Ataque de Israel na Síria mata general iraniano e agrava a tensão no Oriente

Sayyed Razi Mousavi: Iranian Military Adviser Killed in Israeli Airstrike

General Mousavi esteve em Gaza antes de voltar à Siria

Deu no Estadão
Associated Press

Um ataque aéreo israelense em um bairro de Damasco, na Síria, matou um general iraniano de alto escalão, informou a mídia estatal do Irã. Israel atacou o bairro de Sayida Zeinab, localizado perto de um santuário muçulmano xiita, disse a agência de notícias oficial do Irã, IRNA.

O assassinato de Razi Mousavi, conselheiro de longa data da Guarda Revolucionária paramilitar iraniana na Síria, ocorre no momento em que os confrontos ao longo da fronteira Líbano-Israel entre o Hezbollah e Israel continuam a se intensificar com temores de que a guerra Israel-Hamas provoque repercussões regionais com o Irã.

Fontes iranianas disseram à Reuters que o conselheiro, conhecido
como Sayyed Razi Mousavi, era responsável pela coordenação da aliança militar entre a Síria e o Irã.

TV CONFIRMOU – A televisão estatal do Irã interrompeu sua transmissão regular de notícias para anunciar que Mousavi havia sido morto, descrevendo-o como um dos mais antigos conselheiros da Guarda na Síria.

A TV estatal disse que ele estava “entre os que acompanhavam Qassem Soleimani”, o então chefe da Força Quds de elite da Guarda, que foi morto em um ataque de drones dos EUA no Iraque em 2020, numa iniciativa determinada pelo então presidente norte-americano Donald Trump.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
A notícia causa preocupação internacional, porque aumenta a tensão no Oriente Médio e pode provocar reação do Irã e da Síria, países que são apoiados pela Rússia de Vladimir Putin. Assim , a guerra na Faixa de Gaza, ao invés de chegar a um cessar-fogo, acirra-se ainda mais, concentrando as atenções dos países da OTAN e deixando desguarnecida a Ucrânia diante do endurecimento do combate contra a Rússia, previsto para após o inverno. (C.N.)

Contraditório, Lula fala em reconciliação, mas continua provocando o bolsonarismo

Lula chega à Alemanha 'em alta' e de olho em acordo UE-Mercosul - BBC News Brasil

Lula continua falando demais e provocando confusões

Thomas Traumann
Veja

O presidente Lula da Silva governa com um pé em cada canoa. A canoa oficial é a da reconciliação de um país mergulhado numa disputa fraticida. É a canoa do slogan oficial “União e Reconstrução” e da bela campanha da Secretaria de Comunicação Social da Presidência sobre tolerância no Natal. A segunda canoa é de quando fala para os seus eleitores mais fiéis e ressalta seu desprezo por Jair Bolsonaro e pelos bolsonaristas. Essas duas canoas navegam por correntes opostas.

Lula tem o diagnóstico correto da necessidade de falar para públicos diferentes e muitas vezes divergentes, mas o seu discurso de quinta-feira, dia 14, mostra a distância entre intenção e prática.

PROVOCAÇÃO -Falando na abertura da 4ª Conferência Nacional da Juventude do Partido dos Trabalhadores, em Brasília, Lula começou com uma provocação.

“Vocês não sabem como eu estou feliz hoje. Pela primeira vez na história deste País, conseguimos colocar na Suprema Corte um ministro comunista, um companheiro da qualidade do Flávio Dino”, afirmou, se referindo ao ex-filiado do PCdoB que na noite anterior havia sido aprovado pelo Senado para ser o novo ministro do STF.

Os jovens petistas gritaram o nome de Dino e trataram a nomeação como um compromisso do presidente com a esquerda, o grupamento que mais cobra gestos do governo. O gracejo deu força para o bolsonarismo nas redes sociais.

BUSCAS NO GOOGLE – A pesquisa sobre comunismo foi a quarta principal tendência de busca do Google na sexta-feira, mostrou o jornal digital Poder360. Mais de 20 mil pesquisas foram feitas sobre o assunto, num crescimento de mais de 3.400% em 24 horas. Depois da fala de Lula, “comunismo” foi o principal assunto buscado em política, atrás só de procuras sobre futebol.

Na plataforma X (ex-twitter), foram 55 mil posts a respeito, a imensa maioria negativos ao presidente e ao novo ministro do STF.

A declaração de Lula é comparável em termos de polarização com a forma com que Jair Bolsonaro em 2021 indicou o advogado André Mendonça ao STF por ser “terrivelmente evangélico”.

VIÉS ESQUERDISTA – Derrotado no Senado ao tentar impedir a indicação de Dino, o bolsonarismo transformou a frase de Lula na confirmação de tudo o que havia previsto um terceiro mandato de Lula dominado pelo viés esquerdista.

“A gente vê agora a alegria dele, diz que está feliz que colocou um comunista. Me lembro dos discursos do Fidel Castro. Os caras sempre lutam pelo poder. Roubar a liberdade é a mais importante cartada deste povo”, reagiu Bolsonaro, na solenidade em que recebeu o título de cidadão honorário do Paraná, em Curitiba.

Os bolsonaristas distribuíram a fala de Lula para milhões de eleitores, gerando o pior momento do governo Lula nas redes sociais em meses. Assessores de Lula tentaram minimizar a fala como um “gracejo”, reforçando a dificuldade do entorno do presidente em reconhecer os erros do chefe.

IMPOPULARIDADE – Duas pesquisas divulgadas na semana passada mostraram a impopularidade da indicação de Dino ao STF. No Real Time Big Data, 55% dos entrevistados se disseram contrários à indicação. No IPF, do site Jota, 52%. Para 64%, a origem comunista do mais novo ministro é o principal motivo para a rejeição.

O contraditório é que no restante do discurso aos jovens petistas, Lula apontou justamente para a canoa da conciliação. “Nós temos que conversar com pessoas que vocês não gostam, com pessoas que vocês ficam até com ojeriza quando veem o Lula na TV conversando com essas pessoas”, pediu aos jovens. Ficou mais difícil.

Na véspera de Natal, o presidente falou à nação para incentivar a campanha do governo federal de incentivo à reconciliação de relações rompidas pela política.

UM SÓ POVO – A trilha musical entoa mensagens como “um Brasil e um só povo” e “somos filhos de uma mãe gentil, de um Brasil que luta e não se curva”, com variações musicais que incluem o gospel, a música identificada com os evangélicos.

Vários dos diálogos incluem expressões como “graças a Deus” e “consagrado” em cenas criadas em torno de políticas públicas, como o PAC e o Minha Casa Minha Vida. Há um tom natalino nos roteiros que valorizam família e sentimentos de solidariedade.

A campanha surge em um clima hostil. Pesquisa Genial/Quaest de outubro mostrou que 54% dos eleitores conheciam pessoas que romperam relações por divergência políticas.

TIPOS DE ELEITORES – Num dos capítulos do livro “Biografia do Abismo”, o cientista político Felipe Nunes e eu classificamos oito tipos de eleitores de Lula e Bolsonaro, a partir de uma série de pesquisas com grupos focais. Três deles, os petistas, progressistas e eleitores das classes D e E, estão com Lula. Os fascistas, o agro e os conservadores cristãos estão com Bolsonaro.

