Crise alimentar é gravíssima e Cuba pede ajuda à ONU e a nações amigas

Caos do socialismo: a comida simplesmente acabou em CUBA - Terra Brasil  Notícias

Cubanos sabem que precisam de ajuda alimentar externa

Ángel Bermúdez Role
BBC News Mundo

A ilha vive uma recessão econômica há vários anos que afeta a produção de alimentos, a disponibilidade de medicamentos, e é acompanhada por uma inflação na casa dos três dígitos. O peso cubano está em constante desvalorização. Há apagões. A economia não tem um aliado internacional que permita um alívio financeiro. Há também protestos sociais e emigração em massa.

O presidente de Cuba, Miguel Díaz-Canel, reconheceu em sua conta no X (antigo Twitter) que “várias pessoas manifestaram insatisfação com a situação do serviço de energia elétrica e de distribuição de alimentos”, mas acusou os inimigos da Revolução de tentarem se aproveitar deste contexto para fins desestabilizadores.

SITUAÇÃO COMPLICADA – Segundo Pavel Vidal, professor de economia da Universidade Javeriana de Cali, na Colômbia, a situação que a ilha atravessa hoje tem algumas semelhanças com a crise dos primeiros anos da década de 1990, logo após o colapso da União Soviética, chamada de Período Especial, que deixou Cuba sem o seu principal apoio político e econômico no exterior.

“São mais atingidos os pensionistas e funcionários do Estado que dependem de uma renda fixa em pesos cubanos que não foi reajustada pela inflação… não há dados oficiais, mas acredito que os números da pobreza são alarmantes. Principalmente no que se refere aos aposentados, cuja situação é agravada pelo envelhecimento da população. Aí existe uma situação muito complicada”, afirma.

Ao mesmo tempo, há cubanos que recebem auxílios em dólares enviados por parentes no exterior. Estas desigualdades entre os diferentes setores da sociedade cubana são uma das razões de a situação atual ser mais dura do que a vivida na década de 1990, com o fim do apoio da União Soviética.

CRISE MAIS GRAVE – O economista Ricardo Torres, pesquisador do Centro de Estudos Latino-Americanos e Latinos da American University, nos EUA, argumenta que é preciso levar em consideração alguns aspectos qualitativos “para compreender o fardo sobre as pessoas, e como a crise pode ser sentida”.

Torres destaca, por exemplo, que o Período Especial foi precedido por uma fase de crescimento econômico, enquanto a atual conjuntura se dá “após quase 30 anos de crise permanente”.

“Nos anos 1990, o país apresentava um certo bem-estar que tinha sido alcançado na década de 1980, tanto em termos de consumo quanto em termos de qualidade e profundidade dos serviços sociais, de educação, de saúde, com conquistas esportivas a nível mundial. E tudo isso em uma sociedade muito mais igualitária em termos de rendimentos do que a que existe agora. Não quer dizer que não havia problemas, mas era definitivamente muito mais igualitária em termos de rendimentos”, aponta.

RETROCESSO BRUTAL – Isso indica que embora a partir de 1994 o PIB tenha começado a crescer novamente, houve muitas áreas da economia, da sociedade e de da população que nunca recuperaram o padrão de vida e os níveis de atividade da década de 1980.

“A infraestrutura de Cuba, construída depois de 1959, estava praticamente recém-construída na década de 1990. Pense nas centrais elétricas, nas estradas. Agora essa situação é muito diferente. As centrais elétricas estão há mais de 30 anos em funcionamento, talvez já excedendo os parâmetros para os quais foram concebidas. Muitas estradas, por exemplo, nunca tiveram manutenção nos últimos 30 anos”, afirma.

“Então, a infraestrutura física está em um estado muito mais lamentável agora, mais deteriorada do que nos anos 1990. Talvez a única infraestrutura que esteja relativamente melhor hoje seja a das telecomunicações, já que certamente se expandiu a disponibilidade de celulares e, inclusive, o acesso à internet.”

ECONOMIA FRACA – Torres acrescenta que a ilha perdeu capacidade produtiva. “Há muito menos usinas açucareiras, muito menos indústrias de manufatura, menos agricultura e pecuária, por exemplo. Há mais hotéis e aeroportos, e alguns deles são mais modernos do que os que existiam na década de 1980, mas o equilíbrio em termos de infraestrutura não é favorável”, destaca.

Há migração em massa e nestas três décadas a ilha perdeu muito capital humano, além do envelhecimento da população.

“Durante o Período Especial, o atendimento hospitalar sofreu, claro, mas nada a ver com a situação que vivemos hoje. O mesmo pode ser dito da educação. Cuba estava com um sistema educacional robusto, com muito capital humano. Isso não é mais verdade. Pelo contrário, tem havido uma emigração em massa de professores bem qualificados que afeta todos os níveis”, diz ele.

FALTAM ITENS BÁSICOS – Além disso, ele afirma que a assistência material que as pessoas podem receber do Estado foi reduzida, não só em termos de medicamentos que podem estar disponíveis num hospital, por exemplo, como também de itens básicos que a população recebe por meio da libreta (caderneta de racionamento), sistema criado para controlar a distribuição destes produtos para a população.

“Embora o governo não divulgue números oficiais a este respeito, sabe-se que os níveis de desigualdade já eram muito altos em 2019. Isso significa que um grupo importante da população chega a esta crise atual com o padrão de vida bastante deteriorado, com carências importantes em termos de moradia, de acesso a serviços sociais. Então, eles chegam com muita desvantagem, e esta crise os atinge duramente. E eles não têm nenhum tipo de recurso ou reserva para enfrentar essa situação”, explica.

ABASTECIMENTO – A situação geral do abastecimento na ilha costuma ser considerada um assunto sensível — e um segredo estratégico

A estes elementos, devemos acrescentar o que os economistas consideram erros nas políticas internas, como a recente “reforma monetária” (uma tentativa fracassada de unificar o câmbio); um conjunto de reformas econômicas parciais e incompletas, como a iniciativa do ex-presidente Raúl Castro de entregar em usufruto as terras improdutivas para os agricultores, destaca Pavel Vidal.

“O usufruto não dá ao agricultor a segurança que ele precisa, porque ele não tem a propriedade da terra. Há milhões de limitações para, por exemplo, erguer construções nessas terras e, além disso, a compra forçada por parte do Estado de uma parte importante da produção a preços ridículos torna a atividade agropecuária financeiramente inviável”, explica.

CRISE MULTISSISTÊMICA – “Trinta anos depois, se tornou uma crise multissistêmica. É uma crise política, social, sanitária e econômica. E todos estes fatores juntos geraram esta tempestade que neste momento se vê nesta explosão social que está acontecendo em diferentes locais do país”, acrescenta, fazendo referência aos protestos que ocorreram na ilha no dia 17 de março.

Torres  e Vidal concordam que o problema subjacente é um modelo econômico que “não funciona”.

“A evidência histórica é esmagadora em termos de que esses modelos de economia centralmente planificadas, sobretudo no estilo soviético, não deram resultado em nenhum dos países em que foram adotados. Observe que a própria China e o Vietnã, apesar de ainda terem partidos comunistas no poder, há mais de três décadas reconheceram que este modelo não era funcional, e o abandonaram”, destaca Torres.

###
NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG –
Pela primeira vez na História, o governo cubano pediu à ONU ajuda alimentar para combater a fome do povo. A Venezuela, apesar da crise, tenta ajudar, o México, também, e o Brasil já enviou um avião com 80 toneladas de alimentos. Mas é pouco, muito pouco para as reais necessidades do povo. (C.N.)

Economia e governo vão bem, quem está mal é o próprio presidente Lula

Charge do JCaesar | VEJA

Charge do JCaesar | VEJA

Eliane Cantanhêde
Estadão

É bem possível que os ministros não entendam nada de comunicação, mas o grande problema do governo não é esse, mas sim que o presidente Lula se comunica excessivamente e mal, dando uma bola fora atrás da outra. As duas últimas vindo a público são a história do sumiço de 261 móveis, obras e objetos do Alvorada e a notícia de que, ora, ora, o governo Lula decreta cem anos de sigilo para 1.339 pedidos de informação, como Bolsonaro fazia, sob chuvas de protestos.

