Para tornar-se político, é preciso adotar regras pouco republicanas

Charges para rir, chorar e pensar a política dos nossos dias – livro leve  solto

Charge do Glauco (Arquivo Google)

José Vidal

Li isso num site estrangeiro. Traduzi e divulgo, pois, com raríssimas exceções, o texto mostra o que prepondera na política. Detalhe: militares que estiveram no poder se tornaram políticos.

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OS DEZ MANDAMENTOS PRAGMÁTICOS DO POLÍTICO

1) Acreditar na prática como é a base do comportamento humano.

(Mais do que ideais e concepções elaboradas, o político pensa que as pessoas são governadas pela práxis imediata de sobrevivência e aspirações materiais, e em relação a eles, ele dirige sua percepção e faz suas ofertas ).

2) Saber que as pessoas são vulneráveis a propaganda bem montada e persistente.

(O protótipo do político nazista, Joseph Goebbels, disse: «Uma mentira, repetida cem vezes, se torna uma verdade»; e mostrou, convencendo a maioria dos alemães de seu tempo de que eles eram uma “raça superior”. É uma lição da qual o político é aprendiz).

3) Estar ciente de que a demagogia não é uma perversão, mas um jogo diplomático.

(Em busca de popularidade ou poder, o político aplica demagogia, sem remorso, porque a considera um recurso válido, com proclamações e slogans trapaceiros: «estabelece a maior felicidade», «torna o país grande», «justiça para todos” … )

4) Praticar uma memória dúctil e casuística, capaz de esquecer ex-oponentes que de repente se tornam aliados úteis.

(A memória do político é pragmática e aleatória: depende de fatos e sorte. Do mesmo modo, ele é indulgente consigo mesmo e apaziguado, ele se permite dormir pacificamente. Detalhe: “Políticos iniciantes e honestos permanecem como elucubradas exceções”)

5) Ser factual, atento aos eventos, e não aos princípios abstratos.

(O que aconteceu, por um lado, e o que poderia acontecer, por outro, são os limites funcionais do comportamento do político; sem preceitos morais desconfortáveis, que dificultam o jogo livre de aproveitar as oportunidades).

6) Estar consciente de que o sucesso ou o fracasso são medidos no campo dos fatos, do que é realmente realizado.

(O político «vê» sua conquista ou decepção. Tudo acontece com ele na vida. E para atingir seus objetivos, ele até recorre a fazer uma modificação total de seus programas e concluir uma turnê que vai de um jogo para outro. O político de peça única, fiel às suas ideias e consistente com sua honestidade pessoal, como Rómulo Betancourt (No Brasil, podemos citar …..) , não é abundante. A carreira do político é sua existência; ele não tem o consolo do artista e do escritor: ser valorizado pelas gerações futuras).

7) Prometer todo o necessário nos tempos das eleições; Depois, o não cumprimento das promessas é explicado.

(O ditado popular cai bem: «Ofereça mais do que candidato nas eleições». E então, diante da fraude de seu fracasso, explodir a fantasia oportunista: criar um inimigo do país, culpar um desastre natural, falar de um déficit nas finanças públicas, em termos incompreensíveis para o público. Por outro lado, o político percebe que a honestidade não é um valor absoluto, mas uma apreciação subjetiva e circunstancial. E quando você ouve falar de um “político”, pegue o personagem com as pinças das dúvida e suspeitas.)

8) Oferecer-se para respeitar a Constituição; e então, com a ajuda de testas de ferro e rábulas contratados, modificá-la

(O político não tem boas relações com a Constituição, o que é sempre um obstáculo aos seus planos e propósitos. De qualquer forma, ele preferiria se comportar com critérios de oportunidade gratuitos, e não vinculado a uma camisa de força legal. É por isso que, uma vez no comando, ele fabrica um grupo de cúmplices e ralé, bem pagos, para modificá-la, com a cumplicidade de uma assembleia e o espanto dos cidadãos).

9) Alcançar a sobrevivência na política, até transformá-la em uma profissão que fornece sustento.

(O político se torna profissional, a tal ponto que, quando perguntado qual é a sua profissão, ele tem que responder: política. É uma profissão que geralmente é praticada em um partido político; claro que está em uma democracia. Mas os partidos políticos às vezes (muitas) se tornam feudos, áreas de caça, secretários-gerais eternos. De qualquer forma, o político vive para sempre, misteriosamente, de sua “profissão”).

10) Lembrar-se de que o poder alcançado deve ser preservado e até perpetuado por todos os meios possíveis e impossíveis.

(Isso é particularmente válido para o político que se torna governante. Uma vez fortalecida, a tentação de permanecer no cargo para sempre é dominante. É visto em muitos presidentes e donos de poder, o que já é comum. A chave é criar um conjunto de advogados pagos que buscam trair o princípio constitucional da alternância democrática).

Decisões sobre cotas raciais por aparência são erradas e cometem injustiças  

Jovem que perdeu vaga de medicina na USP por não ser considerado pardo entra na Justiça para tentar reverter decisão | São Paulo | G1

Alisson não seria pardo, concluiu a comissão da USP

Hélio Schwartsman
Folha

A pedidos, comento o caso dos dois garotos que tiveram suas matrículas na USP barradas por não terem sido considerados pardos o bastante. O problema é insolúvel. A cor da pele se transmite por um complexo modelo de herança poligênica. Isso significa que um casal inter-racial pode gerar filhos com as mais variadas tonalidades de pele, do quase branco ao bem escuro. Outras características fenotípicas que costumamos associar a pretos, como tipo de cabelo e formato do nariz, seguem modelos igualmente complexos.

Nada disso é muito novo. Desde a Antiguidade temos uma literatura em torno dos paradoxos da indeterminação: quantos fios de cabelo um indivíduo precisa perder para ser considerado careca?

RECEITA DE INJUSTIÇAS – Tentar procustianamente forçar um amplo leque de possibilidades fenotípicas num juízo binário do tipo “pardo” ou “não pardo” é receita segura para produzir injustiças.

A primeira instituição republicana a ter de lidar com essa questão, o IBGE, contornou a aporia recorrendo à autodeclaração: cada um escolhe o grupo ao qual quer pertencer. Funcionou bem até virem as cotas raciais. Como elas oferecem uma palpável vantagem a membros de certas minorias, surgiu a possibilidade de pessoas abusarem do sistema. Como resolver isso?

Não sei, mas a resposta do STF, que foi autorizar os comitês de heteroidentificação, é, como vimos, ruim. Ela coloca a autodeclaração, que pode ser genuína mesmo para alguém de tez clara, contra a decisão da banca.

SUSPEITA DE FRAUDE – Pior, ela lança automaticamente sobre os reprovados pela comissão a suspeita de fraudadores.

Mas o juízo do comitê é essencialmente um juízo estético — e, se o seu filme favorito perde o Oscar, não parece muito apropriado acusar a Academia de fraude.

O irônico aqui é que, para justificar a heteroidentificação, é preciso rejeitar teses caras ao movimento woke, como o direito de escolher a própria identidade (transexuais) e a recusa a classificações binárias.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
O Brasil não identificava os brasileiros por raça, apenas pelos nomes, incluindo mãe e pai. Aí o então senador Fernando Henrique Cardoso fez uma lei para obrigar o IBGE a registrar a cor, que o próprio entrevistado deveria indicar. Surgiram então respostas variadíssimas, tipo moreno, mulato, china, preto claro etc., e o IBGE então decidiu aceitar apenas cinco cores: preta, parda, branca, amarela ou indígena. A meu ver, para saber se o sujeito deve ser considerado pardo, deveria ser exigida identidade de pai e mãe, com fotos. Quem é filho de pardo, também é pardo. Duro é ser branco e pobre, neste país racista. Aliás, as cotas deveriam ser sociais (pelo imposto de renda dos país) e não raciais. (C.N.)

