Lula agora governa em causa própria e por isso está caindo nas pesquisas

Lula diz que militares 'sempre quiseram ter interferência na política  brasileira'

Lula não tem dado importância às preocupações do povo

Vera Magalhães
O Globo

Uma das piores coisas que podem acontecer a um governo é um presidente experimentado, que passou a vida sendo louvado pelo tino político e pela forma intuitiva como governa, se ver defendendo pautas e prioridades completamente desconectadas daquelas que a população considera mais importantes.

É o que parece estar acontecendo com Lula, sobretudo neste início de ano. Outro fator que agrava a situação e atrapalha a possibilidade de o governo corrigir a rota é haver poucos expoentes do entorno próximo do presidente com senioridade e coragem para dizer a ele que está errando e deveria rever o rumo.

No primeiro mandato, o círculo próximo ao petista era composto de pessoas que tinham intimidade com ele e autoridade política para confrontar algumas de suas decisões. Independentemente do que aconteceu com eles em investigações posteriores, Luiz Gushiken, José Dirceu e Antonio Palocci, entre outros, tinham cacife para confrontar as certezas sempre veementes que fizeram Lula chegar aonde chegou na política, mas nem sempre são o melhor caminho no exercício da Presidência.

SEM PESO – O mesmo não se pode dizer do atual grupo de ministros. O único que teria peso suficiente para dizer a Lula que as coisas não vão bem seria Fernando Haddad, mas nem sempre os planos do ministro da Fazenda parecem convergir com os do presidente.

Tanto é verdade que bastou a arrecadação de janeiro e fevereiro crescer — fruto de fatores que podem ser sazonais, em razão de medidas adotadas pela Fazenda no ano passado, como a taxação de offshores e fundos exclusivos — para o presidente esfregar as mãos e sair defendendo mais gastos, como se o problema da percepção não tão positiva da população em relação a seu governo decorresse da falta de obras, entregas de casas ou outros projetos tradicionalmente defendidos por ele.

As pesquisas divulgadas nesta semana pelos institutos Quaest e Atlas, se forem analisadas detalhadamente e sem negacionismo pelo governo, mostram que a população não percebe o bom momento da economia e vê a corrupção e a segurança pública como os principais problemas do Brasil.

TUDO AO CONTRÁRIO – Além disso, as recentes incursões de Lula em temas de política externa se mostraram completamente dissociadas das prioridades internas e mesmo da percepção que a maioria da população tem a respeito dos temas que ele aborda de improviso segundo um viés ideológico próprio, não submetido a crivos técnicos do Itamaraty, que parece ter virado um apêndice da influência do assessor especial Celso Amorim.

O levantamento do Atlas aponta, com larga margem de diferença para os demais, corrupção e segurança pública como temas que mais preocupam os brasileiros. Eis uma pista que deveria ser seguida para entender o mau momento da avaliação de Lula. São dois assuntos a que o petista não tem se dedicado em discursos e agendas e sobre os quais sua administração não tem nada a apresentar.

Pelo contrário: os dois debates são travados do ponto de vista ideológico e, no que concerne à corrupção, o desmonte do arcabouço de transparência, como os acordos de leniência, e a reversão de decisões judiciais a granel pela Justiça estão associados, no debate público, a uma ação coordenada com a esquerda e o governo.

FORA DA REALIDADE – Simplesmente ignorar essa percepção e achar que é disseminado no conjunto da sociedade o entendimento de que todas as condenações da última década eram perseguição e uma tentativa de “criminalizar” a política é querer provar a quadratura do círculo e moldar a realidade às próprias crenças.

O mesmo que Lula faz, aliás, ao propagar aos quatro ventos a veia democrática de Nicolás Maduro e declarar uma crença, que soa infantil para alguém tão experimentado, na realização de eleições limpas no país vizinho.

Neste ano, o presidente resolveu falar a seus convertidos mais à esquerda e, aparentemente, a mais ninguém.

Na vida, ninguém ensina a encontrar a si mesmo, sem verdades absolutas

Charge do Shovel (Arquivo Google)

Dorrit Harazim
O Globo

Entre os feitos do britânico C.S. Lewis estão ter sobrevivido às trincheiras da Primeira Guerra Mundial e ser o autor das “Crônicas de Nárnia”, cujos sete volumes venderam mais de 100 milhões de exemplares e foram adaptados para TV, cinema, teatro, videogame. Em 1939, portanto às vésperas do conflito mundial seguinte, ele deu uma palestra na Universidade de Oxford. O tema era uma indagação: “O belo importa quando bombas começam a cair?”.

Como não? — respondeu ele.

A condição humana sempre foi feita de contendas, caos e dor. Vivemos inexoravelmente à beira do precipício, mas a cultura também emerge, sempre. Se adiássemos a busca do conhecimento e a procura do belo até haver alguma paz, nem sequer as pinturas rupestres existiriam.

NOSSA NATUREZA — “O ser humano propõe teoremas matemáticos em cidades sitiadas, conduz argumentos metafísicos em calabouços, faz piadas em cadafalsos e penteia o cabelo em trincheiras. Isso não é panache; é nossa natureza” — argumentou.

A matemática lhe dá razão. Historiadores já calcularam que, ao longo de toda a trajetória humana, tivemos até hoje míseros 29 anos sem que alguma guerra estivesse em curso em algum ou em vários pontos do planeta.

Atualmente, o portal Rule of Law in Armed Conflicts Online (Rulac), da Universidade de Genebra, monitora mais de 110 conflitos armados a espalhar desgraças. Ucrânia e Gaza são apenas os mais visíveis.

DIA DA MULHER – É neste mundaréu atritado que se comemorou, na semana passada, mais um Dia Internacional da Mulher. Haja fôlego para ainda precisarmos tanto desse reconhecimento com efeméride, apesar das distâncias já caminhadas. Boa oportunidade para querer ir além, alcançar o mais difícil para qualquer bípede: encontrar a si mesmo.

O poeta e.e. cummings (em minúsculas, como ele gostava) sabia das coisas quando escreveu que “para sermos aquilo que somos — num mundo que se dedica, dia e noite, a fazer com que sejamos como os outros —, é preciso embrenhar-se na luta mais árdua de nossas vidas”.

Tinha razão o poeta, visto que, para alcançar algum grau de autoconfiança, cabe a cada um construir sua ponte individual sobre o rio da vida.

APRENDER A SENTIR – Como já se escreveu aqui, quase todo ser humano é capaz de aprender a pensar, a fazer, a saber; mas nenhum ser humano consegue ser ensinado a sentir. O motivo? Porque, em qualquer atividade outra que não a sensorial, somos sempre a soma de outras pessoas, enquanto no sentir somos únicos — somos só nós mesmos, verdadeiros.

E é apenas a partir desse “eu” raiz, secreto e íntimo, que adquirimos coragens, selecionamos lutas, armazenamos confiança, arriscamos mudanças.

De volta à necessidade do belo enquanto bombas explodem à nossa volta, o mesmo e.e. cummings soube como poucos, por meio da arte, ser ninguém outro que ele mesmo. Deu um conselho sobre a busca pela palavra certa para jovens candidatos a poetas: se, ao final de dez ou 15 anos de tentativas, eles percebessem ter conseguido compor uma única linha de um só poema, poderiam considerar-se sortudos.

EXPLODIR O MUNDO — “Daí meu conselho para quem deseja dedicar-se à poesia: a menos que você esteja disposto a lutar até morrer em nome de cada palavra, é melhor fazer algo mais simples como aprender a explodir o mundo. Isso soa sombrio? Não é. Essa é a vida mais esplendorosa do mundo” — concluiu.

Estava com 53 anos e morreu em nome de cada palavra arrancada de si. Coisa para poucos.

A nós, como sociedade, que na definição do francês Frédéric Gros “não sabemos mais viver, apenas ocupamos o mundo e consumimos”, sempre resta a oportunidade de dar um restart. Coisa difícil e tortuosa, pois nenhuma travessia expõe tanto nossa vulnerabilidade e nossa força como começar algo novo.

RISCOS E CONFIANÇA – Mergulhar no extraordinário e assustador desconhecido do possível embute riscos e exige confiança.

Receitas não faltam, tanto por parte de pensadores universais como em livros de autoajuda: expandir ao máximo os campos de interesse; cultivar a dúvida que permite erros e correções; desconfiar de certezas absolutas; repelir o discurso mecânico, qualquer que seja a nobre causa; saber que o desprezo pelo que não é compreendido nunca é um sentimento democrático.

Mulher combina com democracia. Não dá rima, mas dá alegria. É uma delícia poder gostar de ser mulher.

Brasília, temos um problema! A falta de resultados compromete o governo Lula

Charge do JCaesar | VEJA

Charge do JCaesar | VEJA

Thomas Traumann
Veja

Duas pesquisas divulgadas na semana passada mostram que a aprovação do governo Lula caiu, a reprovação aumentou e o brasileiro está menos otimista com o futuro. Vamos começar com os números:

Na pesquisa Genial/Quaest, a aprovação caiu de 54% para 51% e a reprovação subiu de 43% para 46%. No Ipec, a aprovação à forma de Lula governar oscilou de 51% para 49% e a desaprovação de 43% para 45%. Nas duas Nas duas pesquisas, é o pior resultado do governo desde o início do mandato.

