Povo gaúcho, firme e determinado, dá início ao trabalho de reconstrução da área alagada

Exército instalou uma ponte flutuante no Rio Taquari

Vicente Limongi Netto

Estraçalhado, destroçado, arruinado, jamais derrotado. Unido na desgraça. Solidário na tristeza. Esmagado por dentro. Os gaúchos, todavia, não se entregam. Não vergam. A dor que vivem, carregarão pelo resto da vida. Ricos, pobres, remediados, desempregados, terceirizados.  Juntos na mesma agonia. Foi tudo, literalmente, por água abaixo. 

Sabem que é preciso reagir. Enfrentar as dificuldades. De frente, peito aberto. Estimulados pela solidariedade do Brasil inteiro e por milhares de voluntários. Anjos abençoados pelos deuses da ternura e do afeto. Sem eles, tudo seria mais difícil e complicado. 

POVO FERIDO – O gaúcho é um povo ferido. Na alma e no coração. Movido pelo alento da fé imorredoura. Manter o couro duro para a reconstrução. Não é hora de fraquejar.

É preciso seguir a lição do apóstolo Paulo, combater o bom combate. Como exortou a dona de uma sapataria, vendo destruídos os esforços de uma vida inteira: “Vamos em frente. Não podemos desistir”.

O quadro é de guerra. Desolação que fere os olhos. Lama e barro das enxurradas levaram hospitais, restaurantes, bares, escritórios, pontos de táxi, paradas de ônibus, academias, farmácias, lojas inteiras de mercados, bancas de ambulantes, rodoviárias, jardins, escolas, aeroporto, casas e prédios, áreas de lazer, oficinas mecânicas, igrejas.

É MUITO TRABALHO – São marcantes e fundamentais as presenças das Forças Armadas, da Polícia Federal, dos bombeiros de vários Estados e da Força Nacional. 

As paisagens do Rio Grande do Sul estão tomadas por caminhões de lixo, caminhões basculantes, britadeiras, empilhadeiras e serras elétricas, lanchas, barcos, canoas, helicópteros, aviões cargueiros, navios da Marinha, carros de combate, tratores, balsas, carros e ambulâncias de bombeiros.

Profissionais envolvidos com fé no peito. No coração, pulsa a reconstrução. 

Espanha, Irlanda, Noruega, Eslovênia e Malta vão reconhecer Estado Palestino 

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Estado Palestino pode se tornar uma realidade

Deu na Folha
Agência FP

Espanha, Irlanda e Noruega anunciaram nesta quarta-feira (22) a decisão de reconhecer a Palestina como um Estado no final do mês. Os países esperam que outras nações façam o mesmo em meio à guerra entre Israel e Hamas na Faixa de Gaza, que minou a perspectiva de uma solução de dois Estados na região.

A medida foi rapidamente retaliada por Tel Aviv, que chamou seus embaixadores nos respectivos países para consultas e afirmou que repreenderia os representantes das três nações.

NORUEGA À FRENTE – O primeiro-ministro norueguês, Jonas Gahr Store, foi o primeiro a anunciar a decisão, em Oslo. A cidade foi o local em que foram negociados, em 1993, os acordos fracassados para obrigar israelenses e palestinos a aceitar a coexistência pacífica entre dois Estados independentes.

O político afirmou que os países darão esse passo em 28 de maio e fez um “forte apelo” a outros países para que façam o mesmo. “Devemos tornar realidade a única alternativa que oferece uma solução política, tanto para israelenses como para palestinos: dois Estados, que vivam um ao lado do outro, em paz e segurança”, disse.

Chamando este dia de “histórico e importante”, o primeiro-ministro da Irlanda, Simon Harris, anunciou a sua decisão pouco depois, tal como premier da Espanha, Pedro Sánchez, perante o Parlamento em Madrid.

DOIS ESTADOS – Uma das vozes mais críticas na União Europeia contra a operação militar lançada por Tel Aviv após os ataques terroristas do Hamas em 7 de outubro, Sánchez afirmou que o primeiro-ministro israelense, Binyamin Netanyahu, não tem um projeto de paz para a Palestina.

“Combater o grupo terrorista Hamas é legítimo e necessário (…), mas Netanyahu gera tanta dor, destruição e ressentimento em Gaza e no resto da Palestina que a solução de dois estados está em perigo”, disse o espanhol. A medida será adotada por meio de um decreto que deverá ser aprovado na próxima reunião do Conselho de Ministros espanhol.

OUTROS PAÍSES – A possibilidade de outros países europeus aderirem à iniciativa de Madri, Dublin e Oslo está aberta. Em março, por exemplo os líderes da Eslovênia e de Malta assinaram uma declaração conjunta em Bruxelas com Espanha e Irlanda na qual expressavam o desejo de reconhecer a Palestina como um Estado.

Ao chamar os embaixadores nos países para consultas, o chanceler israelense, Israel Katz, afirmou que enviava a mensagem de que Tel Aviv não ficará calado diante daqueles que “minam sua soberania e colocam em perigo sua segurança”. “Os passos precipitados dos dois países terão consequências mais graves”, afirmou o ministro.

Do lado do Hamas, um alto funcionário saudou os anúncios. “Esses sucessivos reconhecimentos são o resultado direto da corajosa resistência e da lendária perseverança do povo palestino. Acreditamos que será um ponto de virada na posição internacional sobre a questão palestina”, disse Bassem Naim, um alto funcionário do gabinete político do movimento islâmico palestino.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Se o Hamas não atrapalhar, tudo caminha para a solução dos dois Estados, com apoio de Estados Unidos, Arábia Saudita e do resto do mundo. Em Israel, a solução dos dois Estados é defendida por Benny Gantz, líder do Partido da Unidade Nacional. Vamos chegar . (C.N.)

Com saída de Pimenta, a Comunicação do Planalto abriga um caminhão de problemas 

Ministro Paulo Pimenta e o Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, durante anúncio de medidas relacionadas ao Rio Grande do Sul

Lula deu um jeitinho brasileiro para se livrar de Pimenta

Monica Gugliano
Estadão

Desde que o presidente Lula da Silva decidiu criar um ministério extraordinário para organizar a reconstrução e as demandas da catástrofe climática no Rio Grande do Sul e entregar o comando da pasta ao então secretário de Comunicação (Secom), Paulo Pimenta, muito se tem falado sobre a disputa política no Estado. Candidato ao governo gaúcho em 2026, o ministro e deputado eleito terá uma vitrine e tanto, para o bem e para o mal.

Se fizer uma boa gestão da crise, terá chances de passar quatro anos acomodado no Palácio Piratini, a partir da próxima eleição. Se for mal, por enquanto, se diz que ele voltará ao cargo. De qualquer forma, será um tempo com um pé cá e outro lá.

E A SECOM? – Bem menos, entretanto, se fala da herança que Pimenta deixa na Secom, um terreno minado onde gregos se desentendem com troianos e que, responsável pela imagem do Governo e do presidente da República, tem conseguido mais erros que acertos. Pelo menos é o que apontam as últimas pesquisas de opinião, como a Genial/Quaest divulgada no último dia 8.

A aprovação do presidente (50%) caiu um ponto em relação ao último levantamento feito em fevereiro passado. Os que dizem desaprovar as medidas do governo petista oscilaram de 46% para 47% no mesmo período de tempo.

Ambas estão na margem de erro, porém dizem muito mais pela tendência do que, de fato, pelo número, embora pesquisas internas venham revelando uma sutil melhora na avaliação do presidente, principalmente depois das ações na crise climática no Rio Grande do Sul.

INSATISFAÇÃO – O próprio Lula tem manifestado constantemente sua insatisfação com os resultados da comunicação e cobrado dos ministros ações efetivas que mostrem à população o trabalho do governo. Cita algumas pastas, como, por exemplo, a dos Esportes, em ano de Jogos Olímpicos, que já poderia estar trabalhando com questões que falassem do “Time Brasil”. E, assim, sucessivamente, outros ministérios tratando seus temas centrais.

Pimenta deixará o cargo no começo do maior projeto e aposta da pasta, que é o da Secom Digital. Mas não poderá abandoná-lo totalmente. A licitação no valor de R$ 197,7 milhões anunciou as quatro agências vencedoras no mês passado. Elas vão dividir esse valor e administrar as mídias digitais do presidente e as redes sociais do governo federal.

As vencedoras foram Usina Digital, Área Comunicação, Moringa L2W3 e o Consórcio BR e Tal, composto pela BRMais e a Digi&Tal, que vão gerir as redes em contratos com um ano de duração, podendo ser prorrogados.

INTELIGÊNCIA ARTIFICAL – Entre os trabalhos que elas deverão executar, está o uso de inteligência artificial para analisar a repercussão das notícias de interesse do governo federal.

