J.R. Guzzo
Estadão
Nunca se viu, na história do Supremo Tribunal Federal, alguém com a capacidade de produção que o ministro Dias Toffoli vem demonstrando nessas últimas semanas. O problema é que ele só tem produzido, em seu atual surto de operosidade, o mesmo tipo de artigo – e esse artigo é um atraso de vida direto na veia.
Trata-se dos direitos especiais de saque contra o Erário Público que o ministro está concedendo, de forma automática, para quem recebe o selo de “minoria protegida” pelo STF. É para lá, levado por alguns milhões de reais em honorários de advogado, e correr para o abraço.
SELO DE TOFFOLI – Se você é uma empreiteira de obras ou um grande frigorífico, acusados de corrupção, por exemplo, ou um sindicato de juízes atrás de dinheiro do Estado, vai ganhar o selo de Toffoli. Daí, como os arcanjos, não precisa mais obedecer a lei.
A doutrina do ministro está custando bilhões de reais para o pagador de impostos – esses mesmos que o governo está desesperado para aumentar, dizendo que precisa fazer “investimentos sociais”.
O último saque determinado por Toffoli custou por volta de R$ 1 bilhão, e foi tão assombroso quanto os que ele já tinha dado para as outras minorias que se encontram sob a proteção do STF.
POBRES JUÍZES… – Os beneficiários são os juízes federais: pediram a ressurreição de um privilégio extinto desde 2006, o “quinquênio”, e o ministro mandou pagar, com argumentos que, em termos de lógica, ficariam mal num jardim de infância.
O “quinquênio” fornece um aumento automático de 5% nos salários a cada cinco anos – um benefício tão incompreensível que foi eliminado por lei. Mas os juízes, segundo Toffoli, não estão sujeitos à lei. Resultado: vai ter juiz recebendo R$ 2 milhões em “atrasados”.
São as “políticas de transferência de renda” que estão valendo no Brasil de hoje.
PRESENTE DE NATAL – Os juízes, na verdade, podem dizer que levaram pouco. Logo antes de lhes dar seu presente, Toffoli dispensou a J&F de pagar mais de R$ 10 bilhões que devia ao Tesouro Nacional – por força do acordo com o Ministério Público Federal, que a livrou, em 2017, de cinco ações penais por corrupção.
O ministro deu uma justificativa sobrenatural para a sua decisão: alegou que não havia “certeza” de que a J&F, na época, queria mesmo assinar o acordo. Queria a cadeia, então, e foi forçada a aceitar a multa? Na dúvida, não há nenhuma das duas coisas – nem a multa e nem a cadeia.
Antes disso, Toffoli declarou nulas as provas materiais contra a Odebrecht, incluindo confissões de culpa e devolução de dinheiro roubado – o que vai render para a empreiteira as mesmas bênçãos dadas à J&F. Há, em algum país do mundo, algo assim – um Toffoli e um STF? Não há. Isso é puro Brasil.
E ainda vão ter aqui os faxineiros sêniores, seguidores de Miriam Leitão, entre uma passada de pano e outra, para falarem que isso é muito bom para o Brasil…
O texto, na minha visão, tangencia a questão.
Ele desconhece que, se o governo atual está gostando e/ou apoiando medidas assim, o anterior se escondeu para não atacar o problema!
Continuar dizendo que o STF é assim e seus ministros são assados, é nada!
Tudo teria se regularizado se a “Lava-toga” tivesse existido. Quem a destruiu? Por que a destruiu?
Quem pode mexer nos ministros do STF? Eu sei. Os senadores sabem?
Fallavena
Maravilha de comentário senhor Fallavena.
Feliz Ano Novo.
Prezado José
Retribuo seus votos. Muita saúde e que possamos construir pontes de soluções, pelas estradas de nosso país!
FRallavena
Senhor Antonio Fallavena , portanto essa balbúrdia criminosa cometida pelos juízes do STF , são alimentadas pelos próprios congressistas , pois é a lei da reciprocidade criminosa entre as partes .
Prezado José Carlos
É isto mesmo!
Um grande clube de sacanagens e vantagens, para o grupo dos grupos!
Quando muitos brasileiros enxergarem isto (e se isto acontecer), estaremos iniciando o processo da construção de nosso país!
Trabalhar harmonicamente, como prega (sem prego) nossa “carta magna”, não é fazer negociatas!
Visão aberta, conhecimentos, entendimento e independente de “liderecos”, é o que precisamos que milhões de brasileiros assumam!
Fallavena
Que bobagens. O STF não é o problema maior. Mas a miopia ou esperteza reinantes usam e abusam do expediente de atacar a corte maior para esconder problemas muito maiores.
Senhor José Vidal , o que esta imperando no Brasil é a ” lei da reciprocidade ” criminosa entre as partes , STF , Congressistas e Executivo , ou seja , a criminalidade institucional se autoalimenta através desses entes do Estado Nacional .
Prezado José Carlos
Correto!
Não há como deixar-se de indicar os poderes como responsáveis por tudo e em conjunto, e cada um deve ser cobrado para que alcancemos correção dos nossos problemas!
O que acontece é que “os rabos estão amarrados entre todos”!
Um não ataca o outro a ponto de responsabilizá-lo. Se o fizer, vai ser ferrado. Não podemos esquecer que, mesmo antes de assumir, Bolsonaro rasgou compromissos pela questão dos “rabos amarrados entre si”!
Lamentavelmente, mais de 90% dos brasileirinhos, não conseguem enxergar uma bomba diante de seus olhos.
Fallavena
Bolsonaro , tentou passar a perna e engolir seus novos comparsas ao assumir o mandato , mas caiu do cavalo e transformou-se em refém de todos eles , por isso o mantiveram no cargo , a despeito de seus crimes cometidos ao longo de todo seu mandato .