Sobram dois quinhoes em disputa, que chamamos de “empreendedores” e os “liberais sociais”. Os primeiros são pequenos empresários, a maioria do Sul e Sudeste, que tem como maior bandeira a redução de impostos e que se tornaram visceralmente antipetistas a partir da recessão no segundo governo Dilma e o escândalo da Lava Jato. O segundo é a parcela da sociedade rica e cosmopolita, que sonhou com uma terceira via, e que tem na democracia um valor inegociável.

Juntos, esses dois fragmentos somam apenas 6% do eleitorado. Num país de paixões calcificadas, eles decidem quem vence.

Em meio à polarização, PDT cria “Baú do Brizola”, em memória de seu líder

CMT lança o “Baú do Brizola” nas redes sociais a partir de domingo (17) -  PDT

Brizola, um político que realmente merece ser lembrado

Deu na Folha

O Centro de Memória Trabalhista, ligado ao PDT, criou o projeto “Baú do Brizola”, em que divulga todos os domingos em suas redes fotos, vídeos e áudios do fundador da legenda, morto em 2004.

A legenda se agarra à memória do ex-governador do Rio de Janeiro e do Rio Grande do Sul no momento em que vive crise inédita após o racha dos irmãos Ciro e Cid Gomes, que dividiu ao meio o partido no Ceará.

O presidente do partido, Carlos Lupi, também contribuiu para a turbulência interna ao viajar sem autorização de Lula para o Mundial de clubes da Fifa na Arábia Saudita, como mostrou o Painel da Folha.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Achei que iria encerrar meus dias aqui na Terra sem jamais elogiar Carlos Lupi. Pela primeira vez, porém, me vejo levado a fazê-lo. Essa de viajar ao exterior para mera recreação, sem comunicar ao chefe, foi mesmo de lascar. Atinge a imagem de Lupi justamente quando ele vem fazendo um bom trabalho à frente da Previdência, que neste primeiro ano começou a se modernizar e já está tirando o atraso histórico do INSS na análise dos pedidos de aposentadorias e benefícios, assim como na perícia médica.

A meu ver, os destaques do governo têm sido Fazenda, Previdência e Povos Indígenas (cujo atendimento engloba diversos ministérios, inclusive Justiça, devido à necessidade permanente de ação da Polícia Federal). Quanto a Marina Silva, do Meio Ambiente, é ótima na defesa ecológica, mas não vale um traque no apoio ao desenvolvimento nacional, inclusive está embarreirando a extração de petróleo na margem equatorial, que Deus a perdoe pela burrice sesquipedal.

Quanto a Leonel Brizola, merece ser lembrado. Enquanto este país não melhorar a educação, permanecerá para sempre no Terceiro Mundo. (C.N.)

Presente de Natal! Zinho, líder da maior milícia no Rio, rende-se à Polícia Federal

Zinho é um homem de pele clara, cabelos marrons e espetados e rosto redondo

Três irmãos de Zinho foram mortos; ele preferiu viver

Camila Zarur
Folha

A Polícia Federal prendeu neste domingo (24), véspera de Natal, Luís Antônio da Silva Braga, o Zinho, apontado como o líder da maior milícia do Rio de Janeiro. Ele estava foragido desde 2018. A prisão foi feita pela corporação em conjunto com a Secretaria de Segurança Pública estadual depois de negociação com defensores de Zinho, de acordo com nota do governo fluminense.

Zinho, ainda segundo a PF, apresentou-se a policiais da Delegacia de Repressão a Drogas e do Grupo de Investigações Sensíveis e Facções Criminosas, na Superintendência Regional da corporação na cidade. Havia 12 mandados de prisão em aberto contra ele, classificado pela gestão Cláudio Castro (PL) de “inimigo número 1 do RJ”.

NO PRESÍDIO – Cumpridas as formalidades da prisão, ele foi encaminhado para o IML (Instituto Médico-Legal) e, em seguida, para o Presídio José Frederico Marques, em Benfica, zona norte do Rio.

Em nota, o governador comemorou a prisão como uma vitória da sociedade. “A desarticulação desses grupos criminosos com prisões, apreensões e bloqueio financeiro e a detenção desse mafioso provam que estamos no caminho certo”, declarou Castro.

Pelo X (antigo Twitter), o secretário-executivo do Ministério da Justiça, Ricardo Cappelli, também celebrou a prisão. “A PF prendeu hoje, dia 24 de dezembro, no final da tarde, o miliciano mais procurado, líder da milícia que domina a zona oeste do Rio de Janeiro”.

GRANDE LÍDER – De acordo com as investigações, Zinho comanda a maior milícia da zona oeste. Ele assumiu o comando do grupo paramilitar em 2021, após a morte de seu irmão, Wellington da Silva Braga, o Ecko.

O controle dessa milícia foi passado de irmão para irmão, à medida que eles iam morrendo. Antes de Ecko, que assumiu como chefe em 2017, quem comandava era Carlos da Silva Braga, o CL ou Carlinhos Três Pontes.

O grupo hoje é chamado de Bonde do Zinho, mas já teve outros nomes. Inicialmente, era chamado de Liga da Justiça e foi criado em meados da década de 1990, por agentes e ex-agentes das forças de segurança do estado e dos bombeiros.

JUNTO COM TRÁFICO – Em 2010, visando expandir seu domínio territorial, os paramilitares passam a se aliar com traficantes de organizações criminosas. É nesse momento que o irmão de Zinho, o Carlinhos Três Pontes, assume o comando do grupo, após um racha interno. À época, o grupo passa a ser conhecido como Milícia do CL ou a Firma.

Das 833 áreas listadas pela Polícia Civil como sendo de influência da milícia, 812 têm influência do grupo. Os paramilitares exercem o domínio das regiões ao cobrar de seus moradores taxas extras, extorquir comerciantes e forçar monopólios de serviços básicos, como gás e luz.

De acordo com o Geni/UFF (Grupo de Estudos de Novos Ilegalismos), grupos milicianos ocupam quase 60% da região metropolitana.

OPERAÇÃO DA PF – Na última terça-feira (19), a PF e o Ministério Público do Rio fizeram uma operação contra Zinho e outros milicianos do mesmo grupo. Eles são suspeitos de praticar crimes como formação de milícia privada, extorsão, homicídios, lavagem de capitais, além de porte, posse ilegal e comercialização de armas de fogo.

Segundo a investigação, as cobranças de taxa extra são planilhadas pelos paramilitares. Em único mês, fevereiro deste ano, o grupo criminoso arrecadou mais de R$ 308 mil com a cobrança de taxas feitas a grandes empresas do ramo da construção civil atuantes na zona oeste do Rio.

“No intuito de ocultar e dissimular a natureza, origem e a localização do dinheiro ilícito, os criminosos valiam-se de variadas contas para recebimento e circulação dos valores obtidos através das extorsões”, diz o Ministério Público.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Um grande presente de Natal para o Rio de Janeiro. Espera-se que não seja solto por falta de provas ou algum detalhe técnico, como passou a acontecer rotineiramente na Justiça brasileira. (C.N.)

