Votos dos evangélicos garantem a vitória da direita em 2026, diz Coppolla

DCaio Coppolla: Ainda ha quem defenda o PTeu na CNN

Os evangélicos terão um impacto decisivo na vitória da direita em 2026, afirmou o comentarista Caio Coppolla no programa O Grande Debate desta quinta-feira, na CNN Brasil.

“O censo estima que 1/4 dos eleitores professem a fé evangélica, mas há projeções que já chegam à casa de 30% do eleitorado brasileiro composto por evangélicos”, disse.

MARCHA PARA JESUS – No domingo passado, a Marcha para Jesus de 2025 reuniu o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), e parte dos seus aliados, além do advogado-geral da União (AGU), Jorge Messias, que representou o governo Lula no encontro.

“É natural que os evangélicos repudiem aqueles que eles identifiquem como grandes corruptos, mentirosos inveterados, pecadores impenitentes e votem de acordo com a sua consciência e filosofia moral”, opinou Coppolla.

“A Bíblia repudia aquele que tira dos necessitados: ‘não explorem os pobres por serem pobres’, alerta o livro de Provérbios (22:22)”, disse o cientista político.

###
NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Coppolla tem toda razão. Depois da hegemonia da esquerda, iniciada em 2002, vem aí o predomínio da direita, com apoio maciço dos eleitores evangélicos. É a alternância no poder, uma das características do regime democrático. (C.N.)

Partidos também devem ser responsáveis pela melhor gestão das contas públicas

Pec Kamikaze estoura contas públicas | Charges | O Liberal

Charge do J.Bosco (O Liberal)

Carlos Pereira
Estadão

Faz sentido esperar comportamento responsável de partidos políticos em regimes presidencialistas? Como consequência da iminente derrota no Legislativo do decreto presidencial que aumenta o IOF, os partidos políticos brasileiros têm sido convocados pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e por alguns analistas políticos, a compartilhar a responsabilidade pelo equilíbrio fiscal diante da resistência do Congresso em aprovar o aumento de impostos.

Assim, a existência de partidos ideologicamente opacos e não envolvidos nas “grandes questões nacionais” seria uma consequência estrutural do presidencialismo

INTERFERÊNCIAS – No livro “Presidents, Parties, and Prime Ministers: How the Separation of Powers Affects Party Organization and Behavior”, os cientistas políticos David Samuels e Matthew Shugart argumentam que o sistema de governo interfere diretamente na forma de organização dos partidos e no próprio sistema partidário.

Para os autores, a separação de poderes — característica dos regimes presidencialistas — tende a gerar partidos nacionais, porém programaticamente frágeis e ideologicamente difusos.

Ou seja, a existência de partidos ideologicamente opacos e não responsivos a “grandes questões nacionais” e de perfil universal, como o equilíbrio fiscal, não é uma “anomalia” exclusivamente brasileira, mas sim uma consequência estrutural do presidencialismo.

NO PRESIDENCIALISMO – Destaque-se que, nos regimes presidencialistas, a responsabilidade por políticas universais nunca recai sobre os partidos ou sobre o Legislativo. Ela sempre será atribuída ao presidente.

Apesar de o presidencialismo não favorecer naturalmente partidos coesos e responsáveis, isso não significa que reformas institucionais não possam produzir efeitos virtuosos.

 As mudanças aprovadas em 2017 — especialmente a cláusula de desempenho, o fim das coligações proporcionais e o financiamento público de campanha — alteraram profundamente os incentivos do sistema partidário.

MAIS RESPONSABILIDADE – Legisladores antes conhecidos por seu comportamento errático e descolado das diretrizes partidárias passaram a se alinhar mais frequentemente às orientações de suas lideranças.

Esse realinhamento não foi resultado de um súbito despertar ideológico, de um compromisso renovado com o bem comum ou de maior clareza programática. Foi sobrevivência! A reforma encurtou o espaço de manobra dos chamados “indisciplinados”, forçando sua migração para partidos maiores e mais disciplinados.

Líderes partidários, por sua vez, ganharam mais poder para impor disciplina ao condicionar a alocação de recursos de campanha e de posições de poder dentro do legislativo ao comportamento leal.

SOBREVIVÊNCIA – A lealdade partidária se tornou uma estratégia racional de sobrevivência eleitoral — e não uma manifestação de responsabilidade programática.

Portanto, embora ainda seja prematuro falar em partidos plenamente “responsáveis” no sentido parlamentarista do termo, os partidos brasileiros demonstraram uma capacidade rara: a de se autorreformar para preservar sua relevância institucional.

A estabilidade recente do sistema político brasileiro não foi conquistada nas urnas ou nas ruas — mas sim no silêncio das reformas aprovadas pelo próprio Congresso. A mudança veio menos do clamor popular e mais da engenharia institucional dos próprios partidos.

Futebol brasileiro desperta do marasmo e dá show na Copa do Mundo de Clubes

Flamengo domina o Chelsea e vence de virada no Mundial

Bruno Henrique dá muita velocidade ao time do Flamengo

Vicente Limongi Netto

Times brasileiros na Copa do Mundo de Clubes estão mostrando, na prática, que também sabem jogar com adversários até mais fortes. Palmeiras, Fluminense, Botafogo e Flamengo estão derrubando previsões pessimistas e desabonadoras. Calando a boca inclusive daqueles chamados analistas que arrotam conhecimento, sem nunca terem jogado nem pedra em vidraça. Agora estão com o rabinho entre as pernas também os berradores fantasiados de narradores.

No Flamengo, o meia Gerson foi um monstro em campo. Bom para Ancelotti e para a seleção. Nossos jogadores estão nos cascos. Antes do jogo do Botafogo com o PSG, os afro-franceses mostravam os dentes com sorrisos marotos, não levando fé no querido alvinegro carioca.

FAZENDO BONITO – O Botafogo foi gigante. Não se importou com a grandeza e fama do PSG, que vinha de três goleadas sem tomar nenhum gol. O alvinegro venceu com personalidade. O fato é que os times brasileiros estão fazendo bonito na Copa do Mundo de Clubes. Botafogo jogou com brio e raça. Espelhou-se no Fluminense, que também estreou encarando poderoso clube alemão.

 O céu vibrou, com a torcida de eternos gênios que honraram a camisa alvinegra, Nilton Santos, Manga, Amarildo, Didi, Zagalo, Gerson e Garrincha. Amigos de fé, mais antigos e atentos, como o general Agenor Francisco Homem de Carvalho, também lembram, destacam e homenageiam o botafoguense Heleno de Freitas.  