EVANGÉLICOS – No caso da Quaest, a queda está relacionada ao movimento dos eleitores evangélicos. A rejeição a Lula no segmento foi de 46% em agosto para 56% em dezembro e 62% nesta pesquisa de março. Historicamente resistentes a Lula e ao PT, os evangélicos pioraram suas opiniões sobre o governo depois das declarações de Lula contra Israel. 60% dos brasileiros consideram “exagerada” a comparação feita por Lula de Israel com Hitler. Entre os evangélicos, 69% criticaram a declaração.

A Quaest identificou ainda um mau humor com a economia, já detectada na pesquisa do Ipespe para a Febraban, divulgada depois do Carnaval. No último mês, 41% sentiram aumento nos combustíveis, 63% acharam que as contas subiram e 73% reclamaram da alta de preços nos alimentos.

Pela primeira vez neste mandato, a maioria dos brasileiros (38%) acha que a economia piorou nos últimos 12 meses, enquanto só 26% acham que melhorou.

BOTÃO DO PÂNICO – Olhando por partes, é possível ao governo Lula não apertar o botão de pânico. A derrocada na popularidade foi detectada em segmentos que tradicionalmente não são petistas e os índices gerais são sólidos.

Em tempo de polarização extrema, existem raros governos no mundo com maioria de aprovação. Como os preços de alimentos vão cair a partir deste mês com o início da colheita, um rearranjo na comunicação do presidente seria suficiente para estancar a queda.

A política brasileira, no entanto, não permite soluções simples, nem ingênuas. O problema do governo Lula é mais grave que uma alta sazonal de preços ou uma declaração estapafúrdia. Para muitos brasileiros, o governo efetivamente não parece ser bom o suficiente.

FUTURO INCERTO – Segundo a Quest, 34% dos brasileiros acham que o governo Lula é pior do que esperavam e somente 27% dizem que superou as expectativas.

O futuro também não parece animador. No Ipec, 43% acham que o governo está no caminho certo e 50% que está no caminho errado. 51% dizem que desconfiam de Lula e só 45% confiam no presidente.

A solução simples e ingênua seria culpar a comunicação. A complexa é entender que a oposição se reorganizou a partir do ato de Jair Bolsonaro em fevereiro em São Paulo e que o governo Lula precisa de uma agenda mais forte.

A manifestação bolsonarista mostrou que o poder de mobilização do ex-presidente segue intacto, apesar da possibilidade real de uma prisão. Mais importante: como Bolsonaro está fora da disputa de 2026, o ato deu partida à preparação de uma campanha que reúna as grandes forças antipetistas (evangélicos, agro, empresários, extrema direita) através de um nome que não tenha a mesma rejeição que Bolsonaro.

Se mantiver a base hard core bolsonarista sem a rejeição pessoal do ex-presidente, a candidatura da direita em 2026 fica extremamente viável.

Por último, mas não menos importante, há a própria responsabilidade de Lula. A sua lógica “não quero ministros com ideias novas” foi positiva para impedir a multiplicação de iniciativas estrambólicas, mas tornou o governo uma reedição de programas antigos. Em 15 meses, as únicas novidades foram as renegociações de dívidas (o programa Desenrola) e a poupança para estudantes de ensino médio (o programa pé-de-meia). É muito pouco.

SEM CONJUNTO – O ministério deste terceiro mandato não apenas é pouco criativo. Ele não tem unidade. Cada ministro trabalha para a sua base política ou seu partido. Não existe uma estratégia unificadora a não ser o interesse de todos de permanecer nos seus cargos.

A preferência de Lula pela agenda externa pode lhe dar satisfação pessoal, mas é um desastre na política doméstica. É humano ao cidadão Luiz Inácio Lula da Silva se compadecer com a matança em Gaza, mas o presidente precisa mostrar a mesma comiseração com os flagelados do Acre (sem comparar as duas situações de gravidades distintas).

Lula é o único grande político brasileiro que pode falar da miséria e suas tragédias a partir da experiência pessoal. Sua solidariedade nesses momentos não é falsa, é de quem já esteve na mesma situação da vítima. Afastar a agenda de Lula dos brasileiros mais pobres tem um custo até na expectativa que os eleitores fazem do seu governo. E é esta comparação entre expectativa e realidade que pode decidir a eleição de 2026.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
De repente, Lula entrou na berlinda. Enganou muito no primeiro ano, mas agora está mais difícil continuar enganando. (C.N.)

“Mulher que trabalha pode comprar batom e calcinha”, argumenta Lula

Lula

Mulher não deve aturar homem que não gosta dela, diz Lula

Deu no Poder 360

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse nesta terça-feira, dia 12, que, quando uma mulher tem uma profissão, ela não depende do pai ou de algum homem para ter dinheiro para comprar batom ou calcinha. Ele deu a declaração no Palácio do Planalto ao discursar no evento que marcou a abertura de 100 novos Institutos Federais de Educação.

“Quando a mulher tem uma profissão, ela tem um salário, pode custear a vida dela. Não vai viver, comer, com um homem que não goste dela. Não vai viver por necessidade, por dependência, vai viver a vida dela e vai morar com alguém se ela gostar de alguém. Vai ter a opção dela, ela vai escolher. Ela não vai ficar dependente. Não vai ficar ‘eu preciso do meu pai me dar R$ 5 para comprar um batom, eu preciso do meu pai me dar R$ 10 para comprar uma calcinha’”, declarou Lula.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG –
Temos registrado aqui na Tribuna da Internet que o presidente Lula da Silva não está bem. Não diz mais coisa com coisa. Pode ser resultado dos remedinhos que dona Janja prescreve para remoçar o marido, mas o efeito está sendo o contrário, porque ele parece estar mergulhando na segunda infância. Aliás, esse negócio de calcinha não pode dar certo. Outro dia, a modelo Carolina Oliveira, de 25 anos, foi fotografada em uma casa noturna de São Paulo, usando uma calcinha com uma caricatura do presidente Lula. Com um microvestido de oncinha, a jovem não se preocupou em cruzar as pernas enquanto era clicada e conversava com uma amiga. Atualmente, a modelo, que já foi capa da revista Sexy Premium, atua como figurante do humorístico “Zorra Total”, da TV Globo. Vai fazer carreira igual à da carnavalesca Lilian Ramos, fotografada com o então presidente Itamar Franco sem calcinhas… (C.N.)

Reeleição do presidente fortalece Executivo em relação ao Legislativo

Charge do JCaesar | VEJA

Charge do JCaesar | VEJA

Marcus André Melo
Folha

“Não tem nenhum país importante do planeta que não tenha reeleição”, disparou o presidente Lula numa roda de senadores no Palácio da Alvorada. Lula está errado. Já discuti aqui esta questão. Na região do mundo que concentra a vasta maioria das democracias presidencialistas do planeta —a América Latina— os países que ocupam o topo nos rankings de democracia —Uruguai, Costa Rica e Chile— não permitem a reeleição imediata de presidentes. Tampouco o México, cuja importância não precisa ser enfatizada.

Fora das Américas não há democracias presidencialistas puras. Nos regimes semipresidenciais da África, Ásia e da Europa do leste, os presidentes são criaturas institucionais radicalmente distintas. E obviamente, nas autocracias a questão perde totalmente o sentido, como assistimos agora com a farsa da reeleição de Putin e de Maduro.

PARLAMENTARISMO – A Europa é fundamentalmente parlamentarista, e aqui não há mandato fixo para o primeiro-ministro — ele pode ser de alguns meses ou anos. No semipresidencialismo francês e português, só é possível uma única reeleição do presidente.

Mas na França, a coabitação leva o presidente a se resignar a conviver com um primeiro-ministro adversário nomeado pelo Parlamento que assume o poder Executivo. Os limites aos mandatos assumem outro sentido à luz dessa dinâmica.

Vale destacar um aspecto absolutamente singular do caso brasileiro. A dinâmica política da discussão entre nós não envolve apenas presidentes, mas também governadores e prefeitos, sobretudo os primeiros.

OUTROS EXEMPLOS – Nos EUA e Argentina, o problema não se coloca pela diversidade de arranjos institucionais, sobretudo nesta última, onde as constituições provinciais variam quanto à possibilidade de reeleição, à existência de bicameralismo (várias delas têm Senado), regras eleitorais, regimes municipais etc.

A emenda da reeleição (PEC 16/1997) em nosso país teve apoio massivo dos governadores e prefeitos que eram titulares do cargo.

Seu efeito institucional mais amplo foi ter fortalecido o poder Executivo vis-à-vis o Legislativo, como mostrei em “Reformas constitucionais no Brasil: instituições políticas e processo decisório” (Revan, 2002).