Lava Jato foi declarada morta e enterrada, mas seus efeitos políticos persistem

Tribuna da Internet | Lava Jato foi um desvio, corrigido pelas  “instituições-que-estão-funcionando”

Charge do Bonifácio (Arquivo Google)

William Waack
Estadão

O sepultamento jurídico da Lava Jato foi consumado bem antes da operação completar agora seus 10 anos. O enterro político tem se revelado mais difícil. No lado jurídico, a derrota da Lava Jato apresenta aspectos específicos do campo do Direito, resumidos na frase: “não se deve cometer crimes para combater crimes”.

Mas envolve uma monumental disputa entre poderes institucionais: qual deles exerceria uma “tutela” sobre sociedade e política.

SUPREMO ACUADO – Como supremo poder, o STF se sentiu acuado e atacado pela Lava Jato e o Ministério Público (e nem se trata dos rumores em torno de uma “Lava Toga”). Afinal, quem “faz história” e protege uma sociedade hipossuficiente, a que não é capaz de se defender sozinha?

Em parte é a esse entendimento que o STF chegou quanto ao seu papel mais geral. Por ironia, era também o entendimento dos expoentes da Lava Jato quanto ao seu papel específico frente ao sistema político. Entregue a si mesma – acreditava-se e acredita-se – a política só produziria mais danos à sociedade, daí o controle a ser exercido pelos “homens de preto”.

Nesse sentido, é “game over”, pois tem sido o STF essa espécie de “regulador” da política além do que possa ser um preceito constitucional. Ocorre que a Lava Jato é um fenômeno político e social de grande amplitude, no qual a indignação pela corrupção endêmica é só o aspecto mais visível.

SISTEMA PODRE – A força do fenômeno reside no descontentamento de vastas camadas da sociedade frente “ao que está aí”, entendido como um sistema a partir do poder público que é predatório do ponto de vista do empreendedor, injusto do ponto de vista do contribuinte, e perverso do ponto de vista de quem precisa de saúde e segurança (pois gasta demais e entrega de menos).

No empenho de Lula e do PT em reescrever o passado está implícita a noção de que não é possível apagar a Lava Jato da memória coletiva (como não é possível apagar a pandemia, por exemplo).

Daí o esforço de empurrar goela abaixo, com forte contribuição também do STF, a interpretação de que foi uma ocorrência maléfica, não só do ponto de vista jurídico mas para economia e política brasileiras.

REESCREVER O PASSADO – O problema é o choque brutal entre a proposta petista de ação política de reescrever o passado e a realidade.

Para enorme parte da população, a Lava Jato (com ou sem erros) continua simbolizando um esforço para mudar “o que está aí”, além de combater corrupção, enquanto as instâncias jurídicas e políticas permanecem fixas no plano desse imaginário político como pilares para deixar tudo como sempre foi.

É possível enterrar um morto, mas difícil se livrar da assombração.

Moraes proíbe Bolsonaro e golpistas de ir a eventos das Forças Armadas

Alexandre de Moraes

Moraes tentou evitar a promiscuidade nas Forças Armadas

Fabio Serapião e Cézar Feitoza
Folha

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, proibiu que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e outros envolvidos na suposta tentativa de golpe investigada pela Polícia Federal de participar de eventos nas Forças Armadas e no Ministério da Defesa.

A decisão do ministro do STF é da quinta-feira (7) e tem como alvo Bolsonaro e militares como os ex-ministros Augusto Heleno (Gabinete de Segurança Institucional), Braga Netto (Casa Civil) e Paulo Sergio Nogueira (Defesa). Também estão entre os intimados sobre a proibição o presidente do PL, Valdemar Costa Neto, e o ex-ministro da Justiça, Anderson Torres.

A PROIBIÇÃO – De acordo com Moraes, eles estão proibidos de participar de “cerimônias, festas ou homenagens realizadas no Ministério da Defesa, na Marinha, na Aeronáutica, no Exército e nas Polícias Militares”.

O ministro estipulou uma multa diária de R$ 20 mil em caso de descumprimento da medida imposta.

Além de informar os alvos da decisão, Moraes também comunicou ao Ministério da Defesa e aos comandos das Forças Armadas a proibição. A decisão foi dentro da investigação sobre as tratativas por um golpe de Estado desenvolvida dentro do inquérito das milícias digitais.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG –
Realmente, não teria cabimento que os envolvidos no preparativo do golpe que não houve participassem de eventos das Forças Armadas, como se ainda desfrutassem no poder e não estivessem sendo investigados pela Polícia Federal. A proibição é correta. (C.N.)

Lula, o amigo dos ditadores, procura novos tiranos para se aproximar deles

Ditador saudita também era amigo de Jair Bolsonaro

Fabiano Lana
Estadão

No atual governo Haddad-Lira – talvez Roberto Campos, no Banco Central – o presidente Lula não tem muito o que fazer. O ministro da Fazenda busca liderar o processo de equilíbrio das contas públicas e volta do crescimento – ainda não sabemos se será bem-sucedido. O presidente da Câmara exerce seu poder na expansão contínua do quinhão congressual do orçamento e na distribuição de cargos estratégicos para seus aliados nos ministérios. Campos e a diretoria do BC operam a taxa de juros para segurar a inflação.

Além disso, com minoria no Congresso, não há possibilidades de mudanças legislativas que possam fazer avançar pautas históricas do movimento que Lula representa. Hoje, o governismo não tem forças nem mesmo para indicar as presidências das comissões mais importantes da Câmara, como a de Constituição e Justiça e Educação, que ficaram nas mãos dos ultraoposicionistas e abnegados bolsonaristas, Caroline de Toni e Nikolas Ferreira.

LIDERAR A QUEM – Ao presidente Lula tem restado o papel de líder internacional. Mas liderar a quem? A Europa Ocidental e os Estados Unidos estão unidos na condenação à Rússia. Se Lula estivesse desse lado, mesmo sendo o mais democrático, seria apenas mais um na multidão a fazer papel de figurante. Porém, há algo megalomaníaco na nossa atual política internacional.

No caso de Gaza, Lula talvez tenha ido longe demais na comparação do banho de sangue que ocorre lá ao metódico e planejado holocausto nazista, o que acabou por ofender até mesmo judeus que são contra o atual governo de Israel.

Mesmo na América do Sul, Lula não tem mais tanta força como nos mandatos anteriores. O argentino Javier Milei é quase um antípoda ideológico. O uruguaio Lacalle Pou é de uma centro-direita moderada que quer distância das ideias defendidas pelo Partido dos Trabalhadores. O chileno Gabriel Boric quer trilhar caminho próprio, sem ser tutelado pelos esquerdistas mais velhos e de ideias antigas. Outros países como a China ou a Índia querem liderar, não serem liderados.

JUNTO AOS PÁRIAS – Restou a Lula circular com os párias. Venezuela, Rússia, são os exemplos mais evidentes. No caso da Rússia, inclusive, oferece a mão amiga a um ditador também responsável pela morte de inocentes. Lula, inclusive, já disse que toda vida é vida, ao se referir às crianças mortas em Gaza pelos israelenses. Já deu alguma declaração sobre crianças ucranianas? Ou elas valem menos por serem protegidas por um “exército bem equipado”?