Flamengo colocou em campo atletas mais jovens, fazendo da força física um valioso instrumento para a vitória. Espera-se que o Fluminense também faça bom jogo amanhã.  Moral do Flamengo passa energia boa aos atletas de Renato Gaúcho.

Lula ultrapassado por um futuro condenado por golpe é muita humilhação

Eleições 2022: quais são as propostas de Lula e Bolsonaro? - BBC News Brasil

Qualquer candidato que Bolsonaro indicar consegue vencer Lula?

Fabiano Lana
Estadão

Expectativa: Consagrado internamente, o presidente Lula chega ao encontro do G7 esta semana no Canadá como um grande jogador capaz de influenciar os rumos do atual conflito no Oriente Médio entre Israel e Irã. Realidade: Com baixa popularidade, o presidente fará mais uma viagem internacional como um líder café-com-leite, sem grande importância estratégica para os demais, acuado por um Congresso que não quer aprovar seu pacote fiscal, e ameaçado nas pesquisas por qualquer um que seu maior adversário político – um notório golpista, prestes a ser preso – queira apoiar.

Uma teoria é que Lula não ganhou em 2022, mas Bolsonaro perdeu para si mesmo. Agora podemos inverter. Se a tendência continuar, qualquer político – mesmo pouco conhecido – que apareça nas cartelas de pesquisa, pode vencer o atual presidente.

É CONSTRANGEDOR – Isso deve ser bastante constrangedor para os ocupantes do Palácio do Planalto. E nem dizer que não se acredita mais em pesquisas tem sido possível – pois esse tipo de comportamento avestruz ficou ligado ao bolsonarismo.

Essa situação de fato humilhante ainda possui um tempero que intriga: os índices da economia brasileira não estão de mal a pior, ao contrário. A taxa de desemprego está entre as melhores da história. A renda das famílias encontra-se em elevação. A inflação deu um suspiro. O PIB cresceu mais de 3%. O déficit público segue a ameaçar todas as conquistas citadas, mas não é algo que a população sinta neste momento.

Nesta conjuntura, querem apontar o dedo em direção ao culpado para o principal suspeito de sempre: a comunicação. O ministro responsável pela área, Sidônio Palmeira, poderia alegar que algumas intercorrências, como a crise do INSS ou o problema da taxação do Pix, interromperam uma recuperação virtuosa. Que o governo é vítima das fake news, dos algoritmos manipulados das grandes empresas de tecnologia.

POVO MANIPULADO? – Daí que a resposta para o baixo apoio é tão simples? Ou seja, o brasileiro, que se beneficia da melhora dos índices, não consegue aprovar o governo devido à enxurrada de mentiras que recebe no celular? Será que, como povo, somos tão manipuláveis? A depender de certas pessoas que apoiam o petismo, sim.

Um Congresso autônomo, com forte controle sobre suas emendas e com ideologia diversa da praticada pelo governo, é de fato um agravante. Mesmo assim não é possível apostar em análises ingênuas e superficiais.

Não seria melhor imaginar que, de alguma maneira, Lula e o petismo estão se tornando um produto político anacrônico, pouco aderente às demandas da sociedade atual?

DISCURSOS ANACRÔNICOS – Ou que o discurso de um Estado forte a auxiliar diretamente um gigantesco contingente que não consegue arrumar emprego ficou de alguma maneira anacrônico?

É possível que, pouco a pouco, o brasileiro tenha se tornado mais liberal no sentido de que o que vale precisa ser conquistado como fruto de seu próprio trabalho, e não de eventuais bolsas e auxílios? Valeria a pena estudar a hipótese antes de culpar big techs, a “extrema-direita” ou o setor financeiro pela má-fase.

Do ponto de vista da imagem, é evidente que o “produto” Lula cansou. Os longos discursos nos quais o presidente anda de um lado para outro, em geral, se elogiando, se dizendo predestinado, atacando os adversários, parece que cansaram a plateia.  

COMENDO POEIRA – Disso só vai sobrar um corte feito por algum não simpatizante com alguma sequência de frases comprometedoras. Esse vídeo que prejudica Lula irá rodar nos grupos de WhatsApp com uma repercussão que vai deixar a comunicação oficial comendo poeira.

Um efeito das redes sociais foi o fim de certa hegemonia discursiva da esquerda no Brasil. Antes, o apoio do PT nas universidades, entre os intelectuais, entre os artistas de elite, eram bastante decisivos. Hoje, esse pessoal pode ser eclipsado por um “reaça”, antes anônimo das redes, com mais seguidores do que todos somados a reagir com agressividade contra qualquer ação do petismo. Controlar as redes não vai solucionar a questão.

Lula pode se recuperar? Sim. Já saiu de situações muito mais difíceis na vida. Mas a diferença é que a cada dia ele próprio e seu grupo político parecem se encontrar desadaptados com os valores da sociedade. Não serão apenas mudanças cosméticas que farão o jogo virar.

Lula não reage à irresponsabilidade do Congresso nem tenta se defender 

Charge publicada em GZH e Zero Hora. #charge #desenhodeimprensa  #fragadesenhos #humor #popularidade #governo #lula #lula3 #governolula

Charge do Fraga (Gaúcha/Zero Hora)

Dora Kramer
Folha

A situação anda tão disfuncional que o presidente Lula (PT) perde até quando tem razão. No caso dos vetos derrubados e outros postos em negociação pelo Congresso que em poucos dias impôs duas vezes prazos ao governo, a boa prática recomendava a manutenção dos atos presidenciais.

Venceram, contudo, os lobbies ligados ao setor de energia aliados à sanha de infligir derrotas em série ao Planalto. Isso ao custo de prejuízos aos consumidores e a poder de completa irresponsabilidade social.

DIVIDENDOS POLÍTICOS – As contas de luz ficarão mais caras, o fundo eleitoral cresce em milhões de reais, mas aos parlamentares só importou a ideia de que daquela demonstração de força poderiam extrair dividendos políticos decorrentes de mais uma evidência da fragilidade do Executivo frente ao Legislativo.

O desequilíbrio, de fato, é patente, mas o mau passo do Congresso seria uma oportunidade de o governo tentar reequilibrar a balança expondo à sociedade a falsidade contida na cobrança por austeridade na condução de políticas públicas.

A chance parece perdida por falta de reação imediata. O presidente da República estava em reunião do G7 onde sua presença era dispensável, o ministro da Fazenda em férias e os líderes no Parlamento desnorteados.

RUI E GLEISI – Tivemos também os ministros da Casa Civil, Rui Costa, e das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, acorrendo a Davi Alcolumbre para, acuados, rezar mais uma vez no altar do presidente do Senado.