Após um ano de arrumação, o brasileiro agora espera a tão prometida dignidade

Charge do Cazo (blogdoaftm.com.br)

Marcelo Copelli

Na última sexta-feira, o presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva disse, nas redes sociais, que este ano foi dedicado à recuperação do país, e que o ano de 2024 será de mais trabalho para melhorar a vida das pessoas. A mensagem foi postada no X, antigo Twitter. Segundo Lula, 2023 foi um ano “de arar a terra, arrumar a casa” para fazer o Brasil voltar à normalidade.

A cada nova gestão, a cada virada de ano, por mais obstáculos diários impostos pela (des) política brasileira, a população mais afetada pela ausência de ações concretas, sobretudo, sempre renova as suas esperanças quanto às mudanças para melhor. As profundas marcas gravadas pela falta de estrutura nos mais diversos segmentos são reflexos das doses homeopáticas sob as quais as imperativas necessidades são tratadas no país.

DE GERAÇÃO EM GERAÇÃO – A falta de condições mínimas de saúde, educação, moradia, emprego e habitação, principalmente, atravessam gerações. E tudo é balizado apenas por promessas, campanha após campanha. E agora, por incrível que pareça, em vez de os cidadãos se unirem exigindo os seus direitos, resolveram optar pela polarização extrema em um quadro no qual adversários políticos se isentam de qualquer responsabilidade e são alçados ao patamar de heróis ao redor dos quais as massas se empenham em combates pessoais quase que irreversíveis.

A idealização de representantes é uma mera ficção. Enquanto isso, o foco nas soluções desvia-se para ver quem tem mais ou menos razão nos grupos virtuais e no cotidiano de um Brasil que clama por tudo, mas que tem condições de sobra para ser atendido. Para isso, é preciso virar do avesso o cenário, optar-se por quem de fato faz, por aqueles que não barganham votos por favorecimentos, por quem sabe que o cargo é resultado da escolha e da expectativa dos eleitores em prol de resultados que beneficiem o coletivo.

Enquanto continuarmos acusando quem é o mais ou menos feio, quem é o mais ou justo, justificando a desonestidade dos que defendemos, continuaremos mordendo o próprio rabo sob os aplausos dos novos donos das capitanias e seus descendentes. Que após a arrumação, tenhamos de fato mais dignidade para as classes menos favorecidas, com direito a tudo que hoje, ontem e há décadas ainda falta.

Obrigar acusados do 8 de Janeiro a usar tornozeleira é como se fosse uma tortura 

justiça no Brasil é uma vergonha

Charge da Pat (Arquivo Google)

J.R. Guzzo
Estadão

O artigo 1º da Lei 9.455, em vigor há mais de 25 anos, diz o seguinte: “Constitui crime de tortura: submeter alguém, sob sua guarda, poder ou autoridade, com emprego de violência ou de grave ameaça, a intenso sofrimento físico e mental”. A pena pode ir a até 16 anos de prisão; é agravada se o crime for cometido por agente público e atingir maiores de 60 anos de idade.

Os fatos mostram que há neste momento no Brasil mais de 1.000 pessoas que estão sob a autoridade do Supremo Tribunal Federal e são obrigadas a usar tornozeleira eletrônica, depois de receberem liberdade provisória nos processos sobre o quebra-quebra do dia 8 de janeiro em Brasília.

DIFERENTES TORTURAS – Usam as tornozeleiras porque há a grave ameaça de voltarem à prisão se não usarem. A exigência do STF, enfim, submete os acusados a intenso sofrimento físico e moral.

Têm proibição de se afastarem a mais de 300 metros do local onde estão confinados, não podem sequer receber o tratamento médico caso seu estado de saúde exija.

Não podem trabalhar para ganhar o próprio sustento, pois não encontram emprego a essa distância de casa; também não podem receber qualquer espécie de remuneração ou aposentadoria, pois as suas contas no banco estão bloqueadas.

CASTIGO ILEGAL – Não se trata de punição legal pela prática de alguma infração. Os réus em liberdade provisória não foram condenados por nenhum crime até agora – muitos, aliás, foram soltos porque o Ministério Público reconhece por escrito que não há provas suficientes contra eles, ou que sua participação nos tumultos foi irrelevante.

Se são inocentes até prova em contrário, o castigo que estão recebendo é ilegal. Mesmo que estivessem condenados por “tentativa de golpe de estado” e por “abolição violenta do estado democrático de direito” (as duas coisas ao mesmo tempo), a lei proíbe que sofram castigos que vão além da pena estabelecida em sentença.

A pena, para as acusações feitas, é unicamente de prisão; não inclui bloqueio de contas ou limitação de cuidados médicos. Os réus, além disso tudo, não tinham nenhuma possibilidade material de cometer o crime de “golpe de estado” do qual são acusados.

RÉUS PRIMÁRIOS – O uso da tornozeleira eletrônica, enfim, não é uma “medida cautelar” – para impedir que os suspeitos fujam do Brasil, ou sabotem o processo penal, ou cometam novos crimes.

Todos eles são primários; não representam qualquer perigo para a segurança da sociedade, e não têm a mais remota possibilidade de derrubar o governo ou destruir a democracia. A determinação tem um único propósito: impor sofrimento aos réus.

No Brasil, acredita-se que pessoas descritas como “fascistas” não têm direitos civis, ou de qualquer tipo. É a negação da democracia.

Natal antecipado! Desembargadora no Pará recebeu R$ 621 mil líquidos em novembro

Pin em TextosPepita Ortega
Estadão

O Tribunal de Justiça do Pará (TJ-PA) pagou mais de R$ 200 mil líquidos a 77 integrantes da Corte em novembro. Em valores brutos, a folha de pagamento do Tribunal paraense registrou um gasto de R$ 16,9 milhões com os subsídios dos magistrados. Já o desembolso com férias, gratificações, pagamentos retroativos e indenizações a desembargadores e juízes estaduais foi três vezes maior. Chegou a R$ 61 milhões.

Os 77 magistrados da Corte receberam valores que variaram de R$ 201.371,33 a R$ 621.118,59. Outros 323 magistrados custaram mais de R$ 100 mil em um único mês. O Tribunal desembolsou entre R$ 104.826,04 e R$ 198.151,40 com eles.

Segundo as informações do painel de remunerações disponibilizado pelo Conselho Nacional de Justiça, os cem magistrados ‘mais bem pagos’ da Justiça estadual em todo o País são os integrantes do Tribunal do Pará. O levantamento considera os dados prestados por 21 Cortes estaduais ao CNJ.

O maior holerite da Corte estadual naquele mês é o da desembargadora Maria De Nazare Saavedra Guimaraes. A magistrada recebeu R$ 621 mil líquidos (R$ 643.089,56 brutos). Deste total, R$ 595 mil foram transferidos sob a justificativa de ‘pagamentos retroativos’.

Em setembro, o Tribunal paraense afirmou que a magistrada ‘estava prestes a se aposentar’. A biografia da desembargadora ainda a lista como integrante da 4ª Câmara Cível do TJ, mas o nome não consta da lista de desembargadores ativos da Corte.

As juízas Sarah Castelo Branco Monteiro Rodrigues e Maria Belini de Oliveira receberam mais de R$ 300 mil – R$ 338.029,69 e R$ 323,340,69, respectivamente. As magistradas tiveram o holerite turbinado por ‘direitos eventuais’ e ‘indenizações’.