Seria uma irresponsabilidade inadmissível se qualquer um, mas é muito grave quando o presidente mais do que insinua, praticamente acusa o antecessor de ter levado embora até o mobiliário do palácio residencial. Irresponsável, grave e sujeita a processo, a declaração fica ainda pior porque os novos móveis foram comprados sem licitação e tem efeito colateral depois de revelado que estava tudo lá, o tempo todo: o uso político de Bolsonaro e bolsonaristas.

RIDICULARIZAÇÃO – O MP já tinha embolado “importunação de baleia” com fraude em atestado de vacinas, uso indevido do cartão corporativo, tentativas de embolsar e contrabandear joias das Arábias, além, obviamente, a trama do golpe.

Depois de tudo embolado, a cada notícia sobre os Bolsonaro, inclusive o indiciamento pelos atestados falsos, a reação de advogados, amigos e militantes é a mesma: acusar “perseguição política” e ridicularizar, comparando com a ação da baleia.

A partir de agora, a baleia volta para águas profundas e, na narrativa bolsonarista, emergem os móveis do Alvorada. Misturam-se realidade, delações e provas contra Bolsonaro com a acusação leviana de Lula.

ARMAS E MUNIÇÃO – E, assim, Lula dá armas e munições para o inimigo, a quem, inclusive, chamou de “covardão” por não ter ido até o fim com o golpe. Onde Lula está com a cabeça?

E essa história dos cem anos de perdão, ops!, de sigilo? Algum gênio lança a ideia, acha que ninguém vai ver e o presidente repete o que ele e todos os demais criticávamos em Bolsonaro.

Ainda não aprenderam que, não importa quem seja presidente, mais cedo ou mais tarde, alguém descobre móveis e sigilos escandalosos, assim como foram revelados joias cravejadas de diamantes e atestados falsos inseridos na rede oficial do SUS. Nem tentativa de golpe, liderada pelo então presidente e envolvendo altas patentes militares, escapou.

ERROS DEMAIS – A lista de erros de Lula é longa: Venezuela, Nicarágua, comparar Israel com nazismo, acusar os EUA, sem provas, de ter se “mancomunado com a Lava Jato”, jogar uma dinheirama na refinaria Abreu e Lima, de péssima memória, interferir na Petrobras, usar o Banco dos Brics e a Vale para “reabilitar” Dilma Rousseff e Guido Mantega, desautorizar Fernando Haddad…

Na comparação dos dois balanços, dos erros de Lula e o distribuído na reunião de segunda-feira sobre os feitos do governo, o governo vai bem, quem vai mal é o presidente. Para desespero, aliás, de quem morre de medo da volta do bolsonarismo.

###
NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Excelente artigo de Eliane Cantanhêde, atônita com a confusão mental de Lula. Já explicamos aqui na Tribuna da Internet que a culpa é da dona Janja da Silva. Se ela mandar parar os remedinhos que Lula está tomando para aumentar o pique e aguentar a correria presidencial, a confusão mental deve diminuir. Mas quem se interessa? (C.N.)

Rússia prende onze suspeitos após atentado em Moscou, com 115 mortos

Estado Islâmico reivindica atentado em Moscou

Mais de 6 mi pessoas foram atacadas nesta casa de shows

Deu no Estadão
Associated Press

Onze pessoas foram detidas depois que homens armados invadiram uma casa de shows em Moscou e abriram fogo contra a multidão, disse o chefe do Serviço Federal de Segurança da Rússia ao presidente Vladimir Putin no sábado, 23, segundo a agência de notícias estatal russa Tass.

Pelo menos 115 pessoas foram mortas no ataque, incluindo três crianças. Imagens compartilhadas pela mídia estatal russa no sábado mostraram veículos de emergência ainda reunidos em torno do Crocus City Hall, uma sala de concerto ao lado de um shopping que fica 20 km a noroeste do Kremlin, o coração da capital russa, com capacidade para mais de 6 mil pessoas.

O PIOR ATAQUE – O ataque de sexta-feira ocorreu poucos dias depois de o presidente Vladimir Putin conquistar mais seis anos de mandato em uma eleição presidencial manipulada e sem concorrentes relevantes. O ataque foi o mais letal na Rússia em 20 anos, e ocorreu no momento em que a luta do país na Ucrânia se arrastava pelo terceiro ano.

Vídeos postados on-line mostraram homens armados no local atirando em civis à queima-roupa. O teto do teatro, onde multidões haviam se reunido na sexta-feira para uma apresentação da banda de rock russa Piknik, desabou nas primeiras horas da manhã de sábado, enquanto os bombeiros passavam horas combatendo um incêndio que irrompeu durante o ataque.

Quatro dos detidos estavam diretamente envolvidos no ataque, informou a Tass. O grupo Estado Islâmico reivindicou a responsabilidade pelo ataque em uma declaração publicada em canais de mídia social afiliados, embora nem o Kremlin, nem os serviços de segurança russos tenham atribuído oficialmente a culpa pelo ataque.

ESTADO ISLÂMICO – Em uma declaração publicada por sua agência de notícias Aamaq, a afiliada do Estado Islâmico no Afeganistão disse que havia atacado uma grande reunião de “cristãos” em Krasnogorsk. Não foi possível verificar imediatamente a autenticidade da alegação.

No entanto, um funcionário da inteligência dos EUA disse à The Associated Press que as agências de inteligência dos EUA confirmaram que o EI foi responsável pelo ataque.

A autoridade disse que as agências de inteligência dos EUA haviam reunido informações nas últimas semanas de que a filial do EI estava planejando um ataque em Moscou e que as autoridades dos EUA haviam compartilhado em particular a inteligência no início deste mês com as autoridades russas.

ONU CONDENA – Na sexta-feira, o Conselho de Segurança da ONU condenou “o ataque terrorista hediondo e covarde” e destacou a necessidade de responsabilizar os autores. O secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, também condenou o ataque terrorista “nos termos mais fortes possíveis”, disse seu porta-voz.

Enquanto isso, em Moscou, centenas de pessoas fizeram fila na manhã de sábado para doar sangue e plasma, informou o Ministério da Saúde da Rússia.

Putin, que estendeu seu controle sobre a Rússia por mais seis anos na votação presidencial desta semana após uma ampla repressão à dissidência, denunciou publicamente os alertas ocidentais sobre um possível ataque terrorista como uma tentativa de intimidar os russos.

DISSE PUTIN – “Tudo isso se assemelha a uma chantagem aberta e a uma tentativa de amedrontar e desestabilizar nossa sociedade”, disse ele no início desta semana.

Em outubro de 2015, uma bomba plantada pelo Estado Islâmico derrubou um avião de passageiros russo sobre o Sinai, matando todas as 224 pessoas a bordo, a maioria delas russos em férias que voltavam do Egito.

O grupo, que opera principalmente na Síria e no Iraque, mas também no Afeganistão e na África, também reivindicou vários ataques no volátil Cáucaso russo e em outras regiões nos últimos anos. O grupo recrutou combatentes da Rússia e de outras partes da antiga União Soviética.

###
NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Vivemos num mundo cão, que ainda vai demorar muito até poder ser considerado realmente civilizado. Por enquanto, o mundo tem apenas alguns bolsões de civilização, como dizia o grande historiador britânico Kenneth Clark: “Civilização? Nunca encontrei nenhuma. Mas tenho certeza de que, se algum dia encontrar, saberei reconhecê-la”. (C.N.)

Nos EUA, devaneios titatoriais do STF contra Allan dos Santos soam ridículos

O blogueiro bolsonarista Allan dos Santos -- Metrópoles

Allan dos Santos é idiota, mas tem direito de se expressar

Mario Sabino
Metrópoles

O blogueiro bolsonarista Allan dos Santos é uma figura execrável. Ele mente, difama, calunia, tem um vocabulário imundo e os seus modos causam asco. Fui alvo dele, assim como fui e voltei a ser alvo de outra gente asquerosa: os blogueiros petistas.

O ministro Alexandre de Moraes quer prender Allan dos Santos, mas ele fugiu para os Estados Unidos. Os repórteres Mariana Hollanda e Renato Machado noticiaram que, no segundo semestre do ano passado, agentes do FBI e da imigração americana vieram ao Brasil para discutir o assunto com representantes do Ministério da Justiça e da PF.