Como resposta, o governo apresenta a possibilidade de correção em futura medida provisória, cujo destino, contudo, estará da mesma forma submetido à dinâmica do vale tudo por um nocaute.

A incapacidade de agir para tentar conquistar o apoio da população decorre da seguinte realidade: Lula não tem força para se indispor com o Congresso nem cacife para enfrentar os grupos de interesse ali representados. Ademais, falta ao presidente disposição para corrigir o que anda errado no seu rumo e sobra-lhe a equivocada convicção de que está no caminho certo.

A democracia sob escuta: os riscos revelados pela Abin paralela

Bolsonaro passa mal, cancela agenda política em Goiás e retorna a Brasília

Indisposição de Jair Bolsonaro em evento levanta preocupações de saúde

Jair Bolsonaro revela que vomita “dez vezes por dia”

Hugo Henud
Estadão

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) cancelou nesta sexta-feira, 20, a agenda oficial que teria em Goiás após passar mal durante um evento em Goiânia, capital do Estado. A informação foi confirmada por meio de comunicado publicado nas redes sociais do prefeito de Anápolis, Márcio Corrêa (PL), cidade onde Bolsonaro tinha participação prevista.

No comunicado, o prefeito informou que Bolsonaro foi levado de volta a Brasília, sem dar maiores detalhes sobre o estado de saúde do ex-presidente. Interlocutores de Bolsonaro, porém, afirmam que ele está bem e ficará em sua residência na capital federal.

SAÚDE FRÁGIL – O ex-presidente da República Jair Messias Bolsonaro tem passado mal com frequência e passou por várias cirurgias de alto risco nos últimos anos

Na quinta-feira, ao receber uma homenagem na Câmara de Aparecida de Goiânia, Bolsonaro já havia reclamado de problemas estomacais após um arroto fazê-lo interromper o discurso: “Desculpe aqui porque eu estou muito mal. Eu vomito 10 vezes por dia, talvez. Talvez desce a primeira daqui há pouco aí”, afirmou.

O ex-presidente esteve em Goiás na quinta-feira, 19, para uma reunião reservada com o governador Ronaldo Caiado (União Brasil), no Palácio das Esmeraldas, em Goiânia. O encontro ocorreu em meio às movimentações políticas para as eleições de 2026, nas quais Caiado já anunciou sua pré-candidatura ao Palácio do Planalto e desponta como um dos principais nomes da direita, ao lado do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), do governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), e do governador do Paraná, Ratinho Júnior (PSD).

ALTERNATIVA DE DIREITA – Como mostrou o Estadão, Caiado busca se posicionar como uma alternativa da direita ao ex-presidente Jair Bolsonaro, que está inelegível.

Em abril, Jair Bolsonaro passou por sua sexta cirurgia relacionada às sequelas da facada sofrida em Juiz de Fora, em 2018, durante a campanha presidencial. O procedimento, realizado em Brasília, durou cerca de 12 horas e foi necessário para tratar obstruções intestinais e reconstruir a parede abdominal. O ex-presidente permaneceu internado por 21 dias, incluindo grande parte do período na UTI.

O atentado causou graves lesões, com perfurações no intestino e hemorragia, o que exigiu múltiplas cirurgias de emergência na época. Desde então, Bolsonaro enfrenta uma série de complicações intestinais que já o levaram a diversas internações ao longo dos anos.

###
NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
O que é o destino… Os dois principais candidatos – Lula e Bolsonaro – estão com a data de validade vencida, sem condições de saúde para exercer a Presidência. Lula, pela idade avançada, e Bolsonaro, pelo problema de sempre, que ele na verdade jamais tratou como doença. (C.N.)

Adelino Moreira e a eternidade de sua cativante obra romântica e boêmia 

Adelino Moreira – Brazilliance

Adelino era um compositor muito famoso

Paulo Peres
Poemas e Canções

O compositor luso-brasileiro Adelino Moreira de Castro (1918-2002) tem como seu maior sucesso “A Volta do Boêmio”,  cuja letra revela a compreensão, o consolo e a alegria de uma mulher ao entender a vida boêmia de seu amado. Este samba-canção foi gravado,  primeiramente, por Nélson Gonçalves, em 1956, pela RCA Victor, e faz sucesso até hoje.

 A VOLTA DO BOÊMIO
Adelino Moreira

Boemia, aqui me tens de regresso
e suplicante te peço
a minha nova inscrição

Voltei, pra rever os amigos que um dia
eu deixei a chorar de alegria,
me acompanha o meu violão

Boemia, sabendo que andei distante
sei que essa gente falante
vai agora ironizar

Ele voltou, o boêmio voltou novamente
partiu daqui tão contente
por que razão quer voltar?

Acontece, que a mulher que floriu meu caminho
de ternura, meiguice e carinho,
sendo a vida do meu coração

Compreendeu, e abraçou-me dizendo a sorrir:
meu amor você pode partir,
não esqueça o seu violão

Vá rever os seus rios, seus montes, cascatas,
vá sonhar em novas serenatas
e abraçar seus amigos leais

Vá embora, pois me resta o consolo e a alegria
de saber que depois da boemia
é de mim que você gosta mais

Netanyahu usa a “euforia” em Israel para se manter ilegalmente no poder

Foto: AFP

Netanyahu expande a guerra para ter mais apoio popular

Wálter Maierovitch
do UOL

Pelas ruas de Israel existe uma contagiante alegria. Isso porque acredita-se que o premiê Bibi Netanyahu tenha eliminado o perigo nuclear iraniano com as ações bélicas dos últimos cinco dias. Fala-se por toda parte de Jerusalém que era iminente o risco destrutivo representado pela teocracia dos aiatolás iranianos.

Há pouco, o ex-premiê e antigo ministro da Defesa de Israel, Ehud Barak, criticou o clima de euforia criado por Netanyahu. “A atmosfera eufórica nas ruas, nos telejornais e nas declarações do primeiro-ministro, segundo as quais a ameaça nuclear iraniana terminou, é prematura e distante da realidade”, disse.

AINDA HÁ AMEAÇA – Para Ehud Barak, permanece a ameaça de o Irã, a qualquer momento, poder explodir um artefato nuclear em alguma parte do deserto para demonstrar a sua capacidade.

Além de aparentemente exagerada, a euforia dos israelenses não está sendo capaz também de amenizar a imagem de “pária internacional” que ganhou Netanyahu. Mais ainda, de o seu premiê eliminar crianças, idosos e civis inocentes na Faixa de Gaza.