Neste contexto, de procurar uma turma que o ache relevante e o aceite, devem ser entendidas certas obscenidades faladas por Lula nos últimos meses. Como culpar a Ucrânia pela a invasão do seu próprio território ou pedir para os oposicionistas venezuelanos pararem de chorar e indicarem outro candidato para competir com Nicolas Maduro em uma das eleições mais suspeitas de fraudes deste milênio.

Caso os principais desafiantes não possam competir, como tem sido a tendência, não serão necessários nem mesmo olheiros internacionais para mostrar que são eleições para lá de suspeitas.

EXISTE ACEITAÇÃO – Estudiosos do nazismo registram em suas obras que uma das características intrigantes de regimes totalitários é a aceitação por parte da população do que seria consensualmente repulsivo em outros tempos. Práticas degradantes começam a se tornar rotina em países fechados e pouco a pouco começam a fazer parte do cotidiano nas pessoas.

Longe, muito longe, de atribuir a Lula qualquer intenção autoritária interna, mas o que pode ocorrer é que suas falas algo sórdidas sobre as questões internacionais se tornem parte de nossa rotina e em breve as normalizamos. Afinal, é o que resta ao nosso presidente.

Por outro lado, tem faltado criatividade a Lula na sua defesa dos ditadores russo e venezuelano. Está repetitivo.

OUTROS TIRANOS – Há uma série de regimes autoritários mundo a fora para ele louvar e tentar ajudar. Temos a hoje quase esquecida Cuba, que passa por grave crise de falta de alimentos – mas sempre é possível culpar o embargo dos EUA por tudo de desagradável que passe por lá. Coreia Norte é um exemplo bizarro, mas por ser antiamericana pode receber a bênção do governo brasileiro, assim como Irã. Pela Nicarágua já há certa simpatia histórica, mas é mais difícil estar do lado de países que perseguem até padres católicos.

A lista, entretanto, pode ser muito maior e oferecemos aqui algumas sugestões de países para o presidente Lula se aproximar e se consolidar como líder: Afeganistão, Mianmar, Mali, Somália, Burundi, entre tantas nações onde faltam prerrogativas democráticas – e direitos para as minorias.

Mas, com certeza, o assessor internacional Celso Amorim já possui tal mapeamento para buscar algum contato efetivo.

O reconhecimento do papel da mulher na sociedade brasileira

A independência da mulher é um fato de absoluta justiça

Pedro do Coutto

Ontem foi comemorado o Dia Internacional da Mulher. A data não deveria ser apenas comemorada, mas também gerar efeitos concretos nos relacionamentos sociais do país, a começar pela diferença de salários pagas aos homens e as remunerações das mulheres. A lei sancionada pelo presidente Lula encontra-se em vigor, mas não há sinais de que está sendo aplicada como deve ser e de acordo com o texto integral que vai ao encontro de antigas reivindicações.

A injustiça contra a mulher é muito maior do que se pensa. É preciso ver com consciência a questão dos seus direitos e estarmos atentos ao seu cumprimento. É uma questão que atravessa os séculos. E é impressionante como parte da sociedade recusa-se a aceitar a independência feminina como um fato essencial à vida. Da maternidade ao trabalho de modo geral, a presença da mulher é marcante e merece ser reconhecida plenamente por todos os segmentos sociais.

POLÍTICA – No Brasil, vê-se que a participação das mulheres na política e na administração pública. O país ainda registra um aumento lento nesse sentido e figura entre os piores das Américas Latina e Central neste contexto. Está à frente apenas do Haiti e de Belize. Apenas 17,7% das cadeiras do Congresso Nacional são ocupadas por deputadas e senadoras. Alguns Estados, como Sergipe, elegeram pela primeira vez duas representantes femininas. Antes, não havia nenhuma.

Nas últimas eleições, 38 mulheres concorreram ao cargo de governadora e 94 ao de vice-governadora, mas só Pernambuco e Rio Grande do Norte elegeram as candidatas femininas.  Das 29 legendas registradas no Tribunal Superior Eleitoral, apenas seis são presididas por mulheres.

A luta brasileira tem que prosseguir e a independência da mulher é um fato de absoluta justiça, pois nenhum ser pode se considerar superior ao outro. Além da questão da mulher na sociedade, tem que se incluir a questão dos preconceitos observados nos mais diversos ângulos. É incrível como em pleno XXI ainda tenhamos que falar sobre o assunto.

Doces recordações dos anos dourados inspiram a poesia de Lena Basso

Poeta - O site do poeta brasileiro >>>

Lena Basso, poeta paulista

Paulo Peres
Poemas & Canções

A pedagoga, professora e poeta paulista Merilena Ferioli Basso, mais conhecida por Lena Basso, eternizou em versos  os “Anos 60” , com suas doces recordações.

“ANOS 60″
DOCES RECORDAÇÕES

Lena Basso

Quanta recordação me traz
uma época que não volta mais.
Doces ilusões guardadas,
lindos momentos vividos,
despreocupação geral,
uma grande curtição!

O vestido de bolinhas,
saia godê e gola rolê,
sandália de tirinhas
eram minha indumentária
para ir na praça passear,
…tomar Banho de Lua.

Radinho de pilhas ligado,
ouvindo e aprendendo,
cantarolando sem parar
música popular e rock importado.

Nas curvas das estradas
meu pensamento se perdia.
Eu era feliz e disso sabia.
O pouco que tive, sempre foi tudo
para provar das melhores emoções.
O que faltou, se é que faltou,
foram apenas pequenos detalhes.

Está ficando claro que, ao dar o golpe, Braga Netto iria derrubar Bolsonaro

Braga Netto fala como pré-candidato à Prefeitura do Rio

Braga Netto pensou que passaria a perna em Bolsonaro

Roberto Nascimento

Apesar da manutenção do sigilo nas investigações, sem que realmente haja qualquer vazamento, numa blindagem nunca antes sequer imaginada, está bem claro que a tentativa de golpe teve dois líderes – o então presidente Jair Bolsonaro e seu candidato a vice, general Braga Netto.

Ambos têm a mesma postura pouco militar – não assumem nada do que fizeram. Bolsonaro disse no ano passado que nunca viu a minuta do golpe, que só teria circulado, segundo ele, nas gavetas do então ministro da Justiça, delegado federal Anderson Torres. Ele é assim mesmo, quando surge o problema, larga a responsabilidade com os subordinados.

AUTONOMIA TOTAL – Sobre seu ajudante de ordens Mauro Cid, o ex-presidente disse que o auxiliar tinha total autonomia, podia tomar as iniciativas que bem entendesse. Logo, as ilicitudes praticadas, mormente no caso da adulteração da carteira de vacinação ou na compra e venda de relógios e joias, tudo teria sido obra do tenente-coronel.

Depois, sobre a reunião golpista de julho de 2022, Bolsonaro deixou que a culpa recaísse no general Augusto Heleno, ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional, que sugeriu virar a mesa antes das eleições, porque depois nem o VAR mudaria o resultado. Aliás, usar parábolas futebolísticas indica a pobreza intelectual do então ministro.

Foi essa postura defensiva de Bolsonaro que fez Mauro Cid acatar o advogado e aceitar a delação premiada. Ele será ouvido novamente nesta segunda-feira sobre as declarações do general Freire Gomes, ex-comandante do Exército, e não pode mentir. Se for apanhado em flagrante, perderá o benefício da delação.

CONSTRANGIMENTO – Para o general Freire Gomes, foi muito constrangedor ter sabido que Braga Netto o tratava como cagão e traidor. Na época, o general golpista ainda julgava deter o poder e botava banca. Depois, acovardou-se e se mantém num silêncio desmoralizante a partir da revelação de sua participação no planejamento do golpe de estado.