“SÓ PALAVRAS…” – As autoridades brasileiras exibiram um vídeo, legendado em inglês, com as falas de Allan dos Santos pregando golpe. Para a irritação dos brasileiros, um dos americanos disse que não havia crime ali, só palavras.

Allan dos Santos é acusado no Brasil de crimes de opinião que os americanos julgam ser apenas o exercício da liberdade de expressão. Não será possível extraditá-lo, portanto, pela sua boca suja.

Os americanos concordaram, no entanto, em dar continuidade ao procedimento de repatriação de Allan dos Santos pelas acusações de lavagem de dinheiro e de formação de organização criminosa. Enviaram questionamentos às autoridades brasileiras, mas não obtiveram resposta. De acordo com os repórteres, o processo está parado no STF.

ASILO POLÍTICO – Enquanto isso, Allan dos Santos parece ter pedido asilo político nos Estado Unidos. A minha aposta é que conseguirá, a menos que haja provas robustas de crimes cometidos por ele que não sejam os de opinião. Pelo jeito, essas provas robustas inexistem até o momento. É caso de se perguntar se existirão algum dia.

O encontro entre as autoridades brasileiras e as americanas foi um choque de culturas, talvez até de civilizações. Do lado do Brasil, tem-se uma visão sobre liberdade de expressão que, de restritiva, passou a ser francamente autoritária; do lado dos Estados Unidos, a visão é que a liberdade de expressão deve ter garantias absolutas, seja para o bem como para o mal.

Nos Estados Unidos, cabe à sociedade distinguir a boa opinião e a opinião deletéria. Se a sociedade não o faz, será ela a arcar com as consequências e, quem sabe, aprender com isso. Ninguém tem o direito de tutelar a liberdade de expressão, preceito fundamental que hoje, com Donald Trump, passa por uma prova de fogo. A história de sucesso dos Estados Unidos aponta que o caminho deles é o correto, com todas as dores que implica.

EXISTE CRITÉRIO – Como resumiu o advogado André Marsiglia, um dos maiores especialistas em liberdade de expressão do Brasil, o episódio envolvendo Allan dos Santos mostra que os americanos têm critério.

“Para eles, historicamente, expressar-se sem uma ação é mero uso da ‘palavra’, coberto pela Primeira Emenda, pela Constituição. Como no Brasil não temos critério, deixamos aos juízes e governantes nos dizerem o que devem ser nossas liberdades. Qualquer democracia que se preze não deixa exclusivamente na mão de suas autoridades o critério para estabelecer liberdades fundamentais como a de expressão e de imprensa”, escreveu André Marsiglia no X.

Como eu disse no início, o blogueiro bolsonarista Allan dos Santos é execrável, assim como os blogueiros petistas. O problema não é eles existirem, é existir gente que os ouça. Contra esse fato inescapável da realidade, os devaneios autoritários são inúteis — e perigosos, porque quem quer calar uns poucos termina querendo calar todos.

Moraes silencia sobre sua reunião com Bolsonaro que Mauro Cid quis delatar

Alexandre de Moraes derruba autuações da Receita Federal contra a Globo |  VEJA

Moraes se recusou a dar declarações à Folha

Constança Rezende
Folha

O ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), não quis se manifestar sobre a declaração do tenente-coronel Mauro Cid de que o magistrado teria se encontrado com Jair Bolsonaro (PL). Moraes foi questionado pela Folha para comentar o assunto, nesta sexta-feira (22), por meio da assessoria de imprensa do STF. Disse que não se manifestaria.

Em áudio revelado pela revista Veja, Cid citou o suposto encontro sem dar maiores detalhes. Ele também afirmou que a Polícia Federal tem uma narrativa pronta nas investigações sobre o ex-presidente.

DESCONCERTADOS – “Eu falei daquele encontro do Alexandre de Moraes com o presidente, eles ficaram desconcertados, desconcertados. Eu falei: Quer que eu fale?”, diz o trecho da gravação.

O ex-ajudante de Bolsonaro também se disse pressionado nos depoimentos e fez críticas a Moraes, que homologou sua delação premiada.

O ministro expediu novo mandado de prisão preventiva contra Cid nesta sexta. A medida ocorreu após o vazamento dos áudios. De acordo com o gabinete de Moraes, o militar foi preso por “descumprimento das medidas cautelares e por obstrução à Justiça”.

JUSTIFICATIVA DA PRISÃO– Segundo integrantes da PF, o tenente-coronel feriu o acordo de confidencialidade da colaboração premiada, o que foi considerado como o descumprimento de uma medida cautelar. Ele fez isso, avaliam investigadores, para tentar atrapalhar a apuração, sendo suspeito de obstrução de Justiça.

O Supremo também informou que está sob análise a homologação da delação feita pelo militar, já que os termos não foram tratados pela corte, e sim pelos investigadores.

Mauro Cid passou por exame de corpo de delito no Instituto Nacional de Criminalística da Polícia Federal e foi encaminhado à Polícia do Exército.

NARRATIVA DELES – Nos áudios revelados por Veja, Cid afirma que os policiais só queriam “confirmar a narrativa deles” e a todo momento davam a entender que ele poderia perder os benefícios da delação premiada a depender do que contasse.

O militar também teria feito duras críticas a Moraes. “O Alexandre de Moraes é a lei. Ele prende, ele solta, quando ele quiser, como ele quiser. Com Ministério Público, sem Ministério Público, com acusação, sem acusação”, afirma.

E prossegue: “O Alexandre de Moraes já tem a sentença dele pronta, acho que essa é que é a grande verdade. Ele já tem a sentença dele pronta. Só tá esperando passar um tempo. O momento que ele achar conveniente, denuncia todo mundo, o PGR [procurador-geral da República] acata, aceita e ele prende todo mundo”.

###
NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
As denúncias de Mauro Cid desmoralizaram o pau-de-arara do século 21 que o Supremo utiliza. Notem que a repórter da Folha não comprou apressadamente a versão de Moraes de obstrução da Justiça e descumprimento de medida cautelar. A exclusividade servil da Organização Globo faz muito mal ao país. Em fevereiro, Moraes derrubou as autuações da Receita à Globo por sonegação no caso dos “empregados pessoas jurídicas”. O fato concreto é que aumenta cada vez mais a percepção de que o inquérito do fim do mundo é ditatorial e a Polícia Federal virou um joguete nas mãos de Moraes. (C.N.)

Aprovação e reprovação ao governo Lula empatam, diz Datafolha

35% dos entrevistados aprovam o governo e 33% o reprovam

Pedro do Coutto

O governo do presidente Lula da Silva foi avaliado como ótimo ou bom por 35% dos brasileiros, enquanto 33% o classificam como ruim ou péssimo. Há empate técnico entre os dois grupos na margem de erro, que é de dois pontos para mais ou menos. Para 30%, o desempenho é regular. Outros 2% não souberam ou não opinaram.

É o que aponta a nova pesquisa Datafolha divulgada na tarde da última quinta-feira, a primeira de 2024.O resultado preocupa o governo que está tentando articular uma reação publicitária para conter não apenas a diferença entre a aprovação e a reprovação, mas também como forma de atuação do sistema moderno de comunicação, abrangendo os jornais, emissoras de televisão e rádio e também as redes sociais da internet.

LEVANTAMENTO – O governo precisa fazer um levantamento dos fatos que produz e torná-los públicos de forma geral. A avaliação positiva do governo oscilou negativamente três pontos percentuais, enquanto a fatia que vê uma gestão ruim/péssima variou positivamente no mesmo patamar. No levantamento anterior, em dezembro, os que classificavam essa gestão como ótimo ou bom somaram 38%.

Há, portanto, um cenário com tendência negativa para o governo do petista após um ano e três meses do mandato. No ano passado, não houve variação significativa na percepção sobre a gestão. Isso demonstra que a atuação de Lula encontra-se vulnerável junto à sociedade porque se assim não fosse, os números seriam diferentes. Os setores evangélicos, por exemplo, são muito resistentes a Lula e tem uma aptidão ao bolsonarismo em virtude de algumas lideranças religiosas, e isso influencia também nas pesquisas.