Enquanto Bibi usa uma poderosa máquina de propaganda ufanista, no sentido de difundir que está salvando os iranianos da tirania dos aiatolás, uma pergunta deve ser feita: como ficam os princípios da autodeterminação dos povos e a escolha soberana dos persas?

CRIMES DE GUERRA – Basta ter olhos para ver que aumentou o antissemitismo no planeta, em face do governo Netanyahu. Ele não soube combater, nos limites estabelecidos pela legítima defesa, o terrorismo do Hamas. Pelo excesso, consumou crimes de guerra e delitos contra a humanidade.

Bibi visto como herói é algo inadmissível à luz do Direito, ainda que o expansionista Irã financie o terrorismo internacional e descumpra acordos nucleares.

O Irã, na verdade, é também um “estado pária” que viola direitos humanos e usa a sua “polícia dos costumes” para tirar a liberdade de expressão e calar os jovens.

Selic a 15%: o preço do dinheiro e as contradições da política monetária

“Nova tática” eleitoral dificilmente supera o cansaço em relação a Lula

LULA VOLTA AO TRABALHO DEPOIS DO TOMBO, ENQUANTO A OPOSIÇÃO PREPARA UM NOVO  PEDIDO DE IMPEACHMENT - Jônatas Charges - Política Dinâmica

Charge do Jônatas (Arquivo Google)

William Waack
Estadão

O público-alvo são as faixas de renda de até dois salários mínimos, nas quais Lula costumava manter sólida vantagem eleitoral sobretudo no Nordeste. É nesse segmento que políticas de assistência social têm funcionado menos, mas é onde se espera que a tática do “ricos contra pobres” produza algum tipo de galvanização.

Ocorre que o grande problema é exatamente o eixo central em torno do qual tudo gira: Lula. É impossível para os estrategistas no Planalto admitirem que na erosão estrutural da imagem do presidente reside seu maior obstáculo. O que se cristaliza em largas parcelas do eleitorado é a percepção de um governo inoperante, sem liderança efetiva, sem uma mensagem clara.

MAIS LULA Empenhado agora em ampliar a exposição de Lula, o que equivale a insistir numa tática que as pesquisas demonstram não estar funcionando – Lula aumentou o tempo de palanque, mas os números a favor não subiram.

É insistir no enredo e formato da época em que uma novela parava o País, quando agora o “streaming” está substituindo a novela – também nas faixas mais pobres.

É difuso, porém extraordinariamente poderoso, o tipo de sentimento que está se sedimentando em relação a Lula e seu governo. Chama-se cansaço. Para combate-lo estão vestindo o velho personagem com as roupas empoeiradas de antigamente. Até isso cansa.

A “fórmula mágica” adotada pelo Planalto para manter esperanças de vitória em 2026 é basicamente retornar ao Lula do “rico contra os pobres” de uns 30 anos atrás. É quando ele perdia eleições.

MUITO DESGASTE – Implícita nessa postura está a constatação, também dentro do Planalto, de que o “simples” assistencialismo não funciona mais como fábrica de votos. Daí a “pegada” mais agressiva, abraçada também pelo ministro da Fazenda – que está devolvendo ao “mercado” o aberto desprezo com que vem sendo tratado nos bastidores.

Assim, em vez de “luta de classes”, fala-se em “justiça fiscal” para explicar aumento de impostos para empresas e classe média” – de onde se pretende extrair os tapa buracos no orçamento público causados pela política fiscal irresponsável (aliás, não só do Executivo). Afinal, são “ricos”, então paguem. E, se estão reclamando, é porque nós (o governo) estamos fazendo a coisa certa.

CONTA DE LUZ – Uma medida de caráter descaradamente populista, como baixar a conta de luz para uma faixa encarecendo para outra, sai envernizado de “faremos os ricos pagarem as contas dos pobres”. Esse tom transparece nas falas de Lula na recente reunião do G-7, descrito como uma espécie de “clube dos ricos” em contraste com o G-20, que tem ali um certo número de países “pobres”.

O público-alvo são as faixas de renda de até dois salários mínimos, nas quais Lula costumava manter sólida vantagem eleitoral sobretudo no Nordeste. É nesse segmento que políticas de assistência social têm funcionado menos, mas é onde se espera que a tática do “ricos contra pobres” produza algum tipo de galvanização.

Ocorre que o grande problema é exatamente o eixo central em torno do qual tudo gira: Lula. É impossível para os estrategistas no Planalto admitirem que na erosão estrutural da imagem do presidente reside seu maior obstáculo. O que se cristaliza em largas parcelas do eleitorado é a percepção de um governo inoperante, sem liderança efetiva, sem uma mensagem clara.

É difuso porém extraordinariamente poderoso o tipo de sentimento que está se sedimentando em relação a Lula e seu governo. Chama-se cansaço. Para combatê-lo estão vestindo o velho personagem com as roupas empoeiradas de antigamente. Até isso cansa.

Se parece censura, nada como censura e grasna como censura, então é censura

Charge sobre censura - Donny Silva

Charge do Nani (nanihumor.com)

Lygia Maria
Folha

O STF formou maioria para tornar inconstitucional o artigo 19 do Marco Civil da Internet. Os membros da Corte ainda definirão quais conteúdos precisam ser retirados do ar pelas plataformas após notificação de usuários (sem necessidade de ordem judicial) —atualmente, isso se dá com violação direitos autorais e imagens de nudez não consentidas. Se não removerem, as empresas correm risco de punição.

Tais conteúdos podem incluir crimes contra a honra e o vago ataque ao Estado democrático de Direito. São condutas subjetivas, que exigem julgamento criterioso, com apresentação de provas e direito ao contraditório.

INCONVENIENTES – Essa invasão do Supremo na seara do Legislativo promove insegurança jurídica e incita censura generalizada por parte das plataformas, que tentarão evitar a responsabilização a todo custo. Basta ver como o Judiciário lida com a liberdade de expressão.

Neste mês, o STJ condenou jornalistas e a revista IstoÉ a pagarem R$ 150 mil por danos morais ao ministro Gilmar Mendes, do STF, devido a uma reportagem de 2017. Segundo a decisão estapafúrdia, o texto era muito irônico.

Outro ponto de preocupação no julgamento do artigo 19 é a escolha do órgão que fiscalizará a remoção de conteúdo. Sobre o tema, Gilmar se referiu a uma frase do ditador chinês Deng Xiaoping: “a cor do gato não importa, o importante é que ele cace o rato”.