Direitos eventuais são pagamentos realizados a título de abono constitucional de 1/3 de férias, indenização por férias não gozadas, gratificações natalinas, gratificação por exercício cumulativo, pagamentos retroativos e jetons. Em novembro, os magistrados paraenses não receberam antecipação dos benefícios pagos por causa do Natal.

Em novembro, 165 magistrados da Corte paraense receberam mais de R$ 50 mil – de R$ 54.089,57 a R$ 595.716,75 – a título de direitos eventuais. Destes, 128 receberam mais de R$ 90 mil a título de ‘pagamentos retroativos’. Os três pagamentos mais altos são de Maria de Nazaré Saavedra Guimarães (R$ 585 mil), Ronaldo Marques Valle (R$ 195 mil) e Weber Lacerda Gonçalves (R$ 142 mil).

Já as indenizações incluem pagamentos de auxílios – alimentação, pré-escolar, saúde, natalidade, moradia -, além de ajuda de custo. Em novembro, os maiores valores pagos a título de ‘indenização’ foram descritos como ‘outra’ – 269 magistrados receberam mais de R$ 100 mil sob tal rubrica. Destes, 40 receberam mais de R$ 150 mil. O valor mais alto foi pago à magistrada Emilia Nazaré Parente e Silva de Medeiros (R$ 176.358,84).

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
A reportagem do Estadão entrou em contato com o Tribunal, mas a presidência não quis se manifestar.  Realmente, o que é possível dizer quando juízes são flagrados com a boca na botija, digo, com a boca na teta da Viúva, como se dizia antigamente. Nessas horas, a emoção aumenta e faltam palavras. (C.N.)

É preciso lutar contra a lavagem cerebral que substituiu Cristo por Papai Noel

Menino de rua com seus presentes de natal. | ...Natal fica t… | Flickr

Menino de rua improvisando seus presentes de Natal

Carlos Newton

O advogado, jornalista, analista judiciário aposentado do Tribunal de Justiça (RJ), compositor, letrista e poeta carioca Paulo Roberto Peres inspirou-se no Natal para escrever estes três poemas, que eu adoro.

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PAPAI NOEL

A lavagem cerebral
Do governo mundial
Substitui no Natal
Cristo por Papai Noel.

Comanda inverso papel
De renas puxando trenó
Sobre a neve brasileira
Qual estórias da vovó.

Papai Noel na trincheira
Do capitalismo selvagem
Ilude com sua imagem
O cotidiano da criança.

Seja criança rica, seja criança pobre
Traz um sonho sempre nobre
Que Papai Noel não atenua
Quando é criança de rua.

Criança que dorme nos braços da lua,
Nos bancos das praças ou sob marquises
Com fome, com frio, do crime aprendizes,
Eivadas de medo, de drogas, de suicidas
Estatísticas nas elites esquecidas.

Crianças “crianças” nas brincadeiras,
Nas fantasias aventureiras
Do brinquedo improvisar
Esperando o Natal chegar.

O Papai Noel, como princípio,
Cujo enfeite sempre foi visto,
No lixo joguei.

Armei um humilde presépio
E na bênção de Jesus Cristo
O Natal festejarei!..

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PARABÉNS, JESUS CRISTO!

Parabéns, Jesus Cristo,
Hoje é o seu aniversário!
Estamos felizes,
Embora façamos do cotidiano
Um Natal de sua sabedoria,
Pois os seus dogmas
São a Lei maior deste Universo.

Todavia, neste dia, especialmente,
Queremos presenteá-lo
Através de orações,
De canções e de reflexões.
Mestre, faça sua festa
Em nossos corações,
Abençoe e ilumine esta noite,
Onde o vinho, o pão e a fé
Sejam uma dádiva
Aos famintos e injustiçados.

Sinto-me gratificado
Em fazer do seu aniversário
O maior acontecimento da História
E nele desejar a todos
Um Feliz Natal!

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POEMA DE NATAL

Amigo,
como é gratificante
saber que você existe
e temos os mesmos ideais,
mormente, no que concerne ao
Natal,
dia este, onde cada pessoa
seja ela religiosa ou não,
em qualquer lugar do mundo,
tem que parar, tem que pensar,
tem que se curvar pelo
menos um segundo e festejar
o nascimento de
Jesus Cristo,
pois haverá sempre
alguém desejando um
Feliz Natal
e, não importa de que
maneira isto é feito,
importa sim
o seu significado
e a marca registrada
da presença eterna do
Messias
em cada Ser Humano!

“Judeus terem perdido Jesus Cristo foi o maior erro de marketing da História”

Povo palestino sofre com crise humanitária em Gaza - Jornal Opção

Em breve, só deverão restar escombros na Faixa de Gaza

Carlos Newton

Há cerca de 30 anos, na época do Natal, o empresário Adolfo Bloch deu uma entrevista de página inteira à jornalista Jussara Martins, do Correio Braziliense, em que fazia uma declaração sensacional: “Os judeus terem perdido Jesus Cristo foi o maior erro de marketing da História”. Realmente, se Cristo tivesse sido cultuado como essênio/hebreu, a religião judaica seria muto mais forte.  

O fato concreto é que os judeus perderam Jesus e se perderam por completo, apesar de serem o povo mais preparado e que mais contribuiu para o desenvolvimento do mundo moderno, e de uma forma impressionante.

RETROCESSO – Dois mil anos depois, os judeus caíram na própria armadilha que montaram e estão destruindo a imagem de civilização que tão arduamente construíram. Nesta sexta-feira, às vésperas do Natal, um ataque aéreo de Israel matou 76 membros da família al-Mugharabi em Gaza. Entre os mortos estão Issam al-Mughrabi, um funcionário veterano do Programa de Desenvolvimento da ONU, sua esposa e seus cinco filhos.

Ao bombardear civis, Israel se compara ao Hamas na barbárie, não há dúvida, e se agiganta como um novo Golias, trucidador de mulheres e crianças.

“A perda de Issam e sua família nos afetou profundamente. A ONU e os civis em Gaza não são alvos”, disse Achim Steiner, administrador do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento. “Essa guerra deve acabar”, desabafou.

VAI ACABAR?  – Desculpem o pessimismo, mas como essa guerra pode acabar? A reação israelense contra os sanguinários terroristas do Hamas é a velha política da terra arrasada. Estão destruindo tudo, para que nada seja reconstruído e os palestinos emigrem.

Porém, Isso não irá acontecer. Com recursos de outros países árabes, os palestinos e extremistas do Hamas vão permanecer em Gaza, a não ser que sejam banidos, como sucedeu com os hebreus nos sucessivos exílios da diáspora, nos últimos 2 mil anos.

Não haverá paz, porque tudo isso é em nome de Deus. Na terra, os islamitas vivem em dificuldades e sonham com o paraíso, onde são esperados por 72 virgens, segundo a Hadith, que traz narrações de palavras e atos de Maomé. Mas só terão direito a elas se morrerem em nome de Alá.