A seleção também exigiu que elas tivessem condições de realizar pesquisas “de alta intensidade” nas redes sociais a respeito de temas relacionados ao governo.

Ações como essas permitem que o governo avalie a repercussão dos atos do presidente e dos ministros no ambiente digital. Outro ponto importante será o mapeamento das ações de fake news, de maneira que possam ser identificadas e neutralizadas, um trabalho no qual o governo tem saído perdedor na maior parte dos eventos.

MESMA EQUIPE – Pimenta está deixando na Secom praticamente toda sua equipe em seus postos. Ascendeu apenas Laércio Portela, que será interino, e já foi assessor no Palácio do Planalto, nos governos Lula 1 e 2, profissional de confiança do ex-ministro Franklin Martins e que goza de proximidade com o presidente.

Enquanto o secretário estava no cargo, sua função previa que ele organizasse e pacificasse a relação entre os secretários subordinados a Pimenta: Ricardo Stuckert (secretário de audiovisual), José Chrispiniano (secretário de imprensa) e Brunna Rosa Alfaia (secretaria de estratégia e redes).

A estratégia não funcionou e, fosse pouco, Janja interfere diretamente no setor. As divisões e intrigas que permeiam a Secom dificilmente vão cessar. Sendo assim, enquanto Pimenta tenta garantir sua vaga no governo gaúcho, Portela terá que se entender com seus colegas da Secom. Trabalho não há de lhe faltar.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
– No Planalto, diz a chamada Rádio Corredor que Lula aproveitou a tragédia e arranjou um jeito de se livrar de Pimenta, cujo trabalho tem sido decepcionante, como se fosse possível para a Secom fazer Lula subir ou descer nas pesquisas. Com Pimenta de fora, vamos ver quem Lula vai culpar se a aprovação do governo voltar a cair no mês que vem. (C.N.)

Sonhe com aquilo que você quer ser, porque você possui apenas uma vida

Clarice Lispector - PensadorPaulo Peres
Poemas & Canções

A escritora, jornalista e poeta Clarice Lispector (1920/1977), nascida na Ucrânia e naturalizada brasileira, sustenta que “O Sonho” é para ser praticado durante a vida, juntamente com muita felicidade.

O SONHO
Clarice Lispector

Sonhe com aquilo que você quer ser,
porque você possui apenas uma vida
e nela só se tem uma chance
de fazer aquilo que quer.

Tenha felicidade bastante para fazê-la doce.
Dificuldades para fazê-la forte.
Tristeza para fazê-la humana.
E esperança suficiente para fazê-la feliz.

As pessoas mais felizes não têm as melhores coisas.
Elas sabem fazer o melhor das oportunidades
que aparecem em seus caminhos.

A felicidade aparece para aqueles que choram.
Para aqueles que se machucam
Para aqueles que buscam e tentam sempre.

E para aqueles que reconhecem
a importância das pessoas
que passaram por suas vidas.

 

Moraes mantém ex-assessor de Bolsonaro preso ilegalmente há mais de 100 dias

O ministro Alexandre de Moraes do Supremo Tribunal Federal (STF) durante sessão plenária em Brasília

As provas do erro de Moraes estão se acumulando no STF

Marcelo Godoy
Estadão

O príncipe Heinrich XIII Reuss, a juíza Birgit Malsack-Winkemann, ex-deputada do Alternativa para a Alemanha (AfD), e o tenente-coronel Rüdiger Von Pescatore, ex-comandante do 251.º Batalhão Paraquedista, começaram a ser julgados em Frankfurt. Acusado de liderar uma organização de extrema direita que planejava um golpe de Estado na Alemanha, o trio acreditava que um estado paralelo controlava Berlim e pensava que a morte da rainha Elizabeth II era um sinal secreto para seu movimento agir.

Acabou preso. Um gaiato pode dizer: “Se isso acontece na Alemanha, imagina no Brasil”. Reuss, Winkemann e Pescatore não tinham a capacidade de mobilizar o exército alemão para a ação. Isso, porém, não tornava o crime impossível, tampouco limitava a conspiração a atos preparatórios.

SEM APOIO MILITAR – Pode-se pensar em um certo paralelo do caso alemão com o 8 de Janeiro. Aqui como lá, os conspiradores não contavam com apoio da cúpula militar, mas teriam o dolo, a intenção, de tomar as sedes de poder para dar o golpe.

O processo em Frankfurt poderia, assim, reforçar os argumentos de Alexandre de Moraes. O ministro, no entanto, devia olhar para outro caso: o do ex-deputado José Dirceu.

Ontem, a Segunda Turma do STF decidiu que a Lava jato calculou errado a pena do ex-deputado e extinguiu uma sentença de 8 anos e 10 meses contra Dirceu. Em Brasília, muitos pensam que os inquéritos de Moraes são uma “Lava Jato com sinal trocado”.

CARTA NA MANGA – O ministro tem em sua mesa um agravo da defesa de Filipe Martins, ex-assessor de Jair Bolsonaro, contra a decisão de o manter na prisão.

Os advogados guardam ainda uma carta na manga: documentos da Uber que mostram que Martins fez duas corridas com motoristas em Brasília, no dia 30 de dezembro de 2022, uma delas após Bolsonaro embarcar para os EUA.

Ela já havia juntado aos autos uma declaração da TAM de que Martins apanhara um voo de Brasília para Curitiba no dia 31. Além disso, obteve pela Lei de Acesso à Informação documento da Presidência informando que o nome de Martins estava fora da lista definitiva dos passageiros que foram para Orlando.

PRISÃO ILEGAL – Se os documentos forem verdadeiros, não haveria motivo para a manutenção da prisão de Martins. Ele foi preso no dia 8 de fevereiro sob a alegação de que saiu do País no dia 30, com Bolsonaro, sem registro na alfândega. Não bastaria, assim, a entrega de seu passaporte para impedir uma nova fuga.

O ministro pediu novas diligências, ainda inconclusivas. A defesa diz ter provas de que Martins está “preso injusta e ilegalmente há mais de cem dias, sob alegação comprovadamente falsa”.

As provas de prisão ilegal se avolumam. Assim como o desafio diante de Moraes.

Moro avisa que será “cabo eleitoral” para derrotar Lula e o PT na sucessão de 2026

Moro diz que julgamento no TRE foi impecável e preservou soberania do voto

Ao lado de Rosângela, Moro deu uma entrevista nesta manhã

Camila Turtelli
O Globo

Após ser absolvido pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o senador Sergio Moro fez elogios a Corte, ao presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG) e reforçou sua atuação política ao sinalizar que será cabo eleitoral de projeto para “derrotar o PT” em 2026. Ele também chamou de ‘boato’ a possibilidade de um revés no seu julgamento concluído ontem.

“Os boatos sobre minha cassação eram exagerados. O TSE fez ontem um julgamento técnico, independente e rejeitou as acusações falsas e mentirosas que foram feitas buscando a cassação do meu mandato” — disse Moro nesta quarta-feira.

REFLEXÕES – Ele disse que o julgamento o fez refletir sobre sua história. “Quando era juiz, diziam que era impossível combater no Brasil a grande corrupção e acabar com a impunidade. E nós fizemos a Lava Jato, produto, sim, das instituições brasileiras, mas em relação ao qual eu tive uma participação relevante durante quatro anos” — disse.

Moro afirmou que tem planos de participar da campanha presidência de 2026, apoiando um candidato que não seja o presidente Lula da Silva (PT) e disse que irá defender um projeto para derrotar o PT. Ele citou como possibilidades, o governador de Goiás, Ronaldo Caiado, do mesmo partido dele, o de São Paulo, Tarcísio de Freitas e o de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo).

“Oposição sim, mas sem que nós alimentemos essa polarização nacional” — disse. “Pretendo continuar sendo oposição ao governo Lula, e vejo, infelizmente, o país em rumos errados em vários cenários. Entre eles, por exemplo, no aumento da tributação sobre a população e no aumento da dívida pública sem controle de gastos”.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Moro já aprendeu a fazer política. Foi muito atacado quando ministro da Justiça. Na época se decepcionou ao ver o Congresso alterar seu projeto contra a corrupção e aprovar justamente leis que favorecem a impunidade. Continuou se decepcionando ao ver o Supremo destruindo a Lava jato e prestigiando notórios corruptos, como Lula da Silva, José Dirceu, Sérgio Cabral, Marcelo Odebrecht & Cia. Agora, livre de cassação, já entendeu como a política funciona, poderá fazer um bom trabalho por nosso país. E vamos em frente, como diz Pedro do Coutto. (C.N.)