EFEITO PATO MANCO – O efeito esperado da vedação da reeleição ora proposta no Brasil é o oposto: reduzir o poder de fato do Executivo pelo efeito pato manco.

O cálculo individual do apoio no caso atual passa mais uma vez pelos governadores, com base nos possíveis cenários para a eleição de 2026, mesmo que a proposta de mudança preveja a vedação só a partir de 2030.

A proposta de vedar a reeleição consecutiva do poder Executivo no país está atrelada à simultânea sincronização das eleições legislativas, de difícil viabilização, mas poderá caminhar sozinha.

Na cidade de São Paulo, reprovação de Lula sobe 9% e aprovação cai 7% 

Charge da Semana - O (des)condenado e o espelho das pesquisas

Charge do Jindelt (Arquivo Google)

Ana Luiza Albuquerque e Angela Pinho
Folha

A reprovação ao governo Lula (PT) na cidade de São Paulo cresceu 9% em um intervalo de pouco mais de seis meses, e sua aprovação caiu 7%, segundo nova pesquisa Datafolha.

No total, dizem considerar a gestão do petista ótima ou boa 38% dos entrevistados. Outros 28% a avaliam como regular, e 34% como péssima. Não soube responder 1% da amostra.

No levantamento anterior, realizado em agosto de 2023, a gestão Lula era aprovada por 45% dos eleitores da capital paulista. Seu governo era considerado regular para outros 29%, enquanto 25% o consideravam ruim ou péssimo. A atual pesquisa foi realizada na cidade de São Paulo nos dias 7 e 8 de março, com 1.090 entrevistas com pessoas de 16 anos ou mais. A margem de erro é de 3 pontos para mais ou para menos.

BOULOS E NUNES – O levantamento também revelou a intenção de voto na corrida municipal de 2024, com Guilherme Boulos (PSOL), apoiado por Lula, e Ricardo Nunes (MDB), apoiado por Jair Bolsonaro (PL), liderando tecnicamente empatados.

Na capital paulista, Lula tem índices melhores de aprovação entre eleitores com 60 anos ou mais (45%, compõem 23% da amostra) e que cursaram até ensino fundamental (47%, são 21% da amostra).

Já sua reprovação é mais alta entre os evangélicos (25% da amostra). Nesse segmento, de forte ligação com o bolsonarismo, o índice de ruim/péssimo da gestão petista chega ao patamar de 49%, uma alta de 12 pontos em relação a agosto. A aprovação nesse estrato, por sua vez, caiu 16 pontos.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Interessante destacar que a gestão do governador Tarcísio de Freitas é aprovada por 33%, para 37% seu desempenho é regular e tem reprovação de 26% na cidade de São Paulo. Como diz o economista Edmar Bacha, o governador Tarcísio é forte candidato à Presidência em 2026. Com toda a certeza. (C.N.)

Por acreditar no livre-arbítrio, liberais modernos têm um orgulho político desmedido

Ilustração reproduzida do Arquivo Google

Luiz Felipe Pondé
Folha

O princípio da vontade livre do indivíduo penetrou profundamente no imaginário do mundo moderno

O pensamento liberal identificado por figuras importantes como John Locke comete um erro crasso: aposta as fichas na ideia de que o nascimento da sociedade se deu por escolha livre das pessoas a fim de proteger suas vidas, seus negócios e suas propriedades. É possível duvidar dessa premissa?

Não precisamos ser descendentes de J.J. Rousseau para discordar dessa premissa. Colocar a discordância na ideia de que defender propriedades privadas é um equívoco de princípio, porque seria um pressuposto tipicamente da burguesia britânica, e desde então não é o coração do problema.

CONTRATO SOCIAL – Rousseau também participa da ideia da escolha autônoma dos sujeitos como princípio do chamado contrato social, ainda que reconheça a corrupção da vontade livre dos sujeitos uma vez que o homem natural foi perdido. No entanto, ele acreditava na capacidade da vontade livre e geral de refazer a sociedade a partir de um contrato social mais justo.

Mesmo Thomas Hobbes, conhecido por ser defensor do absolutismo – um equívoco acerca do seu pensamento –, nunca defendeu a teoria do corpo “místico do Rei” – o rei é rei porque Deus quer que seja – mas, sim, que o Estado era fruto de um contrato livre entre as pessoas a fim de garantir a organização da violência e, assim, diminuir a condição da vida como breve, bruta, infeliz.

Essa escolha racional, digamos, levaria a famosa concepção de que o Estado detém o monopólio legítimo da violência.

VIDA EM SOCIEDADE – Todos os três acima citados se encontram na noção de que haveria um contrato social mítico, digo eu, como fundamento da vida em sociedade e da atribuição do poder político.

Esse mito está sustentado na ideia vaga de que os seres humanos são os fundadores livres da ordem social e política e, portanto, podem mudá-la, melhorá-la, rompê-la, na sua totalidade ou em parte, na medida de suas decisões individuais ou coletivas.

Portanto, o princípio da vontade livre do indivíduo como átomo social está presente em todos. Esse princípio penetrou profundamente no imaginário moral, político e econômico do mundo moderno tal como conhecemos. Capitalistas ou comunistas, todos creem nessa mítica da decisão livre.

LIVRE-ARBÍTRIO – Não se trata de ir até Santo Agostinho para negar a existência do livre arbítrio, podemos ficar nos limites da discussão política moderna e, ainda assim, pôr em dúvida esse princípio liberal da vontade livre como fundamento da sociedade.

Posso aceitar que, por exemplo, o sexo deva ser consensual, na medida em que pessoas adultas “decidem” se querem transar uma com a outra ou outras. Em casos como esse, é óbvio a validade do princípio da escolha livre. No entanto, há toda uma gama de temas que põem em dúvida a escolha livre e racional: o inconsciente, limites econômicos, saúde, emoções e afins.

Mas, com relação a fundação da vida em sociedade, suspeito que esse indivíduo livre do mito do contrato social não existe. Nunca existiu e continua não existindo como fundamento da vida social.

A TESE DE BURKE – Concordo mais com Edmund Burke, para quem a sociedade evoluiu de pequenos grupos imersos em hábitos imemoriais, crenças religiosas, laços de bando e clã, e que lida com formas grandes de sofrimentos, o “pelotãozinhos”, “little platoons”, como ele costumava dizer.

O próprio crescimento da sociedade impõe problemas para a operação humana no cotidiano. Como decidir, como escolher, até que ponto sei exatamente o que quero, quando digo que quero?

A simples ideia de que nascemos livres, bons ou maus, já é pura especulação.

NA MESMA LINHA – O problema com posições como a de Burke é que ela parece pôr limites a ação racional e consciente do ser humano que fere o orgulho político desmedido dos modernos.

O autor israelense contemporâneo Yoram Hazony vai na mesma linha do Burke.

Concorde ou não com sua defesa da ideia de nação contra a ideia de conglomerados imperiais, como a comunidade europeia, sua defesa de que a sociedade evoluiu organicamente e aos trancos e barrancos de grupos menores até hoje me parece bem mais real do que esse sujeito liberal que só se move bem no shopping.

Brasil podia deslanchar, mas Lula põe empresários na defensiva, diz Bacha

Economista Edmar Bacha é entrevistado pelo Memória & Poder - Assembleia  Legislativa de Minas Gerais

Bacha votou em Lula, mas não quer fazer isso de novo

Cristiano Romero
Brazil Journal

Eleitor de Lula no pleito de 2022, o economista Edmar Bacha diz que o Brasil tem oportunidades “extraordinárias,” mas não as está aproveitando por falta de confiança de empresários e investidores na economia. E todo mundo sabe o que está gerando este clima: o próprio comportamento e as decisões do Presidente.

Como o senhor avalia a gestão do governo Lula?
Acho que o Haddad está conseguindo segurar as pontas. Basicamente, é disso que se trata, enfrentar o “fogo amigo” dentro do governo e o “fogo inimigo” no Congresso. Bolsonaro realmente deixou esse horrível legado. Outro dia vi o gráfico da proporção das emendas dos parlamentares no Orçamento Geral da União, com R$37,6 bilhões, metade do total previsto para investimento em 2024.

Foi boa ideia acabar com o teto de gastos?
Não foi bom acabar com o teto, mas, tendo visto todos os furos de que o teto foi vítima, era preciso conceber alguma coisa nova. O Haddad conseguiu, dentro das circunstâncias, conceber algo aceitável para Lula e o PT. A gente não pode esquecer que este é um governo do Lula e do PT. Dentro desse constrangimento, acho que ele fez o melhor possível. O governo tem diversas dimensões. A política externa, por exemplo, é um absurdo.

Por quê?
Porque é um absurdo que Celso Amorim, que é antiamericano radical desde sempre, esteja no comando da política externa. Estamos apoiando Vladimir Putin, Nicolás Maduro e Xi Jinping, e fazendo coisas unilaterais no Oriente Médio, quando deveríamos tentar fazer o meio de campo.