A meu ver, seria Braga Netto o comandante supremo da conspiração que viria a tirar Bolsonaro do topo do comando revolucionário para instalar nova ditadura militar no país.

Nesse plano, o general contava com o major Ailton Barros, um militar tão despreparado que foi expulso do Exército e considerado morto, para que sua mulher continuasse recebendo seu soldo e sustentando o mau elemento. Bem, com um morto-vivo em sua linha de frente, Braga Netto não poderia mesmo ir longe.

Acredite se quiser! Juízes conseguiram criar mais um penduricalho salarial

Tribuna da Internet | Justiça no Brasil, manipulada e dispendiosa, custa três vezes mais que a média mundial

Charge do Kemp (humortadela)

Carlos Newton

O comentarista Pedro Ricardo Maximino informa que a excelente repórter Ana Claudia Guimarães, que trabalha na coluna de Ancelmo Gois, em O Globo, revelou  que o Conselho da Justiça Federal (CJF) decidiu que os juízes federais passam a ter direito a até dez folgas por mês, ou compensação equivalente em dinheiro, por conta de “atividades administrativas ou processuais extraordinárias”. O benefício por dez dias é algo em torno de R$ 11 mil.

Sinceramente, fica evidente que esses “juristas” do serviço público dedicam grande parte de seu período de trabalho para criar novos penduricalhos que possam aumentar seus vencimentos, que estão entre os mais elevados do mundo, embora o Brasil continue no rés do chão em termos de renda per capita e distribuição de renda.

MAUS BRASILEIROS – Esses fabricantes de penduricalhos são maus brasileiros, fazem parte de uma elite nojenta, que está jogando na lata do lixo a imagem da Justiça brasileira. O pior é que esses aditivos salariais por suposto excesso de trabalho surgem num momento em que a Justiça trabalha cada vez menos e está funcionando em regime de home office para os magistrados.

Outro dado revoltante é que os demais operadores do Direito logo pedirão equiparação aos juízes federais, incluindo outros magistrados, membros do Ministério Público e da Defensoria, inclusive nos Estados e municípios, numa gastança monumental.

Sinceramente, há momentos em que sentimos vergonha de sermos brasileiros.

O Globo manipula dados e transforma num fracasso o sucesso da Petrobras 

Petrobras lucra 33,8% menos no 1º ano do governo Lula; dividendo cai 66,4%,  a R$ 72,4 bi

Petrobras vive uma grande fase que é boicotada pela mídia

Luis Nassif
Jornal GGN

A manchete principal do jornal O Globo é falsa. Não respeita sequer a matéria. Vamos às informações corretas, sem as distorções do jornal. O lucro líquido da Petrobras em 2023 foi de R$ 124,6 bilhões, o segundo mais alto da história.

O chamado EBITDA (Lucro Antes de Juros, Impostos, Depreciação e Amortização) foi de R$ 262,2 bilhões, o segundo maior da história, assim como o segundo maior fluxo de caixa operacional.

E esse resultado não foi alcançado por uma eventual melhora nos preços internacionais do petróleo que, na verdade, caíram 18% e houve queda de 23% no preço do diesel em relação ao petróleo.

IRRESPONSABILIDADE – Onde está o problema? Em 2022, a Petrobras distribuiu todo seu lucro, uma irresponsabilidade absoluta em relação ao futuro da companhia. E não houve nenhuma grita de O Globo.

Ou seja, a empresa deixou de investir em novos campos, na transição energética, em novas tecnologias e na segurança, para beneficiar os acionistas.

Em 2023 foram US$ 12,7 bilhões em investimentos, crescimento de 29% em relação ao ano anterior. Além disso, pagou R$ 240 bilhões em tributos à União e estados.

REDUZINDO A DÍVIDA – Mesmo não distribuindo a totalidade do lucro, os acionistas da Petrobras obtiveram um retorno superior ao das demais empresas petrolíferas.

Além disso houve redução de US$ 1,2 bilhão na dívida financeira. E a produção do pré-sal chegou a 2,17 milhões de barris de petróleo equivalentes, 10% acima do ano anterior.

Em suma, o que era para ser tratado como um sucesso, foi derrubado pelo Globo simplesmente porque não se cometeu a irresponsabilidade de outros anos, de distribuir todo o lucro, sem se preocupar com o futuro da companhia.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Importantíssimo artigo do Luis Nassif, enviado por José Guilherme Schossland. Mostra que a administração de Jean Paul Prates está sendo um sucesso, como era previsto. Nada como ter um especialista em petróleo à frente da empresa… No caso de Prates, tem a vantagem de ser nacionalista, ao invés de entreguista, como o trêfego Pedro Parente, que quase destrói a companhia. E eu já ia esquecendo: não adiantou nada a Petrobrás ter pago R$ 4 milhões em outubro para exibir uma publicidade no Jornal Nacional. (C.N.)

Lula dá aulas a Deus e ao mundo, enquanto o bolsonarismo avança

Presença de Lula no Catar aumenta peso para repatriação de brasileiros de  Gaza, diz professor | CNN Brasil

Cheio de si, Lula parece “interpretar” o papel de presidente

Ricardo Rangel 
Veja

A deputada Caroline de Toni foi eleita presidente da Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJ), a mais importante da Câmara. Tudo passa por ela. Nenhuma lei é aprovada sem ser aceita antes pela CCJ.

Caroline de Toni é uma bolsonarista raiz, uma das parlamentares mais obscurantistas do Congresso. Sua posição à frente da CCJ é muito ruim para o país e para o governo.

OUTRO NOME – Caroline é do PL, que, como partido com mais cadeiras na Câmara, tinha a prerrogativa de nomear o presidente da CCJ.

Mas o PL não precisava ter nomeado Caroline, poderia ter optado por um nome mais moderado e razoável — se tivesse havido a negociação adequada.

Quando Bolsonaro era presidente da República, foi eleita para comandar a CCJ a deputada Bia Kicis, que é tão radical quanto Caroline. Mas Bolsonaro era o presidente. Que Caroline seja eleita enquanto Lula é presidente, é impressionante.

HOMOFÓBICO – De quebra, o PL nomeou para a Comissão de Educação outro bolsonarista raiz, Nikolas Ferreira, que ganhou fama fazendo discurso homofóbico usando uma peruca.

A Comissão de Educação deveria ser uma das prioridades do governo, mas, como se sabe, Lula não se interessa pelo assunto.

Assim, enquanto Lula dá aulas a Deus, profere suas barbaridades e compra briga com todo mundo, sua popularidade cai e o bolsonarismo avança. Acorda, presidente!

PT dá migalhas a miseráveis, enquanto frequenta os coquetéis dos milionários

Charge do JCaesar | VEJA

Charge do JCaesar | VEJA

Luiz Felipe Pondé
Folha

Se Boulos levar a prefeitura de São Paulo, a cidade será uma importante cabeça de ponte para o PT levar o estado em 2026. Com as mãos nos cofres federais e de São Paulo — estado mais rico da federação — o PT sangrará o país por 100 anos.

Não há oposição legítima ao PT entre nós. Os “conservadores” do legislativo estão à venda sempre. Oferecem oposição até a próxima mesada. Os evangélicos, em última instância, também estão à venda. Mas, estes seriam a última resistência em termos de população comum, apesar de que, como são evangélicos, ninguém os levaria a sério: tudo que creem é fake news. No final do dia, toda oposição ao PT é apenas manobra de barganha fisiológica.