Está cada vez mais difícil entender o que o Supremo é ou tenta se tornar

Charge do Duke (O Tempo)

Alexandre Garcia
Gazeta do Povo

Em 21 de maio celebra-se o Dia Mundial da Língua Nacional. Aqui, no Brasil, é o português. A Constituição em vigor é a primeira que determina que “a língua portuguesa é o idioma oficial da República Federativa do Brasil” – está no artigo 13. A língua é um dos fatores que formam uma nação. Eu amo a nossa língua.

Como jornalista, ela é minha ferramenta; com ela comunico. Cheguei a lecionar Português por alguns anos nos cursos médio e superior. E sei que a língua portuguesa não tem gênero neutro, como o inglês, por exemplo. Uma palavra só pode ser feminina ou masculina.

QUERIA ENTENDER – Por isso não consigo entender como o ministro Alexandre de Moraes, por liminar, suspendeu lei municipal que proíbe o uso de linguagem neutra em escolas. Argumentou que município não pode legislar sobre currículos dos professores.

Tampouco entendo como terroristas reais são menos punidos que pseudoterroristas. O que fez a bomba e o que a implantou num caminhão de combustível para explodir no aeroporto de Brasília já estão em regime semiaberto.

 O construtor da bomba pegou nove anos e oito meses, e o que a plantou no caminhão, cinco anos. O que deu carona para o terrorista pegou seis anos e ainda está em regime fechado, porque fugiu para o Paraguai.

É TERRORISTA? – A bomba só não explodiu por erro de detonação. Os jornais chamam o inventor da bomba de “bolsonarista”, não de “terrorista”. Manifestantes do 8 de Janeiro, que foram considerados “terroristas”, pegaram 17 anos, bem mais que um terrorista de verdade.

O Supremo tem razões que a minha razão desconhece. Já contei aqui, e não consigo entender, como votos da maioria do parlamento podem ser contrariados pela única liminar de um ministro do Supremo.

LIMINARES DITATORIAIS – Foi assim no comprovante do voto, em que uma liminar contrariou 71% do Parlamento. Recentemente, outra liminar anulou a vontade de 438 congressistas, na prorrogação da desoneração da folha de pagamento.

O caso terminou no completo desprezo da vontade expressa do Congresso, com um acordo entre o ministro da Fazenda e os presidentes da Câmara e do Senado, com chancela do Supremo.

Foi assim com a Lei das Estatais, que proíbe nomeação de políticos para a direção de estatais. Lula queria nomear Mercadante para o BNDES, Jean Paul Prates para a Petrobras, mais Correios, Caixa Econômica e Banco do Brasil.

ERA INCONSTITUCIONAL? – Um partido da base aliada do governo alegou inconstitucionalidade da Lei das Estatais.

Coincidentemente, Ricardo Lewandowski foi sorteado relator e deu a liminar de inconstitucionalidade da lei, permitindo as nomeações. Logo se aposentou e virou ministro da Justiça.

Há pouco o Supremo julgou a liminar inválida e a lei plenamente constitucional, mas, como Lula agiu na vigência da liminar invalidada, as nomeações ficam valendo, mesmo contrariando a lei. O Supremo tem razões que a minha razão desconhece.

(Artigo enviado por Mário Assis Causanilhas)

No fundo, são raros os governantes que se importam com a mudança climática

Escolha de Pimenta é “excrescência”, diz Aécio; Leite ficou sabendo “pela  imprensa”

Eduardo Leite não deu importância aos sinais de alerta

Joel Pinheiro da Fonseca
Folha

“Estudos alertaram, mas o governo também vive outras agendas”, respondeu Eduardo Leite quando indagado sobre a falta de investimentos para o combate de enchentes no Rio Grande do Sul, cuja necessidade já era apontada por estudos. A sinceridade brutal que ele mostrou ali cobra seu preço, mas seria verdadeira em diversos estados brasileiros. Estamos mal adaptados à mudança climática.

No discurso, ela é prioridade para variados lados do espectro ideológico. A real divisão atual entre liberais e a esquerda é se o Estado, ao incorporar essa agenda ambiental, tem que fazer escolhas e priorizar o que é mais importante ou se pode simplesmente gastar mais sem nenhum limite a cada nova necessidade que se apresenta. Mas isso é uma discussão teórica.

NINGUÉM INVESTE – Na prática a coisa é bem diferente. A insuficiência de investimentos é geral. Bahia e Minas em 2021 e 2022, Pernambuco em 2023, Rio Grande do Sul em 2024.

Isso vale tanto para investimentos que mitiguem o impacto de eventos climáticos extremos quanto para tecnologias que deixem de contribuir com (ou até revertam) os processos destrutivos que tornam esses eventos cada vez mais frequentes.

Natalie Unterstell, presidente do Instituto Talanoa e com passagem pelo governo federal, narrou, em sua conta no X, como o Programa Brasil 2040 —que previu o aumento de chuvas no Sul e propunha adaptações às mudanças climáticas no governo Dilma— foi simplesmente cortado em 2015, entre outros motivos por apontar a burrice de projetos como Belo Monte. Parece que pouca coisa mudou. O novo PAC do governo Lula destina 1,5% do seu R$ 1 trilhão à prevenção de desastres.

GRANDES DISCUSSÕES – A agenda ambiental mais ampla também parece alheia às grandes discussões de política econômica, que passam pelo estímulo à compra de automóvel e pelo subsídio da Petrobras ao preço da gasolina. A boa notícia é que temos, depois de longa sabotagem (do governo Dilma até Bolsonaro) um Ministério do Meio Ambiente comprometido com a redução do desmatamento na Amazônia. Se o resto do governo não cooperar, contudo, será insuficiente.

A real cara da emergência climática não são os eventos apocalípticos de Hollywood que destroem o mundo inteiro de uma vez. É a frequência cada vez maior de enchentes que alagam cidades, secas que destroem plantações, incêndios florestais que se prolongam, desertificação de solos, picos de calor e frio que prejudicam a saúde etc.

A vida humana não será extinta, mas ficará gradualmente mais cara, mais precária e mais brutal, especialmente para quem vive na base da pirâmide social e não tem como se proteger.

EXEMPLO BRASILEIRO – É quase inacreditável que esse tema não tenha mais centralidade no Brasil. Temos em nosso território 60% da selva amazônica, a maior biodiversidade do mundo, o maior volume de água doce do mundo. Nosso agro depende diretamente do clima e do regime de chuvas que essas condições propiciam. Nossa matriz elétrica é relativamente limpa, e só de manter as florestas de pé já ajudamos o esforço global.

O Brasil, sozinho, não tem como combater as mudanças climáticas. Por isso deveria tomar o protagonismo no tema e deixar de se perder em ruídos sobre guerras com as quais não estamos envolvidos (e nas quais temos ficado do lado errado). Se o mundo pagar o que deve pelo esforço brasileiro de preservar nossa Amazônia, poderemos inclusive investir mais na adaptação para desastres futuros.

Enquanto isso, aqui dentro, liberais, desenvolvimentistas, esquerdistas, direitistas, deveriam todos se unir em torno de um novo consenso de que a agenda ambiental é não só uma prioridade global como uma oportunidade para o Brasil.

Sob nova direção, Petrobras deve interromper o plano de venda de refinarias

Empresa deve retomar investimentos na produção de combustíveis

Pedro do Coutto

Reportagem de O Globo de ontem destaca amplamente a recomendação da superintendência-geral do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) ao plenário da autarquia aprovar pedido da Petrobras para interromper o plano de venda de refinarias. Esse compromisso havia sido firmado pela estatal no primeiro ano do governo do ex-presidente Jair Bolsonaro — no chamado termo de compromisso de cessação de conduto (TCC).

Houve inclusive a citação do redirecionamento no plano estratégico da empresa entre 2024 e 2028, ou seja, do governo Lula, que agora quer retomar a construção e ampliação de refinarias para aumentar a produção nacional de combustíveis. O atual governo também quer da estatal mais investimentos em gás e produção de fertilizantes. Esse foi um dos motivos da queda de Jean Paul Prates e a sua substituição por Magda Chambriard.

SUPERÁVIT – A decisão é muito importante, uma vez que o Brasil tem superávit na produção de petróleo bruto, sendo deste exportador, e importador do óleo diesel e da gasolina, pois as refinarias existentes não têm capacidade para processar a transformação. É uma questão clara que a Petrobras não deva vender refinarias. Ao contrário, tem que ampliar a produção das existentes e instalar novas em seu sistema.

O documento da SG do Cade cita ainda que se termos do acordo tivessem sido integralmente executados metade da capacidade de refino nacional estaria nas mãos de empresas fora do sistema da Petrobras. Para a SG, a Petrobras deve atuar no refino de forma que não crie obstáculos para os demais agentes: “Ademais, a existência dos novos agentes independentes que assumiram os ativos alienados da Petrobras faz surgir novas preocupações concorrenciais que decorrem diretamente da configuração de mercado resultante após os desinvestimentos que foram concluídos”, afirmam os técnicos do Cade.