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P.S.
1 – Desculpem insistir no tema, mas tenho muitos amigos judeus, minha família é de cristãos-novos, sabemos nossas origens e estou muito afetado pelos acontecimentos. Além do mais, esse raciocínio baseado nos fatos nos faz descrer de qualquer religião excludente, que rejeite casamentos com membros de outras crenças, como judeus e islamitas. Portanto, poderíamos viver bem melhor se não houvesse religiões, como John Lennon certa vez imaginou, que Deus nos perdoe. (C.N.)

Não é proibir que sonhemos com um mundo minimamente mais justo e igualitário

Eu sempre pensei em Natal como um tempo... Charles Dickens - PensadorDuarte Bertolini

O artigo de Carlos Newton nesta véspera de Natal, um querido amigo que aprendi a respeitar e reverenciar, é lúcido e oportuno. Ainda bem que continuamos a poder sonhar com um mundo minimamente mais justo, igualitário e com os direitos assegurados à vida à paz, trazendo perspectivas para nossos filhos e netos.

A mídia nos exibe uma realidade sinistra, que mostra sua face sombria todos os dias, mesmo assim ainda continuamos a acreditar em dias melhores.

Em qualquer crença, querer o bem do próximo (fora os radicais de sempre) faz parte de nossa existência fraterna.

PRESENTE DE NATAL – Não sou o Tofolli e nem o relator de emendas, por isso os presentes de milhões/bilhões de reais estão fora de meu orçamento.

Mas posso enviar uma carinhosa e fraterna mensagem a todos os amigos e amigas aqui na Tribuna da Internet.

Grande abraço a todos e, se tiverem tempo, dediquem alguns minutos para a música (brasileira) abaixo, composta pelo músico carioca Mauricio Gaetani.

Bênção a gays alivia a hipocrisia da Igreja, que continua anacrônica e intransigente

GrisLab - Laboratório de Análise de Acontecimentos

Charge do Nando Motta (Arquivo Google)

Marcos Augusto Gonçalves
Folha

O Vaticano anunciou na segunda-feira (18) a decisão de autorizar representantes do clero a conceder bênção a casais de pessoas do mesmo sexo e àqueles que estariam “em situação irregular”, ou seja, numa nova união após um divórcio.

A deliberação foi considerada histórica, diante do persistente machismo e da intransigência da Igreja Católica com uniões homoafetivas. A autorização, contudo, vem cercada de restrições. O principal cuidado, como explica o comunicado do Vaticano, é evitar que se confunda a bênção com o matrimônio, que permanece sendo um sacramento exclusivo para homens e mulheres que possam dar seguimento ao “crescei e multiplicai-vos”.

SEM CASAMENTO – “Essa bênção nunca será realizada ao mesmo tempo que ritos civis de união, nem em conexão com eles, para não produzir confusão com a bênção do sacramento do matrimônio”, diz o texto. Sendo assim, por mais inovadora que se queira considerá-la, a permissão não é muito mais do que uma modalidade de “washing” na imagem ultraconservadora da instituição.

Em bom português, trata-se de uma simpática passada de pano na hipocrisia e no anacronismo de normas doutrinárias defendidas pelo Vaticano.

Sabe-se que ao longo da história, em matéria de atividade sexual, o papado teve de tudo, até acusações de sodomia e incesto. A tentativa de controle que se foi impondo na era moderna, com motivações variadas, nem sempre mostrou-se bem-sucedida. A presença de homossexuais no clero é sobejamente conhecida, tanto quanto os inúmeros casos de assédio e abusos, inclusive de crianças.

PAPEL SUBALTERNOO papel reservado às mulheres pela Igreja Católica é, para dizer o mínimo, subalterno. Não podem ser ordenadas. A tradição viria de Jesus Cristo, que há dois milênios teve apenas homens entre seus apóstolos. Sempre foi assim e assim deverá permanecer. Foi o filho de Deus quem decidiu.

O catolicismo vem regularmente perdendo rebanho nas últimas décadas, não necessariamente para outras vertentes cristãs, como a evangélica, mas também para o fenômeno dos sem religião, grupo que tem crescido no Brasil e em outros países. Basta dizer que, de acordo com pesquisa Datafolha do ano passado, entre a população de São Paulo e Rio, na faixa de 16 a 24 anos, os sem religião superam católicos e evangélicos.

Não é casual que a declaração tenha vindo seis semanas depois da conclusão do Sínodo dos Bispos, reunião que serve como fonte de consulta para o papa em questionamentos e reflexões sobre o futuro da igreja. O encontro contou com a participação de mulheres e leigos, que em tese contribuíram para medidas que aproximem a Santa Sé de grupos marginalizados pela doutrina ou que perdem interesse pela religião.

SEM PODER SECULARNo momento em que ganham renovada projeção os discursos sobre a diversidade de gênero e a equiparação de direitos em todas as esferas, é antediluviana a atitude da Igreja Católica diante das relações homoafetivas e do lugar das mulheres. Ainda bem que não mais exerce poder secular, como o islamismo em famigeradas teocracias.

O papa Francisco já havia emitido sinais de acolhimento à comunidade LGBTQIA+, demonstrando sua compreensão mais universalista do papel da instituição e dos sacerdotes católicos no mundo contemporâneo. Nesse contexto, compreende-se que o Vaticano tente fazer alguma coisa para retirar o catolicismo de um passado remoto, cujas normas não fazem mais sentido.

A ampliação do que se chama de “cidadania religiosa”, ainda que bastante restrita, não deixa de ser bem-vinda pelo seu simbolismo.

Com medo da morte, nunca nos sentimos tão desenvolvidos e, também, tão vulneráveis

A morte tira férias - A morte tira férias #1 - Fliptru

Charge reproduzida do Arquivo Google

João Pereira Coutinho
Folha

Fica a pergunta: será que um agricultor, em plena Idade Média, sabia que estava a viver uma “era das trevas”? Será que ele sabia que era demasiado tarde para experimentar as glórias da Antiguidade e, por outro, demasiado cedo para colher os frutos do Renascimento?

A pergunta é formulada por Kyle Chayka na New Yorker e eu sorri. O autor pondera se não estaremos a viver uma nova Idade Média. Houve a Covid. Trump e o assalto ao Capitólio. A invasão russa da Ucrânia. O ataque do Hamas em Israel. E a inteligência artificial promete arrasar com a humanidade.

PERGUNTA ABSURDA – Que nome podemos dar ao nosso período angustiante? Estaremos numa fase de transição para um mundo melhor? Ou pior, muito pior?

Sorri com a pergunta, repito, porque ela é deliciosamente absurda. Não existem “eras de trevas” ou “eras de luz”, exceto para os “philosophes” do Iluminismo que, na famosa “Enciclopédia”, passavam diretamente da filosofia antiga para a filosofia moderna, sem prestar atenção ao pensamento medieval. Mensagem deles: não houve pensamento medieval, só ignorância e superstição.

Suspiros. Será preciso lembrar, com uma vênia ao sr. Charles Dickens, que cada época histórica transporta sempre o melhor dos tempos e o pior dos tempos?

HOUVE AVANÇOS – A Antiguidade deu-nos a filosofia grega e a legalidade romana; além da escravidão e dos inocentes jogados às feras. O Renascimento deu-nos Leonardo e Michelangelo; mas também as guerras religiosas e a Inquisição Espanhola.