A COR É CRUCIAL – Mas, no caso, a cor do gato é crucial. Uma entidade do Executivo federal, sem formato colegiado, seria temerária e é típica de ditaduras.

O ministro já sugeriu antes que a tarefa poderia ficar a cargo da Autoridade Nacional de Proteção de Dados, uma autarquia ligada ao Ministério da Justiça que fiscaliza o cumprimento da Lei Geral de Proteção de Dados —manipulada nos últimos anos para minar a Lei de Acesso à Informação, que garante a transparência de dados públicos.

Assim, o provérbio mais adequado para a bagunça criada pelo STF seria “se parece com um pato, nada como um pato e grasna como um pato, então é um pato”. Ou seja, se parece com censura, nada como censura e grasna como censura, então é censura.

Ações na Tríplice Fronteira envolvem até o Hezbollah e a facção PCC

A Polícia Federal prendeu em novembro de 2023 três pessoas que teriam  ligações com o grupo libanês Hezbollah Há anos, autoridades brasileiras  investigam possível ligação do Hezbollah com PCC na Tríplice Fronteira:Allan Santos
Timeline

O que parecia há uma década apenas uma hipótese levantada por analistas de contraterrorismo internacionais hoje se confirma com força e consistência: o grupo terrorista libanês Hezbollah e a facção criminosa brasileira Primeiro Comando da Capital (PCC) estabeleceram uma aliança funcional na Tríplice Fronteira entre Brasil, Argentina e Paraguai.

A relação envolve não apenas logística de contrabando e tráfico de entorpecentes, mas também proteção carcerária, financiamento do terrorismo e fornecimento de armas com possível origem iraniana.

COISA ANTIGA – Nos últimos meses, documentos da Polícia Federal, do Ministério Público Federal, de agências de segurança dos Estados Unidos e de organismos internacionais como a Fundação para a Defesa das Democracias (FDD) vieram a público para confirmar o que já era conhecido nos bastidores da inteligência: o Hezbollah opera no Brasil desde os anos 1980, infiltrado na comunidade libanesa de Foz do Iguaçu, e desde os anos 2000 mantém vínculos comerciais e logísticos com o PCC.

Segundo matéria publicada pela Gazeta do Povo, o Hezbollah já atua no contrabando de cigarros, tráfico de armas e movimentação de cocaína para fora do Brasil. A reportagem afirma:

“Para intensificar suas ações criminosas, o Hezbollah começou a fazer parcerias com facções criminosas brasileiras a partir dos anos 2000”.

TUDO DOMINADO – O grupo utiliza rotas dominadas pelo PCC para enviar drogas aos portos de Santos e Paranaguá e, em contrapartida, fornece armas leves de origem estrangeira, além de oferecer contatos logísticos no Oriente Médio e África.

Em 2023, a Operação Trapiche da Polícia Federal desarticulou uma célula do Hezbollah com atuação direta em São Paulo e no Rio de Janeiro. Os presos estavam mapeando sinagogas e centros judaicos, e buscavam recrutar brasileiros para uma rede terrorista.

Embora o governo brasileiro tenha se recusado a classificar oficialmente o Hezbollah como organização terrorista, o Ministério Público Federal confirmou que as movimentações financeiras investigadas envolviam recursos destinados ao Líbano.

PRISÃO DE TERRORISTAS – Além disso, a Operação Sem Fronteiras, realizada em 2020 com cooperação de autoridades da Argentina, Paraguai, Chile, EUA e Romênia, resultou na prisão e extradição de três membros do Hezbollah acusados de financiar o grupo com dinheiro proveniente do tráfico de cocaína.

“O Hezbollah precisa do PCC para operar no Brasil. E o PCC se beneficia da rede internacional e do acesso a armas que o Hezbollah possui. Essa é uma aliança pragmática, mas com implicações estratégicas graves para a segurança nacional”, afirma o delegado da PF Marco Smith, citado pela Gazeta.

A Lei Antiterrorismo de 2016 (Lei nº 13.260) não tem sido aplicada nesses casos. Segundo o pesquisador Diorgeres de Assis Victório, a legislação é tecnicamente falha e insuficiente para enquadrar casos de terrorismo não motivados por xenofobia ou preconceito étnico-religioso — o que, na prática, torna o Brasil um país permissivo para operações encobertas.

FALTA O BRASIL – Enquanto Argentina e Paraguai já classificam formalmente o Hezbollah como organização terrorista, o Brasil continua sem posicionamento claro. O silêncio do Ministério da Justiça e Segurança Pública diante da crescente presença do Hezbollah no Cone Sul e dos alertas da inteligência internacional reforça o temor de que o país esteja se tornando um elo vulnerável na arquitetura da segurança ocidental.

OUTRO RISCO -Mais grave ainda é a possibilidade — levantada por fontes da comunidade de inteligência americana — de que, com a morte do líder do Hezbollah, Hassan Nasrallah, em ataque aéreo israelense em setembro de 2024, sobreviventes da cúpula terrorista busquem refúgio em território latino-americano.

Autoridades de segurança da Argentina e do Paraguai já elevaram o nível de alerta. O Brasil, por ora, permanece em silêncio.

Não se trata de uma conspiração. Trata-se de uma realidade documentada. A Tríplice Fronteira tornou-se um dos centros de financiamento do terrorismo internacional e o Estado brasileiro, por conveniência ideológica ou fragilidade institucional, permanece omisso.

(Artigo enviado por Mário Assis Causanilhas)

No STF, até ministro aposentado terá segurança 24 horas, pelo resto da vida 

EQUIPE DE AGENTES DA POLÍCIA JUDICIAL DO STF E DA BAHIA ATUA EM MISSÃO DE SEGURANÇA E ESCOLTA DO MINISTRO BARROSO - AGEPOLJUS

Dias Toffoli (terceiro, à direita) posou com alguns seguranças

Vicente Limongi Netto

À triste quadra de dificuldades, dramas e tragédias de todos os níveis e tamanhos, diariamente humilhando o Brasil e os brasileiros, juntam-se agora a notável e justa decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) determinando que todos os encantadores ministros da Suprema Corte, inclusive os aposentados, passem a ter direito vitalício a esquema de segurança.

A formidável decisão trouxe alívio para a maioria dos atuais ministros do STF. Que até então, coitados, evitavam ir sozinhos, como qualquer mortal, na padaria, praia, shopping, estádio de futebol, cinema, sorveteria, ou viajar de avião, sob pena de serem apedrejados por populares. Ou, no mínimo, ouvirem aquele carinhoso palavrão maternal muito conhecido dos árbitros de futebol.