E A INTERNET? – As redes poderiam fazer frente ao domínio universal do PT porque, como dizem por aí, “as redes são da direita”, mas, o resultado disso seriam idiotas quebrando tudo nas ruas e os “democratas” gritando em uníssono: Golpe! Golpe!

A Europa tem leis que regulam a internet. Mas esses países não são corruptos como o Brasil. Aqui, a regulação da internet servirá apenas para o PT destruir qualquer oposição popular a ele — com ajuda da “Justiça”. Não é à toa que a infantaria da imprensa — 99% de esquerda — fica com água na boca quando ouve a expressão “regulação das redes”.

Pessoalmente, penso que um Estado corrupto como o nosso é muito mais perigoso para a liberdade do país do que as plataformas digitais.

SALAMALEQUES – A colonização do STF é mais complexa, mas possível e em curso — basta ver a emoção da chegada ao Supremo dos terrivelmente lulistas, assim como nos tempos do Bolsonaro, a chegada do terrivelmente evangélico. Os salamaleques nesse caso são mais longos.

O processo de redução do poder de freio e contrapeso que o STF poderia oferecer ao PT viria regado a muitos discursos empolados sobre o “império da lei” e sobre a democracia ser um regime jurídico e, por isso mesmo, sustentada no princípio do Estado de Direito — o que é pura verdade.

Aqui está uma cartada sofisticadíssima da ameaça a democracia que traz o PT, uma vez tendo colonizado o STF — colonização esta por simpatia ideológica ou mero oportunismo de ocasião, e o “golpe” aconteceria de modo invisível e dentro do Estado de Direito.

PERSEGUIÇÕES – A máquina de censura jurídica operaria na velocidade da luz e na densidade de um enxame de abelhas. Processos, perda de patrocínio, de emprego, apagamento e cancelamento de qualquer resistência publicamente mais significativa.

As “minorias identitárias” chorariam juntas pelo Brasil “progressista”. Nenhuma resistência seria oferecida por essas minorias a um golpe na democracia dado pelo PT, pelo contrário, ajudariam a esmagar qualquer reação sob a rubrica de crítica a uma fobia qualquer.

A virada diplomática brasileira no sentido de regimes totalitários é muito clara: Rússia, Venezuela, Irã, Hamas. O país piorou: até a diplomacia hoje é miserável.

SEM VERGONHA – Os ricos vivem bem com qualquer governo. Viveram bem no Lula 1 e 2, e no Dilma 1, e viverão bem nos 100 anos do PT. Um dos grandes truques deles é dar migalhas aos miseráveis, com discursos açucarados, enquanto frequentam os coquetéis dos milionários, oferecendo “descontos” nos encargos e empréstimos generosos. Em Brasília, não existe vergonha na cara.

A sociabilidade na elite intelectual que reúne acadêmicos, jornalistas, psicanalistas, editores, artistas e agentes culturais, funciona como um método difuso de repressão.

PASSADO IMPERFEITO – Maledicência, exclusão, inviabilização do dia a dia de trabalho e lazer entre colegas são suas marcas. Isso foi bem mostrado pelo historiador Tony Judt no seu impecável “Passado Imperfeito” sobre a sociabilidade intelectual francesa na primeira metade do século 20. Tendo essa sociabilidade a seu favor, a “democracia petista absoluta” caminharia segura para o domínio da “cultura”.

Uma das misérias do país é não ter uma cultura decente que não mame nas tetas do PT, não chore lágrimas de crocodilo e que não seja disposta a apoiar um regime totalitário que abrace suas opções políticas e garanta suas carreiras profissionais. O PT é profissional, os bolsonaristas são amadores e cafonas.

Crise atual da democracia americana se reflete nos deuses hollywoodianos

Ficheiro:Hollywood-Sign-cropped.jpg – Wikipédia, a enciclopédia livre

Da democracia nos EUA, parece que só sobrou a casca

Fernanda Torres
Folha

Ao contrário do horror da safra de filmes de 2022, que consagrou a idiotice multivérsica “Tudo em Todo o Lugar ao Mesmo Tempo”, a de 2023 veio excelente. Aproveito portanto a proximidade do Oscar e o retorno a este espaço para falar de algo que me é caro, a atuação no cinema.

Talvez a culpa seja de Marlon Brando, que, aos 41 anos de idade, socou algodão nas gengivas, forjou o perfil de buldogue e esmerilhou na pele do capo siciliano de “O Poderoso Chefão”. O feito acabou por exigir saltos triplos carpados dos que o sucederam.

BOCA ARQUEADA – Em “Assassinos da Lua das Flores”, Leonardo DiCaprio foi com tudo na boca arqueada para baixo, como bigode chinês, a fim de acentuar a imbecilidade genocida de Ernest Burkhart. A careta de DiCaprio me lembrou a de Brad Pitt em “Bastardos Inglórios”, que, para sublinhar a estupidez do tenente Aldo Raine, apostou todas as fichas na queixada neandertal proeminente.

Na menos nobre trilogia “O Protetor”, Denzel Washington preferiu deslocar o lábio flácido à esquerda, como sinal da fragilidade do mão branca aposentado Robert McCall.

Joaquin Phoenix, justiça seja feita, não se valeu de tiques faciais para compor seu Napoleão limítrofe. Amo a maneira suicida com que Phoenix atua, mas não sei se o general era aquele milico do filme, ou se a angústia é mais do ator do que do personagem.

CARICATURAS – Atores longevos de Hollywood, uma vez vencida a condição de galã, tendem a se tornar caricaturas de si mesmos. O esgar de Jack Nicholson se fundiu com o do Coringa; o mau humor de Robert de Niro se perpetuou na carranca de seus personagens, e Al Pacino deu de balbuciar as falas com a rabugice de um velho cão.

O fenômeno se repete na nova geração de madurões, como atesta o prognatismo de Pitt, a bochecha caída de DiCaprio, a boca à esquerda de Washington e a loucura de Phoenix.

SUPER-HERÓIS – Em batalhas interespaciais, no tiro, porrada e bomba das fitas de ação, ou nas corridas de biga das sagas da Antiguidade, o exagero do ídolo não destoa do CGI do entorno. Pelo contrário, é preciso ser super-humano para encarnar super-heróis. Mas em filmes existenciais a tinta forte atrapalha, em especial quando encosta um ator sutil no contraplano.

No filme de Martin Scorsese, tive a impressão de que Lily Gladstone olhava para DiCaprio com a mesma estranheza com que Mollie encara o marido, uma sensação semelhante à que tive em “Bastardos Inglórios”, sem saber se o sarro do nazista poliglota sobre o ianque monoglota era do papel ou de Christoph Waltz sobre Pitt.

Não é tarefa fácil se reinventar numa profissão que tem como instrumento o próprio corpo. A superexposição leva à mesmice, por mais talento que se tenha, afastando o ator daquilo que é invisível, impalpável no humano.

REI DA VELA – Após uma sessão histórica da remontagem de “O Rei da Vela”, Renato Borghi me confessou que havia levado 30 anos para relaxar em cena. “Jovem”, me disse ele, “fazia a peça com um esforço exibido. Depois de velho, vi que bastava ser”.

No quesito ser ou não ser, os anônimos levam vantagem. Quanto maior a fama, mais difícil é, para o intérprete, virar alguém que não ele mesmo.

Emma Stone ganhou o Bafta pelo despudor de “Pobres Criaturas” e Lily Gladstone deve levar o Oscar para casa, mas quem merecia todos os prêmios do ano, de ator e atriz, é a alemã Sandra Hüller, pelas performances no mais do que extraordinário “Zona de Interesse” e em “Anatomia de uma Queda”. Sem apelar para bengalas interpretativas, Hüller é tanto a esposa oportunista do nazista ascendente quanto a viúva trágica de um casamento moderno. Assim como Bruno Ganz era, Hüller é, ou sabe ser.