Até a Idade Média participa dessa ambiguidade. O crescimento demográfico e a peste negra, as primeiras universidades e as cruzadas — tudo conviveu no mesmo tempo e, às vezes, no mesmo espaço.

O agricultor da Idade Média desconhecia os rótulos com que os vindouros acabariam por classificar a sua época. Mas uma coisa é certa: os medos desse agricultor são os nossos porque tudo muda, exceto a natureza humana.

OS MILÊNIOS – O grande historiador Georges Duby gostava de fazer comparações pertinentes entre o ano 1000 (o auge da Baixa Idade Média no Ocidente) e o ano 2000, quando as ansiedades do milênio regressaram em força para nos assombrar.

Os medievais tinham medo da sua impotência perante uma natureza que não controlavam. Nós também temos. Os medievais tinham medo do outro, do estrangeiro, do desconhecido — e razões não faltavam. Dos vikings aos povos godos, sem esquecer os sarracenos, o outro podia não ser uma visita amigável.

Os temores com as migrações, que têm levado a extrema-direita ao poder na Europa, também transportam essa memória histórica. Os medievais tinham medo da doença, sobretudo das epidemias sazonais que dizimavam povoações inteiras. Nós? Nunca fomos tão hipocondríacos.

MEDO DA MORTE – Uma diferença, porém, nos separa do agricultor medieval. Como lembrava Duby, ele não tinha medo da morte, apenas do Além, quando seria julgado por sua conduta terrena.

Nós não tememos o Além — quem acredita nisso, certo? —, mas temos um medo da morte jamais visto na história da civilização ocidental. Talvez porque, ironicamente, a crença de que só existe uma vida coloca sobre essa vida expectativas angustiantes.

Eis a nossa condição: nunca nos sentimos tão desenvolvidos; mas, ao mesmo tempo, nunca nos sentimos tão abandonados e vulneráveis.

VEJA O FILME – É um contraste cômico. Aliás, se dúvidas houvesse, bastaria assistir ao filme “O Mundo Depois de Nós” (na Netflix), uma distopia apocalíptica onde estão condensados todos os medos do “homo Americanus” em pleno século 21. São medos do “homo occidentalis” também.

O medo da desconexão (aquele momento em que a tecnologia deixa de funcionar, como Don DeLillo já tinha antecipado no seu “O Silêncio”).

O medo dos brancos em relação aos negros (e dos negros em relação aos brancos). E, entre os brancos, a desconfiança entre os brancos progressistas e o “cesto dos deploráveis” da América rural. O medo dos chineses, dos norte-coreanos, dos iranianos —e de todos ao mesmo tempo.

TEMPESTADE PERFEITA – Há até o medo da guerra civil, sobretudo em vésperas da eleição presidencial de 2024.

Perante essa tempestade perfeita, não admira que a adolescente do filme viva obcecada com a série “Friends”, representação de um tempo arcádico em que havia, pelo menos, uma promessa de felicidade.

Incapazes de lidar com o trágico, resta-lhe a fuga, o isolamento, o bunker. É uma bela metáfora.

Lula arruma briga com Congresso se vetar o cronograma de emendas parlamentares

Charge do Caio Gomez (Correio Braziliense)

Denise Rothenburg
Correio Braziliense

Os congressistas já fizeram chegar ao Planalto que, se o presidente Lula vetar o cronograma de liberação das emendas aprovado esta semana, arrisca comprometer todo o esforço deste fim de ano para distensionar o clima entre os congressistas e o governo.

Aliados dos presidentes da Câmara, Arthur Lira, e do Senado, Rodrigo Pacheco, avisam: este ano, o Congresso, de maneira geral, não foi hostil a Lula. O presidente aprovou quase tudo o que quis. As vaias foram isoladas. Agora, se o Planalto for com muita sede ao pote, terá problemas em 2024. Melhor estender o clima natalino, pelo menos, ao primeiro semestre do ano eleitoral.

TEM QUE MUDAR – Os deputados que fizeram as contas consideram que Lula este ano recebeu menos deputados e senadores do que Jair Bolsonaro. Só reuniu líderes da Câmara duas vezes. Para 2024, os congressistas esperam mais atenção presidencial. Tal e qual foi nos governos Lula 1 e 2.

E quem está acostumado com o clima de polarização no plenário da Câmara mostra um certo grau de preocupação com o ato marcado para 8 de janeiro. Se politizar demais, puxando a sardinha para o PT, vai dar problema.

A expectativa dos amigos do deputado Washington Quaquá (PT-RJ) é a de que o recesso parlamentar dê uma esfriada no caso do tapa na cara do deputado Messias Donato (Republicanos-ES) em plena sessão solene de promulgação da reforma tributária. Ainda que o clima não esfrie tanto, os congressistas tendem a partir para uma punição mais branda do que a cassação do mandato.

Mais uma vez, ocorre um Natal cheio de penduricalhos, mas só para magistrados

Bazo Borges: A justiça é cega e, distraída

Charge do Nani (nanihumor.com)

Vicente Limongi Netto

Magistrados amam a palavra penduricalhos, no plural. Sonham com ela todos os dias, porque não vivem sem eles. Nesta época, estão sorrindo com todos os dentes. Natal e Ano Novo de muita fartura. O Poder Judiciário faz questão de se distanciar do povo.

Papai Noel deixou para juízes federais, perto de 1 bilhão de reais de penduricalhos. O atrevido Tribunal de Contas da União (TCU) bateu o pé, mas o vigilante presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Luiz Roberto Barroso anulou o veto.  O dicionário informa, na letra P, que penduricalho é “coisa pendurada, para adornos, balangandã”.

 Pobres e desempregados, por sua vez, só conhecem no dicionário e na vida, a palavra fome: “Grande apetite de alimentos. Míngua de víveres, avidez”. Pobre Brasil. Dominado pela pouca vergonha dos poderosos.

TUDO COMO ANTES – Tentei transformei rastros do paraíso em vasos com flores encantadas. Em mundo civilizado, com crianças felizes e pais empregados. Em rios soluçando na imensidão da floresta.  Em insônias amorosas. Em rastros de banquete de felicidade. Em escudo do bem contra o mal. Em casal enamorado. Em apertos de mãos e abraços saudando o Natal e 2024. Espero ter conseguido.

Presente de Natal! Lula nomeia a mulher de Chico Buarque para Comissão de Ética

Carol Proner e o marido, Chico Buarque, posam com o presidente Lula e a primeira-dama Janja

Mulher de Chico está fazendo sucesso no serviço público

Arthur Leal
O Globo

Em ato publicado em edição extra do Diário Oficial da União, neste sábado (23), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva nomeou a jurista Caroline Proner, de 49 anos, mulher do cantor e compositor Chico Buarque, para ocupar uma cadeira na Comissão de Ética Pública no próximo triênio.

A comissão, diretamente ligada à presidência, é responsável por investigar denúncias que envolvam membros do governo e pode aplicar penas que vão desde advertência e censura à indicação de exoneração ou de investigação de transgressão disciplinar pela Controladoria-Geral da União (CGU).

REQUISITOS – É composta sempre por sete pessoas que “preenchem os requisitos de idoneidade moral, reputação ilibada e notória experiência em administração pública” designados pelo presidente da República.

