que colocam o ex-presidente no centro da trama golpista.

A PF descobriu, por exemplo, a gravação de uma reunião, em julho de 2022, em que Bolsonaro convoca seus ministros para discutir estratégias que evitassem derrota nas eleições. Àquela altura, Bolsonaro prevê que poderia perder a disputa e pede para os ministros acionarem “o plano B”.

Na mesma reunião, um de seus auxiliares mais próximos, general Augusto Heleno, então chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), defende que a “mesa” tinha que ser virada logo, antes do resultado das eleições.

MINUTA DO GOLPE – A PF ainda encontrou, no gabinete de Bolsonaro na sede do PL, um documento com conteúdo golpista, chamado de minuta do golpe, que anunciaria a decretação de um estado de sítio e a imposição da garantia da lei e da ordem no país.

Aliados do ex-presidente, por sua vez, alegam que Bolsonaro não diz especificamente que quer o golpe. Logo após a operação, a defesa do ex-presidente disse que Jair Bolsonaro “jamais compactuou com qualquer movimento que visasse a desconstrução do Estado Democrático de Direito ou as instituições que o pavimentam”.

E alega que transferiu R$ 800 mil para os EUA por ter dúvidas sobre a política e economia do atual governo.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Também devem depor na quinta-feira dois assessores presidenciais – o coronel Marcelo Câmara, envolvido nas fraudes dos carnês de vacinação, e Tércio Arnaud, especialista em informática que comandava o chamado Gabinete do Ódio.
(C.N.)

Relação com Lira não está zerada e a trégua vale até Lula fazer a sua parte

Lula e Arthur Lira se reúnem para tratar da relação entre poderes | Agência  Brasil

Arthur Lira mostrou a Lula quem é que manda na Câmara

Dora Kramer
Folha

“Não subestimem esta Mesa Diretora”, foi o aviso contundente que o presidente da Câmara deu ao governo na reabertura dos trabalhos da Casa, em 5/2. O restante do discurso listou fatos já conhecidos sobre as insatisfações do Parlamento: pagamento de emendas, acordos desfeitos, nomeações emperradas e vetos não digeridos.

Rosário desfiado e repetido quatro dias depois em conversa, em tom mais institucional e menos agressivo, entre Luiz Inácio da Silva (PT) e Arthur Lira (PL) no Palácio da Alvorada. Dali o deputado saiu dizendo que a hostilidade havia sido contornada.

UM ZERO A MAIS – Situação “zerada” segundo ele. Na verdade, um zero a zero mais ou menos, pois a paz duradoura depende de o Planalto cumprir acordos firmados e não insistir em anular decisões do Legislativo. Portanto, não houve um cessar-fogo definitivo. Foi, antes, uma trégua.

Lula segue desconfiado, e Lira continua com o pé atrás diante das versões disseminadas por personagens palacianos de que neste último ano de mandato o presidente da Câmara teria entrado no modo pato manco, seria um comandante com poder desidratado. Detectada a ofensiva para mostrá-lo como fraco, o deputado decidiu exibir-se forte.

Marcou ausências significativas no início do ano e, quando voltou, Arthur Lira foi com tudo para cima de um presidente que na visão dele atuava para desgastá-lo.

É LÍDER, DE FATO – A chama de Lira não está apagada. Tem apoio para eleger um sucessor que siga a mesma toada. Ademais, comanda uma pauta econômica que interessa ao Planalto e da qual não depende a Câmara para investir na formação de uma base capaz de na próxima legislatura impor novas derrotas ao Executivo.

Um jeito de o governo desequilibrar a balança seria vencer a batalha da comunicação mostrando como algumas exigências do Congresso prejudicam a população.

Mas fica difícil agora, porque no começo Lula entregou dedos e anéis, iludido de que teria a força ante um apetite que se mostrou insaciável.