CHUVAS NO SUL – Rastros de agonias crescem com escombros. Garras do desespero secam as lágrimas dos obreiros gaúchos. Chuvas e enchentes fortes voltaram a causar sofrimento e tristeza em cidades do Rio Grande do Sul. Algumas pessoas morreram, centenas de famílias estão morando em abrigos, o que dilacera e esmaga a felicidade de famílias inteiras.

A teimosa esperança pela vida esmaga a raiva. Penaliza sorrisos. O frio espanta o choro. Travo soluços.  A tensão coletiva não sai da alma. Permanece doendo nos ossos. Dias e noites surgem tristes. Ninguém prega o olho.

O quadro avassalador de tragédias se multiplica. Insiste em voltar.  Humilha o céu. Ninguém sabe quando o sofrimento vai acabar. Continuam a fibra e o ânimo para ajudar os necessitados que perderam tudo. A energia vem de Deus. Ganharia saudável alívio caso São Pedro puxasse as orelhas das açodadas chuvas.

PICARETA –   Lula realmente chegou ao fundo do poço. Picareta, intruso e ridículo papel, no grupo dos 7 países mais ricos, depois da patética aula de ginástica artística que deu ao presidente Macron, em Paris, exibindo aquele barrigão de come-se e bebe-se demais da conta.

Cada dia que passa Lula fica mais desmoralizado aos olhos do Brasil e do mundo.

Em fim de carreira, Lula se transforma num tirano que distorce a democracia

Lula vai ao Canadá para participar da Cúpula do G7 » Esportes & Notícias

Lula sonha em ser eleito para instaurar a tirania final

J.R. Guzzo
Gazeta do Povo

Por muito tempo, imaginamos que a tirania viria vestida de farda, montada num tanque, com botas sujas de sangue. E, de fato, ela veio assim: Hitler na Alemanha, Stalin na Rússia, Mao na China, Pol Pot no Camboja. Todos deixaram suas marcas com tinta vermelha — milhões de mortos, povos destruídos, economias arrasadas, civilizações traumatizadas. Foram monstros clássicos. Visíveis. Nomeáveis.

Mas a história, como um organismo vivo, muda de forma.
Hoje, a tirania veste terno, distribui sorrisos e se esconde atrás de urnas e de discursos democráticos. Ela não fuzila, mas endivida.
Não censura com fogo, mas com algoritmos. Não prende por opinião, mas por interpretação.

MODELO BRASILEIRO – No Brasil, essa nova face da tirania tem nome: “Luiz Inácio Lula da Silva”. Não é exagero, tampouco metáfora solta. É uma constatação estrutural: o país é hoje “governado por um homem condenado por corrupção em todas as instâncias do Judiciário, libertado não por inocência, mas por manobras jurídicas promovidas por juízes escolhidos por ele próprio”.

E não bastasse isso, foi reintegrado ao poder como salvador da pátria. Recebeu honrarias de academias literárias, apesar de sua limitação de leitura e escrita. É tratado como exemplo de estadista, mesmo tendo chefiado o maior esquema de corrupção da história do país. Condenado, absolvido por burocratas da toga, aplaudido por quem deveria denunciar.

É a consagração do absurdo. Mas o estrago não é apenas moral. É econômico, social, ético e cultural.

TUDO DOMINADO – O brasileiro que trabalha vê seu salário ser corroído pela inflação, pela carga tributária, pelos juros descontrolados. Os que empreendem vivem cercados de regulações que favorecem apenas os grandes conglomerados amigos do poder.

A máquina estatal cresce, devora, impõe — e o povo, sem saber para onde correr, afoga-se em parcelas, dívidas e narrativas. Tudo isso com “a bênção de um Supremo Tribunal Federal transformado em quartel ideológico”. Nove ministros nomeados por Lula ou seu partido.

Um Senado cúmplice, que não fiscaliza, pois muitos de seus membros têm medo de serem julgados. Uma Câmara de Deputados domesticada a golpes de emendas bilionárias.

APENAS FACHADA – E assim, “a democracia se converte em fachada”. As instituições continuam de pé — mas são cascas ocas. As leis existem — mas não se aplicam a todos.
As eleições acontecem — mas com uma imprensa subjugada e uma Justiça Eleitoral que julga e executa conforme o cheiro do vento.

O resultado é uma sociedade entorpecida. Uma população explorada sem perceber. Um país saqueado com assinatura, carimbo e cobertura jornalística favorável.

“Não há paredões, mas há fome”. “Não há campos de concentração, mas há milhões de presos econômicos”.
“Não há guerra civil, mas há destruição moral diária”.

(Artigo enviado por Mário Assis Causanilhas)

Piada do ano! Se a delação de Cid for anulada, as acusações serão mantidas

Prisão preventiva de Mauro Cid: fundamentos jurídicos

Se a delação for anulada, Cid vai pegar uma longa cadeia

Ana Gabriela Oliveira Lima e Arthur Guimarães de Oliveira
Folha

Dentre os argumentos das defesas de réus para tentar a anulação da colaboração premiada do tenente-coronel Mauro Cid, apenas uma eventual falta de voluntariedade do delator poderia prejudicar a utilização de provas e interferir no processo no STF (Supremo Tribunal Federal) que investiga a trama golpista de 2022, avaliam especialistas ouvidos pela Folha. Esse cenário, porém, é considerado remoto no caso do militar, que tem reiterado publicamente a higidez do acordo.

As outras possibilidades —como eventuais omissões ou quebra de sigilo, com a divulgação de informações referentes à colaboração— teriam potencial de prejudicar apenas Cid, que pode perder seus benefícios.

TRÊS PEDIDOS – As defesas do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), de quem Cid era ajudante de ordens, e do general Braga Netto pediram a anulação do acordo sob argumento de que Cid mentiu ao Supremo e contou detalhes de seus depoimentos a amigos.

O pedido foi inicialmente negado por Alexandre de Moraes, que citou a fase atual do processo, e pode ser analisado no julgamento final.

A nulidade da delação também foi pedida pela defesa de Marcelo Câmara, ex-assessor de Bolsonaro e réu no caso da trama golpista, preso nesta quarta-feira (18) sob suspeita de obstrução de Justiça.

MAURO CID NEGA – Nesse caso, a solicitação cita também possível quebra de voluntariedade do pedido e conta com fotos e áudios de conversas entregues à Justiça por seu advogado e que comprovariam a quebra do sigilo feita pelo delator. Mauro Cid nega que isso tenha ocorrido.

