Valdemar retirou três processos que movia contra Ciro
Gabriel Sabóia
O Globo
A suspensão da aliança do PL com Ciro Gomes (PSDB) no Ceará, após briga pública entre a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro e os filhos do ex-presidente Jair Bolsonaro, representou um baque pessoal para o presidente nacional da legenda, Valdemar Costa Neto.
Em agosto, de olho na composição que começava a ser alinhavada com Ciro, Valdemar retirou três processos que movia na Justiça contra o tucano desde as eleições de 2022. O político cearense associou Valdemar a desvios de dinheiro no Departamento Nacional de Infraestrutura e Transporte (DNIT) e relembrou a condenação no Mensalão durante a campanha presidencial.
UNIÃO DE FORÇAS – Para cada um dos processos, Valdemar pedia R$ 100 mil de indenização. A informação da retirada dos processos foi confirmada por Valdemar. Com o movimento, ele esperava criar um discurso de “união de forças e pragmatismo para derrotar o PT no estado”.
As críticas de Michelle à composição com Ciro geraram um ataque coordenado dos filhos de Bolsonaro, na última segunda-feira, e expuseram uma disputa por protagonismo na família do ex-mandatário. A decisão de suspender a aliança foi referendada por Bolsonaro em encontro com Flávio Bolsonaro (PL-RJ) na Superintendência da Polícia Federal, em Brasília, onde cumpre pena.
ATRITO – Em 2022, durante um debate realizado pela Revista Veja, Ciro Gomes atacou Bolsonaro, com quem concorria à Presidência pelo PDT, e citou Valdemar, enquanto pedia votos.
— O que está acontecendo no Brasil hoje? O Bolsonaro repete a mesma prática. Valdemar Costa Neto, o Lula deu o DNIT para roubar, foi preso e condenado, no Mensalão. Agora o Bolsonaro é filiado ao Dnit. Estou pedindo a você, me dê uma oportunidade de mudar isso.
SUPERAÇÃO – Valdemar, então, processou Ciro por danos à sua imagem. Contudo, em setembro deste ano, o presidente do PL disse que o episódio estava superado e que caminharia ao lado do ex-desafeto.
— O Ciro mete o pau até na própria sombra, mas é um fenômeno. É o único jeito de derrubar o PT no Ceará. Ele já meteu o pau em mim e no Bolsonaro, mas não tem jeito — disse.
BASTIDORES – A briga pelo protagonismo político na família Bolsonaro foi acentuada com o início do cumprimento da pena do ex-presidente e se tornou pública na segunda-feira após sinais de mal-estar nos bastidores.
De olho no espólio político do patriarca, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) e o vereador Carlos Bolsonaro (PL-RJ) se uniram em críticas à ex-primeira-dama Michelle por tentar interferir na costura de palanque no Ceará.
Segundo eles, ao atacar a aliança do deputado André Fernandes (PL-CE) com o ex-presidenciável Ciro Gomes (PSDB), Michelle desrespeitou uma ordem direta do marido.
CRÍTICAS – A ex-primeira-dama viajou ao Ceará para participar do lançamento da pré-candidatura do senador Eduardo Girão (Novo-CE) a governador e, no palco, criticou a aproximação de Fernandes e do PL com Ciro, que há quase dois meses rompeu com o PDT para se filiar ao PSDB.
— É sobre essa aliança que vocês precipitaram a fazer. Fazer aliança com o homem que é contra o maior líder da direita (Jair Bolsonaro), isso não dá. A pessoa continua falando que a família é de ladrão, é de bandido. Compara o presidente Bolsonaro a ladrão de galinha. Então, não tem como — disse Michelle.
Qual é a Tua Obra? É a criptonita dos bolsonaros.
‘Pergunte’ a cada um deles: Qual é a Tua Obra?
E verás que não só Flávio Rachadinha é um Zero à Esquerda, mas que todos eles são uma nulidade em termos de administração pública.
Tarcínico mantém mutismo absoluto em relação ao lançamento da candidatura de Flávio
Já faz 24 horas que Flávio Rachadinha assumiu sua candidatura à presidência e nada de Tarcínico se pronunciar. Mutismo total e absoluto em relação ao escolhido pelo ex-mito.
Ninguém imaginaria uma reprovação pública por parte de Tarcínico. Mas uma palavra de apoio ou de incentivo seria esperada — ainda que falsa como uma nota de R$ 3. Afinal, Tarcínico já disse mais de uma vez que apoiaria quem o ex-mito indicasse.
Quando Tarcínico vai falar? Não se sabe. Seja quando for, no entanto, essas primeiras 24 horas de silêncio já mostraram que ele ainda não sabe o que dizer.
O Globo, Opinião, 06/12/2025 15h01 Por Lauro Jardim