GRANDES ATORES – A Europa pode ter perdido a posição de supremacia no mundo, mas seus atores continuam imbatíveis. Hüler se junta ao clube formado, para citar alguns, por Judi Dench, Mads Mikkelsen, Javier Bardem, Penélope Cruz, Omar Sy, Juliette Binoche, Eva Green e Daniel Craig —que conseguiu dotar até “007” de humanidade.

Os orientais são outros que impressionam, mas o espaço exíguo me força ao eurocentrismo. E aqui abro parênteses para uma reflexão tosca.

Vejo a crise atual da democracia americana refletida em seus deuses hollywoodianos. Assim como o bem-sucedido país que os pariu, o sucesso está lá, a competência, a eficiência, o poderio econômico, as infinitas oportunidades do livre mercado, mas é como se só houvesse restado a casca.

Empreiteiras da Lava Jato desviaram R$ 24 bilhões da Petrobras, diz TCU

Charge do Casso: Operação Lava Jato | Liberdade! Liberdade!

Charge do Casso (Arquivo Google)

Nicola Pamplona
Folha

Em 2020, quando concluiu estudo sobre as perdas da Petrobras com o cartel de empreiteiras investigado pela Operação Lava Jato, o TCU (Tribunal de Contas da União) estimou em R$ 18,6 bilhões o prejuízo imposto à companhia com contratos superfaturados.

Atualizado pelo IPCA, o valor chega hoje a R$ 23,8 bilhões. As perdas, disse o acórdão que aprovou o estudo, foram provocadas por licitações direcionadas, aditivos superfaturados, planejamento falho e a contratação de serviços desnecessários.

A Petrobras já anunciou o interesse em retomar duas das obras mais simbólicas deste período, a Refinaria Abreu e Lima e o Comperj (Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro), o que gera temores de repetição dos problemas, principalmente diante de recuos no arcabouço de governança criado após a operação.

IMPUNIDADE – “Infelizmente tem havido um afrouxamento em relação aos rigores que foram instituídos nas contratações da Petrobras”, diz o presidente do Instituto Não Aceito Corrupção e procurador do Ministério Público de São Paulo, Roberto Livianu.

“Estamos vendo um refluxo, um recuo em relação a isso. Já está se falando em mudar a Lei das Estatais, em eliminação das quarentenas [para indicação de dirigentes partidários ou sindicais]”, continua ele, referindo-se a liminar do STF (Supremo Tribunal Federal) que alterou dispositivos da lei.

Com base apenas na liminar, sem aguardar decisão colegiada, a Petrobras já alterou seu estatuto, reduzindo as restrições à nomeação de dirigentes partidários e sindicais para a sua administração. A mudança derrubou as ações da empresa e é questionada pela área técnica do TCU.

RISCOS FUTUROS – O auditor do tribunal Leonardo Henrique Lima de Pilla vê risco de que as decisões tomadas com inobservância das regras internas da companhia e da legislação venham a ser questionadas administrativa ou judicialmente, implicando em riscos de condenações no Brasil e no exterior.

Esse cenário, prossegue, traz risco potencial de prejuízos significativos “não só à própria Petrobras, mas também à União, sua acionista controladora”. As ações da estatal derreteram após o anúncio da medida, embora tenham recuperado valor nos meses seguintes.

Além da mudança no estatuto, a Petrobras relaxou, desde o último ano do governo Jair Bolsonaro (PL), restrições à nomeação de membros da administração federal ao seu conselho de administração, diante de riscos de conflito de interesse.

E LULA MANTEVE… – O atropelo às regras de governança foi mantido por Lula: atualmente, o conselho tem duas pessoas com cargos no MME (Ministério de Minas e Energia) e um ex-dirigente sindical. O governo já anunciou que quer renovar os três mandatos na próxima assembleia de acionistas, em abril.

Em colaborações premiadas, ex-diretores da Petrobras admitiram receber propinas em troca de vantagens às empreiteiras contratadas, em um esquema que beneficiava não só os executivos e as empresas, mas também agentes políticos e campanhas eleitorais.

No documento em que recalculou os prejuízos à Petrobras em 2020, o TCU frisou que “as empresas integrantes do denominado ‘clube’ [de empreiteiras] se reuniam periodicamente e nessas ocasiões indicavam quais seriam seus empreendimentos de maior interesse”.

SUPERFATURAMENTO – “Dessa forma, por meio de propostas de cobertura apresentadas pelas demais envolvidas, as empresas conseguiam firmar contratos por valores superiores aos que seriam obtidos em ambiente de efetiva concorrência e, na maioria das vezes, superfaturados.”

Houve irregularidades em obras de diversos segmentos de atuação da companhia, mas dois projetos ficaram conhecidos como ícones do esquema de corrupção: o Comperj e a Refinaria Abreu e Lima, justamente os dois que a Petrobras decidiu retomar.

Ambos deveriam ser concluídos em 2011. A refinaria Abreu e Lima iniciou operações em 2014, mas com apenas uma das duas fases previstas inicialmente. O Comperj, rebatizado de Polo GasLub no governo Bolsonaro, ainda não tem operações.

GASTANÇA IMPUNE – O atraso já assombrava o TCU em 2020: “Até hoje, o Comperj só consumiu dinheiro dos cofres públicos. Dezenas de bilhões de reais foram gastos, para não se ter um único centavo de receita, 13 anos após o início das obras”, dizia o estudo sobre os prejuízos provocados pelo cartel de empreiteiras.

Em 2022, ainda no governo Bolsonaro, a Petrobras decidiu concluir a refinaria Abreu e Lima. Em 2023, já após a posse do presidente Lula (PT), começou a estudar a conclusão da refinaria do Comperj, onde há hoje uma unidade de tratamento de gás do pré-sal ainda inoperante.

A estatal alega que as obras foram paralisadas em 2015 já em estágio avançado, com a maior parte do investimento já realizado. Os aportes restantes, argumenta, são justificados e podem reduzir a dependência brasileira de óleo diesel.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Enviada por José Guilherme Schossland, a reportagem mostra que o dinheiro desviado da Petrobras seria mais do suficiente para concluir as duas importantes obras. É ridículo o Brasil ser obrigado a importar óleo diesel e gasolina. Esta negociata da Petrobras fede a quilômetros de distância. (C.N.) 

Evitar abusos e punir os governantes são valores democráticos em conflito

Nani Humor: Impunidade

Charge do Nani (nanihumor.com)

Marcus André Melo
Folha

A explicação canônica para o dilema das repúblicas independentes da América Latina no século 19 era que tinham que escolher entre tirania e anarquia. Escolheram a primeira. Na Bolívia, em 1826, Simon Bolívar sustentou que “um presidente perpétuo, com o direito de escolher seu sucessor, é a mais sublime inspiração para uma ordem republicana”.

Só mais tarde o dilema assumirá um novo conteúdo: tirania ou democracia. A ideia de limites aos mandatos de presidentes é parte do objetivo de assegurar a alternância de poder e impedir presidentes de se perpetuarem no cargo.

NÚMEROS NÃO MENTEM – Presidentes que buscam reeleição foram vitoriosos 70% das vezes entre 1788 e 2008, em uma base de dados exaustiva de 2.230 casos. Na América Latina, do final dos anos 70 a 2017, os titulares dos cargos buscaram reeleição 27 vezes, e só perderam em 3 delas. A vantagem do incumbente é clara. O potencial de abuso de poder é alto.