FUNÇÕES – A decisão do CADE vai ao encontro da decisão do presidente Lula que atribuiu uma série de funções à nova presidente da Petrobras,Magda Chambriard, que vão além dos limites normais da empresa estatal. Uma delas é contribuir para a retomada da indústria naval no país.

Outra é a recompra de refinarias que foram vendidas pelo governo Bolsonaro, além da retomada da refinaria Abreu Lima, em Pernambuco. Assim, concentram-se nas mãos de Magda uma série de tarefas e responsabilidades. Reportagem da Folha de S.Paulo focaliza a questão.

A lista de prioridades do governo federal para a gestão de Magda Chambriard na Petrobras inclui também a aceleração de projetos já em curso e novidades, como a recompra da refinaria de Manaus e a criação de um polo gás-químico em Uberaba, em Minas Gerais, base do ministro Alexandre Silveira. O ciclo do petróleo está ainda longe de terminar. Não significa que não se deva substituí-lo por energia limpa. Mas não se pode zerar de uma hora para outra esse tipo de economia.

Democracia vence corrupção por 7 a 0 e o TSE recusa-se a cassar Sérgio Moro

Diogo on X: "sérgio moro está rindo do tweet acima https://t.co/SPmcLjxI0Z" / X

Livre da cassação. Moro pode retomar luta contra corrupção

Deu na BBC

Em julgamento até então considerado imprevisível por especialistas, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) decidiu por unanimidade, nesta terça-feira (21/05), rejeitar o pedido de cassação do mandato do senador Sergio Moro (União Brasil-PR).

Foram sete votos pela rejeição e nenhum a favor da tese da acusação, referente à campanha eleitoral de 2022 e apresentada por adversários políticos de Moro: o Partido Liberal (PL), do ex-presidente Jair Bolsonaro; e uma coligação que inclui o Partido dos Trabalhadores (PT), do atual presidente Luiz Inácio Lula da Silva, além das siglas PC do B e PV.

CONTINUA SENADOR – Com a decisão dessa terça, Moro pode seguir como senador pelo Paraná até janeiro de 2031. Para Carla Nicolini, advogada e membro da Academia Brasileira de Direito Eleitoral e Político (Abradep), advogados do PL e do PT até podem recorrer da decisão no próprio TSE, com os chamados embargos de declaração, mas isso não seria capaz de alterar a decisão do tribunal.

“Os embargos de declaração no TSE caberiam para esclarecer alguma dúvida ou contradição no voto do relator ou nos demais votos. Eventualmente, caberia recurso extraordinário no Supremo Tribunal Federal (STF), mas eu particularmente não vejo matéria para subir para o Supremo, porque não tem matéria constitucional que foi discutida no voto”, explica Nicolini.

O relator do caso no TSE, o ministro Floriano de Azevedo Marques, avaliou que não ficaram comprovadas as acusações contra Moro de corrupção, compra de apoio político, uso indevido dos meios de comunicação na pré-campanha e irregularidade no uso do Fundo Partidário.

DISSE MORAES – Último a votar e prestes a deixar o TSE, o ministro Alexandre de Moraes, atual presidente da Corte, afirmou que não foi comprovada fraude eleitoral por parte de Moro. “Para cassação de registro, cassação de mandatos e decretação de inelegibilidade, esse Tribunal Superior Eleitoral e a Justiça Eleitoral exigem provas cabais, porque são decisões graves.”

“Aqui, não há fraude, não há prova, então acompanho integralmente o eminente ministro relator”, concluiu Moraes.

Seguindo a tradicional rotatividade do TSE, Moraes deixará o TSE em 3 de junho e será substituído pelo ministro do STF André Mendonça. A presidência do tribunal eleitoral será assumida pela ministra Cármen Lúcia, também do Supremo.

MORO FESTEJA – Na rede social X, Sergio Moro comemorou a decisão do TSE, que classificou como fruto de um “julgamento unânime, técnico e independente”.

“Foram respeitadas a soberania popular e os votos de quase dois milhões de paranaenses. No Senado, casa legislativa que integro com orgulho, continuarei honrando a confiança dos meus eleitores e defendendo os interesses do Paraná e do Brasil”, escreveu o senador, ex-ministro no governo de Jair Bolsonaro e ex-juiz responsável pela condenação do presidente Lula na operação Lava-Jato.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
É a Piada do Ano! Cadê a eleição suplementar, que já tinha um monte de candidatos, inclusive Gleisi Hoffmann, investigada na Lava Jato e que aparecia na lista da Odebrecht com o codinome de Amante. Mas nem tudo é festa. No mesmo dia, a Segunda Turma do Supremo deu novo vexame e salvou o corruptíssimo José Dirceu, que já se prepara para voltar à Câmara Federal. Que país é esse?, perguntou o deputado Francelino Pereira, durante o regime militar. É o país da contradição, da corrupção e da impunidade, podemos hoje responder. (C.N.)

Tentativas de moralizar ida de juízes ao exterior foram bloqueadas por Fux

Fux dá nova interpretação para prazo de ações rescisórias | Legislação |  Valor Econômico

Luiz Fux considerou que “o controle era burocratizante”

Weslley Galzo
Estadão

A participação de magistrados em eventos promovidos pela iniciativa privada é uma constante em todos os níveis do Poder Judiciário. Houve providências para moralizar essas viagens patrocinadas foram afastadas pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ), órgão que regulamenta a atividade funcional dos juízes e desembargadores no País.

Ao contrário que se esperava, o Conselho construiu um conjunto de regras nos últimos 11 anos que minimiza a possibilidade de esses atores serem declarados suspeitos ou responsabilizados por conflito de interesses com agentes empresariais nesses espaços.

NA ERA BARBOSA – A primeira resolução do CNJ que disciplinou a presença de magistrados em seminários, conferências e simpósios foi publicada em 2013. Sob o crivo do então presidente do Conselho, Joaquim Barbosa, foi autorizada a participação de juízes nesses eventos nas condições de “palestrante, conferencista, presidente de mesa, moderador, debatedor ou membro de comissão organizadora”.

A regra, em vigor até hoje, autoriza os magistrados a terem “transporte e hospedagem subsidiados por essas entidades” promotoras de eventos. Não há ressalvas à possibilidade de o custeio das despesas ser feito por empresas que respondam a processos no tribunal do juiz e que, por conseguinte, tenham interesse em se aproximar da autoridade.

Por outro lado, a mesma publicação estabelece que “ao magistrado é vedado receber, a qualquer título ou pretexto, prêmios, auxílios ou contribuições de pessoas físicas, entidades públicas ou privadas”. A medida é elogiada por especialistas em transparência no Poder Público, mas eles também criticam a falta de instrumentos para monitorar eventuais pagamentos não declarados.

COM LEWANDOWSKI – Três anos mais tarde, em 2016, durante a gestão de Ricardo Lewandowski, atual ministro da Justiça, o CNJ passou a considerar a participação de magistrados em conferências como “atividade docente”, mesmo quando a reunião não tivesse caráter acadêmico.

O mesmo texto trazia como novidade a obrigação de os magistrados informarem em até 30 dias “a data, o tema, o local e a entidade promotora do evento”, o que foi visto com bons olhos por especialistas à época.

A regra ainda obrigava o CNJ e a Corregedoria Nacional de Justiça a acompanharem e promoverem avaliações periódicas sobre a participação dos magistrados nesse tipo de atividade. Já os tribunais deveriam disponibilizar em seuS sites as bases de dados com as informações dos eventos e das viagens realizadas. A divulgação do conteúdo deveria ser acessível a qualquer cidadão, “inclusive para os fins de aferição de situações de impedimento”.

HAVIA PREOCUPAÇÃO – A resolução alertava aos juízes e desembargadores de que deveriam zelar para a participação não comprometer “a imparcialidade e a independência para o exercício da jurisdição, além da presteza e da eficiência na atividade jurisdicional”.

Na leitura de especialistas ouvidos pela reportagem, a resolução assegurava um ambiente de maior controle social das atividades dos magistrados.

Porém, como mostrou o Estadão em março do ano passado, uma decisão do CNJ, de 2021, revogou todas as obrigatoriedades de transparência criadas pela gestão Lewandowski. Dessa forma, juízes e desembargadores do País inteiro foram liberados de informar aos respectivos tribunais sobre a participação em eventos.

FUX DESFEZ TUDO – O recuo na política de transparência dos tribunais foi promovido durante a gestão do ministro Luiz Fux à frente do CNJ. Na ocasião, Fux argumentou que a exigência de informações sobre os eventos mostrava-se “contraproducente e burocratizante” e ainda desestimularia “a interação acadêmica dos magistrados com outros operadores do Direito e com a própria sociedade”.