Também comporia prova de descumprimento da regra um perfil que, segundo a revista Veja, teria sido usado por Cid nas redes sociais para falar da delação, episódio questionado pela defesa de Bolsonaro durante interrogatório em 10 de junho no STF.

Para o advogado Rogério Taffarello, especialista em direito penal e sócio do Mattos Filho, o vazamento do áudio e das mensagens pode dar base para a perda dos benefícios de Cid.

VIOLAÇÃO GRAVE – “Deverá haver uma avaliação de proporcionalidade, se isso é uma violação grave o bastante para a rescisão do acordo. Existe uma série de cláusulas, algumas cujas violações são menos relevantes, outras mais.”

Ricardo Yamin, doutor em direito pela PUC-SP, concorda que a quebra de sigilo pode ensejar a perda de benefícios combinados entre a Polícia Federal e Cid. O conteúdo da delação, entretanto, permaneceria intacto. O mesmo tenderia a acontecer se fosse comprovado que o militar mentiu.

A delação de Cid ajudou a fundamentar relatório da PF e denúncia da PGR (Procuradoria-Geral da República) sobre a trama golpista, mapeando a participação de Bolsonaro e outros atores e fornecendo detalhes sobre questões como a minuta golpista e o plano Punhal Verde Amarelo, que previa o assassinato de Moraes, do presidente Lula (PT) e do vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB).

CID NUMA BOA – O acordo prevê ao tenente-coronel perdão judicial ou pena privativa de liberdade inferior a dois anos, assim como a restituição de bens e valores apreendidos. Também está prevista a extensão dos benefícios a familiares de Cid, bem como ação da PF garantindo segurança.

O caso de omissão no depoimento de Cid também poderia resultar em perda de benefícios, mas a prática jurídica tem sido de pedido de ajuste no depoimento do colaborador, aponta Thiago Bottino, professor da FGV Direito Rio.

“Isso aconteceu com várias empresas na Lava Jato, como a Odebrecht e a Andrade Gutierrez”, diz.

###
NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Êpa! É uma tremenda maluquice, tipo Piada do Ano, quando advogado diz que a delação de Cid pode ser anulada, mas as acusações seguiriam valendo. Acusações de delação só valem se forem comprovadas por provas materiais, a lei é muito clara a respeito. Se a delação de Cid for anulada, só ficam valendo as acusações que obtiveram confirmação segura, por outros meios. (C.N.)

Alta de juros para 15% é incompreensível e faz a festa dos banqueiros

Mercado projeta a taxa básica de juros em 15% para 2025

O mercado projetava taxa básica de juros em 15% este ano

Brenda Silva
da CNN

A ministra Gleisi Hoffmann, que comanda a Secretaria de Relações Institucionais, afirmou ser “incompreensível” a alta da taxa básica de juros anunciada pelo Banco Central (BC) na quarta-feira (18). A Selic foi elevada de 14,75% para 15% ao ano.

“No momento em que o país combina desaceleração da inflação e déficit primário zero, crescimento da economia e investimentos internacionais que refletem confiança, é incompreensível que o Copom aumente ainda mais a taxa básica de juros”, escreveu a ministra em publicação no X nesta quinta-feira (19).

Esta é a sétima vez que o Comitê de Política Monetária (Copom) eleva a Selic desde a retomada do ciclo de aperto monetário em setembro de 2024. Em comunicado, o BC sinalizou que o ciclo de aumentos será interrompido.

“O Brasil espera que este seja de fato o fim do ciclo dos juros estratosféricos”, completou a ministra.

Em maio, Gleisi afirmou que o presidente do BC, Gabriel Galípolo, está administrando os efeitos de uma “herança maldita” deixada por seu antecessor, Roberto Campos Neto.

O Brasil ocupa agora a segunda posição no ranking dos maiores juros reais do mundo, após a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) de elevar a taxa Selic para 15%.

Este é o patamar mais elevado para os juros básicos do país desde maio de 2006, quando a taxa ficou em 15,25%.

###
NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Em seu comunicado, o BC sinaliza juros em 15% por tempo “bastante prolongado”. Comércio e indústria mostram surpresa e acendem alerta sobre alta da Selic. Realmente, não faz sentido, estes juros estão forçados demais, fazem a alegria dos banqueiros. (C.N.)

A linguagem simples e atraente da poesia de Casimiro de Abreu

Biografia do Poeta: CASIMIRO DE ABREU - Autor do Poema "Meus Oito Anos" ! -  YouTubePaulo Peres
Poemas & Canções

O poeta Casimiro José Marques de Abreu (1839-1860), nascido em Barra de São João (RJ), foi um intelectual brasileiro da segunda geração romântica. Sua poesia tornou-se muito popular durante décadas, devido à linguagem simples, delicada e cativante, conforme o poema “Meus Oito Anos”, que fala da saudade de sua infância.

MEUS OITO ANOS
Casimiro de Abreu

Oh! que saudades que tenho
Da aurora da minha vida,
Da minha infância querida
Que os anos não trazem mais!
Que amor, que sonhos, que flores,
Naquelas tardes fagueiras
À sombra das bananeiras,
Debaixo dos laranjais!

Como são belos os dias
Do despontar da existência!
– Respira a alma inocência
Como perfumes a flor;
O mar é – lago sereno,
O céu – um manto azulado,
O mundo – um sonho dourado,
A vida – um hino d’amor!

Que aurora, que sol, que vida,
Que noites de melodia
Naquela doce alegria,
Naquele ingênuo folgar!
O céu bordado d’estrelas,
A terra de aromas cheia
As ondas beijando a areia
E a lua beijando o mar!

Oh! dias da minha infância!
Oh! meu céu de primavera!
Que doce a vida não era
Nessa risonha manhã!
Em vez das mágoas de agora,
Eu tinha nessas delícias
De minha mãe as carícias
E beijos de minha irmã!

Livre filho das montanhas,
Eu ia bem satisfeito,
Da camisa aberta o peito,
– Pés descalços, braços nus –
Correndo pelas campinas
À roda das cachoeiras,
Atrás das asas ligeiras
Das borboletas azuis!

Naqueles tempos ditosos
Ia colher as pitangas,
Trepava a tirar as mangas,
Brincava à beira do mar;
Rezava às Ave-Marias,
Achava o céu sempre lindo.
Adormecia sorrindo
E despertava a cantar!

Oh! que saudades que tenho
Da aurora da minha vida,
Da minha infância querida
Que os anos não trazem mais!
– Que amor, que sonhos, que flores,
Naquelas tardes fagueiras
A sombra das bananeiras
Debaixo dos laranjais!