Mas os limites minam um componente essencial da democracia: a responsabilização dos governantes. As eleições têm o propósito de premiar ou punir o desempenho. Assim, são dois valores democráticos essenciais em conflito, e a solução não é óbvia.

Os federalistas ao inventarem o presidencialismo moderno não fixaram limites para a reeleição. A limitação veio por autocontenção: George Washington declinou de continuar no poder, gerando uma convenção não escrita de apenas uma reeleição. Só após sua violação por Roosevelt foi aprovada emenda constitucional (1951) nesse sentido.

IMPONDO LIMITES – Nos últimos 30 anos, 60 países na América Latina e África impuseram limites. Atualmente há limitações de mandatos em 35 Constituições de países africanos; apenas em 4 eles não existem, e em 28 o limite é uma reeleição. Na América Latina, há limites em 15, mas não em 4; em 11 deles, o limite é um mandato (com ou sem possibilidade de reeleição não consecutiva).

A efetividade dos limites depende do sistema partidário, da força da oposição, da robustez do poder judiciário e da sociedade civil. A busca da permanência no poder —violando as vedações quantos aos limites constitucionais— tem sido o objetivo das experiências populistas autoritárias recentes.

O sonho bolivariano quase se realiza, na própria Bolívia, quando Evo Morales tentou se reeleger para um quarto mandato mesmo após ter sido derrotado em plebiscito.

EXEMPLO DO MÉXICO – A discussão dos limites aos mandatos, no entanto, não ocorre em um vazio de interesses. E tem se prestado a propósitos dispares.

É o que nos lembra o caso do presidente Porfirio Díaz, no México, que ascendeu ao poder bradando a bandeira dos limites para se perpetuar no poder por 27 anos.

 A questão “a quem interessa alterar os limites?” merece análise específica.

Assembleia do ES enfrenta e derrota Moraes, que teve de soltar o deputado

Capitão Assumção durante sessão da Assembleia Legislativa do Espírito Santo.

Capitão Assumção foi libertado pela Assembleia capixaba

Pepita Ortega
Estadão

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, concedeu liberdade provisória ao deputado estadual Capitão Assumção (PL-ES), pré-candidato a prefeito de Vitória. A decisão é desta quinta-feira, 7, e impõe ao parlamentar medidas cautelares alternativas – cujo descumprimento havia levado à captura.

O despacho é emitido um dia depois de a Assembleia Legislativa do Espírito Santo decidir revogar a prisão do deputado estadual. A Casa tomou como base a réplica, na Lei maior do Estado, de artigo da Constituição segundo o qual ‘membros do Congresso Nacional não poderão ser presos, salvo em flagrante de crime inafiançável, nem processados criminalmente sem prévia licença de sua Casa’.

DISSE O ADVOGADO – Após a decisão dos parlamentares capixabas, a defesa de Capitão Assumção havia indicado que a decisão seria comunicada a Moraes e que a expectativa era a de que o ministro desse ‘seguimento aos trâmites com urgência para a expedição de alvará de soltura’.

O deputado estadual foi preso pela Polícia Federal no último dia 28. Ele é investigado por participar dos bloqueios de estradas promovidos por apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro após a vitória do presidente Luiz Inácio Lula da Silva nas eleições de 2022.

Capitão Assumção usava tornozeleira eletrônica desde dezembro do mesmo ano e estava proibido de usar as redes sociais. No entanto, ele seguiu movimentando seus perfis na internet e chegou a publicar imagens dos atos golpistas de 8 de Janeiro, com o comentário: “Supremo é o povo”. Após sua prisão, o deputado estadual prestou depoimento à Polícia Federal, sendo questionado sobre os episódios e também sobre a participação em milícias digitais ou nos atos golpistas, o que negou.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Foi uma surpresa ver Alexandre de Moraes cumprindo a Constituição. O mesmo artigo da Constituição que agora favoreceu o deputado Assumção foi solenemente desprezado no caso do deputado federal Daniel Silveira (PSL-RJ), pois Moraes só poderia processá-lo se a Câmara tivesse autorizado, e isso não aconteceu. Mas quem se interessa pelo cumprimento das leis? (C.N.)

Rosângela muda título para o Paraná  e vira alternativa à cassação de Moro

Mulher de Moro pede a brasileiros que parem de reclamar de governo Bolsonaro

Moro e Rosângela, um casal que está de bem com a vida

Mônica Bergamo
Folha

A deputada federal Rosângela Moro (União Brasil-SP) transferiu o título eleitoral de volta para o Paraná. A notícia é uma reviravolta no cenário político do Paraná e até mesmo do Brasil. Eleita deputada federal por São Paulo em 2022, ela faz o caminho de volta e vira uma alternativa concreta de candidatura ao Senado caso o marido, o hoje senador Sergio Moro (União-PR), seja cassado pela Justiça Eleitoral.

A possibilidade de Moro perder o mandato já movimentava políticos do estado que podem ser candidatos ao cargo em novas eleições, como por exemplo a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, hoje deputada federal pelo estado paranaense, e o ex-senador Alvaro Dias (Podemos). Até mesmo o nome da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro (PL) é mencionado para a disputa.

EMBARALHA TUDO – A volta de Rosângela Moro ao Paraná, no entanto, embaralha o cenário. Partidários do casal afirmam que Rosângela Moro transferiu o título para o Paraná por questões logísticas, já que o marido se elegeu pelo estado e mantém domicílio em Curitiba. Dizem também ter certeza de que Moro não será cassado, e que, portanto, ela não será candidata para substituí-lo.

O julgamento de Moro está marcado para o dia 1º de abril no Tribunal Regional Eleitoral do Paraná (TRE-PR). O ex-juiz é alvo de duas ações, do PL de Jair Bolsonaro e da Federação Brasil da Esperança, que reúne PT, PCdoB e PV, legendas da base do governo Lula.

Os partidos o acusam de abuso de poder econômico, caixa dois e utilização indevida dos meios de comunicação social na pré-campanha de 2022. Ele nega as acusações.

PETISTAS REAGEM – O grupo Prerrogativas, composto por juristas, advogados, defensores e professores da área do direito, afirma que tomará providências contra a deputada federal Rosangela Moro (União Brasil-SP), que transferiu o seu título eleitoral de volta para o Paraná depois de ser eleita pelo estado de São Paulo.

Em nota, o Prerrogativas afirma que desde as eleições de 2022 tem tentado mostrar que a parlamentar teria cometido estelionato eleitoral ao se candidatar por um estado com o qual jamais teve qualquer relação de afeto ou de intimidade. E diz ver uma “grande contradição” em suas decisões.

“O apetite e o apego que o casal Moro tem pelo poder só não é maior do que o cinismo e do que a hipocrisia com que ambos vem atuando na vida pública”, afirma o grupo, que é coordenado pelo advogado Marco Aurélio de Carvalho.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Está ficando cada vez mais engraçado. Empresários, políticos, advogados e jornalistas envolvidos na corrupção ou simpatizantes do PT, com entusiástica colaboração do TSE e do Supremo, lutam de todas as formas para destruir Sérgio Moro e Rosângela, assim como Deltan Dallagnol, mas não conseguem. Precisam entender que, na vida, tudo tem limites, até mesmo a canalhice. (C.N.)

Dormiu bem, general? Ou está irritado com a reportagens sobre o golpe?