INTEGRAÇÃO – É preciso que se tenha mais integração e identificação dos problemas coletivos, para que o governo possa usar os instrumentos que possui para soluções efetivas juntos Os diversos grupos da sociedade. Não é simples o desafio de Lula. Há algo que está travando o governo e para o Planalto é preciso levar as suas realizações ao conhecimento público. Claro que o governo tem tido uma boa divulgação na imprensa, mas é preciso respostas concretas através de uma usina de informações, minando resistências que ainda pairam no país.

O governo não conseguirá reduzir a soma das oposições, mas poderá obter uma presença maior junto às correntes que consideram o governo como regular. São camadas que precisam ser conquistadas por ações do governo. Instrumentos não faltam e o governo deve ir ao encontro dessas demandas.

Vejam como Manuel Bandeira pretendia que fosse seu último poema

Eu gosto de delicadeza. Seja nos gestos,... Manuel Bandeira - PensadorPaulo Peres
Poemas & Canções

Manuel Carneiro de Sousa Bandeira Filho (1886/1968), membro da Academia Brasileira de Letras, nasceu em Recife e foi um poeta, crítico literário e de arte, professor de literatura e tradutor brasileiro. É considerado como parte da geração de 1922 do modernismo no Brasil. Seu poema “Os Sapos” foi o abre-alas da Semana de Arte Moderna

O ÚLTIMO POEMA
Manuel Bandeira

Assim eu quereria meu último poema
Que fosse terno dizendo as coisas mais simples e menos intencionais
Que fosse ardente como um soluço sem lágrimas
Que tivesse a beleza das flores quase sem perfume
A pureza da chama em que se consomem os diamantes mais límpidos
A paixão dos suicidas que se matam sem explicação.

Piada do Ano! PF suspeita que fugitivos de Mossoró tenham corrompido policiais

Mossoró: cão farejador chega ao esgotamento físico nas buscas | Metrópoles

As equipes estão esgotadas e ainda não encontraram nada

Bruna Lima e Guilherme Amado
Metrópoles

Um dos grandes entraves nas buscas pelos fugitivos da Penitenciária Federal de Mossoró (RN), Deibson Cabral e Rogério Mendonça, tem sido a falta de confiança entre os policiais envolvidos na operação para recaptura, que nesta quinta-feira (21/3) entra em seu 37º dia.

Segundo policiais que atuam na operação, um dos principais pontos de desconfiança parte dos policias federais e rodoviários federais em relação a integrantes das polícias locais.

DEIXARAM ESCAPAR – Eles acreditam que possa ter havido, nas primeiras horas da fuga, uma inércia proposital por alguns policiais militares em Mossoró, para que os dois fugissem com mais liberdade. Os agentes da Polícia Federal e da Rodoviária só chegariam bem depois a Mossoró para atuar nas buscas, quando o Ministério da Justiça determinou a entrada das duas corporações nos esforços para recaptura.

Essas primeiras horas podem ter sido estratégicas para Cabral e Mendonça se distanciarem do presídio com rapidez, com pouca chance de serem abordados.

Além disso, no decorrer dos dias, também houve alguns episódios de falta de comunicação entre as forças federais e a PM local que levantaram a suspeita de envolvido.

DIZ A PM – A Polícia Militar do Rio Grande do Norte repetidas vezes afirmou que seus homens vêm trabalhando com toda a seriedade e dedicação e que está tão empenhada nas buscas quanto os demais colegas.

Os dois presos, que pertencem ao Comando Vermelho, fugiram do presídio federal se segurança máxima no dia 14 de fevereiro. Nesta sexta-feira, dia 22, a força-tarefa entrou no 38º dia de caçada aos dois fugitivos.

###
NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Dizer que há suspeitas de que houve cumplicidade policial é Piada do Ano. É claro que houve suborno, e correu solto, tal a facilidade da fuga. Continuar perseguindo é uma perda enorme de tempo e dinheiro, usando helicópteros, drones e cães farejadores. É claro que foi um plano perfeito de escape e do lado de fora havia cúmplices aguardando a fuga, para dar seguimento. Quem está determinando a continuidade das buscas é o ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, que está bem instalado em seu gabinete refrigerado no Palácio da Justiça, em Brasília. (C.N.)

Diretor da PF tinha cometido grave erro ao pedir inquérito contra Mauro Cid

Novo quer explicações de Andrei Passos sobre interferências na cúpula da PF

Passos se deixou levar pela raiva e foi salvo pelo congo…

Carlos Newton

O diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Passos Rodrigues, tinga dado uma mancada forte ao apresentar uma representação contra o tenente-coronel Mauro Cid no Supremo Tribunal Federal (STF) por ele ter dito que foi forçado a dar determinadas declarações sobre o golpe de estado e outros crimes, em sua delação premiada.

Como se sabe, a representação é a manifestação de vontade da vítima em autorizar a instauração do inquérito policial ou de uma ação penal. O prazo para oferecimento da representação é de seis meses, porém o diretor da PF, movido pela ira, contra-atacou de imediato.

EM CIMA DO LANCE – O delegado federal Andrei Passos não lembrou que integra a equipe do presidente Lula da Silva. A raiva era tanta, a vontade de defender a Polícia Federal era tamanha que o diretor-geral apresentou a representação logo após a Veja divulgar sua explosiva reportagem, na noite de quinta-feira.

Bomba! Bomba!, diria Ibrahim Sued, acrescentando que Andrei Passos nem percebeu que a abertura de inquérito contra o ex-ajudante de ordens não interessa em nada ao governo Lula, porque existe a possibilidade de os investigadores da Polícia terem procurado pressionar Mauro Cid, de uma forma ou outra, ameaçando cancelar a delação premiada, porque o advogado dele se interessa pelos 15 de fama e pela grana que está ganhando. E Cid reclamou que Bolsonaro recebeu R$ 17,2 milhões em PIX e não ofereceu um tostão para pagar a defesa do amigo.

GRANDE ERRO – Essas circunstâncias adicionais é que indicavam o grande erro cometido pelo diretor-geral da PF. Ao fazer a representação contra Mauro Cid, o delegado Andrei Passos tornara obrigatória a revelação da íntegra dos depoimentos do tenente-coronel, em obediência ao princípio do amplo direito de defesa. Manter o sigilo significaria restringir o direito de defesa, algo inadmissível num país minimamente civilizado.

Como ensina o general chinês Sun Tzu, que viveu 6 séculos antes de Cristo, nenhum comandante pode se deixar levar pela ira, jamais se deve atacar o inimigo só por estar magoado, dizia ele.

Se conhecesse “A Arte da Guerra”, o diretor-geral da PF, ao invés de representar contra Mauro Cid, deveria ter se apressado em assistir à íntegra dos depoimentos, o que já deveria ter acontecido, caso estivéssemos numa verdadeira democracia. O mais provável é que essas gravações desapareçam, como as do Ministério da Justiça no 8 de Janeiro.

###
P.S. 1 –
A força-tarefa de Moraes precisa entender que a investigação do golpe é muito delicada. Já ficou claro que o tenente-coronel Mauro Cid era agente duplo, pois trabalhava ao mesmo tempo para o então presidente Bolsonaro e para o comandante do Exército, general Freire Gomes, a quem ele fazia relatórios diários sobre o andamento da conspiração. Isso está nos autos. Portanto, deve-se levar em conta a circunstância atenuante de que o comandante do Exército mandava Mauro Cid atender todas as ordens de Bolsonaro, para se saber até onde ele iria.

P.S. 2 – O ministro Alexandre de Moraes, porém, desconhece essas nuances e conduz o inquérito como quem dirige uma retroescavadeira. É movido pela raiva, igual ao diretor-geral da PF, e não raciocina friamente sobre os reais interesses do país. Até agora ele não percebeu que Mauro Cid era agente duplo. Chega a ser constrangedor o amadorismo desse ministro-relator-vítima-juiz . (C.N.)

Piada do Ano! Mauro Cid nega acusações, mas com exclusividade para a TV Globo

Paulinho de Buzios (101222Pp). Áudio original criado por Paulinho de Buzios. ...