Desprezo de Motta e Alcolumbre coloca Lula refém do Congresso

Presidente Lula reunido Hugo Motta e Davi Alcolumbre | Agência Brasil

Motta e Alcolumbre sabem como devem tratar Lula

Dora Kramer
Folha

O governo às vezes chega a umas conclusões que nos fazem pensar se são ingênuas ou se fruto de tentativas de emplacá-las no mercado da comunicação. Há quem compre tais ideias, mas o tempo e os fatos se encarregam de desfazê-las no ar.

Uma delas era a de que os problemas com o Congresso estariam resolvidos com a troca de comandos na Câmara e do Senado. Outra atribuía ao deputado Arthur Lira (PP-AL) a raiz das contrariedades e enfrentamentos.

PARALISIA E ATRITO – Pois lá se vão quase cinco meses da eleição de Hugo Motta (Republicanos-PB) e Davi Alcolumbre (União-AP) e o ambiente não só não melhorou como tornou-se mais hostil. De lá para cá nada andou no Parlamento e, onde havia entraves bem ou mal superados, hoje há paralisia e atrito.

Se o presidente Lula (PT) achou que uma aliança com os presidentes da Câmara e do Senado abriria o caminho para seus projetos e daí em diante a paz estaria selada, calculou errado.

Na época de Lira as coisas eram até melhores. O deputado tinha um acerto claro: na economia ajudava, nos costumes se abstinha e nos interesses diretos do PT o governo que se virasse.

MOTTA E ALCOLUMBRE – Além disso, as divergências internas dele com Rodrigo Pacheco (PSD-MG), e o modo de agir temperado do então presidente do Senado, davam um certo alento ao Planalto. Agora a coisa é diferente. Motta e Alcolumbre atuam em parceria no atendimento ao compromisso pelo qual foram eleitos: a preservação da força maior do Legislativo frente ao Executivo.

Ambos devem seus poderes aos pares que os escolheram em votações praticamente unânimes, exatamente para manter a dinâmica da pressão constante. Tensão crescente quanto mais se aproxima o ano eleitoral e quanto menor é o grau de aceitação do governo e de Lula nas pesquisas de opinião.

Daí o equívoco de acreditar que o enrosco respondia pelo nome de Arthur Lira e sem o qual estaria tudo resolvido, assim como não se resolveu com os novos nem se resolveria fossem outros os personagens da mesma linhagem de senhores da situação.

A escalada de Trump e o xadrez global da tensão

Charge do Amarildo (amarildocharge.wordpress.com)

Pedro do Coutto

Por mais improvável que pareça aos olhos da razão diplomática, o mundo volta a flertar com o abismo. Donald Trump tem elevado o tom em relação ao Irã. Com declarações que soam mais como um ultimato imperial do que como uma estratégia ponderada, Trump sugeriu uma “rendição incondicional” do regime iraniano em meio à escalada de tensões com Israel. Seu discurso, no plural majestático, carrega ecos de uma ambição geopolítica que ultrapassa as fronteiras da razoabilidade e se aproxima perigosamente do delírio de poder.

O pano de fundo é conhecido, mas não menos explosivo. Israel e Irã travam uma guerra de sombras há anos — ora por meio de ataques cibernéticos, ora por bombardeios indiretos por grupos aliados. A diferença agora é a possível reentrada dos Estados Unidos, sob uma liderança que flerta com uma retórica bélica agressiva. Ao acenar com a possibilidade de destruir o sistema nuclear iraniano, Trump acende alertas que vão de Teerã a Moscou, passando por Bruxelas e Pequim.

SUPERFICIALIDADE – A fala  de Trump sobre “matar Kamenev” — numa provável referência equivocada a Ali Khamenei, o líder supremo do Irã — revela a superficialidade com que temas de altíssima complexidade são tratados, numa lógica que mistura personalismo com demonstração de força bruta.

Mas o mundo do século XXI não se curva tão facilmente a imposições unilaterais. O presidente russo, Vladimir Putin, vê no Irã não apenas um parceiro estratégico, mas uma peça-chave no equilíbrio de forças do Oriente Médio. Com a guerra na Ucrânia ainda em curso e a Rússia sob sanções severas do Ocidente, Teerã tornou-se uma válvula de escape econômica e política para Moscou. Uma ofensiva americana contra o Irã seria, portanto, percebida por Putin como um ataque indireto à sua própria influência na região.

CAUTELA – Por sua vez, a China adota uma postura cautelosa, mas não inofensiva. Pequim tem interesses comerciais profundos no Irã e, embora evite o confronto direto, não tolerará um colapso regional que prejudique suas rotas energéticas e projetos de expansão. A posição chinesa, moderada na superfície, é respaldada por uma presença diplomática cada vez mais ativa no Oriente Médio — um contraponto silencioso, porém firme, à agressividade ocidental.

É neste cenário de múltiplas tensões que a pergunta crucial se impõe: o que acontecerá se os Estados Unidos realmente bombardearem o Irã? As consequências seriam imprevisíveis, mas certamente catastróficas. Além das baixas humanas, que seriam incontáveis, o mundo testemunharia uma reação em cadeia que poderia afetar desde os preços do petróleo até a estabilidade de regimes aliados em toda a região.

A aposta de Trump em uma política de força total pode agradar setores militaristas e conservadores, mas ignora os aprendizados históricos das guerras do século XX e início do XXI. O unilateralismo tem limites e, numa era atômica, o risco de erros de cálculo é alto demais. As palavras de Trump são fagulhas reais num barril de pólvora em combustão.

“REI DO MUNDO” – Há, também, um ponto de inflexão simbólico importante: ao agir como se fosse o “rei do mundo”, Trump testa não apenas os limites do poder americano, mas da própria ordem internacional pós-Segunda Guerra. Organismos multilaterais, como a ONU, são sistematicamente desrespeitados ou ignorados. O direito internacional torna-se refém da conveniência das potências. Nesse ambiente, a paz torna-se um ideal frágil e cada vez mais distante.

A comunidade internacional, portanto, precisa reagir não com mais violência, mas com mais diplomacia. Este é o momento de ativar os canais de diálogo — entre potências, entre povos, entre instituições. A escalada de tensões só poderá ser contida se houver responsabilidade de Estado, visão estratégica e coragem política para resistir aos impulsos autoritários travestidos de patriotismo.

Se o século XXI tem alguma lição a oferecer, é que o poder não reside apenas na força, mas na capacidade de evitar a guerra quando ela parece inevitável. Nesse xadrez geopolítico global, as peças já se movem — mas o xeque-mate, desta vez, pode ser contra toda a humanidade.