Que papel o Brasil poderia ter no conflito entre Israel e Palestina?
Temos condições internas para fazer o meio de campo no Oriente Médio porque essas questões estão razoavelmente pacificadas no Brasil. A lei antirracismo, por exemplo, foi proposta por Afonso Arinos e aprovada em 1951. Somos uma sociedade misturada e temos honra de sermos assim. Obviamente, há um problema terrível de distribuição de renda que a gente precisa enfrentar, mas que está sendo trabalhado. Lula faz um bom trabalho nessa área. Imagine ter a Nísia Trindade Lima no Ministério da Saúde. Isso é uma verdadeira prenda! Então, há coisas boas no governo.

O que o preocupa além da política externa?
Lula ainda tem na cabeça que o Estado deve forçar o investimento das empresas e usar seus instrumentos para fazer com que isso aconteça. Ele não tem mais as estatais na mão porque elas foram privatizadas.

Como o senhor avalia a política industrial lançada pelo governo?
A esta altura da partitura, aumentar a tarifa sobre importação, os requisitos de conteúdo local e a preferência para compras governamentais são decisões contrárias ao aumento da produtividade da economia. Está tudo errado na área econômica, com exceção da parte fiscal. A reforma tributária passou muito bem no Congresso, mas eu me pergunto: se o Lula estivesse realmente interessado e não tivesse delegado o assunto totalmente para o pobre do Bernard Appy [secretário especial da Reforma Tributária], que teve que resolver tudo com o Congresso sem nenhum poder político, teriam aparecido tantos jabutis quanto apareceram? E agora, há o risco de termos ainda mais jabutis na regulamentação.

O PIB cresceu 2,9% no ano passado, mas a taxa de investimento recuou 3%. Falta confiança aos empresários?
Não há confiança. O que me irrita no Lula é que o país poderia estar deslanchando se houvesse confiança. Há oportunidades extraordinárias, mas é preciso ficar na defensiva com o Lula o tempo todo. Sabe-se lá como ele vai intervir na economia. E uma economia que joga na defesa não vai para frente.

O senhor defende há muitos anos a abertura da economia como medida necessária para o aumento da produtividade. Vê alguma chance para essa agenda?
Os “Mercadantes” estão muito exultantes com o fato de que, agora, os EUA começaram a praticar a política industrial. Mas é uma política voltada para a sua luta contra a China. E, aí, o pessoal do governo do PT diz: “Se eles fazem, a gente pode fazer também”. O Alckmin fala: “Olha quanto eles [os americanos] estão gastando”. Quando o mundo estava se globalizando, o Brasil não se globalizou. Agora, o mundo está se desglobalizando.

Por que o Lula ganhou a eleição?
Porque, na última hora, muita gente, inclusive eu e os pais do Real, declarou voto nele. Foi isso, até mais do que os votos da Simone Tebet, que garantiu a vitória. Mas o Lula não entendeu isso até hoje.

O quê, exatamente?
Lula não entendeu que o mandato dele é muito restrito. Se o bolsonarismo for minimamente competente e apresentar um candidato razoável, por exemplo, o Tarcísio de Freitas [governador de São Paulo], o Lula vai ter que ralar para ser reeleito.

O senhor vê riscos à democracia brasileira?
Com Trump, sim. Da vez que o Bolsonaro tentou, eu estava tranquilo porque, pensei, se ele quiser fazer alguma coisa, os americanos não deixam. No cenário externo, que riscos o senhor vê adiante? O maior é a eleição de Donald Trump. É complicada a situação. Os americanos se acostumaram a ter uma taxa de juros muito baixa por muito tempo. A dívida pública não importava muito porque qualquer crescimento do PIB compensava a elevação da dívida. Agora, com os juros a 5,5% ao ano, não mais. O mundo é muito sensível aos juros americanos. O problema do Trump é seu discurso super radical, dizendo, por exemplo, que quer classificar imigrantes como terroristas. É inacreditável!

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Excelente entrevista, enviada pelo Mário Assis Causanilhas. O economista Edmar Bacha, da Academia Brasileira de Letras, é um dos melhores pensadores da direita. Defende teses que fazem sentido e merecem reflexão. (C.N.)

Datafolha: Boulos e Nunes empatam na corrida eleitoral de São Paulo

Empate técnico reflete a continuidade da polarização no país

Pedro do Coutto

A pesquisa do Datafolha revelou que Guilherme Boulos e Ricardo Nunes lideram tecnicamente empatados a corrida eleitoral de 2024 para a Prefeitura de São Paulo, acentuando um equilíbrio entre Guilherme Boulos e Ricardo Nunes. Boulos marca 30% e Nunes tem 29% — estão isolados do segundo pelotão de pré-candidatos.

A deputada Tábata Amaral aparece em terceiro lugar com oito pontos. O embate que evidentemente mantém a polarização atual, traça perspectivas não só em 2024 na luta pelas prefeituras, mas também, reflete uma projeção mais longa para 2026. A eleição da cidade de São Paulo deverá ir para o segundo turno, mas o desempenho de Nunes demonstrou uma surpresa, principalmente em relação às pesquisas anteriores.

CONFRONTO – O equilíbrio na cidade de São Paulo é um fato positivo para o bolsonarismo, uma vez que a capital do estado sempre registrou vantagem para o PT nos confrontos ocorridos. Nas eleições para a Presidência da República em 2022, Bolsonaro obteve grande vantagem no estado, mas perdeu para Lula na capital. Lula, sob outro prisma, obtém uma vantagem para Boulos, mas é preciso considerar que ele possui os instrumentos da máquina na mão. O confronto político, portanto, esquentou novamente.

Outras capitais, como o Rio de Janeiro, têm grande importância no xadrez político, mas nenhuma com peso maior do que a cidade de São Paulo, palco de embate entre lulistas e bolsonaristas. O sinal de alarme disparou no convés do poder quando a aprovação de Lula caiu na última pesquisa. Interessante verificar o roteiro dos índices dentro da área municipal, uma vez que a aprovação e a desaprovação evidentemente estão mais refletidos no combate na cidade de São Paulo.

De qualquer forma, Nunes teve um avanço considerável, enquanto Boulos ficou praticamente estacionado. As posições assim precisam ser reavaliadas, até porque o aspecto da cidade de São Paulo tem grande importância para o país.

Um mensageiro traz o encantamento da poesia em dose dupla

Livros de Luiz otavio oliani | Estante Virtual

Oliani publica poesias coletivas

Paulo Peres
Poemas & Canções

O Bacharel em Letras e Direito e poeta carioca Luiz Otávio Oliani teve a ideia de reunir diálogos com poetas brasileiros contemporâneos, divulgando-os nas redes sociais.

Esses poemas foram inicialmente publicados no seu mural do Facebook e depois migraram para o livro impresso “Entre-textos”, lançado pela Editora Vidráguas, de Porto Alegre, em 2013, uma publicação de 41 diálogos, ou seja, para cada poema Luiz Otávio responde com outro poema, um desafio chamado: o avesso do verso (reverso).

Por exemplo, Luiz Otávio Oliani, através o poema “Encantamento” responde ao “Mensageiro”, da escritora, contista, romancista, dramaturga e poeta carioca Carmen Moreno.

MENSAGEIRO
Carmen Moreno

O dom vem de Deus.
Dádiva, desce da luz, bruto.
Estende tua mão,
Trabalha tua mensagem,
Afia tua pena, talha tua palavra até o sangue!
Deus descerá um pouco, a cada verso,
Disfarçado sob teus signos.

ENCANTAMENTO
Luiz Otávio Oliani

no balde de juçaras
o homem busca
a água de que precisa

no terreno seco
procura o vento

encontra Deus
disfarçado de sabiá

Lula fala que não deve, cala sobre o que deve e despenca nas pesquisas

Lula está em seu terceiro mandato à frente da Presidência

Lula se meteu num buraco e agora está muito difícil sair dele

Eliane Cantanhêde
Estadão

O presidente Lula parece, ou finge não ver, mas as coisas estão desandando e as pesquisas apontam para desaprovação maior do que aprovação já nas próximas rodadas, com queda de popularidade nos diferentes segmentos. Fazer mea culpa não é e nunca foi seu forte, mas cadê o decantado faro político, a perspicácia e o carisma de Lula? Está sempre sério, mal-humorado, com declarações recheadas de erros, não só de comunicação, mas de informação e compreensão do mundo.

O que Lula e o Brasil ganham com sua teimosia em negar o óbvio, que Nicolás Maduro é ditador, a Venezuela está em frangalhos e os venezuelanos vivem no pior dos mundos?

AVALISTA DE MADURO – A líder oposicionista Maria Corina, impedida de disputar as eleições de julho por instituições viciadas, cobrou duramente a posição dele. Lula deu de ombros: “Eu não fiquei chorando quando não pude concorrer”. E, depois de relativizar o conceito de democracia, agora avaliza a lisura das eleições convocadas por Maduro, sem que se saiba com base em quê.

Estamos bem. Jair Bolsonaro, presidente golpista, reclamava de quem reagia à covid-19 “com mimimi” ou “como maricas”. E Lula, o presidente democrata, manda a perseguida pela ditadura parar de chorar e cala sobre Alexei Navalny, morto pelo autocrata russo Vladimir Putin, sob indignação e raiva de, literalmente, todo o mundo.