Em março do ano passado, Fux afirmou ao Estadão que a mudança foi feita “simplesmente para que os juízes fossem autorizados a não ter mais que informar qualquer palestra – mesmo gratuita – ou fala pública às corregedorias”.

O CNJ retomou a discussão do tema em setembro de 2023, durante a gestão da ministra Rosa Weber, mas não houve avanço.

AÇÃO SANEADORA – Uma proposta do conselheiro Luiz Phillipe Vieira de Mello Filho impunha a proibição de recebimento de presentes que ultrapassassem R$ 100, o impedimento de o magistrado receber direta ou indiretamente remuneração para palestrar e a obrigatoriedade de informar anualmente variações patrimoniais superiores a 40%.

Ainda havia um ponto adicional: os juízes e desembargadores deveriam tornar públicas as suas agendas. A medida, no entanto, acabou rejeitada por oito votos a seis.

Como mostrou o Estadão, a maioria dos ministros do STF esconde as agendas de eventos e audiências com políticos e advogados. As regras do CNJ não se aplicam à Suprema Corte, embora os ministros tenham o condão de estimular práticas em outros níveis do Poder Judiciário.

SUPREMO LIBERADO – “O exemplo vem de cima. Tem uma expressão nas Forças Armadas que diz que o exemplo arrasta. O Supremo deveria liderar esse esforço pelo exemplo”, afirmou Álvaro Jorge, professor de Direito Administrativo da Fundação Getulio Vargas (FGV-Rio).

“Se a mais alta Corte se porta sem transparência, é muito improvável e difícil que os demais juízes para baixo se sintam compelidos a agir de forma distinta. Para além das regras, é muito importante olhar essa questão a partir da força do exemplo do Supremo”, afirmou.

A Suprema Corte dos Estados Unidos, por exemplo, publicou em novembro do ano passado um código de ética para disciplinar a presença de seus juízes em viagens e eventos com empresários. O movimento foi uma resposta à crise que atingiu a Corte com as revelações da agência de jornalismo investigativo ProPublica, de que os ministros Clarence Thomas e Samuel Alito foram beneficiados durante anos com presentes, viagens e despesas bancadas por empresários.

NÃO HÁ REGRAS – No Supremo brasileiro, o cenário é completamente diferente. Não há nenhuma regra que vede a presença em fóruns privados.

Além disso, o ministro Dias Toffoli reagiu com críticas às reportagens que informaram a sua participação em evento promovido pelo setor privado em um hotel de luxo em Londres. Para o magistrado, as notícias são “absolutamente inadequadas, incorretas e injustas”, conforme afirmou em entrevista à Folha de S.Paulo.

Como revelou o Estadão, o “Fórum Jurídico: Brasil de Ideias”, do qual participaram Toffoli, Gilmar Mendes e Alexandre de Moraes, foi patrocinado pela British American Tobacco (BAT) Brasil, empresa que tem dois processos no STF e é parte interessada em uma ação relatada por Toffoli.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Sinceramente, o Supremo deveria se preocupar mais com as aparências, porque há ministros que ficam costeando o alambrado, como dizia Leonel Brizola. Se não são corruptos, comportam-se como se fossem. Não entendo por que um servidor que ganha R$ 44 mil mensais, além de outros mimos como auxílios de moradia e alimentação, passagens aéreas, antecipações, gratificação natalina, seguranças armados, carros blindados, motorista, combustível grátis etc., ainda precisa ser corrupto ou parecer corrupto. Realmente, isso não entra na minha cabeça. Ser corrupto sem necessidade é, antes de tudo, uma tremenda burrice. (C.N.)

Decisão de Flávio Dino demonstra que a Justiça percorre caminhos tenebrosos

Flávio Dino contraria Alexandre de Moraes - Vista Pátria

Flávio Dino seguiu a lei, ao invés de procurar seguir o direito

Carlos Newton

O grande modismo neste início de Século é o avanço do uso da Inteligência Artificial, que poderia ser uma forma de reduzir o surrealismo da política brasileira, que contamina a Justiça e nos conduz a reflexões inquietantes. O presidente do Supremo, Luís Roberto Barroso, até se empolga ao prever o uso da Inteligência Artificial nos julgamentos, como se esse avanço modernoso pudesse se tornar uma forma de magistrados não cometerem erros.

No entanto, a realidade da vida é muito mais criativa do que os códigos jurídicos e nos submete às mais diversas armadilhas no dia-a-dia, porque nem todas as situações podem estar previstas nas leis, sempre aparece algo de novo que dependerá da reflexão humana no julgamento.

ERRO DE DINO – Pergunta-se: uma decisão tomada estritamente na forma da lei pode ser considerada antiética e descumpridora de doutrinas e princípios, como Moralidade, Legalidade ou Razoabilidade? Aparentemente, não, mas sabe-se que as aparências muitas vezes enganam.

Vejam o que aconteceu com o ministro Flávio Dino, nesta segunda-feira. dia 20, quando decidiu manter a decisão do Conselho Nacional de Justiça que afastou das funções dois desembargadores do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF4), sediado em Porto Alegre.

Dino funcionou no caso como se fosse uma Inteligência Artificial, absolutamente dentro da lei, e cometeu um dos maiores erros de sua carreira de magistrado. No caso, ele rejeitou recurso protocolado pela defesa dos desembargadores Carlos Eduardo Thompson Flores e Loraci Flores de Lima, e sua decisão baseou-se em tecnicalidades jurídicas, sem entrar no espantoso mérito da questão.

AFASTAMENTO – Os desembargadores foram afastados das funções no mês passado por decisão do corregedor nacional de Justiça, Luís Felipe Salomão, pelo descumprimento de decisão do Supremo que suspendeu os processos contra o ex-juiz da Lava Jato.  Eduardo Appio. Eles faziam parte da 8ª turma do TRF4, que deliberou sobre o caso e afastou Appio do cargo.

O fato aconteceu em 6 de setembro de 2023, quando o ministro Dias Toffoli declarou a nulidade das provas do acordo de leniência da Odebrecht para todos os casos em tramitação no país. Na mesma data, algumas horas depois, a 8ª Turma do TRF4 por unanimidade,  declarou a suspeição do juiz Appio.

Aparentemente, a decisão desrespeitou o ato de Toffoli, e o o corregedor do Conselho Nacional de Justiça, Luis Felipe Salomão, decidiu afastar os dois desembargadores, com apoio do plenário.

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Juiz Appio admitiu ter uma conduta imprópria

NA FORMA DA LEI – Tudo na forma da lei, mas há um detalhe que muda a situação. A Turma do TRF4 não poderia deixar de julgar suspeito o juiz Eduardo Appio para julgar a Lava Jato, porque ele se mostrara fanaticamente petista, a ponto de usar a senha “LUL2022” ao acessar o portal da Justiça. Não tinha nada a ver com a questão da Odebrecht.

Esse fato foi desconhecido pelo estilo Inteligência Artificial de Flávio Dino, que seguiu estritamente a lei, quando deveria ter seguido a Razoabilidade, a Moralidade e a Ilegalidade.

Assim, o afastamento dos desembargadores é ilegal e violou a independência funcional garantida aos magistrados. “Não há fato grave, sequer configurador de infração disciplinar, menos ainda que exija imediata resposta social. No mínimo, ante a longa e imaculada ficha funcional dos magistrados impetrantes, exigir-se-ia prova convincente do ânimo de descumprir ordens judiciais, por um devido processo administrativo contraditório”, afirmou o advogado de defesa Nefi Cordeiro.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG –
Depois desse exemplo sobre o que é lei e o que é direito, você ainda acha que se pode aplicar Inteligência Artificial em julgamento por juiz singular ou tribunal??? (C.N.)

Supremo extingue pena por corrupção de Dirceu num processo da Lava Jato

Decisão de soltar Dirceu aumenta chances de Lula no STF? Entenda os próximos passos do processo | ASMETRO-SI

Charge do Alpino (Yahoo Notícias)

José Carlos Werneck

A Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal decidiu nesta terça-feira, por maioria, extinguir a pena do ex-ministro José Dirceu em uma condenação por corrupção passiva no âmbito da operação Lava Jato.

Dirceu havia sido condenado por corrupção passiva e lavagem de dinheiro pela 13ª Vara Federal de Curitiba. A pena total, imputada pelos dois crimes, tinha sido de 8 anos, 10 meses e 28 dias.

LAVAGEM DE DINHEIRO – Em fevereiro de 2023, o Superior Tribunal de Justiça havia derrubado a condenação por lavagem de dinheiro, mas manteve a pena por corrupção e os advogados de Dirceu recorreram ao STF.