O material do STF  foi parar nas mãos de Vladimir Netto

Carlos Newton

Agora, ninguém sabe quem tem menos credibilidade. Se o tenente-coronel Mauro Cid, o Supremo, a  Polícia Federal ou o Jornal Nacional? O fato concreto é que nesta sexta-feira, dia 22, em meio ao turbilhão de notícias sobre as acusações feitas pelo ex-ajudante de ordens presidencial, aconteceu um fato verdadeiramente insólito, que derruba a credibilidade institucional de forma absoluta, digamos assim, em função da exclusividade garantida à  TV Globo.

Pouco depois das 21 horas, o jornalista Vladimir Neto estava posicionado em Brasília, para filmagem externa, trazendo às mãos o novo depoimento de Mauro Cid, já transcrito e trabalhado pela Sucursal da TV Globo, com destaque visual para as partes mais importantes, enquanto o resto da imprensa aguardava notícias.

ABSOLUTA EXCLUSIVIDADE – Até aquele momento, nenhum outro importante órgão de comunicação do país, como a Folha, o Estadão, o Correio Braziliense, as outras TVs, portais, sites e o próprio jornal O Globo tivessem publicado uma só linha sobre o assunto. Ou seja, o material foi destinado exclusivamente ao Jornal Nacional, cujo editor, William Bonner, já confessou que considera o telespectador do JN uma espécie de Homer Simpson, personagem imbecil de desenho animado.

Quer dizer, o Supremo direcionou o material com total exclusividade ao repórter Vladimir Netto, que vem a ser filho dos famosos jornalistas globais Marcello Netto e Miriam Leitão.

O repórter cedeu uma cópia ao g1, site de notícias da Globo, que só publicou a matéria às 21h04m, praticamente ao mesmo tempo do que o JN, mas o texto não tinha assinatura – portanto, apareceu do nada.

JORNALISMO DIRECIONADO – Interessante notar que a denúncia de Mauro Cid se referia àqueles depoimentos direcionados que foi obrigado a fazer, no pau-de-arara do século 21 que o Supremo instalou, para usarmos uma expressão do intelectualizado ministro Dias Toffoli.   

E agora nos surge, no próprio Supremo do século 21, o jornalismo direcionado, feito à la carte na cozinha de Wiliam Homer, digo Bonner.

É triste acompanhar essa imprensa amestrada. O Supremo pendurou Mauro Cid no pau-de-arara do século 21, para que retirasse as acusações, e ele anuiu, com apoio de seu advogado, também amestrado. E assim a Polícia Federal ficou à vontade para compor sua narrativa, conforme afirmara o tenente-coronel na conversa grampeada.

###
P.S.
Essa armação global significa um final feliz para o Supremo e a força-tarefa de Alexandre de Moraes, porque as íntegras das gravações dos depoimentos de Mauro Cid jamais serão periciadas e podem até ser jogadas fora, como as fitas do Ministério da Justiça no dia 8 de Janeiro, conforme ocorreu na gestão de Flávio Dino. Depois voltaremos ao inquietante tema. (C.N.)

Denúncias de Mauro Cid deveriam se apuradas com a máxima urgência, mas…

Em áudios exclusivos, Mauro Cid ataca Alexandre de Moraes e a PF | VEJA

Mauro Cid foi preso logo após prestar a novo depoimento

Carlos Newton

Em meio à confusão gerada nesta sexta-feira com as revelações da Veja, o advogado Cezar Bitencourt, que defende o tenente-coronel Mauro Cid, tentou evitar que seu cliente fosse novamente preso e procurou também a salvar a delação premiada, que ficou inteiramente inepta em função da gravação divulgada pela revista.

Cezar Bitencourt, que é especializado em Justiça Militar, emitiu uma nota à imprensa, em que buscou diminuir a importância das afirmações de Cid sobre as pressões que vem sofrendo ao depor na Polícia Federal. Segundo o advogado, a denúncia feita pelo tenente coronel foi apenas “um desabafo em que relata o difícil momento e a angústia pessoal, familiar e profissional pelos quais está passando”.

NOTA DA DEFESA – Eis o texto distribuído pelo advogado Ceza Bitencourt nesta sexta-feira:

“Mauro César Barbosa Cid em nenhum momento coloca em xeque a independência, funcionalidade e honestidade da Polícia Federal, da Procuradoria-Geral da República ou do Supremo Tribunal Federal na condução dos inquéritos em que é investigado e colaborador, aliás, seus defensores não subscrevem o conteúdo de seus áudios.

Referidos áudios divulgados pela revista Veja, ao que parecem clandestinos, não passam de um desabafo em que relata o difícil momento e a angústia pessoal, familiar e profissional pelos quais está passando, advindos da investigação e dos efeitos que ela produz perante a sociedade, familiares e colegas de farda, mas que, de forma alguma, comprometem a lisura, seriedade e correção dos termos de sua colaboração premiada firmada perante a autoridade policial, na presença de seus defensores constituídos e devidamente homologada pelo Supremo Tribunal Federal nos estritos termos da legalidade.”

DALLAGNOL IRONIZA – O ex-procurador da Lava Jato e ex-deputado federal Deltan Dallagnol (Novo-PR) ironizou a situação, ao afirmar que o tenente-coronel Mauro Cid – que atuou como ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) – “destruiu a credibilidade” dos trabalhos da PF (Polícia Federal) e do STF (Supremo Tribunal Federal) na investigação que envolve o antigo chefe do Executivo.

O comentário foi feito em referência aos áudios atribuídos a Cid divulgados pela revista Veja. “Como temos denunciado há anos, parece que o verdadeiro pau-de-arara do século 21 e a verdadeira tortura de presos para obter delações, como disseram os senhores Dias Toffoli e Gilmar Mendes, não estavam, como nunca esteviveram, na Lava Jato. Estavam o tempo todo no STF”, declarou Deltan em seu perfil no X (antigo Twitter).

CONCLUSÃO ÓBVIA – Ao contrário do que afirma o advogado Cezar Bitencourt, a fala de Mauro Cid destrói por completo a seriedade com que a Polícia Federal vem conduzindo seus depoimentos e liquida a delação premiada.

Além de denunciar o abuso de autoridade dos delegados federais que o interrogaram, crime com pena de detenção de um a quatro anos, envolvendo também crime de constrangimento ilegal, com mais um ano de detenção, Cid relatou uma reunião secreta entre o ministro Alexandre de Moraes e Jair Bolsonaro.

Bem, não é possível que, diante de tamanho escândalo, o ministro Moraes prenda novamente o tenente-coronel e mantenha o sigilo da íntegra das gravações dos depoimentos de Mauro Cid. Se permitir o  acesso, essa simples medida demonstrará onde está a verdade, que o cidadão-contribuinte-eleitor tem direito de saber, como dizia Helio Fernandes.

###
P.S.Ao prender novamente o réu, antes de apurar a denúncia dele, o ministro Moraes agiu como um juiz parcial e virulento. Antes de prender quem faz uma denúncia de tamanha gravidade, o bom senso recomenda que sejam apurados os acontecimentos. A meu ver, Moraes tem um temperamento absolutamente descompensado. (C.N.)

Venezuela cria o estado de Essequibo e aumenta o risco de invadir a Guiana

Maduro adota tom mais ameno e fala em 'sentar e conversar' com a Guiana  sobre Essequibo | Jovem Pan

Nicolás Maduro já está divulgando o novo mapa da Venezuela

Isabella de Paula
Gazeta do Povo

Mesmo com julgamento em andamento na Corte Internacional de Justiça, órgão judicial máximo da ONU, a Venezuela decidiu criar o novo estado de Essequibo, zona disputada com a Guiana que representa 70% do território vizinho.

A decisão foi aprovada por unanimidade durante sessão na Assembleia Nacional, controlada pelo ditador Nicolás Maduro, nesta quinta-feira (21).

SOLUÇÃO PACÍFICA – A criação do novo estado é uma prova de que o regime chavista está ignorando as conclusões do encontro entre as lideranças de seus países, o presidente guianense, Irfaan Ali, e o ditador Nicolás Maduro. Em dezembro, os lados se comprometeram a buscar uma solução pacífica para a disputa, embora tensões e dúvidas permanecessem.