Também não se ouviu uma palavra de Lula sobre a dengue, por exemplo, nem que fosse para explicar que não há produção suficiente de vacinas e estimular medidas básicas de prevenção. Tudo ficou nas costas da ministra Nísia Trindade, mas epidemia não é problema exclusivo da Saúde, mas do País. O líder precisa mostrar presença.

VELHO POPULISMO – Na economia, Lula também insiste em desdenhar do bom senso e da política econômica de Fernando Haddad, exercitando seu velho populismo e defendendo mais gastos, quando o principal problema é exatamente o equilíbrio fiscal.

Haddad se esfalfa pela arrecadação, Lula só quer gastar. Sua base petista acha lindo, mas a realidade grita. Isso não vai melhorar sua popularidade.

As intervenções políticas e voluntariosas na Petrobras e na Vale custam caro e Lula tem de engolir que, no seu primeiro ano de governo, o lucro das duas principais empresas do País despencou em relação ao do último ano de Jair Bolsonaro. As ações seguiram o mesmo caminho. Além de péssima notícia para o Brasil, é um prato feito para a oposição.

PETROBRAS E VALE – Na sexta-feira, 8, as ações da Petrobras chegaram a cair 13% e a empresa perdeu R$ 55 bilhões em valor de mercado. O motivo imediato foi a decisão da cúpula petista da companhia sobre distribuição de dividendos, mas o que mais pesa é a intervenção política de Lula, na Petrobras e na Vale. Como o setor de energia, os investidores, o Brasil e o mundo veem isso?

A pauta econômica e ambiental do governo está parada, com o Congresso digladiando com o Executivo por emendas e com o Judiciário em temas de costume.

É ano eleitoral e o tempo corre sem perspectiva de regulamentação da reforma tributária, sem nem sequer início da discussão sobre tributação da renda e sem avanço em questões essenciais para recepcionar a COP 28 em 2025. E a articulação política do governo?

CULPA DO LULA – Não adianta Lula reclamar de “má vontade” da mídia, porque quem derruba as manchetes que seriam positivas por negativas é ele próprio. Um exemplo é o massacre de palestinos, que só piora e cada vez dá mais razão à dura condenação que Lula faz a Israel.

Até os EUA calibram sua posição: dá armas para Israel, mas começou a jogar comida de aviões para os famintos de Gaza. Lula poderia ganhar manchetes com suas duras cobranças, mas atraiu críticas mundo afora com a comparação, errada sob vários ângulos, da ação israelense com Hitler e nazismo, logo, com o Holocausto.

Em vez de “Lula condena massacre”, as manchetes foram, acertadamente, “Lula compara ação de Israel a Holocausto”. Em vez de “Lula lidera pressão por democracia na Venezuela”, “Lula relativiza democracia”, ou “Lula avaliza ditadura de Maduro”. Em vez de “Lucro e ações da Petrobras e da Vale disparam”, “Lucro da Petrobras cai 33% e valor da companhia cai R$ 55 bilhões num dia”. Em vez de “Lula cobra controle das contas públicas”, “Lula exige mais gastos, ignorando equilíbrio fiscal”.

APLAUSOS VAZIOS – Seus seguidores aplaudem, como aplaudiriam qualquer coisa. E o resto do País, inclusive o que votou nele em 2022, sem ser petista? A resposta pode estar nas pesquisas Quaest e Ipec.

A popularidade dele caiu entre os que já eram contra, como os evangélicos, e entre os que eram a favor, como as mulheres.

Logo, logo, as curvas acabam cruzando, com aprovação menor do que desaprovação. Lula vai finalmente compreender que as coisas estão desandando?

Especialistas consideram o Brasil uma “democracia imperfeita”, em retrocesso

Charge O Tempo 02/11/2019 | O TEMPO

Charge do Duke (O Tempo)

Carlos Newton

A evolução da ciência política já sepultou o antigo conceito de que o mundo é dividido simplesmente em democracias e ditaduras. Na verdade, entre os 193 países-membros da Organização das Nações Unidas, existem regimes de diferentes nuances e o autoritarismo é como uma praga que resiste a tudo e se mostra impossível de erradicar.

Aqui no Brasil, qualquer ministro do Supremo se orgulha de ter salvo a democracia, mas no dia seguinte pode baixar uma norma que descumpre as leis, como acaba de ocorrer com Alexandre de Moraes, ao criar uma regra eleitoral que desmoraliza o Marco Civil da Internet, que parece ter se tornado uma lei tipo vacina, que não pegou…

Foi diante desses fatos controversos que a revista britânica The Economist criou uma divisão de pesquisa que acompanha a evolução política em 165 países e dois territórios, desprezando 28 membros da ONU onde não há vestígio de democracia.

EM RETROCESSO – A divisão de pesquisa Economist Intelligence Unit tem alertado para a regressão da democracia no mundo. No mais recente estudo, divulgado em 15 de fevereiro, os especialistas revelaram que em 2023 o chamado Índice de Democracia atingiu o nível mais baixo desde 2006, quando a análise começou a ser desenvolvida.

Segundo os dados referentes ao ano passado, a pontuação média global ficou em 5,23 – uma queda de 0,06 ponto percentual em relação a 2022, quando o índice estava em 5,29.

O declínio da pontuação média começou em 2016 e foi agravado pela redução das liberdades civis durante a pandemia de Covid.

TENDÊNCIA NEGATIVA – A pesquisa britânica confirma que há uma tendência de regressão e estagnação da democracia mundial, agravada no ano passado pelas guerras na Ucrânia, no Sudão e na faixa de Gaza.

A análise afirma que, no ano passado, guerras e conflitos prejudicaram “ainda mais” a democracia no mundo. “A guerra na Ucrânia está enfraquecendo suas já frágeis instituições democráticas (embora continue sendo muito mais democrática do que a Rússia, o país que a invadiu em 2022)”, adverte o estudo, acrescentando: “A guerra civil no Sudão e a guerra de Israel com o Hamas também ameaçam a segurança e a democracia na região”.

DEMOCRACIAS IMPERFEITAS – O Brasil ficou estacionado na 51ª posição da lista, mesmo patamar registrado em 2022. Mas caiu em relação a 2021, quando estava em 47º lugar. No ano passado, o país teve uma pontuação geral de 6,68 e foi classificado como uma “democracia imperfeita”.

No importantíssimo ranking, a Noruega permanece como o país mais democrático do mundo. A nação ocupa a posição há 14 anos e teve pontuação de 9,81 em 2023. É seguida pela Nova Zelândia (9,61), Islândia (9,45), Suécia (9,39), Finlândia (9,30) e Dinamarca (9,28).

Já Afeganistão (0,26), Mianmar (0,85) e Coreia do Norte (1,08) ocupam as três últimas posições. Quer dizer, são piores do que Rússia, Nicarágua, Cuba e Venezuela.  

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P.S. –
Os principais critérios para um país ser avaliado são as leis que existem, se são aplicadas ou não, se há eleições livres,se os direitos humanos são respeitados, se há distribuição ou concentração de renda, se existe justiça social, enfim. Diante desses critérios, é um milagre que o Brasil, como paraíso da impunidade e único país de ONU que não prende criminoso após condenação em segunda instância, consiga estar na 51ª colocação. (C.N.)

Lula vê ditador da Venezuela como herói e a opositora dele como mulher histérica

María Corina Machado, a opositora liberal que busca destronar Maduro

Lula humilhou Maria Corina de uma maneira infantil e cruel

J.R. Guzzo
Estadão

O presidente Lula, com os aplausos de si próprio, da primeira-dama e do maior cordão de bajuladores que já se formou na história da República, entrou em estado de coma moral. A coisa não é de agora – Lula, há muito tempo, vem sofrendo de falência geral dos órgãos que determinam a conduta das pessoas de bem. Mas esse processo se acelerou notavelmente depois que assumiu a presidência pela terceira vez.

Não é que ele não seja capaz de entender a diferença entre o bem e o mal. Ele entende, sim – mas escolhe sempre ficar com o mal. Ficou de novo ao lançar sua última ideia como “líder mundial”, uma das piores que já teve em catorze meses de governo.

“FICAR CHORANDO” – Foi um momento de superação. Lula conseguiu dizer que a maior vítima da ditadura da Venezuela no momento, a candidata de oposição que foi proibida pelo TSE local de disputar a próxima eleição com Nicolás Maduro, deveria parar de “ficar chorando”.

É assim, exatamente, que funcionam hoje os circuitos mentais do presidente: a luta de Maria Corina Machado em defesa da liberdade, da vontade popular e das regras mais elementares da democracia é uma “choradeira”.

Corina se propõe a derrotar nas urnas um ditador que está lá há 11 anos, apenas isso; é vista em todo o mundo civilizado como uma combatente da democracia. Para o presidente do Brasil, porém, ela está sendo apenas uma mulher histérica. O herói, para ele, é o ditador.