O placar na Segunda Turma foi de 3 votos a 2 para declarar que a pena por corrupção prescreveu e Dirceu não pode sofrer punição, neste caso.

Votaram pela extinção da pena os ministros Ricardo Lewandowski, Nunes Marques e Gilmar Mendes e pela manutenção o ministro Edson Fachin que foi o relator e a ministra Cármen Lúcia. O ministro aposentado, Ricardo Lewandowski, que atualmente é ministro da Justiça, havia participado do início do caso, teve seu voto mantido.

DIRCEU COMEMORA – O processo envolve o suposto recebimento de propina no âmbito de um contrato superfaturado celebrado entre a Petrobras e a empresa Apolo Tubulars, fornecedora de tubos para a estatal, entre 2009 e 2012.

Em nota,José Dirceu afirmou que recebeu a decisão “com tranquilidade” e que sofreu “processos kafkianos” para tirá-lo da “vida política e institucional do país”.

A questão analisada pelos ministros envolveu saber se houve ou não prescrição, ou seja, se ainda havia ou não mais tempo para a Justiça aplicar a punição quanto ao crime de corrupção passiva.

QUESTÃO DE TEMPO – A divergência envolveu o momento em que o crime foi consumado,2009 ou 2012. A depender do momento da consumação, a contagem do prazo de prescrição é feita de forma diferente.

A defesa entendeu que a prescrição ficou caracterizada porque a consumação do crime ocorreu em 2009, quando teria havido o acerto de pagamento de propina.

Os advogados sustentaram que, entre a data da infração e o recebimento da denúncia (junho de 2016), se passaram mais de 6 anos, que é o prazo de prescrição para este tipo de delito, reduzido à metade porque Dirceu tem mais de 70 anos.

FACHIN DERROTADO – Para o relator, ministro Edson Fachin, não houve a prescrição porque o crime se consumou em 2012, com o recebimento da última vantagem indevida.

Fachin já tinha sido acompanhado em sessões anteriores pela ministra Cármen Lúcia. Na sessão desta terça-feira, ele reafirmou seu voto de que não deveria haver a extinção da pena.

Ainda nesta terça-feira, o julgamento foi concluído com mais dois votos, o do ministro Nunes Marques e do decano Gilmar Mendes. Ambos entenderam que a consumação do crime aconteceu em 2009, acolhendo argumentos da defesa de José Dirceu. “Entendo ser o caso de conceder a ordem para declarar extinta a punibilidade em relação ao crime de corrupção passiva”, afirmou Gilmar Mendes.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Excelente matéria de José Carlos Werneck, dublê de advogado e jornalista. Aproveito e peço a Armando Gama e a José Luis Espectro que tragam o balde, porque estou meio mareado com a cara de pau dessa gentalha. (C.N.)

Vexame mundial! Toffoli anula processos contra Marcelo Odebrecht na Lava Jato

O amigo do amigo do meu pai pediu essa charge | Metrópoles

Charge do Kacio (Metrópoles)

Rayssa Motta
Estadão

O ministro Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal (STF), derrubou nesta terça-feira, 21, todos os processos e investigações contra o empresário Marcelo Odebrecht na Operação Lava Jato.

A decisão afirma que houve “conluio processual” entre o ex-juiz Sérgio Moro e a força-tarefa de Curitiba e que os direitos do empresário foram violados nas investigações e ações penais.

DIZ O MINISTRO – “O que poderia e deveria ter sido feito na forma da lei para combater a corrupção foi realizado de maneira clandestina e ilegal”, justificou Toffoli.

Ao declarar a “nulidade absoluta de todos os atos processuais” contra Marcelo Odebrecht na Lava Jato, o ministro determinou que os inquéritos e processos envolvendo o empresário sejam trancados.

“Nota-se, portanto, um padrão de conduta de determinados procuradores integrantes da força-tarefa da Lava Jato, bem como de certos magistrados que ignoraram o devido processo legal, o contraditório, a ampla defesa e a própria institucionalidade para garantir seus objetivos – pessoais e políticos -, o que não se pode admitir em um Estado Democrático de Direito”, diz um trecho da decisão.

FEZ DELAÇÃO – Réu confesso, Marcelo Odebrecht fechou acordo de colaboração com a força-tarefa de Curitiba e admitiu propinas a centenas de agentes públicos e políticos de diferentes partidos. Ele era presidente da construtora que leva o sobrenome da família quando a Lava Jato estourou em 2014 e prendeu os principais executivos do grupo. A defesa agora alega que o empresário foi forçado a assinar a delação.

Seus advogados usaram mensagens hackeadas da força-tarefa, obtidas na Operação Spoofing, que prendeu os responsáveis pela invasão ao Telegram dos procuradores, para recorrer ao STF.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
O ministro Dias Toffoli é meio distraído. Esqueceu que o pai de Marcelo, o empresário Emílio Odebrecht, depôs espontaneamente na Lava Jato antes do filho, sem ser réu na Lava Jato, e revelou todo o esquema da corrupção, confirmado depois pelos depoimentos de mais de 70 diretores e executivos. Aliás, no Setor de Relações Estruturadas da empreiteira, que fazia a escrituração e contabilidade das propinas, Tofolli aparecia como “O amigo do amigo”, e Lula era o “Amigo”. Em qualquer país civilizado do mundo o ministro Toffoli não agiria tão acintosamente. Mas quem se interessa? E tudo vira Piada do Ano. (C.N.)

Na enxurrada, sonhos e esperanças exigem um planeta que seja novamente habitável

Chuvas no Rio Grande do Sul deixam 31 mortos e 74 desaparecidos

Quando não há mais nada, só resta a esperança na solidariedade

Dorrit Harazim
O Globo

Cá estamos, no controle a granel de praticamente tudo o que existe sobre a Terra e, mesmo assim, perto de sermos a mais frágil das espécies com que dividimos a existência. À exceção de uma guerra nuclear aniquilante, continuamos a agredir com voracidade suicida o meio ambiente que permite o viver humano. Ao arrepio da ciência e do saber, tudo sofre agressão ininterrupta — oceanos, outras espécies, florestas, rios, pantanais, ecossistemas, biomas, ar, água. Tudo.

Na enxurrada, lá se vão muitos sonhos, esperança, planos e expectativas de um amanhã — também essas coisas exigem um planeta habitável.

JANELA DO TEMPO – Uma década atrás o escritor e ambientalista britânico George Monbiot já alertava sobre a degradação do chão em que pisamos — tratamos feito lixo essa estrutura biológica que produz 99% das calorias de que precisamos.

Mais recentemente, Monbiot publicou o premiado “Regenesis: feeding the world without devouring the planet”(em tradução livre, “Regênese: alimentando o mundo sem devorar o planeta”), em que destrincha vários caminhos ainda possíveis. Só que a janela do tempo vai se fechando, e preferimos não ver.

Nenhum bípede vive um só dia sem deixar algum impacto no mundo à sua volta, repete à exaustão a grande dama Jane Goodall, do alto de seus 90 anos. Mesmo atos comezinhos, cotidianos, fazem diferença.

FAZER DIFERENÇA – O que cada um precisa decidir, acrescenta ela, é que tipo de diferença no mundo quer fazer. Para honrar a jornada que nos é dada no chão da Terra, tem pouca serventia a esperança entendida como ato passivo. A esperança real não é almoço grátis — exige ação e comprometimento.

E o Brasil de 2024, tragado pelo desastre ambiental de magnitude acachapante no Sul do país, revela toda sua gama de ações e manifestações contraditórias. Recursos que andavam desperdiçados ou adormecidos avivaram-se, formaram correntes de eficiência, enquanto fabricantes de caos aproveitam para espalhar vilanias.

Somente com o baixar das águas, quando o cara a cara com a devastação se fizer mais real, se verá melhor o grau de maturidade da sociedade brasileira. Um fato, contudo, pode ser registrado desde já: sorte do país que tem liberdade de imprensa em tempos horrendos. A cobertura da grande mídia profissional está sendo um dos alicerces nessa dolorosa travessia nacional.

NO MESMO ESPAÇO – Vem à mente, nesse aparente desarranjo da natureza com seus ocupantes humanos, um trecho lindo do discurso da polonesa Olga Tokarczuk ao receber o Nobel de Literatura em 2019, em tradução de Gabriel Borowski:

“Estamos todos, nós, plantas, animais, objetos, imersos no mesmo espaço regido pelas leis da física. Esse espaço comum tem seu formato, em que essas leis esculpem uma quantidade incontável de formas mútuas e correspondentes. Nosso sistema circulatório se parece com as redes de drenagem, a estrutura de uma folha é semelhante aos sistemas da comunicação humana, o movimento das galáxias faz pensar nos redemoinhos da água que escorre na nossa pia. O desenvolvimento das sociedades lembra as colônias de bactérias. As escalas micro e macro revelam um sistema infinito de semelhanças. O modo como falamos, pensamos e criamos não é nada abstrato e desligado do mundo, mas é antes uma continuação, em outro nível, de seus processos incessantes de transformação”.