À época, o ministro venezuelano das Comunicações, Freddy Ñáñez, divulgou um vídeo na rede social X com Ali e Maduro trocando um aperto de mão. Na publicação, ele escreveu que a reunião bilateral foi “bem-sucedida” e “a única forma de resolver a controvérsia territorial é o diálogo, com compreensão e respeito, livre de interferências, priorizando o bem-estar” da região.

Ainda, depois do encontro, os países divulgaram um comunicado conjunto afirmando que concordaram que “direta ou indiretamente, não ameaçarão ou usarão a força uma contra a outra sob quaisquer circunstâncias, incluindo aquelas decorrentes de qualquer disputa existente entre ambos os Estados”.

TRIBUNAL LENTO – A decisão final sobre o futuro da região de Essequibo, rica em petróleo, deve ser definida pela Corte Internacional de Justiça, apesar da falta de reconhecimento da Venezuela sobre a legitimidade do órgão da ONU. O processo pode levar vários anos para ser decidido.

Na terça-feira (19), a Assembleia Nacional (AN) da Venezuela já havia aprovado, em segunda discussão, os artigos finais da Lei Orgânica de Defesa da Guiana Essequiba.

Um dos artigos que passaram prevê que quem apoiar a posição de Georgetown nessa questão não poderá concorrer a cargos públicos na Venezuela, mais um sinal do autoritarismo do atual regime chavista.

###
NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
O ditador Nicolás Maduro é como o Homer Simpson, personagem de desenho animado, e diz que “o país é meu e eu coloco ele onde quiser no mapa”. Mas pode ter uma decepção, porque o governo Biden está doido para desembarcar os marines e dar um show pré-eleitoral. Como todos sabem, o eleitor norte-americano adora filme de guerra. (C.N.)

Já era esperado! Moraes, o vingador, manda Mauro Cid ser preso de novo

Alexandre de Moraes está sob pressão militar para soltar Mauro Cid | Metrópoles

Cid desmaiou ao saber que estava sendo preso outra vez

Constança Rezende e Julia Chaib
Folha

O tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL), teve mandado de prisão preventiva expedido novamente nesta sexta-feira (22) pelo ministro Alexandre de Moraes, do STF.

De acordo com o gabinete de Moraes, Cid foi preso por “descumprimento das medidas cautelares e por obstrução à Justiça”. Ele será encaminhado o Instituto Médico Legal, segundo o gabinete de Moraes.

BUSCA E APREENSÃO – A Polícia Federal também cumpriu nesta sexta-feira um mandado de busca e apreensão na casa do ex-assessor de Bolsonaro. Segundo integrantes da PF, o tenente-coronel feriu o acordo de confidencialidade da colaboração premiada, por isso foi considerado o descumprimento de uma medida cautelar. Ele fez isso, avaliam investigadores, para tentar atrapalhar a apuração, o que leva à acusação de obstrução de Justiça.

Cid será preso preventivamente aos cuidados da polícia do Exército. O Supremo também informou que está sob análise a homologação da delação feita pelo militar, já que os termos não foram tratados pela corte e, sim, pelos investigadores.

A medida ocorreu após Cid prestar depoimento no Supremo, conduzido pelo desembargador Airton Vieira, juiz instrutor do gabinete do ministro de Moraes.

PASSOU MAL – Funcionários do tribunal informaram que Cid passou mal e desmaiou ao saber da ordem de prisão, mas logo depois se recuperou. Ele chegou a ser atendido por brigadistas no local.

A audiência foi agendada após a revista Veja divulgar áudio em que Cid afirma que a Polícia Federal tem uma narrativa pronta nas investigações sobre o ex-presidente. Ele se disse pressionado nos depoimentos e fez críticas a Moraes, que homologou sua delação premiada.

“Você pode falar o que quiser. Eles não aceitavam e discutiam. E discutiam que a minha versão não era a verdadeira, que não podia ter sido assim, que eu estava mentindo”, disse o ex-ajudante de ordens.

APÓS O DEPOIMENTO – De acordo com a revista, a gravação é da semana passada e ocorreu após Cid prestar depoimento por nove horas à Polícia Federal.

Integrantes da PF dizem que a delação premiada do tenente-coronel pode ser anulada a depender de apuração a respeito dos áudios.

Investigadores dizem que vão analisar o teor das gravações e, se comprovado que as declarações se deram dessa forma e nesse contexto, a colaboração premiada corre grande risco de ser anulada.

NARRATIVA DELES – Nos áudios, ele afirma que os policiais só queriam “confirmar a narrativa deles” e a todo momento davam a entender que ele poderia perder os benefícios da delação premiada a depender do que contasse.

Cid também teria feito duras críticas a Moraes. “O Alexandre de Moraes é a lei. Ele prende, ele solta, quando ele quiser, como ele quiser. Com Ministério Público, sem Ministério Público, com acusação, sem acusação”, afirma.

O militar também diz que teria havido um encontro do magistrado com Bolsonaro, sem dar maiores detalhes. “Eu falei daquele encontro do Alexandre de Moraes com o presidente, eles ficaram desconcertados, desconcertados. Eu falei: ‘Quer que eu fale?’.” E prossegue: “O Alexandre de Moraes já tem a sentença dele pronta, acho que essa é que é a grande verdade. Ele já tem a sentença dele pronta. Só tá esperando passar um tempo. O momento que ele achar conveniente, denuncia todo mundo, o PGR [procurador-geral da República] acata, aceita e ele prende todo mundo”.

###
NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Moraes é um péssimo juiz, que age movido pela raiva. Deveria, primeiro, tratar de saber se a denúncia de Cid tem procedência. Se as palavras do tenente-coronel forem verdadeiras, Moraes terá de agradecer a ele por ajudar a limpar a Polícia Federal. Mas é claro que Moraes jamais admitiria estar errado. Ele se julga o máximo, mas procede como fosse o mínimo. (C.N.)

Piada do Ano! Diretor da PF processa Cid ao invés de conferir as gravações

Andrei Passos é confirmado para a chefia da PF e associações esperam que corporação volte a atuar como órgão de Estado - Brasil 247

Andrei Passos pediu imediatamente a abertura de inquértto

Míriam Leitão
O Globo.

O diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Passos Rodrigues, me informou que fez uma representação contra Mauro Cid no Supremo Tribunal Federal (STF) por ele ter dito que foi forçado a falar o que está dizendo na delação. A representação foi feita na noite de quinta-feira, logo após a divulgação dos áudios de uma conversa de Cid com um amigo pela “Veja”.

– Vimos com gravidade o que as falas acusam. Representamos ao STF para que ele esclareça, já que somos levianamente acusados. Ninguém acusará a PF e o STF dessa forma, e ficará incólume –  diz Rodrigues.

ÁUDIOS COMPROMETEDORES – A “Veja” trouxe áudios de uma conversa de Mauro Cid com um amigo em que ele diz que está sendo forçado a dizer que o que está falando, e no qual faz acusações à Polícia Federal e até ao ministro Alexandre de Moraes.

Em um dos trechos, ele fala: “O Alexandre de Moraes é a lei. Ele prende, ele solta quando ele quiser, como ele quiser. Com Ministério Público, sem Ministério Público, com acusação, sem acusação”.

Em um outro trecho, Cid diz que houve um encontro de Moraes com o ex-presidente Jair Bolsonaro. “Eu falei daquele encontro do Alexandre de Moraes com o presidente, eles ficaram desconcertados, desconcertados. Eu falei: ‘Quer que eu fale?’.”

JOGO DUPLO – O fato é que os áudios mostram que Mauro Cid tentou negar o que já disse e tentou fazer um jogo duplo. Ele levantou três afirmações muito graves à Polícia Federal. E, ao mesmo tempo, tudo o que ele falou acabou sendo corroborado pelos fatos. Porque, como se sabe, a delação não é a prova, é o caminho para encontrar a prova e ela só se sustenta se tiver elementos que confirmem aquela fala.

No caso, por exemplo, das vacinas que ele foi indiciado, há provas concretas de fraude e adulteração como uma declaração falsa de vacinação em seu benefício, do ex-presidente Bolsonaro e da filha do presidente.