FRACASSO TOTAL – Lula, nas suas miragens de “líder latino-americano”, tinha conseguido até agora um fracasso em estado puro: meteu-se pateticamente na última eleição da Argentina, e o seu candidato levou uma surra. Mete-se, no momento, no que a ditadura da Venezuela chama de “eleição” – uma fraude já contratada e especialmente grotesca, em que a mera marcação de uma data para as eleições é festejada por Lula como um triunfo da democracia.

Já não havia candidata de oposição, declarada “inelegível” e ameaçada de prisão. Não havia nem a data para as pessoas votarem. Agora, a oposição continua proibida de concorrer, mas a data foi marcada. Tudo resolvido, para Lula. O ditador, a ditadura e o amor venceram – e quem acha isso errado está apenas “chorando”.

O Brasil, porém, é submetido por ele a mais uma humilhação na comunidade internacional. Deixamos de ser uma nação decente; a única certeza que a política externa brasileira oferece hoje ao mundo é que estará sempre, em qualquer circunstância, ao lado das ditaduras. Lula já foi capaz de ficar a favor dos carcereiros e contra os presos políticos que faziam greve de fome em Cuba. Hoje é capaz de tudo.

Tolher a liberdade nas redes sociais significa abolir a democracia liberal

BELA, RECATADA E ENVERGONHADA" SOBRE A CHARGE ACIMA RESPONDA: O SIGNIFICADO  DA PALAVRA DEMOCRACIA ESTÁ - brainly.com.br

Charge do Duke (O Tempo)

Mario Sabino
Metrópoles

Ah, o capitalismo: não há outro assunto entre o céu e a terra para a nossa vã filosofia. Podemos falar de Lula, podemos falar de Jair Bolsonaro, podemos falar de Israel, podemos falar da Rússia, podemos falar de democracia — e o pano de fundo será sempre o capitalismo.

Eu não conhecia um senhor que foi apresentado na Folha como “um dos mais importantes pensadores do mundo” — o que só demonstra a minha ignorância em relação ao que vai pelo século 21, em especial a suas filosofias. Ignorância até certo ponto cultivada. Resigno-me a ser um homem do século 20, tempo em que os séculos ainda eram enumerados com algarismos romanos nos jornais.

FUTURO PROMISSOR – O pensador magnífico é o camaronês Achille Mbembe, que dará hoje uma aula magna em São Paulo. De acordo com o jornalista que o entrevistou, “ele recorre à cosmogonia africana, com alegorias e imagens poéticas, para profetizar a invenção de um futuro, oposto ao tempo presente, desmantelado pelas bombas que caem a cada minuto sobre Gaza e que está ameaçado pelas mudanças climáticas e pelo uso de novas tecnologias”.

Desmantelados estamos a qualquer tempo, inclusive na construção das frases, mas o ponto que importa aqui é uma afirmação de um dos mais importantes pensadores do mundo, sempre segundo o jornalista. Perguntado sobre se o uso das redes sociais pode afetar a democracia, Achille Mbembe respondeu:

“Acho que há uma enorme tensão entre a democracia e as redes sociais. Primeiro, porque o neoliberalismo é incompatível com a democracia liberal. E ainda há outra tensão, que devemos perceber, a necessidade de democratizar esse acesso a todas as ferramentas de tecnologia.”

CAPITALISMO – Quando um sujeito fala em neoliberalismo, ele quer dizer capitalismo. Tanto é que, por ser mais palavra mais curta, o jornal usou capitalismo como sinônimo de neoliberalismo no título que destaca a fala de Achille Mbembe.

Se o capitalismo é incompatível com a democracia liberal, seria o caso de questionar o pensador sobre afirmação tão peremptória e desprovida de base histórica ao menos conhecida. Mas o jornalismo do século 21 é diferente do jornalismo do século 20, e as perguntas essenciais deixaram de sê-lo.

A menos que eu tenha aprendido errado, a democracia liberal, com todas as suas liberdades e todos os seus limites constitucionais, nasceu com o desenvolvimento do capitalismo e o acirramento das suas tensões intrínsecas. Surgiu com o fim do absolutismo na Inglaterra e a independência americana.

SERIA LAISSER-FAIRE – Alguém poderia argumentar que um dos maiores pensadores do mundo, ao falar em neoliberalismo, estava se referindo especificamente ao capitalismo do laissez-faire, da absoluta liberdade de mercado e da intervenção mínima do estado na economia e na vida do cidadão.

Esse capitalismo do laissez-faire implicaria o cancelamento dos limites impostos pela democracia liberal, na qual o direito de um acaba quando começa o do outro.

É uma quimera alimentada por gente mal-intencionada. Nos países onde ela realmente fincou raízes, a democracia liberal vem demonstrando ser forte o suficiente para fazer frente aos movimentos pendulares do modo capitalista, de mais ou de menos laissez-faire.

REDES SOCIAIS – Essa prosopopeia de que as redes sociais são uma ameaça à democracia com qualquer adjetivo é conversa encobridora de quem almeja calar as vozes discordantes — e extinguir uma das belezas da democracia liberal, que é a liberdade de expressão cujo dique deveria ser apenas o código penal. Beleza e fundamento. Ser contra a liberdade nas redes sociais é ser contra a democracia liberal.

Um dos maiores pensadores do mundo precisaria entender que, no limite, teríamos de escolher entre um capitalismo selvagem e uma selvageria total. Do capitalismo selvagem podem nascer regras no âmbito da democracia, ao passo que da selvageria total não nasce regra nenhuma. Mas sou um homem do século XX, você sabe.

Um ano e meio depois da vitória, Lula ainda continua vacilando no governo

Charge do JCaesar | VEJA

Charge do JCaesar | Veja

Merval Pereira
O Globo

Recentemente, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes disse que deveríamos reagir com cautela diante de pesquisas indicando percepções dos cidadãos que podem não corresponder à realidade. Ele se referia à percepção de que a corrupção aumentou no país nos últimos tempos, revelada pela Transparência Internacional.

Fora o fato de o ministro não gostar daquela instituição não governamental por considerá-la ligada aos procuradores de Curitiba na Operação Lava-Jato, ele também não gosta de percepções que coloquem em questionamento sua visão sobre a própria operação, de que foi um entusiasta, para depois tornar-se seu maior adversário.

REJEIÇÃO A LULA – Mas, como diz o pesquisador Felipe Nunes, da Quaest, é um perigo colocar em dúvida a percepção do eleitor, pois é com base nela que o eleitorado avalia os líderes políticos, e não na realidade tal qual vista pelos interessados na disputa. A mesma coisa acontece agora com a aprovação do governo Lula, que sofreu queda, fazendo retornar o clima de calcificação que se estabeleceu no país na eleição de 2022.

Quase um ano e meio depois de vitorioso por pequena margem, o governo Lula não conseguiu ampliar seu alcance na opinião pública. Mantém-se enclausurado num nicho eleitoral do Nordeste, onde venceu Bolsonaro por 70% a 30%, situação que se mostra inalterada. N

as demais regiões do país, o apoio ao governo ou vem se mantendo estável, sem que haja predominância da visão positiva, ou continua negativo, como no Sul e no Sudeste.

POLARIZAÇÃO – A pesquisa Quaest divulgada quinta-feira reflete bem o equilíbrio e a polarização de forças que atualmente dominam o país. A queda na aprovação de Lula parece muito ligada ao grupo evangélico, que reage às referências dele a Israel. Ao mesmo tempo, aumentou a percepção de inflação. É um paradoxo, porque a inflação está controlada, o governo está equilibrado, não há nenhum problema.

A inflação dos alimentos aumentou muito , é verdade, e já foi ligado o alerta. A combinação de economia com disputa política faz com que mais uma vez o governo enfrente a dicotomia. Ele não consegue a maioria da população; depois de um ano, não se impôs.

Continuamos divididos e aparentemente continuaremos assim. As próximas eleições darão uma boa indicação de como estão as coisas, mas, aparentemente, o governo não consegue imprimir um programa que convença a maioria de que vai bem.

NICHO ELEITORAL – Os evangélicos são um instrumento de política de oposição. É um nicho eleitoral importante que o bolsonarismo dominou. É um fato relevante para acompanharmos. A luta contra a percepção do cidadão, que, como no caso agora da economia, parece distanciar-se da verdade oficial, trava-se sobretudo nas redes sociais, e a esquerda brasileira não está preparada para ela.

A direita tomou conta dos meios digitais e divulga sua narrativa com muito mais poder de fogo do que o sistema de comunicação do governo. Seja por uma visão retrógrada do que venha a ser o país ideal, seja por negar-se a encarar a realidade, o governo está convencido de que está no caminho certo e se recusa a uma correção de rota.

Não se trata de se curvar às fake news ou de aceitar a distorção da realidade com objetivos políticos, mas de entender os anseios de uma vasta população cooptada pela direita religiosa.

CAMINHO ERRADO – Enquanto o governo estiver convencido de que deve dar os rumos do desenvolvimento, sem levar em conta o cidadão comum das grandes periferias das cidades, estará no caminho errado.