“Recebi, com muita alegria e honra, o convite do presidente Lula para integrar a Comissão de Ética Pública da Presidência da República⁩”, reagiu Caroline Proner em sua página no Instagram, em publicação acompanhada de uma foto do momento em que Lula assinou a nomeação.

A atuação na Comissão não prevê remuneração para seus membros e o trabalho desenvolvido é considerado de “prestação de relevante serviço público”.

GRUPO PRERROGATIVAS – Casada com Chico Buarque desde 2021, a advogada Carol Proner é professora da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), fundadora da Associação Brasileira de Juristas pela Democracia (ABJD) e integra o Grupo Prerrogativas. Muito prestigiada por Lula e pela primeira-dama Janja, ela chegou inclusive a ser um dos nomes femininos que o presidente cogitou indicar ao Supremo Tribunal Federal após aposentadoria da ministra Rosa Weber.

Ela vinha trabalhando como assessora internacional do presidente do BNDES Aloizio Mercadante.

Um poema de Casimiro de Abreu, psicografado por um médium ligado a Chico Xavier 

Pintura "Adoração dos Pastores", de Bartolomé Murillo (Museu do Prado, Madri) | Reprodução

“Adoração dos Pastores” (Bartolomé Murillo) Museu do Prado

Suelly Mattos

Continuo firme e forte, acompanhando as notícias do nosso país pela Tribuna da Internet, o único veículo de comunicação em que confio. Estou enviando um poema de Casimiro de Abreu, psicografado dia 17 de dezembro por Walace F. Neves, uma pessoa muito querida de caráter ímpar, um amigo que eu amo muito, de 82 anos, extremamente dedicada a Doutrina Espírita, que fez tarefas com Chico Xavier e tem livros publicados.

Estou enviando, porque de fato é muito lindo, me emocionei e acho que poderia ser publicado no blog, um espaço que adoro e que fica como um farol a nos iluminar.

Um maravilhoso Natal e um Ano Novo com saúde, força e muitas alegrias para todos os amigos da Tribuna.

TROVAS DE NATAL
Casimiro de Abreu

O Natal é sempre luz,
Dizem todos, mas que ideia!
É porque nasceu Jesus
Muito longe, na Judeia.

Não importa onde nasceu,
É um pensamento profundo,
Pois aqui compareceu
Como cidadão do mundo.

Junto ao lago ou pela estrada,
À sombra de um arvoredo,
Ou sob a noite estrelada
Caminhou a pé, sem medo.

Trouxe um canto de louvor,
Poemas de luz à vida,
A vitória sobre a dor
Para a Terra ensandecida.

Mas a mensagem primeira,
A aceitação de Maria,
A serva que se fez ordeira
Na humildade e, na alegria.

Sua humildade era tanta
Que se acendeu, toda em luz,
Por isto ela se fez santa
Para ser mãe de Jesus.

E José, o pai querido,
Cheio de fé e devoção,
Foi quase sempre esquecido,
Após à anunciação.

Cristo é voz que acalma o vento
E a força da tempestade,
No oceano de tormento
E a angústia da humanidade.

Noite Feliz!… clama a Terra,
Num encanto de magia,
No presépio que hoje encerra
Do Natal, toda alegria!

Comemora o teu Natal
Com festa e moderação,
Pois o maior festival
É dentro do coração.

(Psicografado por Walace F. Neves em, 17-12-2023).

Congresso precisa fazer “autocrítica” e voltar a trabalhar pelos brasileiros

Chage: sponholz.arq.br

Charge do Sponholz (sponholz.arq.br)

Roberto Nascimento

Todos sabem que o Congresso Nacional utiliza a política do “toma lá dá cá”. Essa norma antiética sempre existiu, de uma forma ou outra, mas foi “institucionalizada” na década passada pelo então presidente da Câmara, deputado Eduardo Cunha (MDB-RJ), que desvirtuou a representatividade popular, ao contrário do que preconiza o texto onstitucional.

Portanto, o poder já não emana do povo, faz tempo. Assim como muitos outros parlamentares famosos, Cunha foi condenado e preso por corrupção. Ficou impedido de concorrer, mas elegeu a filha e vive perambulando no Congresso Nacional, dando pitacos em tudo, especialmente depois que foi “descondensado” pelo Supremo, conforme está na moda.

CASA DAS BANCADAS – O fato é que a outrora famosa Casa das Leis foi transformada num portal de defesa dos interesses paroquiais de suas excelências, os senhores deputados e senadores. Passou a funcionar como a Casa das Bancadas ou até mesmo a Casa das Saliências, como fica mais apropriado.

A grande maioria dos parlamentares hoje trabalha para controlar as emendas impositivas, chantageando os governos, porque o Congresso passou a comandar o Orçamento da União, antes, uma prerrogativa do Executivo.

Por que agem assim? Ora, trabalham para manter seus currais eleitorais nos Estados e municípios e se perpetuar em consecutivos mandatos, anos após anos, como se fossem cafetões da política.

EM NOME DE DEUS – Olhem o exemplo da Bancada da Bíblia. Do total de deputados eleitos pelos evangélicos, cerca de 95% votaram em leis contra o trabalhador ou no corte de benefícios sociais, ou seja, se elegem com o voto do povo e trabalham contra o povo.

Esse pequeno detalhe não chega aos eleitores, que não se preocupam com as pautas do Congresso Nacional, realmente uma chatice sem tamanho.

Na atual legislatura há evangélicos em praticamente todos os partidos. inclusive no PT e no PSol, mas a quase totalidade vota contra as pautas progressistas.

OUTRAS BANCADAS – A facção mais influente do Congresso é a Bancada Ruralista, que defende os interesses do agronegócio e não aceita reforma agrária de propriedades produtivas, além de se posicionar a favor do marco temporal para demarcação de terras indígenas.

Outra ala muito importante é a Bancada da Bala, integrada também por muitos parlamentares ruralistas que são produtores rurais. A facção defende que os fazendeiros possam ter direito de possuir armas, devido à falta  policiamento no interior do país. No entanto, os principais líderes da Bancada da Bala querem é a liberação total das armas, embora o país já viva num verdadeiro faroeste caboclo, como líder nas estatísticas mundiais de vítimas de homicídio por arma de fogo.

Nesse clima, podemos dizer que o melhor presente para os brasileiros seria ter o Congresso de volta, mas é muito difícil que isso volte a acontecer.

Bênção aos gays e divorciados reforça humanização do papado de Francisco

Papa Francisco saúda visitantes no Vaticano

No final de seuo papado, Franscisco faz uma revolução

Deu em O Globo

O Papa Francisco tem aproveitado brechas nos dogmas da religião católica para modernizar a visão que a Igreja tem da sociedade. Sem alterar o sacramento do matrimônio entre homem e mulher, ele autorizou a bênção a casais do mesmo sexo ou “em situação irregular”, referência cifrada aos divorciados.

A decisão histórica não surpreendeu. Francisco faz acenos aos homossexuais desde que foi escolhido para suceder a Bento XVI. “Se uma pessoa é gay e busca Deus, quem sou eu para julgá-la?”, afirmou depois de eleito Papa, ao responder a uma pergunta da correspondente Ilze Scamparini durante uma viagem de avião.