JOSÉ PEDRIALI: A reação silenciosa dos militares a Bolsonaro

Charge do Nani (nanihumor.com)

Conrado Hübner Mendes
Folha

No currículo oculto da formação em jornalismo existe uma disciplina chamada “Servilismo ao poder político e econômico”. Ensina a prestar serviços privados a quem manda, e a se afastar da produção de qualquer informação útil ao interesse público ou bem comum. Dentro dessa disciplina, há um tópico ao qual o jornalismo brasileiro se dedica com muito gosto e engenho: a irritometria militar.

“Forças Armadas se irritam com revelações da PF sobre participação de militares na tentativa de golpe”; “A irritação da cúpula militar com a investigação da PF sobre o golpe”; “Cresce a irritação das Forças Armadas com atuação da Polícia Federal”. “Militares se irritam com prisão de Cid”; “Entenda o motivo da irritação das Forças Armadas com o caso das joias de Jair Bolsonaro”; “Nova crise provocada por Olavo de Carvalho escancara irritação de militares”.

E AINDA MAIS… – “A irritação das Forças Armadas com o decano do Supremo” (o decano era Celso de Mello, que ousou avisar a militares que, se não fossem depor, seriam levados, como qualquer cidadão, “debaixo de vara”); “A irritação dos militares com Alexandre de Moraes” (o ministro representaria uma “senha da indignação” entre militares).

É um jornalismo orgulhoso do privilégio dessa fonte tão especial, o general. Por isso não se reconhece como jornalismo de fofoca. Na tipologia das fofocas, existe a fofoca BBB (relato de fatos curiosos sobre atores que só se tornam conhecidos em razão da fofoca); e existe a fofoca sobre a vida privada de autoridades ou celebridades (onde a notoriedade dos atores precede a fofoca).

Na irritometria militar, a fofoca é plantada pelas próprias autoridades. Em geral, um aviso anônimo em off; com frequência, simulando posição refletida e deliberada de uma coletividade, uma instituição, não a opinião de um ou dois indivíduos.

EM ALTO NÍVEL – Se a irritabilidade fosse apenas uma categoria de fofoca política, não teria maiores efeitos. Mas, nesse jornalismo, ela se alçou a uma categoria de análise política. Um bom irritometrista se presta a cumprir, portanto, outras funções: mandar mensagens, ameaças, ofertas de barganha.

Ninguém se torna irritometrista por pura preguiça, carência, falta de assunto ou vocação servil. Não é serviço gratuito. Há contrapartidas desejadas. Pode ser promessa de influência, prestígio de exclusividade, entrada em festas, lista de contatos, cliques. Pode ser exigência do jornal ou do editor. Pode ser uma condição para manter o emprego.

Melhor que jornalismo declaratório de opiniões é o jornalismo declaratório do estado de espírito. Melhor que jornalismo declaratório do estado de espírito é o do estado de espírito em off. E melhor que o indivíduo irritado em off é a instituição irritada em off.

BASTAM OS CRIMES – Para que as Forças Armadas se irritem, basta qualquer enunciação pública dos crimes que cometeram no passado e no presente. Basta qualquer demonstração de sua associação a uma família de delinquência política serial que assumiu a Presidência e desenhou plano de golpe junto com eles.

Basta o aparente risco de sanção, pois sanção, de fato, nunca sofreram. No máximo, a sanção premial: ameaçam o governo e ganham benefícios orçamentários, remuneratórios e previdenciários (também para as filhas).

A obsessão mórbida com a irritação de militares tem uma ousadia epistêmica. O irritometrista se julga capaz não só de identificar a irritação, mas de medi-la. É capaz de perceber quando a irritação se mantém estável, quando cresceu ou regrediu.

TORTURA OU SINECURA – Uma ousadia preguiçosa, pois sequer se preocupa em reportar outro estado de espírito. Queríamos também saber quando militares estão felizes, quando se regozijam. Se na tortura ou na sinecura.

Tem também uma dimensão moral. Não é qualquer cidadão ou instituição que goza do luxo desse cuidado jornalístico. Importante saber com qual estado de espírito o jornalismo se preocupa, e qual ignora.

Quando Lula afirmou não querer “remoer o passado”, por que os irritometristas não foram lá perguntar o que sentiam os familiares de vítimas da brutalidade militar? Seu irritômetro só quer saber de vestir farda?

PL mira no confronto permanente contra o governo Lula

Nikolas Ferreira foi eleito presidente da Comissão de Educação 

Pedro do Coutto

O PL está propondo uma presença permanente do ex-presidente Jair Bolsonaro em atos públicos numa tentativa de demonstrar poder de ataque ao atual governo de Lula da Silva, mas também para praticamente tornar permanente uma campanha que nas urnas de 2022  acarretou os acontecimentos de 8 de janeiro de 2023, um atentado contra a democracia.

Agora mesmo, a legenda conseguiu eleger a deputada Carola de Toni para a Presidência da Comissão e Justiça da Câmara  O cargo é de grande importância , uma vez que todos os projetos de lei e iniciativas parlamentares necessitam de exame da CCJ para seguir a sua tramitação normal.

EDUCAÇÃO – Além disso, o deputado federal Nikolas Ferreira foi eleito presidente da Comissão de Educação da Câmara, com 22 votos a favor e 15 em branco. A escolha é uma nova derrota para a base de apoio do presidente Lula da Silva, que articulou para que o congressista mineiro não comandasse o colegiado.

De fato, o condicionamento de uma comissão como a CCJ está atrelada ao fato de que, não satisfeito com a tentativa de golpe, grande parte do PL quer prosseguir combatendo a atual gestão num confronto sem sentido. Não adianta hostilizar ou dificultar as ações do Executivo, pois a atividade parlamentar tem que ser marcada a partir de atos constitutivos.

Atrapalhar o governo em inúmeros casos significa bloquear matérias de interesse do país. Essa ideia colocada em prática tem um objetivo prejudicial a todos. O interesse nacional deve estar acima de rivalidades puramente políticas. Oposição apenas por si própria não resolve os problemas e os desafios. É preciso construir cada vez mais para se obter melhorias para toda a sociedade.  

No Dia Internacional da Mulher, meu coração, não sei por quê, bate feliz… 

Carinhoso - Braguinha - LETRAS.MUS.BR

Braguinha, um compositor realmente genial

Paulo Peres
Poemas & Canções

O compositor carioca Carlos Alberto Ferreira Braga (1907-206), conhecido como Braguinha ou João de Barro, fez uma belíssima declaração de amor ao colocar letra no famoso choro “Carinhoso”, um dos maiores clássicos da MPB, composto por Pixinguinha.  “Carinhoso” foi gravado por Orlando Silva, em 1937, pela RCA Victor. É a segunda música brasileira mais gravada, junto com Aquarela do Brasil (Ary Barroso), com 430 gravações. Só perdem para Garota de Ipanema (Tom e Vinicius), com 442 gravações.

CARINHOSO
Pixinguinha e Braguinha

Meu coração, não sei por quê
Bate feliz quando te vê
E os meus olhos ficam sorrindo
E pelas ruas vão te seguindo,
Mas mesmo assim foges de mim.

Ah se tu soubesses
Como sou tão carinhoso
E o muito, muito que te quero.
E como é sincero o meu amor,
Eu sei que tu não fugirias mais de mim.

Vem, vem, vem, vem,
Vem sentir o calor dos lábios meus
A procura dos teus.
Vem matar essa paixão
Que me devora o coração
E só assim então serei feliz,
Bem feliz.

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DIA INTERNACIONAL DA MULHER!
Paulo Peres

Quero parabenizá-la, dizendo que
não existe palavra capaz de definir,
peculiarmente, esta dádiva chamada
MULHER, maravilha infinita
que embeleza o cotidiano!…