O que Cid falou se comprovou também pelos depoimentos dos outros que estão sendo ouvidos. Agora ele tem que explicar porque deu essa versão tão torta e tão cheia de acusações contra a Polícia Federal e até contra o ministro Alexandre de Moraes.

###
NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG –
Miriam Leitão, que foi torturada quando era presa política na ditadura militar e estava grávida, apressadamente toma as dores da Polícia Federal. Com todo respeito a seu enorme prestígio de jornalista, Miriam Leitão melhor faria se permanecesse neutra e exigisse os áudios completos dos depoimentos, para saber se Mauro Cid estava mentindo ou não. Quanto ao diretor da Policia Federal, Andrei Passos, também deu mancada. Ao invés de representar contra o réu, deveria liberar as gravações da íntegra dos depoimentos, o que automaticamente aconteceria, caso estivéssemos numa verdadeira democracia. (C.N.)

Petistas reprovam a insistência de Lula em seus ataques gratuitos a Bolsonaro

Charge do Caio Gomez (Correio Braziliense)

Denise Rothenburg
Correio Braziliense

Muitos petistas ficaram meio atônitos ao ver o presidente Lula chamando Jair Bolsonaro de “covardão” quando comentou a tentativa de golpe. A avaliação geral é a de que, em suas falas de governo, Lula precisa esquecer o seu antecessor, que está inelegível e não pode ser candidato em 2026.

O melhor é guardar os ataques pessoais para os palanques Brasil afora, na temporada oficial de campanha. No governo, porém, é preciso dedicar discursos para falar dos programas em curso e, nos estados, mostrar o que o governo vem fazendo.

PRÉ-CAMPANHA – Afinal, não adianta, avaliam os próprios petistas, convocar uma reunião ministerial para tratar dos projetos do governo e Lula jogar tudo por terra, falando do adversário e da tentativa de golpe.

Em tempo: com Bolsonaro percorrendo o país em pré-campanha, a ala mais à esquerda do PT considera que não dá para o presidente Lula esquecer o ex-presidente. Afinal, alguns petistas consideram que a polarização ajudará a eleger os seus filiados tal e qual ajudou Lula em 2022.

Na reunião ministerial desta semana ficou claro que o Planalto espera uma melhoria da avaliação da gestão Lula a partir do próximo semestre. Coincidentemente, é quando o PT estará mais focado na batalha eleitoral. Não é apenas a questão eleitoral deste ano que leva o governo a agir para tentar elevar os índices de aprovação. É que, quanto melhor estiver o governo, menos os adversários do governo (e alguns aliados) vão se animar em concorrer em 2026.

###
NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Temos comentado aqui na Tribuna da Internet que Lula não está bem. Parece descompensado – ou está agressivo demais, esculhambando Bolsonaro sem parar, ou está engraçado demais, falando até nas calcinhas das eleitoras. O fato concreto é que a idade não perdoa, Lula está cansando e vem tomando antidepressivos com efeitos colaterais. É melhor dona Janja da Silva mandar trocar o remedinho. (C.N.)

Advogado de Bolsonaro sobre áudios de Mauro Cid: “E um fato gravíssimo”

Fábio Wajngarten diz que Bolsonaro "jamais acessou ConecteSUS"

A imprensa notou que havia discrepâncias, diz Wajngarten

Leonardo Meireles
Metrópoles

Em publicação no Twitter, Fabio Wajngarten, advogado e ex-secretário  de Comunicação Social do governo Jair Bolsonaro, afirmou ter ficado surpreendido com o que chamou de “potencial jogo duplo” do tenente-coronel Mauro Cid, após áudios do militar terem sido divulgados.

Nas gravações, o ex-ajudante de ordens de Bolsonaro critica a Polícia Federal e o ministro do STF Alexandre de Moraes.

“Ainda não tenho opinião formada, nem juízo de valor, diante de tantas possibilidades que podem ter ocorrido”, aponta Wajngarten.

DIRECIONANDO A FALA – Em um dos áudios, divulgados pela revista Veja, Mauro Cid afirmou que os investigadores da PF queriam que ele falasse “coisas que não aconteceram”.

“Eles não aceitavam e discutiam que a minha versão não era verdadeira, que não podia ter sido assim, que eu estava mentindo. Eles já estão com a narrativa pronta. Eles não queriam saber a verdade”, disse Cid a um interlocutor de seu círculo próximo, afirmando depois se tratar de um desabafo.

Wajngarten chama a atenção para o fato de que a imprensa retratou, durante a semana, possível discrepância entre o que o Cid falou para a PF e o depoimento posteriormente divulgado.

ÁUDIOS NA ÍNTEGRA – “Isso é gravíssimo. O levantamento do sigilo das gravações dos depoimentos dele, na íntegra, poderá dirimir potenciais dúvidas e dará a transparência necessária para a elucidação de parte dos fatos”, escreveu.

Segundo o advogado, se o vazamento dos áudios for uma estratégia da defesa de Cid, ele não crê que tenha sido oportuna. “De todo modo, a defesa do presidente [Bolsonaro] tomará as devidas providências ao longo do dia”, conclui.

Na semana passada, a coluna de Igor Gadelha, do Metrópoles, já tinha noticiado que Cid vinha reclamando do que chamava de “narrativas” construídas pela PF. Por causa disso, o militar pediu à Polícia Federal acesso à íntegra dos vídeos de seus depoimentos.

###
NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Bem, a solução do problema é simples e já foi proposta. Basta o ministro Alexandre de Moraes levantar o sigilo e liberar a íntegra das gravações dos depoimentos. Imediatamente ficaremos sabendo quem esta mentindo – Cid ou os federais? (C.N.)

Piada do Ano! STF reinicia investigação sobre Moraes no aeroporto de Roma

Imagem do relatório da Polícia Federal com o suposto tapa do empresário Roberto Mantovani no advogado Alexandre Barci de Moraes, filho do ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes

PGR alega que a agressão foi de ‘gravidade considerável”

Pedro Vilas Boas
Folha

O ministro Dias Toffoli, do STF (Supremo Tribunal Federal), determinou que a Polícia Federal retome as investigações sobre a suposta agressão à família de Alexandre de Moraes. O caso aconteceu no aeroporto de Roma, na Itália, em julho do ano passado. Toffoli atendeu a pedido da PGR (Procuradoria-Geral da República), em determinação assinada na quarta-feira (20) e publicada nesta quinta-feira (21).

A Procuradoria discordou do argumento apresentado pela PF no inquérito, de que não poderia haver indiciamento, já que se trata de crime de menor potencial ofensivo praticado no exterior.

ATOS DE GRAVIDADE – “Há elementos de convicção sobre ter havido, na data e local indicados, atos de hostilidade de gravidade considerável por parte de Alex Zanatta Bignotto, Roberto Mantovani Filho e Andreia Munarão contra o ministro Alexandre de Moraes”, diz o pedido enviado a Toffoli.

A PGR pede ainda que o empresário Roberto Mantovani Filho seja ouvido novamente pela corporação. O objetivo é esclarecer se o vídeo gravado do momento da discussão, encontrado em um celular na casa de Mantovani, foi “manipulado para retratar um cenário fantasioso”.

A manifestação da Procuradoria ainda diz que as supostas ofensas contra Moraes “escaparam” do relatório da PF. O posicionamento afirma que a suposta conduta dos investigados autoriza a “extraterritorialidade da lei penal brasileira”, portanto, o indiciamento mesmo em caso de crime no exterior.

PF DIZ O CONTRÁRIO – A defesa de Roberto Mantovani disse ao UOL só se manifestar quando tiver acesso à íntegra da manifestação da PGR. No mês passado, a PF concluiu que Alexandre Barci de Moraes, filho do ministro, foi vítima de “injúria real”, praticada por Mantovani.

A injúria real tem pena máxima de um ano de detenção e, por ser um crime de potencial ofensivo menor e ainda praticado no exterior, o delegado Hiroshi Sakaki, que conduziu a investigação, explicou não ser o caso de indiciamento do empresário.

A Polícia Federal destacou que as imagens cedidas pelo aeroporto mostram o início da discussão a partir de uma manifestação de Andreia Munarão, mas que sem os registros sonoros e “da impossibilidade de realizar leitura labial, são insuficientes para atestar a materialidade do crime” por parte de Munarão e Alex Zanatta Bignotto.