CARAMELO – Na semana passada, um cavalo de ferraduras escorregadias, equilibrado num improvável pedaço de teto ainda não tomado pelas águas, comoveu o mundo. Fotografado do alto, permanecia absurda e teimosamente de pé, imóvel, sozinho, sem chão. Éramos nós que ali estávamos.

Para ser salvo, o animal precisou confiar nos humanos que dele se aproximaram — qualquer tentativa de coice ou movimento de defesa poderia lhe ser fatal. Por instinto ou impossibilidade de se mover, ele correu o risco de confiar. E deu-nos de presente um radioso momento de irmandade entre espécies.

Quem não se emocionou com a entrega desse animal de 350 quilos aos braços de brigadistas que nunca vira não merece saber o que é ser humano. Nem animal.

Reacionários ressurgem pelo mundo, confundindo liberdade e direito ao ódio

Mídia NINJA - Chega de ódio - Charge: Kayser #Cultura | Facebook

Charge do Kayser (Arquivo Google)

Luiz Felipe Pondé
Folha

Identidade, conceito da moda, commodity no mercado político e cultural, tem uma dinâmica voltada ao conflito porque se afirma mais facilmente diante das diferenças que não convivem bem. Refiro-me a identidades coletivas e não psicológicas, ainda que elas se misturem.

O sociólgo espanhol Manuel Castells, no seu clássico “O Poder da Identidade”, parte de sua trilogia sobre a sociedade em rede, lançada no final do século passado, vaticinou, como uma Cassandra maldita, que o século 21 seria atormentado por duas forças em conflito: de um lado, aquilo que na época se chamava, com um certo orgulho típico do fetiche moderno do progresso, a “globalização”, e do outro, a reação das identidades que recusavam ser dissolvidas no mar da identidade globalizada, tecnológica, e, naquele momento, gozando com o suposto “poder democrático” das nascentes redes.

TRÊS IDENTIDADES – Nos termos do autor, havia três identidades em jogo: a legitimadora, a normatizadora, àquela altura, a globalizante, que emanava da ordem institucional das sociedades. A de projeto, como o feminismo e o ambientalismo, e a de resistência, com vocação à defesa das comunidades que recusavam a globalização.

Vejamos uma releitura possível dessa tríade a partir de 2024. A identidade legitimadora, normativa, “rica”, representada pelos liberais ocidentais, que estavam realizando, e realizaram, a “globalização”, tinha como “core” da sua dinâmica o capital, claro, ainda que travestido de anjo da liberdade e da igualdade.

A segunda, a de projeto, que era exemplificada pelo feminismo e pelo ambientalismo, diria hoje, pelo movimento LGBTQIA+, se caracteriza não como uma negação da identidade normativa, mas como um esforço para fazer essa identidade normativa convidá-la para seus círculos de poder.

IDEIA EM AÇÃO – Basta ver os departamentos de diversidade do capitalismo para entender essa ideia em ação. Castells acertou em cheio. Bonito de ver quando uma Cassandra vaticina o futuro. A identidade de projeto só quer ter um capitalismo para chamar de seu.

Por isso, se adapta bem em Nova York ou na Califórnia. E ainda chamam isso de esquerda. A terceira, a sombra —no sentido junguiano— do século 21, a identidade de resistência, seria aquela que, diferente da identidade de projeto, teria como intenção pôr fogo no parquinho do capitalismo globalizado festivo.

De lá para cá, esses inimigos da “sociedade aberta” embaralharam as cartas e chegaram mesmo a usar conceitos tidos pelo fetiche moderno do progresso como seus, como o nobre conceito de “liberdade”. Liberdade para recusar casamento gay, aborto, refugiados, imigrantes ilegais, xingar, atirar em bandidos, mentir — como, aliás, todo mundo na política —, enfim, liberdade para ser “nós mesmos”, com nossos hábitos “ancestrais”, escolhas de vizinhos, parentes agregados, crenças religiosas.

REACIONÁRIOS – Danem-se quem nos acham reacionários, “agora é a nossa vez”. O ódio também é um direito inalienável do homem — e da mulher, claro. Pensemos no caso da Europa. Se pegarmos uma lupa e colocarmos sobre essas identidades de resistência, veremos que elas se consideram “nativas” por oposição às invasões bárbaras —conhecemos essa expressão, não?

O velho mundo não tem saída fácil e é, hoje, um palco evidente dessa dinâmica entre identidade normativa “rica” —a comunidade europeia— e as identidades de resistência que se opõem à “identidade europeia”. O que fazer com os refugiados? O que fazer com a população muçulmana?

DESISTIRAM DO SEXO – Aparentemente, os seculares europeus desistiram do sexo, enquanto os muçulmanos vão muito bem, obrigado nesse quesito. Logo, estes engravidam suas mulheres todo dia. Identidades sem reprodução são condenadas à extinção.

A inteligência pública — um nicho específico dentro da identidade normativa “rica”— xinga esses defensores das identidades de resistência de todos os nomes que você pode imaginar: racista, extrema direita, populista, sexista.

O próprio termo da moda, “cordão sanitário” ao redor dessas identidades, para que elas não contaminem as democracias, escancara como os vemos: uns vermes

Vaiado por prefeitos, Lula promete desoneração e regras para precatórios

Lula é vaiado encontro de prefeitos e pede “civilidade”. VEJA O VÍDEO: - Aliados Brasil

Também houve aplausos a Lula, mas em menor intensidade

Larissa Lopes
Da CBN

Recebido com vaias e aplausos na abertura da Marcha Nacional dos Prefeitos, o presidente Lula prometeu, nesta terça-feira (21), apresentar novo prazo para financiamento das dívidas previdenciárias e novas regras para o pagamento dos precatórios – que são dívidas já reconhecidas pela Justiça, como forma de dar fôlego aos cofres municipais.

Segundo o presidente, haverá renegociação dos juros e do teto de comprometimento da receita líquida em relação às dívidas previdenciárias, e do teto de comprometimento também no caso dos precatórios.

LIBEROU EMENDAS – O presidente também anunciou a liberação de R$ 7,5 milhões em emendas para as cidades. O financiamento das dívidas é uma das reivindicações feitas pelos prefeitos na marcha deste ano, além da desoneração da folha de pagamento.

Em ano de eleição, a marcha tem viés ainda mais político e, após as vaias na chegada ao encontro, o presidente Lula pediu civilidade no processo eleitoral. O presidente da Confederação Nacional dos Municípios, Paulo Ziulkoski, acabou repreendendo os colegas.

“Não estamos aqui para disputa de direita, de centro e de esquerda. Aqui estão os municípios do Brasil representados pelos prefeitos e prefeitas. Peço encarecidamente ao plenário que aqui não haja vaia.”

IGREJAS E EMPRESAS – No discurso, Ziulkoski ainda criticou o fato de os municípios não receberem os mesmos benefícios de igrejas e empresas adeptas ao Simples Nacional.

No evento desta terça, estavam presentes também ministros e os presidentes do Senado e Câmara que elogiaram o acordo com o governo para manter a desoneração da folha de pagamento este ano, com retorno gradual apenas a partir de 2025.

Encontro acontece em meio à discussão sobre reoneração dos municípios. O líder do governo no Senado, Jaques Wagner (PT-BA), será o relator de uma proposta que mantém a desoneração dos 17 setores da economia e também deve manter a desoneração da folha de pagamento das cidades em 2024.

ALÍQUOTA DE 8% – Hoje, os municípios pagam uma alíquota reduzida de 8% sobre a folha de pagamento dos funcionários municipais. A ideia é que a reoneração aconteça de forma escalonada a partir de 2025, como deve ser feito com os 17 setores da economia. Antes, a alíquota era de 20%.

O governo havia pedido a suspensão da desoneração no STF, por meio da AGU (Advocacia-Geral da União) e foi aceita pelo ministro Cristiano Zanin, contrariando o projeto de lei aprovado no Congresso em 2023 que reduziu de 20% para 8% a alíquota da contribuição para a Previdência Social de pequenos municípios.

A decisão do governo provocou um conflito entre os poderes Legislativo e Judiciário, sobretudo entre Pacheco e o ministro Fernando Haddad (Fazenda). Após algumas semanas de negociação, um acordo foi contemplado na semana passada, levando o governo a pedir que a decisão de Zanin fosse suspensa.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Lula vaiado? Nada de novo no front ocidental. Do jeito que a coisa está indo, ficará difícil ele sair na rua. (C.N.)