CASAMENTO GAY – A diferença é que, hoje em dia, o casamento gay — assim como outrora o divórcio — se tornou uma realidade incontornável em praticamente todas as democracias ocidentais. De alguma forma, a Igreja se viu obrigada a lidar com a questão.

O avanço no tratamento a casais homossexuais vem sendo preparado há muito tempo, sob a resistência da ala mais conservadora da Igreja. A permissão para a bênção está fundamentada em documento do Dicastério para a Doutrina da Fé, assinado por Francisco.

“A possibilidade de bênçãos de casais em situações irregulares e de casais do mesmo sexo não deverá encontrar qualquer fixação ritual por parte das autoridades eclesiásticas para não causar confusão com a bênção do sacramento do matrimônio”, diz o texto.

HOUVE REAÇÃO – A decisão de formalizar o acolhimento a casais gays e divorciados foi anunciada seis semanas depois da conclusão de um sínodo em que bispos, leigos, homens e mulheres debateram a questão dos LGBTQIA+ e dos divorciados.

Enquanto a discussão avançava, em outubro passado, cinco cardeais conservadores pediram ao Papa para reafirmar a doutrina católica sobre os casais homossexuais. Não tiveram êxito.

Como em qualquer embate político, a decisão não foi tomada sem avanços e recuos. Em 2021, o Vaticano infelizmente reafirmou que a homossexualidade “é um pecado” e ratificou que casais do mesmo sexo não podem receber o sacramento do casamento. Os mais conservadores comemoraram na ocasião.

PAPA SE SURPRENDEU – Pelos relatos, Francisco se surpreendeu com a reação negativa à declaração de 2021 e decidiu avançar até a autorização da bênção.

A resistência física do Papa desperta preocupação. Aos dez anos de pontificado, Francisco enfrenta problemas de saúde devido à artrose no joelho, dor no nervo ciático e bronquite. Muitos gostariam de vê-lo aposentado como Bento XVI, possibilidade que o próprio Papa não afasta. Outros temem retrocesso caso o sucessor venha da ala conservadora da Igreja. Uma recaída conservadora do Vaticano em um futuro pontificado poderia acarretar perda ainda maior de espaço da Igreja para denominações evangélicas. Francisco parece ter consciência disso.

Quanto à bênção a casais gays e divorciados, não poderá haver retrocesso, pois ela é protegida pelo dogma da infalibilidade papal.

Tribunal de Justiça do MT garante ceia farta para juízes e servidores

Charge do Custódio (custodio.net)

Marcelo Copelli

Enquanto grande parte da população na noite deste domingo, dia 24, véspera do Natal, não terá condições de preparar uma ceia ou mesmo ter algo a mais em suas mesas,  servidores e magistrados do Poder Judiciário do Mato Grosso já tiveram garantidas todas as regalias e farturas para a data.

Ainda que uma coisa não esteja necessariamente relacionada ou contradiga legalmente a outra, moralmente beira ao desbunde a continuidade dos benefícios concedidos somente a um dos pratos da balança no qual reside uma parcela abonada e sempre prestigiada.

AUXÍLIO – A presidente do Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJMT), desembargadora Clarice Claudino, anunciou, pasmem, a concessão de um auxílio-alimentação extraordinário no valor de R$ 6,9 mil para servidores e magistrados da Corte, exclusivamente para o mês de dezembro de 2023. A medida foi formalizada por meio de um ato publicado onde fica estabelecido que o benefício será aplicado de forma excepcional neste mês específico.

O valor significativo e muito acima do salário de milhares de brasileiros e brasileiras, “visa contemplar os beneficiários neste período festivo”. No documento, a desembargadora destaca: “Fixar, de modo excepcional e exclusivamente para o mês de dezembro/2023, o valor de auxílio-alimentação pago às servidoras, aos servidores, às magistradas e aos magistrados ativos do Poder Judiciário do Estado de Mato Grosso, no valor de R$ 6.900”.  

A publicação destaca que, a partir do próximo mês, o auxílio-alimentação será ajustado para o valor de R$ 1,9 mil. Segundo a decisão, a intenção é garantir uma transição para um patamar mais estável, mantendo a preocupação com o bem-estar dos servidores e magistrados. Para muitos, o privilégio não pode ser alvo de críticas em face das inúmeras demandas sem atendimento pela sociedade.

CONTRADIÇÃO – Mas, convenhamos, com os diferenciados salários que os membros da Corte e os servidores do Tribunal recebem, o auxílio extra não reflete uma séria contradição ?  De acordo com os últimos dados disponibilizados pela Justiça do Mato Grosso, o Tribunal contava com 275 magistrados e 4,5 mil servidores em 2021. Considerando esses números, a despesa com o auxílio-alimentação especial de dezembro pode chegar a R$ 32 milhões.

Esse é apenas um exemplo do fluxo contraditório visto, sob lágrimas, por uma enorme parcela da sociedade brasileira para a qual falta não só alimentação no dia a dia, mas também empregos dignos, saúde, educação, moradia, segurança e por aí vai.

Entre ajustes e barganhas políticas, entre benesses “legais” aos membros do reino, negociatas e articulações em prol dos donos das novas capitanias hereditárias, resta à população somente a esperança de poder ter garantida, não somente na noite de Natal, mas em todos os dias do ano, a alimentação e o direito à vida digna. Que os bons ventos do próximo ano venham carregados de mudanças para todos e não somente para as altas castas.

Dias Toffoli gera suspeitas ao julgar processo da J&F, cliente de sua mulher

Toffoli suspende multa bilionária do acordo de leniência da J&F | Justiça |  Jornal da Manhã

É certp que Dias Toffoli não se preocupa em parecer honesto

Frederico Vasconcelos
Folha

O comentário a seguir é do presidente da Academia Paulista de Direito, desembargador Alfredo Attié, diante da decisão de Dias Toffoli, que suspendeu multa de R$ 10,3 bilhões do acordo de leniência do grupo J&F, do qual a mulher do ministro, Roberta Rangel, é advogada.

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ESTÁ NA CONSTITUIÇÃO

No Judiciário, uma decisão do Supremo Tribunal Federal, em ação proposta pela Associação dos Magistrados Brasileiros – não pela Ordem dos Advogados do Brasil – invalidou uma norma que proibia juízes e juízas de julgarem casos de clientes de seus cônjuges e parentes.

Não disseram propriamente os ministros que a norma seria inconstitucional, mas sim inconveniente para o bom andamento dos processos. Isso num tribunal em que boa parte das decisões é monocrática e que, segundo seu Presidente, é impraticável levar a Plenário a revisão dessa boa parte.

A pergunta que aos cidadãos e cidadãs cabe é se não poderia haver um esforço a mais, em nome do princípio republicano – quer dizer, da Constituição – para evitar que casos – da importância daqueles que vão ao Supremo, pelo menos – não venham a ser julgados por ministros ou ministras cônjuges ou parentes de advogados e advogadas das partes envolvidas.

Não importa saber quem ou o quê foi julgado, mas saber que a imparcialidade é essencial à administração da justiça. Está na Constituição.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Cabe um comentário. O problema é que alguns ministros do Supremo parecem não ser honestos e fazem questão de não se importar com as aparências. Certamente, esses juristas jamais devem ter ouvido falar na famosa mulher de Caio Julio Cesar. É uma pena. (C.N.)