A força dos programas sociais no Nordeste brasileiro, que ainda garante o apoio ao governo dessa massa de eleitores, não satisfaz mais a esses cidadãos que buscam a emancipação pessoal por meio do empreendedorismo. A visão governista de que os sindicatos são responsáveis pela proteção dos trabalhadores — como aconteceu agora com os motoristas por aplicativos — é bem-intencionada, mas apegada a uma visão superada do trabalhismo.

O incentivo ao trabalho pessoal, ao empreendedorismo individual — há orgulho em ser Microempreendedor Individual (MEI) — é um fenômeno moderno que precisa de mais incentivo oficial para se completar.

Tratamento inédito anticâncer salva britânico que tinha 9 meses de vida

Casal de noivos sorrindo - Metrópoles

Prestes a morrer, Ben antecipou o casamento e se salvou

Bethânia Nunes
Metrópoles

Um paciente inglês de 41 anos, com um câncer cerebral agressivo, contrariou os prognósticos médicos de 9 meses de vida após passar por um tratamento inédito. Ben Trotman, do Reino Unido, foi diagnosticado com glioblastoma em 2022.

Este é um tipo de tumor maligno e muito agressivo que atinge o sistema nervoso central, desenvolvendo-se na medula espinhal ou no cérebro.

CIRURGIA E MAIS… – O tratamento padrão para a doença consiste em cirurgia para remover o máximo possível do tumor, seguida por sessões de quimioterapia e radioterapia. De acordo com a literatura médica, o tempo médio de sobrevivência após a descoberta do glioblastoma varia entre 12 e 18 meses e apenas 5% dos pacientes sobrevivem cinco anos.

Sem saber o que esperar do futuro, Ben e a noiva, Emily, anteciparam o casamento para janeiro de 2023. Ao mesmo tempo, ele se inscreveu em um estudo experimental desenvolvido por pesquisadores do University College Hospital, de Londres.

“O tratamento padrão para o glioblastoma é cirurgia, radioterapia e quimioterapia. A doença volta, você tem cuidados paliativos e então morre. É sempre a mesma história. Precisamos fazer algo diferente”, afirmou o médico Paul Mulholland, especialista em câncer cerebral e chefe do novo estudo, em entrevista ao jornal The Times.

IMUNOTERAPIA – No ensaio, Ben passou por um tratamento de imunoterapia antes de ser submetido ao tratamento habitual. A imunoterapia busca melhorar a resposta imunológica para que o próprio corpo do paciente consiga encontrar e atacar as células cancerígenas.

Novos exames mostraram que o inglês está praticamente livre da doença, com o tumor regredindo de uma forma inédita. O paciente disse ter sofrido com fortes dores de cabeça durante o tratamento. Os médicos consideram o sintoma positivo, como um sinal de que o sistema imunológico tenha “acordado” e estivesse atacando o tumor.

Os pesquisadores consideram a recuperação de Ben notável. O chefe do estudo disse que os resultados foram tão promissores que uma cura para este tipo de câncer pode finalmente estar no horizonte.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Grande notícia. A imunoterapia ainda é uma técnica em estudo e cada vez mais usada quando o câncer ou outra doença provoca sintoma graves que interferem nas atividades do dia-a-dia ou põe em risco a vida do paciente, e os tratamentos disponíveis não são eficazes. A duração da imunoterapia depende da eficiência do medicamento e da reação de cada paciente ao uso dele. Na maioria das vezes, as aplicações podem durar entre um ou dois anos. No caso de Ben Trotman, foi um sucesso promissor. (C.N.)

Resolução autoritária de Moraes no TSE desmoraliza o Marco Civil da Internet

Moraes dá 48 horas para Facebook entregar vídeo de Bolsonaro

Moraes não quer nem saber o que o Marco Civil determina

Patrícia Campos Mello
Folha

Juristas, representantes das big techs e entidades da sociedade civil ouvidos pela Folha acreditam que a resolução sobre propaganda eleitoral publicada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) no dia 1º de março é ilegal, pois violaria o Marco Civil da Internet.

O ponto nevrálgico é o artigo 9E. Ele estabelece que as plataformas de internet serão solidariamente responsáveis “civil e administrativamente quando não promoverem a indisponibilização imediata de conteúdos e contas, durante o período eleitoral”.

TIRAR DA WEB – Precisam ser retiradas imediatamente postagens “antidemocráticas”, que violem determinadas legislações, entre elas a Lei do Estado Democrático de Direito, assim como “fatos notoriamente inverídicos ou gravemente descontextualizados” sobre o processo eleitoral, “grave ameaça, direta e imediata, de violência ou incitação à violência” contra membros do Judiciário; “comportamento ou discurso de ódio”, incluindo “racismo, homofobia, ideologias nazistas, fascistas ou odiosas”; e “conteúdo fabricado ou manipulado” por inteligência artificial sem receber os devidos rótulos como manda a resolução.

A linguagem do artigo dá a entender que as empresas podem ser responsabilizadas por conteúdo que não tenha sido denunciado por usuários ou pelo TSE e sem que haja uma determinação judicial de remoção da postagem ilícita.

Segundo advogados, esse artigo muda o regime de responsabilidade das big techs no Brasil, pois qualquer pessoa que encontrar algum conteúdo em violação nas plataformas poderá processar a empresa, além do autor do post.

DIZ A ATUAL LEI – O Marco Civil da Internet, principal lei que regula o setor no Brasil, desde 2014, estabelece que empresas só podem ser punidas civilmente por conteúdo de terceiros se não removerem após ordem judicial, a não ser nos casos de nudez não consentida ou violação de propriedade intelectual.

“Esse artigo não pode existir em um mundo onde há o Marco Civil da Internet –não existe esse excepcionalismo eleitoral, que vai contra uma lei federal”, diz Carlos Affonso Souza, professor da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) e diretor do Instituto de Tecnologia e Sociedade.

A resolução também estaria violando a Lei Eleitoral brasileira. Essa legislação estabelece que os provedores só podem ser multados após notificação judicial e que as empresas só serão responsáveis se comprovadamente tiverem “prévio conhecimento” da publicação.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Mas o que é a lei, diante dos festivos ministros do Supremo, que ainda estão se recuperando do embalo no aniversário do presidente Luís Roberto Barroso, com a participação de Daniel Mercury e tudo o mais? Para os ministros do Supremo e do TSE, a lei é como o povo de Zélia Cardoso de Mello – “apenas um detalhe”. (C.N.)

De Himmler a Netanyahu, nada mudou nos personagens de regimes totalitários

Benjamin Netanyahu: What are the corruption charges?

Sem perceber, Netanyahu está imitando o nazista Himmler

Janio de Freitas
Poder360

Muito à vontade, com o pretexto de levar apoio a candidatos às eleições deste ano, em dias recentes Jair Bolsonaro viajou por aí para disseminar o discurso de inocente perseguido. Mesmo sem citar tribunais e magistrados, na fala repetida é clara a indução de hostilidade ao Judiciário, em especial ao Supremo Tribunal Federal e seus integrantes.

Dito em rede de internet, o teor da pregação seria visto como fake news passível de retirada compulsória e, ainda, de processo criminal para o autor da falsidade. Dito ao vivo, é como se não dissesse: nenhum dos setores incumbidos da segurança institucional incomoda Bolsonaro.

CARÊNCIAS E SENTIMENTOS – As falas atuais e a complacência que as estimulam são a continuidade da conspiração de mentiras que chegou ao limite do golpe. As plateias de hoje, as mesmas também, não ficaram menos fanáticas, nem menos sugestionáveis, sob a voz utilitária dos seus pastores.

Segue o programa. É possível ter uma ideia das carências e sentimentos que embasam as massas bolsonaristas: são as mesmas que sensibilizam as massas lulistas.

Juntas, formam os cento e tal milhões que passam por sofrimentos por uma vida penosa entre a miséria faminta e os primeiros patamares da classe média baixa. Dividiram-se em forças opostas por intuições insondáveis.

CONTRA A DEMOCRACIA – A complacência, nos melhores casos, chega a uma mobilização retardatária e duvidosa contra os ataques a regimes democratizantes.

Os italianos democratas estão lamentando, ainda um tanto aturdidos, a tolerância que resultou em um governo neofascista. Os húngaros democratas culpam-se pela falta de combatividade quando se delineou a atual e mal disfarçada ditadura.

Casos assim se reproduzem por toda parte. Um deles é mais escandaloso. Celebrado por sua celeridade, o Judiciário norte-americano teve quatro anos para fazer o seu papel, complementar ao do Congresso, e definir a situação legal de Donald Trump. Não o fez e não foi cobrado para fazê-lo.

TRUMP IMBATÍVEL – Com 91 pendências, como noticiado, no quarto ano à vontade para atividades eleitoreiras Trump é visto como imbatível, para um mandato ainda mais perturbador. A única alternativa democrata, a vice Kamala Harris, alheia-se da trama política.