###
NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Conforme se vê, a Procuradoria-Geral da República não tem medo do ridículo nem se preocupa em ficar consumindo recursos públicos em investigações sem a menor gravidade e o menor sentido. Como dizia o historiador Capistrano de Abreu, a Constituição deveria mandar os brasileiros terem vergonha na cara, revogadas as disposições em contrário. (C.N.)

Investigadores praticaram crime de abuso de autoridade ao pressionar Mauro Cid

Saiba as diferenças entre abuso de autoridade e abuso de poder

Charge reproduzida do Arquivo Google

Deu na Veja

Nos áudios, vazados de reportagem da revista Veja na noite desta quinta-feira, 21 de março, Cid acusou a PF de pressioná-lo a responder “coisa que eu não sei, que não aconteceu”.

“Eles [os policiais] queriam que eu falasse coisa que eu não sei, que não aconteceu… Você pode falar o que quiser. Eles não aceitavam e discutiam. E discutiam que a minha versão não era a verdadeira, que não podia ter sido assim, que eu estava mentindo”, afirmou o tenente-coronel em uma das mensagens.

NARRATIVA PRONTA – “Eu vou dizer o que eu senti: já estão com a narrativa pronta deles, é só fechar, e eles querem o máximo possível de gente para confirmar a narrativa deles. É isso que eles querem”, acrescentou em outro áudio.

A Veja não revelou o interlocutor de nenhuma das mensagens.

Em outra declaração, Cid atacou Moraes. “O Alexandre de Moraes é a lei. Ele prende, ele solta, quando ele quiser, como ele quiser. Com Ministério Público, sem Ministério Público, com acusação, sem acusação”, disse o tenente coronel.

MORAES & BOLSONARO – A declaração mais concreta de Cid nos áudios vazados envolve um trecho de seu depoimento à PF que teria sido retirado do relatório da corporação e envolveria uma suposta reunião entre Moraes e Bolsonaro em uma casa do senador Ciro Nogueira (PP-PI).

“Para mostrar ao interlocutor que haveria uma filtragem das informações que são oficializadas pela PF, Cid fala de um suposto encontro entre o ministro e Jair Bolsonaro, que não ficou registrado nos seus depoimentos”, diz a reportagem.

No áudio em questão, Cid afirma: “Quando eu falei daquele encontro do Alexandre de Moraes com o presidente, eles [agentes da PF] ficaram desconcertados. Eu falei: ‘Quer que eu fale? Não vou botar no papel, porque vou me f*. Mas o presidente [Bolsonaro] se encontrou secretamente com Alexandre de Moraes na casa do Ciro Nogueira. E aí?’.”

###
NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Essa denúncia de Cid compromete e desmoraliza o trabalho da Polícia Federal. Direcionar testemunho é crime de abuso de autoridade, sem a menor dúvida, com pena de um a quatro anos de detenção e multa. Não dá para entender e aceitar que esse tipo de pressão tenha havido em tão importante processo. É uma vergonha para todos os brasileiros. É assim que fazemos justiça neste país? (C.N.)

BC corta Selic em meio ponto e sinaliza mesma redução “na próxima reunião”

Copom faz 6º corte seguido na Selic e taxa de juros cai para 10,75%

Pedro do Coutto

O Comitê de Política Monetária anunciou nesta quarta-feira a redução de meio ponto percentual na taxa Selic que rege a remuneração de títulos do Tesouro para administrar a dívida interna do país. Como essa dívida é de R$ 6 trilhões, meio ponto percentual corresponde a cerca de R$ 30 bilhões.

Em decisão unânime, o colegiado também alterou o trecho do comunicado que sinaliza os próximos passos da autoridade monetária —aguardado com grande expectativa pelo mercado. Nesse ponto, o texto passou a sinalizar um corte da mesma intensidade apenas na próxima reunião.

PREVISÃO – Isso significa que o comitê prevê uma nova redução de 0,5 ponto somente no encontro agendado para maio, abandonando o plural usado nos comunicados anteriores ao deixar de se comprometer com um corte dessa magnitude “nas próximas reuniões”. Dessa forma, o Copom ganha mais liberdade para mudar o ritmo à frente. Na avaliação do comitê, essa é a condução apropriada para manter a política monetária contracionista, que busca conter o processo inflacionário.

O governo tem como meta o crescimento econômico e a redução da taxa Selic. Entretanto, esse processo não está se fazendo sentir no desenvolvimento social do país. Os problemas continuam se acumulando e o governo está tendo dificuldade em anunciar medidas concretas nessa área. De qualquer forma, foi um avanço que se soma a outros que vêm sendo caracterizados pela redução gradativa na taxa Selic.

HOSPITAIS – No plano interno há uma pressão muito grande, desta vez pela ministra Nísia Trindade, sobre a equipe do seu ministério.O problema grave ocorre nos hospitais federais no Rio de Janeiro, conforme mostrou a reportagem exibida no último domingo no Fantástico, na TV Globo, sobre a situação de calamidade em que se encontram as unidades, revelando a necessidade de uma revisão permanente na situação das unidades de Saúde, pois o que foi demonstrado é inacreditável, consequência da irresponsabilidade  e da omissão de setores responsáveis pela manutenção de equipamentos que salvam vidas humanas.

O principal foco político levou as coisas ao ponto em que todos nós tomamos conhecimento. É realmente um absurdo e agora é preciso ser consertado, mas levando-se em conta que isso deveria ser resultado de uma inspeção permanente. Acontece agora após o escândalo vir à tona e mostrar a omissão criminosa sobre as questões de Saúde. De qualquer forma, deslocou a atenção do governo para a grave questão.

Mauro Cid diz que a “PF não quer saber a  verdade” e complica as investigações

Mauro Cid confirma depoimento à CPI do Distrito Federal

Cid foi gampeado e pode perder o benefício da delação

Andréia Sadi
GloboNews

Em áudios divulgados pela ‘Veja’, o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, criticou a Polícia Federal e o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal. deve ser ouvido nesta sexta-feira (22). Ele se queixou de que foi obrigado pelos investigadores a confirmar informações que desconhecia.

A Polícia Federal sugeriu que Mauro Cid seja interrogado pelo juiz instrutor do caso para esclarecer áudios em que o ex-ajudante de ordens ataca o ministro Moraes e a própria PF. De acordo com apuração do colunista Gerson Camarotti, Cid será ouvido nesta sexta-feira (22), às 13h, pelo juiz instrutor do gabinete do ministro Alexandre de Moraes.

GRAVAÇÕES NA VEJA – Os áudios foram divulgados pela revista “Veja” na noite de quinta-feira (21). De acordo com a reportagem, Cid afirmou que a PF está com a “narrativa pronta” e que os investigadores “não queriam saber a verdade”.

Com a divulgação dos áudios, a PF pode reavaliar a delação premiada de Mauro Cid, que foi aceita pela instituição em setembro de 2023, segundo o blog apurou.

Em um primeiro momento, os investigadores queriam chamar Cid para esclarecer questões envolvendo os áudios. No entanto, acharam melhor sugerir que o ex-ajudante de ordens seja ouvido pelo juiz instrutor, já que Cid os colocou sob suspeição.

DELAÇÃO AMEAÇADO – Para fontes ligadas à investigação, Cid só tem a perder, já que a avaliação é a de que a delação do ex-ajudante de ordens só corrobora com as demais provas que a PF já tem, trazendo poucas novidades.

Integrantes da PF avaliam ainda que Cid parece estar tentando mandar recados para o círculo pessoal dele, ao criticar a Polícia Federal e o ministro Alexandre de Moraes.

Entre militares, o movimento de Cid — se confirmado como gesto a Bolsonaro — é considerado um tiro no pé, uma vez que a investigação já se mostrou bastante aprofundada no que diz respeito ao ex-ajudante de ordens.

###
NOTA DA REDAÇÃO DO BLOGA gravíssima a acusação de Mauro Cid. Se a Polícia Federal e o ministro Moraes estiverem agindo tendenciosamente, como ele afirma, as investigações se complicam e embolam o meio de campo. Vamos aguardar o que ele diz ao juiz instrutor da equipe do Supremo. (C.N.)