Apocalíptico, Moraes diz que inteligência artificial ‘pode mudar resultado de eleição’

Alexandre de Moraes suspende julgamento sobre revisão da vida toda do INSS  | Jovem Pan

Moraes participou de debate sobre as mídias digitais

Daniel Gullino
O Globo

O presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Alexandre de Moraes, defendeu nesta terça-feira uma regulamentação internacional para o uso de ferramentas de inteligência artificial (IA). De acordo com Moraes, essas ferramentas podem reforçar a desinformação e, com isso, influenciar o resultado das eleições.

— A inteligência artificial, principalmente anabolizando as fake news, pode mudar o resultado de uma eleição. Porque até que aquilo seja desmentido, até que chegue a versão verdadeira a todo o eleitorado, isso pode mudar milhares de votos. Consequentemente, isso pode fraudar o resultado popular — declarou Moraes.

EXEMPLO EUROPEU – O ministro participou da abertura de um seminário sobre inteligência artificial e eleições, promovido pelo TSE e pelo Fundação Getúlio Vargas (FGV), e citou a legislação da União Europeia como exemplo. A embaixadora do bloco no Brasil, Marian Schuegraf, participou do evento, assim como a embaixadora da Alemanha, Bettina Cadenbach.

— É absolutamente urgente e necessário que os países, as autoridades, se unam para que haja não só regulamentações nacionais, mas uma regulamentação internacional. A União Europeia já deu um grande exemplo recentemente, aprovando duas importantes leis nesse sentido. Outros países do mundo vêm discutindo essa questão.

Moraes também afirmou que a Organização das Nações Unidas (ONU) deveria atuar nessa regulamentação, a exemplo da Declaração Universal dos Direitos Humanos, aprovada em 1948.

DISSE MORAES — “Há pouco mais agora de 75 anos a ONU proclamou a sua declaração de direitos (humanos). Há, hoje, a necessidade de uma discussão do ponto de vista internacional, para que a ONU lidere uma declaração de direitos digitais em defesa da democracia”.

Em fevereiro, o TSE aprovou uma resolução sobre propaganda eleitoral que disciplina o uso de tecnologias de IA nas campanhas das eleições municipais que ocorrerão em outubro.

O texto aprovado estabeleceu a proibição das “deep fakes” e que a inteligência artificial só pode ser usada em campanhas com um aviso de que o conteúdo foi feito a partir de uma ferramenta do tipo.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
É triste ouvir essa demonização das redes sociais. Fica parecendo que a União Europeia já resolveu o assunto… Como dizia François Rabelais, a ignorância é a mãe de todos os males. A União Europeia é uma aliança transnacional, sem poderes de criar leis para os países-membros cumprirem. Cada um que faça suas próprias leis. No caso das redes sociais, a UE apenas propõe que cada país crie uma comissão com poderes para retirar postagens, bloquear usuários e aplicar multas a infratores e às plataformas. E nem fala em prender ninguém ou confiscar passaporte, como Moraes costuma fazer. O Ato de Serviços Digitais (DSA) está disponível no Google, mas ninguém se interessa em ler, o que dizem de asneiras não está no gibi. (C.N.)

Mourão ironiza “cinismo” de Pimenta, que criticou as bombas antienchentes

Bolsonaristas, Mourão e 'Gilvão da Federal' chegam perto da briga física

Mourão critica a falta de conhecimento do ministro Pimenta

Deu no Poder360

O senador Hamilton Mourão (Republicanos-RS) criticou o “cinismo” da fala do ministro extraordinário da Reconstrução do Rio Grande do Sul, Paulo Pimenta, sobre as casas de bomba de Porto Alegre serem de 1970.

 Sem citar nomes, o ministro petista culpou os governos dos ex-presidentes Michel Temer (MDB) e Jair Bolsonaro (PL) pela falta de investimento em infraestrutura de prevenção no Rio Grande do Sul.

MEMÓRIA CURTA –  “O ministro deve ter memória curta, deve ter esquecido os governos Lula e Dilma, os governos Olívio e Tarso; bem como o fato de que a prefeitura de Porto Alegre esteve 16 anos, entre 1989 e 2005, nas mãos do PT”, declarou o vice-presidente em seu perfil no X (ex-Twitter) nesta segunda-feira ( dia 20).

As declarações de Pimenta foram dadas em entrevista ao canal no YouTube Barão de Itararé no domingo (dia 19).

“Nós tivemos uma enchente maior que a de 1941, em torno de 70%. Em algumas cidades, a água passou por cima do dique, em outras, o dique rompeu. Das 23 bombas de Porto duas funcionaram. Essas bombas são dos anos 1970. Seria como se cada um de nós aqui tivéssemos um Corcel 75, uma Brasília 76. Quando estraga uma peça, não existe outra”, disse o ministro.

CARGO ESPECIAL – O petista foi nomeado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ao cargo especial na semana passada. A criação da nova estrutura e a nomeação de Pimenta, então chefe da Secom (Secretaria de Comunicação Social), foram oficializadas na quarta-feira (dia 15) durante a viagem do chefe do Executivo a São Leopoldo (RS) e publicadas no Diário Oficial da União em edição extra.

Como ministro da reconstrução, irá coordenar as ações do governo federal no Rio Grande do Sul, atingido por fortes chuvas desde o fim de abril.

A nova função existirá até dois meses depois do encerramento do estado de calamidade pública no Estado, previsto para 31 de dezembro de 2024. Portanto, poderá ficar no cargo até fevereiro de 2025.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Como se já bastasse Lula da Silva, agora teremos de aturar também esse ministro Pimenta, que nos olhos dos outros é refresco. Na lista de corruptos da Odebrecht, seu codinome era Montanha. Comprem pipocas, o que esse neoministro vai dizer de bobagens daqui para a frente não está no gibi, como se dizia antigamente. Em matéria de asneiras, Lula tem um rival à sua montanhosa altura. (C.N.)    

Ninguém entende por que Cafu virou garoto-propaganda exclusivo da CBF

Cafu indica o que falta para a Seleção Brasileira vencer a Copa do Mundo - Lance!

Cafu ganhou exclusividade sem a menor justificativa 

Vicente Limongi Netto

Inacreditável, inaceitável e injustificável que apenas e somente o ex-jogador Cafu viaje, pelo Brasil e pelo mundo, em programações oficiais da CBF. O futebol pentacampeão tem outros dignos, valorosos e eternos atletas, também campeões do mundo, merecedores de semelhante tratamento dado a Cafu. Como Ronaldinho Gaúcho, Rivaldo, Ronaldo Fenômeno, Clodoaldo, Edu, Jairzinho, Rivelino, Gerson, Piazza, Gilberto, Tostão, Leão, Vampeta, etc. Francamente, é o fim da picada.

Completo desaforo e má vontade do técnico Dorival Junior, ao não convocar Ganso para os amistosos da seleção. O cerebral meia do fluminense está em excelente forma, física e técnica. Dorival conhece Ganso, foi treinador dele, no Santos. Sabe que o atleta, pela experiência e inteligência, poderia ser muito útil à seleção. Lamentável.

Beato Carlo Acutis tem seu corpo permanentemente exposto em Assis

Corpo do jovem beato jamais se decompôs

ESPIRITUALIDADE – Com Deus e Maria no coração, carregando emoções na mochila e exortando serenidade, amor e fé entre os homens, lá vai Ana Dubeux (Correio Braziliense – 19/05), com sua forte e cativante espiritualidade pelos continentes.

A jornalista está, agora, em Assis, Itália, “conhecendo os locais sagrados ligados à vida de São Francisco e Santa Clara, como a igreja de Santa Maria dos Anjos, a Porciúncula, berço da Ordem Franciscana, o sacro convento e a casa paterna, além de uma visita ao corpo do beato Carlo Acutis, que morreu aos 15 anos e seu corpo jamais se decompôs.

Dubeux clama por mudanças em nossas atitudes. É preciso lutar para estancar a pavorosa brutalidade que estarrece o mundo.

FESTA DO BOI – Vigilante no cumprimento das normas que definem a participação de crianças e adolescentes antes, durante e depois do 57º Festival Folclórico de Parintins, o Ministério Público do Amazonas prepara uma grande ação conjunta, com várias promotorias e projetos do órgão, para levar à “Ilha Tupinambarana” entre os dias 26 a 30 de junho. 

Este ano o festival terá a cobertura direta da TV Globo. Estima-se a presença de 120 mil turistas e receita para Parintins de 150 milhões de reais.

A ideia do procurador-geral Alberto Rodrigues do Nascimento Júnior, aproveitando a presença do público recorde deste ano, é aproximar o Ministério Público e a sociedade, abrindo canais de comunicação e de denúncia, inclusive apresentando ações concretas da Ouvidoria Itinerante da Mulher, que é um exemplo a todo o país.