As apurações da ação golpista de Bolsonaro e demais conspiradores seguem firmes, mas nada impede a continuidade de parte da mesma ação ilegal. Eduardo Bolsonaro não foi visto no comício paulista.

Estava nos Estados Unidos. De onde vêm as estratégias de direita extremada usadas por Jair Bolsonaro.

COMPARAÇÃO, SIM – A cidade de Lídice foi entregue às tropas da SS, na ocupação nazista da Tchecoslováquia. Quando a resistência assassinou um ocupante graduado, Heinrich Himmler, comandante das SS, emitiu uma resposta sucinta: xis horas para o resistente se apresentar ou ser denunciado, do contrário fuzilando-se homens da cidade, diariamente, até a prisão do culpado.

Na divisa Rio-São Paulo, ao alto da bela serra da Bocaina, está a cidade de Lídice, em homenagem à homônima checa. Ninguém se entregou, ninguém denunciou, por acordo da população. Os homens de Lídice morreram.

O argumento de Himmler: o assassino está entre os homens, se fuzilarmos todos, ele será um dos fuzilados. O argumento de Benjamin Netanyahu e outros, lá e cá, para o massacre da Faixa de Gaza: “O Hamas está entre a população, usa a população como escudo para se proteger”. Nada mudou.

Não existe lei que proíba Rosângela Moro de mudar o domicílio eleitoral

Ministério Público Eleitoral é acionado contra Rosangela Moro por  infidelidade domiciliar – Mais Top News

Rosângela afirma que está apenas exercendo um direito

Weslley Galzo

A deputada federal Rosângela Moro (União Brasil-PR), eleita por São Paulo com mais de 217 mil votos, transferiu o seu titulo de eleitor para o Paraná, mesmo domicílio eleitoral do marido, o senador Sérgio Moro (União-PR). Em menos de um mês, o parlamentar será julgado pelo Tribunal Regional Eleitoral daquele Estado (TRE-PR) por abuso de poder econômico e caixa dois. O desfecho da votação pode cassar o mandato do parlamentar.

Em reação ao movimento de Rosângela, os diretórios do Partido dos Trabalhadores (PT) no Paraná e em São Paulo apresentaram uma ação judicial para barrar a troca de domicílio eleitoral. Os petistas argumentam que a deputada está vinculada ao Estado pelo qual foi eleita e que, portanto, não poderia alterá-lo durante o exercício do mandato.

VAGA DE MORO – Tanto a mudança de Rosângela quanto a ação do PT ocorrem diante de uma disputa pela eventual vaga do ex-juiz Sérgio Moro, alvo de um julgamento que pode cassar seu mandato e abrir o caminho para uma eleição suplementar ao cargo.

O Estadão ouviu especialistas sobre a mudança de domicílio eleitoral de Rosângela e os argumentos apresentados pelo PT para pedir a sua invalidação. É consenso entre advogados eleitoralistas que a legislação temática não apresenta vedações, tampouco punições, para a troca do local do título eleitoral durante o exercício de mandato.

Mas alguns deles ponderam que o fato de a lei ser vaga sobre essa questão abre espaço para que os advogados petistas tentem emplacar a sua versão no tribunal.

SEM OBRIGAÇÃO – A advogada e cientista política Carol Clève, presidente do Instituto Paranaense de Direito Eleitoral, explica que as leis eleitorais sobre o assunto se restringem ao período de campanha. Portanto, é preciso ter domicílio eleitoral no Estado ou no município em que se pretende concorrer ao cargo público.

Passada a eleição, cai essa obrigação. Ela avalia, contudo, que o caso específico da deputada Rosângela Moro abre espaço para discussões no meio eleitoral que podem ser exploradas pelo PT.

“Embora seja uma condição de elegibilidade, não é exatamente uma condição para o exercício do mandato. Não há nada que proíba, nenhuma regra que diga que isso não é possível de fazer. Mas causa estranheza porque, ao assim admitir, acaba tendo uma quebra do pacto federativo porque, afinal de contas, você continua num mandato por determinada circunscrição só que o seu vínculo é com outra”, afirmou Clève.

SÓ PARA VEREADOR – O advogado Alberto Rollo, professor de Direito Eleitoral da Escola Paulista de Direito, enfatiza que não há obrigação de que o indivíduo mantenha o domicílio eleitoral no mesmo Estado em que foi eleito. Essa exigência existe apenas para vereadores, afirmou o professor.

“Apesar de demonstrar falta de compromisso com o eleitor de São Paulo, não há fundamento jurídico para uma consequência como a cassação do mandato, por exemplo”, disse Rollo. Segundo ele, caberá ao juiz designado para o caso definir se vai acolher a representação e, então, abrir um precedente jurídico.

A Justiça Eleitoral examina as condições de elegibilidade, como o domicílio eleitoral, no momento do registro de candidatura. O professor de direito eleitoral Eduardo Damian, da Escola da Magistratura do Rio de Janeiro, avalia que, por este motivo, não deve haver nenhuma consequência imediata para Rosângela por ter feito a mudança.

ALGUM VÍNCULO – “Domicílio eleitoral pode ser onde você mora, onde trabalha, lugar onde você tenha algum vínculo social, patrimonial. Apesar de parecer estranho, uma deputada eleita em São Paulo pode mudar o título de eleitor para outro Estado”, disse Damian.

Mas a advogada eleitoral Ezikelly Barros diverge dos demais especialistas e avalia que a mudança do domicílio eleitoral de Rosângela fere princípios eleitorais.

“A transferência de domicílio no curso do mandato eletivo deve ser restrita à circunscrição eleitoral ao qual foi eleito, ou seja, ao espaço territorial no qual foi realizada a eleição do mandatário. No caso da deputada federal Rosângela Moro, por exemplo, essa mudança está restrita a qualquer município dentro do Estado de São Paulo. A transferência do seu domicílio para o Paraná viola a soberania popular e a fidedignidade da representação do eleitorado de São Paulo na Câmara Federal”, afirmou.

DIZ ROSÂNGELA – Com a mudança de seu domicílio eleitoral de São Paulo para o Paraná, Rosângela fica habilitada a concorrer à vaga do marido numa eventual cassação.

A deputada teria a possibilidade de recorrer ao capital político de Moro no Paraná, onde foi eleito com 1,9 milhão de votos.

Em nota enviada ao Estadão, Rosângela diz que “transferência do domicílio eleitoral é um direito de todo cidadão brasileiro” e afirma que “continuará a representar o Estado de São Paulo e sua população, mantendo, inclusive, seu escritório de representação aberto na capital paulista e a agenda nas demais cidades do Estado”.

Advogado de Mauro Cid garante que tudo o que ele souber, “ele vai falar”

Novo advogado de Mauro Cid diz que pode usar delação premiada

Advogado sabe que Cid pode perder a delação premiada

Daniela Lima
g1 Brasília

Mauro Cid esteve nesta sexta-feira (8) no escritório de seu advogado, o criminalista Cezar Bitencourt, para alinhar as expectativas sobre o depoimento que ele vai prestar à Polícia Federal na segunda-feira (11) a respeito da trama golpista que cerca o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e seus principais aliados, inclusive nas Forças Armadas.

O depoimento é alvo de forte expectativa porque acontecerá após o ex-comandante do Exército, Freire Gomes, ter falado à PF por mais de oito horas e implicado, segundo apurou Míriam Leitão, Bolsonaro diretamente na cena golpista que culminou com o 8 de janeiro de 2023.

QUEBRA-CABEÇAS – Segundo o blog apurou, investigadores acreditam que, com um volume considerável já de provas em mãos e os apontamentos de Freire Gomes, Cid pode ajudar a fechar um complexo quebra-cabeças golpista.

“O delegado que conduz o caso é quem sabe as perguntas que vai fazer. De minha parte, o que posso garantir é que tudo o que o Cid souber, tudo o que ele tiver conhecimento, o que conseguir explicar, ele vai fazer. Ele vai falar”, garante Cezar Bitencourt.

Cid, que voltou a ser alvo de ataques por bolsonaristas radicais, acusado de traição, foi orientado a ficar longe das redes sociais. “O trabalho é técnico. O foco é no trabalho e no que diz o Direito”, finaliza o advogado, sem maiores detalhes.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
O advogado tenta dourar a pílula, como se dizia antigamente. Mauro Cid é um tremendo mau caráter, enriquecido nos Estados Unidos ninguém sabe como, e está arranjando um jeito de não pegar cadeia. Seu primeiro depoimento já foi desmentido pelo general Estevam Theóphilo, que era membro do Estado Maior do Exército e afirmou que jamais defendeu o golpe. Theóphilo explicou também que foi ao Palácio da Alvorada encontrar o então presidente Bolsonaro a pedido do comandante do Exército, Freire Gomes. Agora, Cid terá de explicar essas contradições. O pior é que a Veja diz que ele mudará a versão e dirá que jamais se referiu a um golpe de estado. Se continuar nessas contradições,  pode perder a delação premiada e ficar aguardando a hora de voltar à cadeia. (C.N.)